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Placebo

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 Nota: Este artigo é sobre o efeito placebo. Para a banda de mesmo nome, veja Placebo (banda).
O efeito placebo pode ser produzido através de comprimidos inertes, cirurgia simulada ou facultando informação errada. Por exemplo, quando é desligado o estímulo elétrico dos elétrodos cerebrais em doentes de Parkinson.[1]

O conceito de placebo refere-se a um tratamento sem efeito terapêutico, como uma pílula de açúcar, que não possui propriedades terapêuticas ativas para a condição que está sendo tratada. No entanto, quando administrado, pode induzir efeitos positivos no paciente devido à crença de que está recebendo um tratamento eficaz. Este fenômeno ocorre porque a expectativa de cura pode desencadear respostas psicológicas e fisiológicas no corpo, como a liberação de endorfinas, que podem aliviar os sintomas. O efeito placebo é amplamente estudado na medicina para compreender a influência da mente sobre o corpo e a importância das expectativas na recuperação.

A história do placebo remonta à Idade Média, quando o termo era associado a rituais cristãos de luto. A palavra "placebo" deriva do Salmo Latino "placebo domino in regione vivorum" (Eu agradarei ao Senhor na terra dos vivos), que era cantado em funerais. Posteriormente, o termo passou a se referir a substitutos para tratamentos reais, como pílulas de açúcar, usadas para tranquilizar pacientes em uma era onde tratamentos eficazes eram escassos.[2]

No século XVIII, o conceito de placebo se expandiu com o trabalho de Franz Anton Mesmer e sua hipótese do magnetismo animal. Mesmer acreditava que todas as doenças surgiam de um fluxo desordenado de uma "força vital", que ele alegava poder reorganizar usando hastes magnéticas. Sua prática se tornou um fenômeno popular até que a Académie Française, em 1784, realizou um teste cego que revelou que os efeitos de suas curas estavam relacionados à sugestão, não ao magnetismo. As pessoa experimentavam mudanças em sua condição (como alívio de sintomas) devido à sua própria expectativa de melhora.[2]

William Cullen, médico escocês, foi um dos primeiros a prescrever deliberadamente placebos no século XVIII para apaziguar seus pacientes, embora o termo "efeito placebo" só tenha sido introduzido na medicina no início do século XX.[3]

Placebo em medicamentos

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Muitos médicos também podem atribuir efeito placebo a medicamentos com princípios ativos, mas que apresentam efeitos terapêuticos diferentes do esperado. Por exemplo, um comprimido de vitamina C pode aliviar a dor de cabeça de quem acredite estar ingerindo um analgésico, sendo um exemplo clássico de que o que melhora é não apenas o conteúdo do que ingerimos mas também o acreditar que estamos a ser tratados. Seguindo esta corrente de pensamento, o dicionário médico Hooper cita o placebo como "o nome dado a qualquer medicamento administrado mais para agradar do que beneficiar o paciente".

Placebo em terapias

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Além dos medicamentos, o placebo também pode ser utilizado em terapias diversas e em pesquisas científicas. Um exemplo é a terapia a laser. Nesse caso, o laser é aplicado no paciente no modo desligado, podendo ser associado a um medicamento ou não. Depois, liga-se o laser, com a intenção de identificar se há melhora ou não. A irradiação do laser desligado pode ser considerado um efeito placebo. A utilização desse método em terapias tem sido bastante eficaz para comprovar a efetividade de uma determinada terapia.[4]

Efeitos do placebo no cérebro

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O placebo pode ser eficaz porque pode reduzir a ansiedade do paciente, revertendo, assim, uma série de respostas psicossomáticas e levando a uma sensação de bem-estar. Este efeito, por vezes, é de fato real e benéfico ao paciente.[5]

