Comunidade Pantanal

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 Nota: Para outros significados de Pantanal, veja Pantanal (desambiguação).
Comunidade Pantanal
  Favela do Brasil  
Vista parcial da comunidade Pantanal.
Vista parcial da comunidade Pantanal.
Vista parcial da comunidade Pantanal.
Localização
Mapa
Mapa da Comunidade Pantanal
Coordenadas 22° 45' 25" S 47° 39' 43" O
Unidade federativa  São Paulo
Bairro Itapuã
Município Piracicaba
Características geográficas
Área total 50.000 m²
População total >1,000 hab.
CEP 13401-473 (Rua Sen. Saraiva)

A comunidade Pantanal ou comunidade Vitória é uma favela do município brasileiro de Piracicaba, no interior do estado de São Paulo. Está localizada no bairro Itapuã. É uma das mais conhecidas e densamente povoadas da cidade. Possui uma área de aproximadamente 50.000m²[1] e uma população de mais de 1.000 habitantes.[2][3]

Infraestrutura[editar | editar código-fonte]

Residências[editar | editar código-fonte]

Vista da comunidade Pantanal. Nota-se que a maioria das casas não possuem tingimento na parte externa

A arquitetura é feita pelos próprios moradores. A maior parte das residências não possuem pintura na parte externa por motivos de segurança e/ou economia, enquanto outras têm as paredes preenchidas com reboco.

A maioria das casas são construídas de alvenaria. Atualmente, é menos comum encontrar barracos de madeira ao contrário do que acontecia anos atrás. Os telhados são geralmente feitos com telhas de brasilit (raramente de barro) ou substituídos por laje de concreto.

Ruas[editar | editar código-fonte]

Trecho parcialmente pavimentado na Rua Chuva de Prata.

Muitas das vias da comunidade são becos não pavimentados, o que os torna lamacentos e dificilmente acessíveis após fortes chuvas. O logradouro vem tendo planos e ações de pavimento desde o ano de 2017, entretanto nem todos foram eficientes. A Rua Chuva de Prata, por exemplo, ainda sofre com o aparecimento de lama após temporais, mesmo com o solo sendo parcialmente cimentado.[4][5]

Os habitantes reclamaram a falta de pavimentação na Rua Chuva de Prata, assim como nos becos, para a prefeitura de Piracicaba, após as frequentes chuvas que atingiram a região no final de agosto e começo de setembro de 2023. Assim, em 5 de setembro do respectivo ano, o vereador Josef Borges (Solidariedade) esteve presente na comunidade. A demanda foi direcionada ao Executivo para avaliar a possiblidade de agilizar a melhoria. “A comunidade sofre, principalmente nos dias de chuva, com o aparecimento de lama; mesmo com o solo sendo parcialmente cimentado”, argumentou Josef.[6][7]

Geografia[editar | editar código-fonte]

Topografia[editar | editar código-fonte]

Grupo de casas construídas sob um terreno íngreme
Córrego Itapuã. A comunidade Pantanal está logo à direita da imagem

O local encontra-se em um relevo levemente acidentado, com colinas, depressões e barrancos. Uma das depressões geográficas resulta em um córrego que passa pelos bairros Jardim Itapuã e Monte Líbano, denominado Córrego Itapuã. O mesmo acaba transbordando após chuvas volumosas, alagando vias.[8]

Vegetação/ocupação urbana[editar | editar código-fonte]

A maior parte da vegetação está próxima ao córrego Itapuã.

Por ser uma comunidade favelada e com uma alta densidade demográfica, a vegetação verde e natural é quase inexistente. Existem poucas árvores na localidade, estando a maior parte concentrada nos barrancos e às margens do córrego Itapuã, principalmente pela falta de espaço para plantá-las.

Demografia[editar | editar código-fonte]

Estilo de vida[editar | editar código-fonte]

O estilo e qualidade de vida na favela piracicabana é mais desenvolvido em comparação com outras da região, tanto é que o termo "favela" não é o mais usado para designar a localidade, sendo frequentemente trocado por "comunidade". Entretanto, como muitas outras comunidades periféricas, a falta de oportunidades de emprego é um problema, com parte da população sendo obrigada a buscar ocupação no centro da cidade ou em comércios próximos.[9]

Segurança[editar | editar código-fonte]

