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Batalha da Maria Antônia: diferenças entre revisões

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O ano de 1968 foi um momento de forte resistência da classe estudantil, que era majoritariamente contrária ao [[Ditadura|regime militar]]. Em 1964, houve uma divisão da [[classe média]] brasileira que, em cima da propaganda [[anticomunista]] e da [[crise econômica]], apoiou a deposição de [[João Goulart]] e passou a esperar por uma transição rápida para a [[democracia]]. Nos quatro anos seguintes, sem perspectiva de abertura e diante de uma política econômica recessiva e de sinais de violência por parte dos militares, a maior parte da classe média começou a se posicionar contra o regime militar. Seus filhos, mais de 200 mil estudantes universitários e centenas de milhares secundaristas, seguiam pelo mesmo caminho.<ref name="HV"> "A resistência dos estudantes". Por Rodrigo Valente. Revista ''História Viva'', ano V, n. 54, p. 44—7. Editora Duetto. São Paulo.</ref>.
O ano de 1968 foi um momento de forte resistência da classe estudantil, que era majoritariamente contrária ao [[Ditadura|regime militar]]. Em 1964, houve uma divisão da [[classe média]] brasileira que, em cima da propaganda [[anticomunista]] e da [[crise econômica]], apoiou a deposição de [[João Goulart]] e passou a esperar por uma transição rápida para a [[democracia]]. Nos quatro anos seguintes, sem perspectiva de abertura e diante de uma política econômica recessiva e de sinais de violência por parte dos militares, a maior parte da classe média começou a se posicionar contra o regime militar. Seus filhos, mais de 200 mil estudantes universitários e centenas de milhares secundaristas, seguiam pelo mesmo caminho.<ref name="HV"> "A resistência dos estudantes". Por Rodrigo Valente. Revista ''História Viva'', ano V, n. 54, p. 44—7. Editora Duetto. São Paulo.</ref>.


A universidade brasileira vivia uma crise de sentido na [[década de 60]]: não servia a quem queria mudanças na sociedade e nem ao [[capitalismo]] brasileiro, que vivia uma fase de modernização. Assim, a vanguarda do movimento estudantil que agitava a universidade com seus discursos (1965-1967) tinha agora ao seu lado a massa dos estudantes. Depois das grandes mobilizações de junho de 1968, como a "[[Sexta-Feira Sangrenta]]" e a [[Passeata dos cem mil]] no [[Rio de Janeiro]], auge da resistência popular à [[ditadura militar]], o movimento refluiu. As condições de luta no segundo semestre eram mais difíceis: muitos estudantes foram presos e a polícia se empenhava em acabar com as ocupações em universidades.<ref name="HV" />
A universidade brasileira vivia uma crise de sentido na [[década de 60]]: não servia a quem queria mudanças na sociedade e nem ao [[capitalismo]] brasileiro, que vivia uma fase de modernização. Assim, a vanguarda do movimento estudantil que agitava a universidade com seus discursos (1965-1967) tinha agora ao seu lado a massa dos estudantes. Depois das grandes mobilizações de junho de 1968, como a "Sexta-Feira Sangrenta" e a [[Passeata dos cem mil]] no [[Rio de Janeiro]], auge da resistência popular à [[ditadura militar]], o movimento refluiu. As condições de luta no segundo semestre eram mais difíceis: muitos estudantes foram presos e a polícia se empenhava em acabar com as ocupações em universidades.<ref name="HV" />