O efeito placebo é particularmente importante nos mecanismos cerebrais que trazem consciência aos estímulos nervosos atrelados à dor, sendo a sensação experimentada em grande parte dependente da forma como se pensa a mesma. Relata-se, nesses casos, que o efeito placebo é capaz de aliviar ou mesmo suprimir por completo a sensação de dor, mesmo que o estímulo doloroso - uma ferida por exemplo - continue a sensibilizar as vias neurais correspondentes com igual intensidade. O fenômeno inverso - conhecido como efeito nocebo - também mostra-se, por vezes, bem real: a expectativa de que a dor seja excruciante pode constituir causa suficiente para que realmente se perceba a mesma como tal, mesmo que a causa atrelada às vias sensoriais não justifique, por si, tal sensação.[6]

Os placebos são aplicados para se testar os reais efeitos de medicamentos e terapias. São usados em estudos duplamente cegos e consistem no uso de cápsulas desprovidas de substâncias terapêuticas ou contendo produtos reconhecidos como inertes e inócuos, que são administrados a grupos de estudo humanos ou animais (chamados de "população" em investigação científica) para comparar e validar os efeitos desses medicamentos. O princípio subjacente é o de que, num ensaio com placebo, parte do sucesso da substância ativa pode ser devido não a esta mas sim ao efeito placebo da mesma. A análise estatística verificará, posteriormente, se o efeito do medicamento versus o placebo é realmente significativo ou não. Existem muitas patologias suscetíveis ao efeito placebo, como é o caso da insuficiência venosa.[7]

Efeitos do placebo em animais

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O efeito de placebo também pode ser percebido em animais, embora a compreensão acerca desses efeitos em seres sencientes não-humanos seja limitado devido à ausência de comunicação deles com humanos e a capacidade mais reduzida de avaliação objetiva de efeitos como dor em animais. A existência de efeito placebo em animais mostra que o efeito não é puramente psicológico, dadas as diferenças cognitivas entre humanos e não-humanos. O tema permanece sob intensa investigação, não apenas no que diz respeito ao conhecimento humano destes efeitos em animais, mas também em como podem ser utilizados para compreender e estudar efeitos em estudos pré-clínicos visando aplicação humana.[8]

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Referências

  1. Lanotte M; Lopiano L; Torre E; Bergamasco B; Colloca L; Benedetti F (novembro de 2005). «Expectation enhances autonomic responses to stimulation of the human subthalamic limbic region». Brain, Behavior, and Immunity. 19 (6): 500–9. PMID 16055306. doi:10.1016/j.bbi.2005.06.004 
  2. a b Walach, Harald (27 de junho de 2011). «Placebo controls: historical, methodological and general aspects». Philosophical Transactions of the Royal Society of London. Series B, Biological Sciences (1572): 1870–1878. ISSN 1471-2970. PMC 3130405Acessível livremente. PMID 21576144. doi:10.1098/rstb.2010.0401. Consultado em 25 de outubro de 2024 
  3. «Placebo effect | Benefits, Mechanisms & Uses | Britannica». www.britannica.com (em inglês). Consultado em 25 de outubro de 2024 
  4. Daliana Queiroga de Castro Gomes, Kevan Guilherme Nóbrega Barbosa. «Analgesia durante o tratamento ortodôntico com o uso do laser de baixa intensidade: revisão sistemática». Revista Dor. Consultado em 11 de junho de 2015 
  5. «Efeito Placebo: O Poder da Pílula de Açúcar». Consultado em 15 de dezembro de 2012 
  6. Carter, Rita; et alii - O Livro do Cérebro - Rio de Janeiro - Agir - 2012 - ISBN 978-85-220-1361-6
  7. «Os flebotónicos». Consultado em 15 de dezembro de 2012 
  8. Keller, Asaf; Akintola, Titilola; Colloca, Luana (2018). «Placebo Analgesia in Rodents: Current and Future Research». Elsevier (em inglês): 1–15. ISBN 978-0-12-814325-4. doi:10.1016/bs.irn.2018.02.001. Consultado em 22 de março de 2022 
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