Embora os registros de tiroteios ou homicídios sejam raros ou inexistentes na comunidade Pantanal, já houve casos recentes de tráficos de drogas, mas em menor quantidade em comparação com as comunidades vizinhas, como Portelinha (favela localizada 650m ao norte da comunidade Pantanal). Por outro lado, o lugarejo aparenta não sofrer com violência ou criminalidade, sendo mais seguro do que outras favelas piracicabanas.[10][11]

História[editar | editar código-fonte]

Formação[editar | editar código-fonte]

Antigamente, o local era um terreno formado por vegetação e sem nenhum indício de habitações. Foi por volta da década de 2010, mais ou menos no início do ano de 2014[12], que as primeiras residências começaram a ser instaladas. O rápido crescimento da comunidade, que no ano de 2018 já estava ocupando praticamente toda a área atual, foi principalmente devido às famílias que preferem construir as suas moradias de forma econômica e barata ou não têm condições de morar no centro da cidade. As crises recentes acabaram favorecendo esse cenário.[13]

O processo de urbanização[editar | editar código-fonte]

Trecho pavimentado na Rua Margarida.

No ano de 2018, quando a povoação estava passando por um crescimento demográfico, a SEMAE (Serviço Municipal de Água e Esgoto de Piracicaba) iniciou os primeiros serviços de urbanização na comunidade Pantanal que, até então, estava tendo problemas no saneamento básico e na eletricidade. Além disso, as ruas foram pavimentadas e algumas asfaltadas.[4][5][14][15][16] O maior desafio foram as vielas estreitas, que impediram a passagem de máquinas e equipamentos responsáveis pela escavação.[17]

O processo foi intensificado depois que um incêndio atingiu a favela de Três Porquinhos, no dia 12 de outubro de 2019, e consumiu cerca de 25 barracos. Isso chamou a atenção da prefeitura, que passou a investir mais na urbanização das favelas piracicabanas.[18]

Atualidade[editar | editar código-fonte]

Vista panorâmica da comunidade Pantanal em dezembro de 2022.

Atualmente, a comunidade aparenta não ter problemas em relação à desigualdade social, saneamento básico, iluminação pública e eletricidade, porém há indícios de que existam moradores com dificuldade em algum desses quesitos.[carece de fontes?]

O caso da comunidade Taquaral[editar | editar código-fonte]

Colina próxima à comunidade Pantanal, local onde estava situada a extinta comunidade Taquaral.

A comunidade Taquaral era uma favela constituída principalmente por barracos. Estava localizada em uma colina do bairro Campestre, na fronteira entre os bairros Monte Líbano e Jardim Itapuã, ao lado da comunidade Pantanal, mais ou menos nas seguintes coordenadas geográficas: 22°45'31"S 47°39'43"W.

O lugarejo começou a ser construído em janeiro de 2020. As residências eram muito simples e construídas de forma bastante irregular, pois o objetivo dos seus habitantes era de, pelo menos, possuir um abrigo.

O crescimento da povoação foi muito rápido, mas um problema se apresentava: A área era de propriedade particular e estava abandonada há cerca de 40 anos. A decisão judiciária logo determinou uma reintegração de posse no terreno, a qual contava com o despejo total da comunidade e a destruição dos barracos. Importante mencionar que a ação de reintegração de posse foi dada pelo advogado Spencer Alves Catulé de Almeida Junior, sob alegação de que as famílias invadiram e desmataram a área. A pandemia da COVID-19 e o isolamento social foram utilizados como argumentos contra a desocupação.[19][20]

O pretendido ocorreu no dia 07 de maio de 2020 às 06 horas da manhã. Cerca de 50 famílias perderam as suas moradias. A remoção começou pacífica, mas em determinado momento, algumas pessoas dispararam rojões e a polícia revidou com bombas de fumaça, balas de borracha e gás de pimenta. Os moradores fugiram para a comunidade Pantanal, onde também houve confronto, e alguns residentes locais reclamaram da fumaça. Também no Pantanal, as armas estouraram o cano de uma casa, e uma ou mais crianças acordaram sufocadas devido ao gás vindo das bombas.[21][22]

Segundo o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), a ação foi considerada ilegal e desumana. As críticas foram feitas pelo presidente Dimitri Sales. Além disso, acrescentou que a polícia agiu de maneira excessiva durante o acontecimento.[23] Houve tentativa de prisão à deputada Professora Bebel, que tentava impedir a destruição das moradias, e ao advogado Nilcio Costa, ambos acompanhando à desocupação.[24][25]

