Errementari: O Ferreiro e o Diabo
Errementari: O Ferreiro e o Diabo | |
---|---|
Errementari: El Herrero y el Diablo | |
Espanha 2017 • cor • 104 min | |
Gênero | terror gótico fantasia |
Direção | Paul Urkijo Alijo |
Produção | Álex de la Iglesia Ortzi Acosta Luis de Oza Laurent Fumeron Daniel Goroshko Gorka Gómez Andreu Rodolphe Sanzé |
Roteiro | Paul Urkijo Alijo Asier Guerrica Echevarría |
História | Paul Urkijo Alijo |
Elenco | Kandido Uranga Uma Bracaglia Eneko Sagardoy Ramón Aguirre |
Música | Pascal Gaigne |
Diretor de fotografia | Gorka Gómez Andreu |
Direção de arte | Izaskun Urkijo |
Figurino | Nerea Torrijos |
Edição | Paul Urkijo Alijo |
Companhia(s) produtora(s) | Pokeepsie Films |
Distribuição | Filmax Netflix |
Lançamento | 12 de outubro de 2017 |
Idioma | basco |
Errementari: El Herrero y el Diablo (br/pt: Errementari: O Ferreiro e o Diabo)[1][2] é um filme espanhol de 2017, do gênero terror gótico e fantasia, dirigido por Paul Urkijo, baseado em uma lenda do folclore basco registrada pelo antropólogo José Miguel de Barandiaran.
O filme conta a história de um ferreiro, Patxi (Kandido Uranga), que faz um pacto demoníaco para sobreviver à Primeira Guerra Carlista, mas, não conseguindo exatamente o que buscava, aprisiona o demônio Sartael (Eneko Sagardoy) em sua ferraria em um povoado em Álava. Os habitantes locais suspeitam das atividades do ferreiro, que está sendo investigado pelo oficial forasteiro Alfredo (Ramón Agirre). A situação se intensifica quando a jovem Usue (Uma Bracaglia) desaparece na ferraria.
Errementari estreou em 12 de outubro de 2017 no Festival de Cinema de Sitges, percorrendo alguns festivais antes de chegar aos cinemas em 3 de março de 2018. Conquistou oito prêmios, sendo ainda indicado a mais oito.
Sinopse
[editar | editar código-fonte]O filme começa com um tenente liberal (Gorka Aguinagalde) encontrando um baú de ouro com um grupo de soldados carlistas bascos e ordenando o fuzilamento destes. O pelotão, contudo, não consegue matar o soldado Patxi (Kandido Uranga), que revida e mata os algozes com a ajuda de uma figura demoníaca, Sartael (Eneko Sagardoy).
Oito anos depois, Alfredo (Ramón Agirre) chega a um povoado em Álava e hospeda-se na pousada de Santi (Josean Bengoetxea), apresentando-se como um oficial do governo investigando um caso envolvendo Patxi, agora um ferreiro conhecido pelos locais como louco e pactuário do demônio, vivendo em uma ferraria protegida por cruzes e espinhos. Na igreja do vilarejo, o padre Mateo (José Ramón Argoitia) anuncia a chegada do oficial e se prepara para celebrar a missa, até que percebe que não há vinho, ao que se revela que a pequena Usue (Uma Bracaglia) o furtou para brincar de piquenique na floresta com sua boneca e uma cobra. O jovem Benito (Aitor Urtzelai) e seu amigo Faustino (Gotzon Sánchez) se aproximam, matam a cobra e iniciam um diálogo em que se revela que a mãe de Usue cometeu suicídio por enforcamento. Benito corta a cabeça da boneca e a atira para dentro da ferraria, ao que Patxi aparece e tem conflito físico com os garotos. Ao que eles retornam para a igreja sem Usue, é revelado que o padre Mateo é o guardião da mesma.
De volta à pousada, Alfredo encontra Santi e seus amigos vasculhando sua bagagem, que revela que Patxi teria em sua posse ouro doado pelo czar Nicolau I da Rússia, visto no início do filme. Alfredo convence três homens a entrarem na ferraria em troca de não os denunciar. Patxi os assusta, e, enquanto dois conseguem fugir, um tropeça em armadilhas e morre. Simultaneamente, Usue entra na ferraria e encontra uma criança trancada em uma gaiola, mas, ao libertá-la, descobre tratar-se do demônio Sartael disfarçado. Sartael tenta fugir, mas é capturado por uma armadilha e novamente engaiolado. Benito vê à distância Usue sendo carregada por Patxi e presume que ela foi sequestrada pelo ferreiro.