Pelo fato de abrigar a Faculdade de Filosofia da USP e a Universidade Mackenzie, a rua Maria Antônia, no centro da capital paulista, foi palco da luta entre estudantes de esquerda e de direita, no começo de outubro de 1968. Os estudantes se enfrentavam como podiam - pedras, paus e até bombas - e a polícia assistia a tudo sem intervir. Os estudantes de direita, ligados ao CCC incendiaram o prédio da USP com coquetéis molotov. Depois de dois dias de enfrentamento, um tiro vindo do prédio da Mackenzie feriu mortalmente o jovem secundarista José Guimarães. Os estudantes da USP, com a camisa ensanguentada do estudante, tomaram as ruas de São Paulo e entraram em choque com a repressão. Ao final do conflito, a polícia invadiu os prédios da USP e da Mackenzie e prendeu dezenas de estudantes. Os estudantes se manifestavam com barricadas, pregos para os pneus dos carros da polícia e bolas de gude para derrubar a cavalaria. O jovem [[José Dirceu]], entre outros, liderou a ocupação da Maria Antônia. <ref name="HV" />
Pelo fato de abrigar a Faculdade de Filosofia da USP e a Universidade Mackenzie, a rua Maria Antônia, no centro da capital paulista, foi palco da luta entre estudantes de esquerda e de direita, no começo de outubro de 1968. Os estudantes se enfrentavam como podiam - pedras, paus e até bombas - e a polícia assistia a tudo sem intervir. Os estudantes de direita, ligados ao CCC incendiaram o prédio da USP com coquetéis molotov. Depois de dois dias de enfrentamento, um tiro vindo do prédio da Mackenzie feriu mortalmente o jovem secundarista José Guimarães. Os estudantes da USP, com a camisa ensanguentada do estudante, tomaram as ruas de São Paulo e entraram em choque com a repressão. Ao final do conflito, a polícia invadiu os prédios da USP e da Mackenzie e prendeu dezenas de estudantes. Os estudantes se manifestavam com barricadas, pregos para os pneus dos carros da polícia e bolas de gude para derrubar a cavalaria. O jovem [[José Dirceu]], entre outros, liderou a ocupação da Maria Antônia. <ref name="HV" />
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Desde meados de julho de 1968 o prédio da [[USP]] estava ocupado por estudantes que se reuniam constantemente em assembleias. No dia 3 de outubro, o tumulto começou por conta de um pedágio que os alunos da USP, situada no prédio onde antes funcionava a Junta Comercial de São Paulo, cobravam na rua Maria Antônia - o valor serviria para custear o congresso da [[União Nacional dos Estudantes]]. Irritado, um aluno da Universidade Mackenzie atirou um ovo podre contra os cobradores do pedágio, o que levou os estudantes da Universidade de São Paulo a revidaram com pedras e tijolos. Mackenzistas e uspianos acabaram se enfrentando com rojões, foguetes, coquetéis molotov e tiros <ref>{{citar web|url=http://www.usp.br/jorusp/arquivo/2008/jusp833/pag12.htm|titulo=O endereço da agitação estudantil|publicado=Jornal da USP|acessodata=29/04/2014}}</ref>.
Desde meados de julho de 1968 o prédio da [[USP]] estava ocupado por estudantes que se reuniam constantemente em assembleias. No dia 3 de outubro, o tumulto começou por conta de um pedágio que os alunos da USP, situada no prédio onde antes funcionava a Junta Comercial de São Paulo, cobravam na rua Maria Antônia - o valor serviria para custear o congresso da [[União Nacional dos Estudantes]]. Irritado, um aluno da Universidade Mackenzie atirou um ovo podre contra os cobradores do pedágio, o que levou os estudantes da Universidade de São Paulo a revidaram com pedras e tijolos. Mackenzistas e uspianos acabaram se enfrentando com rojões, foguetes, coquetéis molotov e tiros <ref>{{citar web|url=http://www.usp.br/jorusp/arquivo/2008/jusp833/pag12.htm|titulo=O endereço da agitação estudantil|publicado=Jornal da USP|acessodata=29/04/2014}}</ref>.


Segundo a revista [[O Cruzeiro (revista)|O Cruzeiro]], de [[9 de novembro]] de [[1968]]<ref>{{citar web|url=http://pt.scribd.com/doc/25019616/Revista-O-Cruzeiro-com-Boris-Casoy-no-CCC|titulo=CCC ou O Comando do Terror|publicado=O Cruzeiro|acessodata=06/09/2013}}</ref>, estiveram presentes no conflito da rua Maria Antônia: Francisco José Aguirre Menin (comandou o ataque), [[Boris Casoy]] (locutor da rádio Eldorado), João Marcos Monteiro Flaquer, [[José Roberto Batochio]], João Parisi Filho<ref>{{citar web|url=http://veja.abril.com.br/arquivo_veja/capa_09101968.shtml|titulo=Destruição e morte por quê? |acessodata=}}. ''[[Veja]]'', 9 de outubro de 1968.</ref>, Flávio Bernardo Caviglia, Lionel Zaclis, Raul Careca e Souvenir Assumpção Sobrinho. No entanto, segundo matéria de Carlos Brickmann, publicada no [[Observatório da Imprensa]], a foto que o relaciona com os ataques à Faculdade de Filosofia da USP seria de outra pessoa - Pedro Roberto Chaves de Lara. Batochio, à época, já não era mais estudante da Universidade Mackenzie.<ref>[http://www.observatoriodaimprensa.com.br/images/575CIR001.jpg Assassinato de reputação - Importante é a manada e a notícia que se dane]. Por Carlos Brickmann. ''Observatório da Imprensa'', ed nº 575, 2 de fevereiro de 2010.</ref>
Segundo a revista [[O Cruzeiro (revista)|O Cruzeiro]], de [[9 de novembro]] de [[1968]], estiveram presentes no conflito da rua Maria Antônia: [[Boris Casoy]] (locutor da [[Rádio Estadão|Rádio Eldorado]]), João Marcos Monteiro Flaquer, João Parisi Filho,<ref>{{citar web|url=http://veja.abril.com.br/arquivo_veja/capa_09101968.shtml|titulo=Destruição e morte por quê? |acessodata=}}. ''[[Veja]]'', 9 de outubro de 1968.</ref> Raul Careca e Souvenir Assumpção Sobrinho.<ref>[http://www.observatoriodaimprensa.com.br/images/575CIR001.jpg Assassinato de reputação - Importante é a manada e a notícia que se dane]. Por Carlos Brickmann. ''Observatório da Imprensa'', ed nº 575, 2 de fevereiro de 2010.</ref>


