Cirurgia

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Cirurgiões e o instrumentador cirúrgico (ao fundo) realizando um procedimento cirúrgico.

Cirurgia (do grego χειρουργική cheirourgikē e latim chirurgiae, "trabalho manual"), também chamada procedimento cirúrgico, é qualquer tipo de procedimento no qual o cirurgião e sua equipe realizam uma intervenção manual ou instrumental no corpo do paciente para diagnosticar, tratar ou curar doenças, traumatismo, melhorar a funcionalidade ou a aparência de partes do corpo.

Equipe cirúrgica[editar | editar código-fonte]

Uma equipe cirúrgica é composta por:[1]

  • Cirurgião chefe: Médico especialista em cirurgia, é o chefe da equipe. Dá as ordens de como fazer a intervenção cirúrgica;
  • Cirurgião assistente: Médico que faz as incisões, suturas, cauterização, sucção e melhora o acesso ao órgão lesionado afastando outras camadas e órgãos. Deve facilitar à intervenção do cirurgião chefe em todos os passos;
  • Anestesiólogo ou Anestesista: médico que aplica a anestesia e monitora o nível de consciência, oxigênio e sinais vitais do paciente;
  • Enfermeiro circulante: Prepara a sala e auxilia em eventualidades. Administra os materiais e equipamentos necessários, como gazes, algodão e sangue. Pode executar ações típicas de enfermagem como esterilizar a pele, administrar uma injeção ou regular a velocidade de goteio do soro;
  • Técnico de enfermagem: Conecta o ambiente estéril e não estéril, trazendo e levando os materiais solicitados pela equipe médica. Pode verificar o funcionamento, a conservação e a manutenção dos equipamentos necessários ao funcionamento do Centro Cirúrgico;
  • Instrumentador cirúrgico: técnico em cirurgias. Tem o dever de antecipar as necessidades do cirurgião para fornecer os materiais corretos o mais rapidamente possível.

Processo cirúrgico[editar | editar código-fonte]

Pré-operatório imediato[editar | editar código-fonte]

• O paciente está a 24 horas da cirurgia. Onde é anestesiado ou pré-anestesiado, onde são realizados todos os cuidados necessários para que a cirurgia possa ocorrer sem complicações.

Intra-operatório[editar | editar código-fonte]

• Durante a realização da cirurgia.

Pós-operatório Imediato[editar | editar código-fonte]

• Período crítico onde se deve ter muita atenção, começa ao final da cirurgia e dura 24hs.

Pós-operatório Mediato[editar | editar código-fonte]

• Período em que o paciente se encontra internado, das 24hs iniciais até 7 dias depois

(geralmente quando se obtém a alta).

Pós-operatório Tardio[editar | editar código-fonte]

• Após os 7 dias e o reconhecimento da alta. O pós-operatório tardio é o tempo de cicatrização e prevenção das complicações, este período pode durar semanas ou meses após a cirurgia.

Tempos[editar | editar código-fonte]

A cirurgia é divido em tempos:

  • Diérese: divisão dos tecidos que possibilita o acesso à região a ser operada;
  • Exérese: remoção ou extirpação cirúrgica de órgãos ou de estruturas anatômicas;
  • Hemostasia: parada do sangramento. O sangue derramado pode ser limpo com aspiração ou com gazes;
  • Síntese: Redução do espaço morto. Fechamento dos tecidos cortados.

O cirurgião geral realiza a maior parte das cirurgias e assume o comando do paciente poli-traumatizado grave, indicando se e onde cada especialista precisa atuar. A cirurgia do trauma (entendendo-se aqui trauma como toda lesão corporal causada por queda, capotagem, colisão ou ferimentos por armas brancas ou de fogo) é uma das áreas de atuação do cirurgião geral.

