Saltar para o conteúdo

Conquista de Évora

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conquista definitiva de Évora
Reconquista

As muralhas medievais de Évora.
Data 1165
Local Évora
Desfecho Vitória de Geraldo Sem Pavor
  • Évora integrada em Portugal
Beligerantes
Hoste de Geraldo Sem Pavor Império Almóada
Comandantes
Geraldo Sem Pavor Desconhecido

A conquista definitiva de Évora foi um episódio da Reconquista protagonizado por Geraldo Sem Pavor, que tomou a cidade aos mouros durante a noite com o auxílio de um grupo de guerreiros. Évora foi depois entregue a D. Afonso Henriques e definitivamente integrada em Portugal.

A conquista da importante cidade portuária de Alcácer do Sal em 1158, pelo rei D. Afonso Henriques, tornou a ocupação do Alentejo interior possível, se não inevitável.[1] Évora era uma importante cidade do ocidente peninsular e foi conquistada pelos portugueses pouco tempo depois mas os almóadas reconquistaram-na em 1161, a seguir à Batalha de Alcácer do Sal, juntamente com todas as conquistas a sul do Tejo menos Alcácer do Sal.[2][3] A 30 de Novembro de 1162, um grupo de cavaleiros-vilãos de Santarém conquistaram Beja durante a noite, da mesma maneira que Afonso Henriques conquistara Santarém em 1147.

Geraldo Geraldes colheu o desagrado de D. Afonso Henriques devido a crimes violentos, fugiu por isso da justiça, reuniu um grupo de guerreiros marginais ou fora-da-lei em torno de si e entregou-se a uma vida de salteador de gado, vilas e castelos muçulmanos na planície alentejana, o que eventualmente lhe permitiria obter o perdão real.[4]

Tendo em certa ocasião observado que Évora encontrava-se mal defendida, o Sem Pavor convenceu os seus companheiros a arriscarem a conquista da cidade por via de um ataque surpresa.[4]

Efígie de Geraldo Sem Pavor na Catedral de Évora.

Numa noite de Setembro ou Outubro de 1165, Geraldo e os seus homens apoderaram-se de uma torre de atalaia situada num outeiro perto de Évora e mataram a sentinela, sem que a guarnição da cidade se apercebesse.[4] Um destacamento escondeu-se então perto da cidade, ao passo que outro aproximou-se das portas a provocar a guarnição; foi dado o alarme e um grande corpo de tropas muçulmanas saiu rapidamente a persegui-los.[4]

Os homens emboscados, entretanto, escalaram as portas enquanto a guarnição se encontrava fora e conquistaram a cidade, morrendo muitos residentes na acção.[4] A guarnição muçulmana regressou mais tarde da sua perseguição e, ao constatarem que a cidade se encontrava agora em poder dos cristãos ainda tentaram recuperá-la, porém, debalde; alguns morreram na acção e abandonaram-na.[4]

O Sem Pavor entregou a cidade a Afonso Henriques a troco de dinheiro e o rei não só o perdoou como nomeou-o alcaide de Évora.[4] No ano seguinte, uma nova Ordem de freires cavaleiros instalou-se em Évora para ajudar a defender a cidade mas, por não ser autorizada pelo Papa, foi integrada na Ordem de Calatrava, que assim entrava em Portugal.[5] Em 1176, D. Afonso Henriques doou a esta Ordem a vila de Coruche, para que construíssem ali um castelo que protegesse a estrada que ligava Santarém a Évora.[6]

Cruz da Ordem de Calatrava.

A cidade foi sitiada em finais de 1180 por um exército Almóada comandado por Mohammed Ibn Iusuf Ibn Wammudin, enquanto um destacamento destruía Coruche.[7] Évora, porém, resistiu e em inícios do ano seguinte os muçulmanos viram-se obrigados a abandonar o cerco.[7]

Quando o Califa Almóada invadiu Portugal em 1191 à testa de um enorme exército, todas as conquistas portuguesas a sul do Tejo foram perdidas à excepção de Évora, que se manteve como um enclave cristão rodeado por território muçulmano. O Alentejo só seria conquistado em definitivo entre 1217 e 1238.

Referências

  1. Alexandre Herculano: História de Portugal, volume I, 1846, p. 402.
  2. Herculano, I, 1846, p. 397.
  3. S. Lay: The Reconquest Kings of Portugal, Palgrave Macmillan, 2009, p. 127.
  4. a b c d e f g Samuel A. Dunham: The History of Spain and Portugal, Volume 3, 1832, pp. 184-185.
  5. H. V. Livermore: A History Of Portugal, Cambridge University Press, 1947, p. 99.
  6. Miguel Gomes Martins: A arte da guerra em Portugal: 1245 a 1367, Imprensa da Universidade de Coimbra, 2014, p. 175.
  7. a b Carlos Selvagem: Portugal Militar: Compêndio de História Militar e Naval de Portugal Desde as Origens do Estado Portucalense Até o Fim da Dinastia de Bragança, 1931, p. 57.