Durante o confronto, o estudante secundarista José Carlos Guimarães, de 20 anos, que estudava no Colégio Marina Cintra da [[Rua da Consolação]], foi atingido na cabeça por um tiro vindo da Mackenzie e acabou morrendo. Estudantes de outras escolas, como os do [[Colégio Sion]], também se encontravam na região - dentre eles estava a filha do governador [[Abreu Sodré]]. O confronto se seguiu até que o prédio da USP foi incendiado. O acontecimento influenciou a transferência dos cursos da USP do campus da rua Maria Antônia para o campus Armando de Salles Oliveira, no bairro do [[Butantã]], cuja obra já estava em andamento. A mudança para a [[Cidade Universitária]] desagregou o núcleo do movimento estudantil e também desestabilizou o local que recebia outros movimentos combatentes da ditadura militar. Esse conflito foi inclusive um dos pretextos para que o governo endurecesse o regime,<ref>{{citar web|url=http://www.usp.br/jorusp/arquivo/2008/jusp847/pag10.htm|titulo=A Maria Antonia revisitada|publicado=Jornal da USP|acessodata=29/04/2014}}</ref> promulgando o mais rígido do período de recessão: o [[Ato Institucional Número 5|Ato Institucional número 5]].
Durante o confronto, o estudante secundarista José Carlos Guimarães, de 20 anos, que estudava no Colégio Marina Cintra da [[Rua da Consolação]], foi atingido na cabeça por um tiro vindo da Mackenzie e acabou morrendo. Estudantes de outras escolas, como os do [[Colégio Sion]], também se encontravam na região - dentre eles estava a filha do governador [[Abreu Sodré]]. O confronto se seguiu até que o prédio da USP foi incendiado. O acontecimento influenciou a transferência dos cursos da USP do campus da rua Maria Antônia para o campus Armando de Salles Oliveira, no bairro do [[Butantã]], cuja obra já estava em andamento. A mudança para a [[Cidade Universitária]] desagregou o núcleo do movimento estudantil e também desestabilizou o local que recebia outros movimentos combatentes da ditadura militar. Esse conflito foi inclusive um dos pretextos para que o governo endurecesse o regime,<ref>{{citar web|url=http://www.usp.br/jorusp/arquivo/2008/jusp847/pag10.htm|titulo=A Maria Antonia revisitada|publicado=Jornal da USP|acessodata=29/04/2014}}</ref> promulgando o mais rígido do período de recessão: o [[Ato Institucional Número 5|Ato Institucional número 5]].
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Revisão das 19h34min de 26 de agosto de 2017

Batalha da Maria Antônia

Alunos da Universidade de São Paulo e da Universidade Mackenzie enfrentando-se na rua Maria Antônia, em São Paulo.
Período 3 de outubro de 1968
Local Rua Maria Antônia, São Paulo
23° 32′ 46″ S, 46° 39′ 03″ O
Causas Conflito político-ideológico
Objetivos Impedir que alunos da USP cobrassem pedágio dos transeuntes para financiar o congresso da UNE
Características Movimento estudantil
Comando de Caça aos Comunistas
Resultado Um morto e dezenas de feridos
Incêndio e posterior transferência da Faculdade de Filosofia da USP
Participantes do conflito
Alunos da Universidade de São Paulo Alunos da Universidade Mackenzie

Batalha da Maria Antônia foi o nome do confronto entre estudantes da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCL - USP) e da Universidade Presbiteriana Mackenzie, ocorrido em 3 de outubro de 1968. Na época, as duas instituições, localizadas na rua Maria Antônia, região central de São Paulo, eram vizinhas [1] e era comum que o endereço fosse palco de eventos como passeatas e manifestações.

História

O ano de 1968 foi um momento de forte resistência da classe estudantil, que era majoritariamente contrária ao regime militar. Em 1964, houve uma divisão da classe média brasileira que, em cima da propaganda anticomunista e da crise econômica, apoiou a deposição de João Goulart e passou a esperar por uma transição rápida para a democracia. Nos quatro anos seguintes, sem perspectiva de abertura e diante de uma política econômica recessiva e de sinais de violência por parte dos militares, a maior parte da classe média começou a se posicionar contra o regime militar. Seus filhos, mais de 200 mil estudantes universitários e centenas de milhares secundaristas, seguiam pelo mesmo caminho.[2].