Tipos de cirurgias[editar | editar código-fonte]

História da cirurgia[editar | editar código-fonte]

Pintura a óleo The Agnew Clinic de Thomas Eakins, datada de 1889. A cirurgia era pública e havia vários observadores.
Hieronymus Fabricius, Operationes chirurgicae, 1685

Sabe-se que a cirurgia é praticada desde a pré-história, através de procedimentos de trepanação (operação que consiste em praticar uma abertura em um osso). No entanto, a cirurgia teve seus primeiros desenvolvimentos científicos no século XVI, com Ambroise Paré – “o pai da cirurgia moderna”, que, além de esclarecer inúmeras questões de anatomia, fisiologia e terapêutica, substituiu a cauterização com ferro em brasa pela ligadura das artérias depois de uma amputação de membro.[2]

Mais tarde, a descoberta da anestesia e a criação da antissepsia marcaram, no final do século XIX, o início da cirurgia moderna, cuja eficácia aumentou com a transfusão de sangue e a neurocirurgia, desenvolvidas entre as duas grandes guerras. Nos anos 1950, a descoberta dos antibióticos também garantiu maior eficácia aos procedimentos cirúrgicos. Atualmente, todos os órgãos são acessíveis à cirurgia e as técnicas recentes (a partir dos anos 1960) de transplantes de órgãos são uma vitória da cirurgia, embora ainda haja problemas de rejeição.[3]

Pontuações[editar | editar código-fonte]

  • Pesquisadores descobriram uma mandíbula no Antigo Egito, datada aproximadamente de 2750 a.C., com duas perfurações logo abaixo da raiz do primeiro molar, indicando a realização de uma drenagem de um abscesso no dente. Escavações recentes nos locais de trabalhos da construção das Pirâmides do Egito também levaram à descoberta de evidências de cirurgias no cérebro em um trabalhador que continuou vivo por mais dois anos após os procedimentos.
  • O médico índiano Sushruta (600 a.C.) é uma importante figura na história da cirurgia. Ele viveu, ensinou e praticou sua arte cirúrgica nas margens do Ganges na área que corresponde atualmente a cidade de Benares no Norte da Índia. Devido as suas numerosas contribuições para ciência e arte da cirurgia ele é também conhecido como o "Pai da Cirurgia". Muito do que conhecemos a respeito da cirurgia investigativa está contido em uma série de volumes de sua autoria, os quais são coletivamente conhecidos como as Sushruta Samhita. Este é o mais antigo texto cirúrgico e ele descreve nos mínimos detalhes a exploração, diagnóstico, tratamento, e prognósticos de numerosas indisposições, como também a realização de uma cirurgia plástica.
  • Cirurgias são hoje consideradas como uma especialização da medicina, mas profissão de cirurgião e de medico têm raízes históricas diferentes. Por exemplo, a tradição era contra a abertura do corpo e o Juramento de Hipócrates conclama aos médicos contra a pratica da cirurgia, especialmente que corta as pessoas com pedras, isto é, litotomia, uma operação para retirar pedras dos rins, era para ser deixada para pessoas com tais praticas. Certamente, a maioria do conhecimento da cirurgia veio da dissecação de corpos, atividade que era repulsiva para muitos médicos.
  • Por volta do século XIII, muitas cidades europeias exigiam que os cirurgiões tivessem vários anos de estudo ou treinamento antes que eles pudessem praticar. As Universidades de Montpellier, Pádua e Bolonha eram particularmente interessadas no lado acadêmico da Cirurgia, e por volta do século XV, Cirurgia ainda era um objeto de estudo separado da medicina. Cirurgia tinha menos status que a medicina pura, isto continuou até que Rogerius Salernitanus compôs seu Chirurgia, que se tornou uma espécie de manual para cirurgia ocidental, tendo influenciado até aos tempos modernos.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências bibliográficas[editar | editar código-fonte]

  • REZENDE, Joffre M. de. À Sombra do Plátano: Crônicas de História de Medicina. São Paulo: Unifesp, 2009.
  • Grande Enciclopédia Larousse Cultural. Vol. 06. São Paulo: Nova Cultural, 1998.

Referências

  1. «Como funciona a equipe na sala de cirurgia». Amato. 26 de novembro de 2020 
  2. REZENDE, Joffre M. de. À Sombra do Plátano: Crônicas de História de Medicina. São Paulo: Unifesp, 2009.
  3. Grande Enciclopédia Larousse Cultural, Nova Cultural