Dakshinkali

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Nepal Dakshinkali

दक्षिणकाली

Pharping, Dakchhinkali

 
  village development committee  
Vista do núcleo central do complexo do templo de Dakshinkali na véspero do Ano Novo nepalês, em abril de 2009
Vista do núcleo central do complexo do templo de Dakshinkali na véspero do Ano Novo nepalês, em abril de 2009
Vista do núcleo central do complexo do templo de Dakshinkali na véspero do Ano Novo nepalês, em abril de 2009
Localização
Dakshinkali está localizado em: Nepal
Dakshinkali
Localização de Dakshinkali no Nepal
Coordenadas 27° 36' 18" N 85° 15' 46" E
País Nepal
Região Centro
Zona Bagmati
Distrito Catmandu
Características geográficas
População total (2011) [1] 4 755 hab.
Altitude 1 500 m
Fiéis na fila para entrarem no templo de Dakshinkali

Dakshinkali (em nepali: दक्षिणकाली), Daxinkali, Dakshin Kali, Dakchhinkali ou Dachhinkali é uma village development committee (VDC, lit.: "comité de desenvolvimento de aldeia") no distrito de Catmandu, Nepal. Em 2011 tinha 4 755 habitantes e 984 residências.[1]

Templo de Dakshinkali[editar | editar código-fonte]

A principal localidade da VDC é a vila de Pharping, situada 20 km a sul de Catmandu. A região é célebre pelos seus templos, nomeadamente o de Bajra Yogini e principalmente o de Dakshinkali, um dos templos hindus mais importantes do Nepal dedicado à deusa Kali, "A Negra".[2] Esta deusa é o avatar mais sangrento de Parvati, a segunda consorte de Xiva[3] ou, segundo outras versões, de Durga.[2]

Uma das principais formas de culto à deusa é o sacrifícios de animais, em especial galos e bodes não castrados, mas também galinhas, patos, porcos e por vezes até búfalos.[3] Os sacrifícios de animais são rituais estranhos à generalidade dos hindus ortodoxos, muito inclinados para o vegetarianismo e para a não violência, mas gozam de alguma popularidade entre os nepaleses, que são mais tântricos e mais sangrentos. Kali, uma divindade que exige sacríficios de sangue em troca dos seus favores, é a divindade mais temida no Nepal, mas ao mesmo tempo e estranhamente, é muito popular[4] e os hindus nepaleses confiam no seus grandes poderes e talentos para satisfazerem os seus desejos.[2] Os animais são mortos por homens de uma casta especial, que abrem as gargantas dos animais e deixam o sangue esguichar sobre os ídolos. Sacerdotes brâmanes supervisionam as matanças e orientam os fiéis nos complexos rituais que se seguem.[4]

Os sacrifícios têm lugar às terças-feiras e sábados, geralmente de manhã cedo, e são mais frequentes durante o Dashain, o grande festival hindu do Nepal que se realiza em setembro ou outubro. Após o sacrifício, a carne dos animais é recolhida e serve para fazer um churrasco, mas o sangue é deixado nas lajes destinadas aos sacrifício. Durante o Dashain, todo o pátio do templo e o estátua da deusa ficam cobertos de sangue.[3] Outras oferendas menos violentas são flores, iogurte de leite de búfala e khuwa, um doce de leite condensado.[2]

O templo encontra-se no fundo de uma escadaria, numa clareira da floresta que cobre a encosta,[2] na confluência de dois ribeiros sagrados para os hindus.[3] É decorado com um pálio com serpentes douradas. No seu interior, onde só é permitida a entrada a hindus, há uma estátua de pedra negra de Kali de cócoras sobre o cadáver de Xiva,[5] que simboliza a vitória sobre o tempo. A deusa segura alguns símbolos terríficos, como uma chávena feita de uma caveira, uma cabeça cortada e uma espada. Nas partes laterais há imagens de Ganexa, as sete Matrikas (deusas hindus) e um Bhairab de pedra.[2]

Segundo a lenda, o templo existe porque Kali apareceu em sonhos a um rei Malla do século XIV e lhe ordenou que construísse um templo a ela dedicado num sítio desconhecido e muito estranho. O pedido foi imediatamente satisfeito e por coincidência, no local indicado já alguém tinha erigido uma estátua a Kali. A estátua ficou à mercê dos elementos e foi a deusa que ordenou que fosse construído um pálio sobre a sua cabeça, suportado por quatro serpentes douradas.[2]

O recinto do templo e as suas imediações, uma área de floresta de grande beleza natural, são um local popular de piquenique e passeio, que principalmente aos sábados se transforma numa autêntica feira, onde se vendem principalmente colares de flores, bebidas e comida e onde as pessoas passeiam com as suas melhores roupas.[2] O nome do templo, composto pelas palavras "dakshin" (sul) e "kali" (que também significa rio ou vale profundo), é uma alusão à localização do templo, num espetacular vale de um rio. O percurso entre Catmandu e Dakshinkali, ao longo de uma estrada sinuosa de montanha, que percorre encostas verdejantes muito inclinadas, é muito pitoresco, e pelo caminho há vários templos hindus e budistas.[4]

Referências

  1. a b «Censo de 2011» (PDF) (em inglês). Central Bureau of Statistics. cbs.gov.np. Consultado em 24 de abril de 2014. Arquivado do original (PDF) em 31 de julho de 2013 
  2. a b c d e f g h «Dakshinkali Temple» (em inglês). www.nepal-kathmandu.com. Consultado em 24 de abril de 2014 
  3. a b c d «Introducing Dakshinkali» (em inglês). www.LonelyPlanet.com. Consultado em 24 de abril de 2014 
  4. a b c «The Dakshinkali road» (em inglês). Www.RoughGuides.com. Consultado em 24 de abril de 2014 
  5. «Dakshinkali» (em inglês). sacredsites.com. Consultado em 24 de abril de 2014 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Dakshinkali


  • Wynne, Candice. «Bloodletting at Dakshinkali» (em inglês). wanderlustandlipstick.com. Consultado em 24 de abril de 2014 
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