Segue-se na ferraria um diálogo em que é revelado que Patxi pactuara com Sartael para retornar vivo para sua casa e encontrar sua esposa, tendo sucesso nisto, mas descobrindo adultério. Patxi e Usue aproveitam para torturar o demônio, até que Alfredo e os homens do vilarejo conseguem finalmente invadir a casa, com o pressuposto do sumiço de Usue, alertados por Benito. Durante a invasão, o vilarejo descobre chocado a existência de Sartael, e o padre Mateo revela que a mãe de Usue era esposa de Patxi, mas casou-se com um forasteiro após presumir a morte de seu marido na guerra. Este, ao retornar, matou o pai de Usue em um acesso de ira, e, por consequência, a mãe da mesma cometeu suicídio.
Ainda na ferraria, Alfredo revela secretamente a Sartael tratar-se do demônio Alastor, mas diz que, como castigo, Sartael permanecerá preso, e prossegue para enforcar ali mesmo Patxi, a fim de levar sua alma para o inferno. Sartael, contudo, orienta Usue a torturar Alastor com um sino ungido, pelo que este revela parte de sua verdadeira forma, assustando seus empregados, que largam Patxi antes de este morrer sufocado. Alastor, contudo, aproveita-se da inocência de Usue para levá-la ao inferno atrás de sua mãe. Como resultado, Patxi assina novo pacto com Sartael, retornando ao inferno, aonde leva o sino da igreja (sendo revelado que este contém o ouro do czar) e um jarro de grão-de-bico, com o qual Usue consegue distrair os demônios com um truque. Patxi usa o grande sino para libertar Usue, Sartael sai do inferno com ela e diz que ela é uma santa, e, se os locais não a tratarem como tal, ele retornará para aterrorizá-los.
O filme termina com Sartael vertido em homem rumando para uma cidade próxima de carona em uma carroça, enquanto Patxi entra pelos portões do inferno para encontrar sua falecida esposa.
Elenco
[editar | editar código-fonte]O elenco de Errementari conta com os seguintes principais autores, como grafados nos créditos finais e na ordem nestes apresentada:[3][4]
- Kandido Uranga como Patxi
- Uma Bracaglia como Usue
- Eneko Sagardoy como Sartael
- Ramón Agirre como Alfredo
- Josean Bengoetxea como Santi
- Gotzon Sánchez como Faustino
- José Ramon Argoitia como Benito
- Gorka Aguinagalde como tenente
- Iñigo de la Iglesia como Miguel
- Aitor Urtzelai como Benito
- Maite Bastos como Blanca
- Itziar Ituño como Ana
- Zigor Bilbao como Nestor
Produção
[editar | editar código-fonte]Errementari foi a primeira longa-metragem dirigida por Paul Urkijo, que se baseou na lenda basca de "Patxi, o ferreiro" (em basco: "Patxi Errementaria"), datada de 1903 e registrada pelo antropólogo José Miguel de Barandiaran em Ataun, contando a história de um ferreiro cujos malfeitos assustavam mesmo os demônios, que o trancaram no inferno antes de este conseguir chegar ao céu.[5][6] Ao longo dos sete anos de dedicação ao projeto, Urkijo encantou ao renomeado cineasta Álex de la Iglesia, que se decidiu por contribuir para a produção do filme. A obra conta com influências de terror, literatura gótica e fantasia, com elementos de humor negro e sincretismo de temas cristãos e pagãos.[5][7]
O filme foi uma produção conjunta de espanhóis e franceses, com Luis de Oza, Carolina Bang, Gorka Gómez Andreu, Kiko Martínez, Miguel Ángel Jiménez, Ortzi Acosta Calvo e o próprio Paul Urkijo como principais coprodutores.[8] O roteiro foi coescrito por Urkijo e Asier Gerrica Echeberria, e a direção de fotografia foi também de Gorka Andreu.[9] O orçamento da produção foi de 2.9 milhões de euros, e todas as gravações, feitas nos estúdios da Pokeepsie Films, duraram apenas sete semanas, números que Urkijo julgou como limitados, mas bem aproveitados.[4][6]