Referências

  1. Ferramenta de medição do Google Earth
  2. «Prefeitura vai pavimentar vias da comunidade Pantanal». Portal do Município de Piracicaba. Consultado em 6 de janeiro de 2024 
  3. «Novo Plano Diretor mapeia 58 favelas em Piracicaba; apenas duas delas estão regularizadas». G1. 3 de dezembro de 2019. Consultado em 1 de julho de 2023 
  4. a b Débora Oliveira (7 de março de 2018). «Serviço Municipal de Água e Esgoto - SEMAE Piracicaba». www.semaepiracicaba.sp.gov.br. Consultado em 2 de julho de 2023 
  5. a b «Semae inicia serviços de urbanização na comunidade Pantanal, em Piracicaba - PIRANOT». 7 de março de 2018. Consultado em 2 de julho de 2023 
  6. Sidnei (6 de setembro de 2023). «Josef Borges visita à comunidade Pantanal». Jornal A Tribuna Piracicaba. Consultado em 12 de setembro de 2023 
  7. «Comunidade Pantanal cobra pavimentação asfáltica em via». www.camarapiracicaba.sp.gov.br. Consultado em 12 de setembro de 2023 
  8. «Chuva faz córregos transbordarem, deixa moradores desalojados e alaga vias em Piracicaba». G1. 10 de janeiro de 2023. Consultado em 2 de julho de 2023 
  9. Vicente, Erich Vallim (21 de agosto de 2021). «Urbanização de favelas, mais qualidade de vida». Jornal A Tribuna Piracicaba. Consultado em 2 de julho de 2023 
  10. «Adolescente é apreendido por tráfico de drogas em comunidade de Piracicaba». www.band.uol.com.br. 10 de fevereiro de 2023. Consultado em 2 de julho de 2023 
  11. Redação (14 de março de 2023). «Polícia prende "Filho", olheiro do tráfico na Comunidade Pantanal | Pirapop Notícias». Consultado em 2 de julho de 2023 
  12. Ferramenta timelapse do Google Earth.
  13. Vicente, Erich Vallim (2 de abril de 2022). «Os núcleos de favelas são bastante antigos». Jornal A Tribuna Piracicaba. Consultado em 2 de julho de 2023 
  14. «Folha de Piracicaba». Folha de Piracicaba. Consultado em 2 de julho de 2023 
  15. «Prefeitura de Piracicaba quer financiar R$ 15 mi para reformar complexo, conter alagamentos e urbanizar favelas». G1. 12 de novembro de 2019. Consultado em 2 de julho de 2023 
  16. Redação (11 de julho de 2020). «Prefeitura vai pavimentar vias da comunidade Pantanal». Jornal A Tribuna Piracicaba. Consultado em 2 de julho de 2023 
  17. Redação (18 de julho de 2020). «Comunidade Pantanal: saneamento e dignidade para as famílias». Jornal A Tribuna Piracicaba. Consultado em 2 de julho de 2023 
  18. «Reconstruir em favela incendiada sem urbanizar é arriscado, avalia engenheiro». G1. 14 de outubro de 2019. Consultado em 3 de julho de 2023 
  19. «Nota sobre o despejo da Comunidade do Taquaral, em Piracicaba/SP.». oca.esalq.usp.br. Consultado em 5 de julho de 2023 
  20. PV43 (5 de agosto de 2020). «Reintegração de posse em Piracicaba em meio a pandemia: Por que e a quem serve?». Partido Verde. Consultado em 5 de julho de 2023 
  21. «PM faz reintegração de área ocupada no bairro Monte Líbano em Piracicaba». G1. 7 de maio de 2020. Consultado em 5 de julho de 2023 
  22. «TJ suspende reintegração de posse em área ocupada em Piracicaba até que pandemia termine». G1. 8 de junho de 2020. Consultado em 5 de julho de 2023 
  23. Mascari, Felipe (8 de maio de 2020). «'Reintegração em Piracicaba foi desumana e ilegal', diz Condepe». Rede Brasil Atual. Consultado em 5 de julho de 2023 
  24. «Em meio à pandemia, Dória faz reintegração de posse em Piracicaba». Revista Fórum. 7 de maio de 2020. Consultado em 6 de julho de 2023 
  25. «Em meio à pandemia, governo de SP faz reintegração de posse em Piracicaba». CUT - Central Única dos Trabalhadores. Consultado em 6 de julho de 2023 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]