Errementari foi exibido ao público pela primeira vez em 12 de outubro de 2017, no Festival de Cinema de Sitges.[9] No dia 28 do mesmo mês, apresentou-se na 28ª edição do Festival Internacional de Cinema de San Sebastián, onde recebeu o prêmio de melhor filme durante a semana de fantasia.[7][10] Em 3 de março de 2018, um dia após a data originalmente planejada, o filme finalmente estreou nos cinemas.[10][11]
Linguagem
[editar | editar código-fonte]A diversidade de variedades da língua basca foi usada em favor da ambientação do filme. Para imersão histórica, o diálogo da maioria dos personagens foi inteiramente gravado em um dialeto obscuro e extinto da língua, como seria falado em Álava no século XIX, reconstruído por iniciativa de Urkijo com a assistência de linguistas como Koldo Zuazo, mas adaptado aos limites do compreensível para falantes modernos do idioma.[5][7] O narrador do filme, contudo, que se revela no fim como o cocheiro que dá carona a Sartael, fala inteiramente no dialeto de Ataun, em tributo à localidade na qual se recuperou a lenda e onde nasceu Barandiaran, enquanto os demônios e Alfredo, por sua vez, para maior tom de formalidade, falam no euskara batua, norma culta do basco.[6]
Prêmios e indicações
[editar | editar código-fonte]- Vencedor na categoria de melhor longa-metragem da semana de fantasia na 28ª edição do Festival Internacional de Cinema de San Sebastián (2017)[10]
- Vencedor nas indicações de audiência e Vicious Cat de melhor longa-metragem na 14ª edição do Festival Grossmann de Filme Fantástico e Vinho[12]
- Indicado na categoria de melhor longa de terror europeia no Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa (2018)[13]
- Vencedor nas categorias de melhor longa-metragem, melhor diretor (Paul Urkijo), melhor ator secundário (Eneko Sagardoy), melhor vestuário (Nerea Torrijos) e melhor maquiagem (Pedro Rodríguez) e indicado às categorias de melhor roteiro (Paul Urkijo e Asier Gerrica Echeberria), melhor distribuição de elenco, melhor cinematografia, melhor som, melhor trilha sonora, melhor direção artística e melhores efeitos visuais no Film Quest, em Provo, Estados Unidos (2018)[11]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «Errementari: O Ferreiro e o Diabo». Netflix. Consultado em 15 de novembro de 2018
- ↑ «Errementari: O Ferreiro e o Diabo». Netflix. Consultado em 13 de novembro de 2018
- ↑ Errementari: O Ferreiro e o Diabo. Netflix. Em cena em 1.33.46. Consultado em 15 de novembro de 2018
- ↑ a b «Errementari: The Blacksmith and the Devil (El herrero y el diablo) (2018)» (em inglês). Rotten Tomatoes. Consultado em 15 de novembro de 2018
- ↑ a b c Segovia, Mikel (2 de março de 2018). «'Errementari', demonios, mitos y prejuicios en la Alava del XIX». El Independiente
- ↑ a b c Belategui, Oskar (27 de fevereiro de 2018). «'Errementari': el cine vasco vende su alma al diablo». El Correo (em espanhol)
- ↑ a b c ««Nahiago dut munstroak fisikoki ikustea zineman»». Berria (em basco). Consultado em 12 de novembro de 2018
- ↑ Errementari: O Ferreiro e o Diabo. Netflix. Em cena em 1.34.39. Consultado em 15 de novembro de 2018
- ↑ a b «Errementari». Sitges Film Festival (em inglês). Consultado em 13 de novembro de 2018
- ↑ a b c «"Errementari", un cuento de "horror gótico" llevado a la gran pantalla». Agencia EFE (em espanhol). Vitoria-Gasteiz. 26 de fevereiro de 2018
- ↑ a b Mateos, Ander (17 de setembro de 2018). «Errementari gana cinco premios en el festival estadounidense Film Quest». Gasteiz Hoy (em espanhol). Vitoria-Gasteiz
- ↑ «Grossmann Festival 2018 Awards». Grossmann (em inglês). 14 de julho de 2018
- ↑ «Errementari: The Blacksmith and the Devil». MOTELx. Consultado em 15 de novembro de 2018