A universidade brasileira vivia uma crise de sentido na década de 60: não servia a quem queria mudanças na sociedade e nem ao capitalismo brasileiro, que vivia uma fase de modernização. Assim, a vanguarda do movimento estudantil que agitava a universidade com seus discursos (1965-1967) tinha agora ao seu lado a massa dos estudantes. Depois das grandes mobilizações de junho de 1968, como a "Sexta-Feira Sangrenta" e a Passeata dos cem mil no Rio de Janeiro, auge da resistência popular à ditadura militar, o movimento refluiu. As condições de luta no segundo semestre eram mais difíceis: muitos estudantes foram presos e a polícia se empenhava em acabar com as ocupações em universidades.[2]

Pelo fato de abrigar a Faculdade de Filosofia da USP e a Universidade Mackenzie, a rua Maria Antônia, no centro da capital paulista, foi palco da luta entre estudantes de esquerda e de direita, no começo de outubro de 1968. Os estudantes se enfrentavam como podiam - pedras, paus e até bombas - e a polícia assistia a tudo sem intervir. Os estudantes de direita, ligados ao CCC incendiaram o prédio da USP com coquetéis molotov. Depois de dois dias de enfrentamento, um tiro vindo do prédio da Mackenzie feriu mortalmente o jovem secundarista José Guimarães. Os estudantes da USP, com a camisa ensanguentada do estudante, tomaram as ruas de São Paulo e entraram em choque com a repressão. Ao final do conflito, a polícia invadiu os prédios da USP e da Mackenzie e prendeu dezenas de estudantes. Os estudantes se manifestavam com barricadas, pregos para os pneus dos carros da polícia e bolas de gude para derrubar a cavalaria. O jovem José Dirceu, entre outros, liderou a ocupação da Maria Antônia. [2]

O Confronto

Desde meados de julho de 1968 o prédio da USP estava ocupado por estudantes que se reuniam constantemente em assembleias. No dia 3 de outubro, o tumulto começou por conta de um pedágio que os alunos da USP, situada no prédio onde antes funcionava a Junta Comercial de São Paulo, cobravam na rua Maria Antônia - o valor serviria para custear o congresso da União Nacional dos Estudantes. Irritado, um aluno da Universidade Mackenzie atirou um ovo podre contra os cobradores do pedágio, o que levou os estudantes da Universidade de São Paulo a revidaram com pedras e tijolos. Mackenzistas e uspianos acabaram se enfrentando com rojões, foguetes, coquetéis molotov e tiros [3].

Segundo a revista O Cruzeiro, de 9 de novembro de 1968, estiveram presentes no conflito da rua Maria Antônia: Boris Casoy (locutor da Rádio Eldorado), João Marcos Monteiro Flaquer, João Parisi Filho,[4] Raul Careca e Souvenir Assumpção Sobrinho.[5]

Durante o confronto, o estudante secundarista José Carlos Guimarães, de 20 anos, que estudava no Colégio Marina Cintra da Rua da Consolação, foi atingido na cabeça por um tiro vindo da Mackenzie e acabou morrendo. Estudantes de outras escolas, como os do Colégio Sion, também se encontravam na região - dentre eles estava a filha do governador Abreu Sodré. O confronto se seguiu até que o prédio da USP foi incendiado. O acontecimento influenciou a transferência dos cursos da USP do campus da rua Maria Antônia para o campus Armando de Salles Oliveira, no bairro do Butantã, cuja obra já estava em andamento. A mudança para a Cidade Universitária desagregou o núcleo do movimento estudantil e também desestabilizou o local que recebia outros movimentos combatentes da ditadura militar. Esse conflito foi inclusive um dos pretextos para que o governo endurecesse o regime,[6] promulgando o mais rígido do período de recessão: o Ato Institucional número 5.

Devolvido à USP em 1993, o antigo prédio passou a abrigar o espaço cultural Centro Universitário Maria Antônia, que é dedicado a discussões e a novas experiências em cultura, arte e direitos humanos[7]. A Universidade Mackenzie mantém seu campus no mesmo local. Segundo o Grupo Tortura Nunca Mais[8], o estudante do Colégio Marina Cintra, José Carlos Guimarães, morto durante o confronto, foi assassinado por Osni Ricardo, membro do CCC e informante da polícia.

Referências

  1. «"Batalha da Maria Antonia resultou na morte de um estudante secundarista"». Site da Folha de S. Paulo 
  2. a b c "A resistência dos estudantes". Por Rodrigo Valente. Revista História Viva, ano V, n. 54, p. 44—7. Editora Duetto. São Paulo.
  3. «O endereço da agitação estudantil». Jornal da USP. Consultado em 29 de abril de 2014 
  4. «Destruição e morte por quê?» . Veja, 9 de outubro de 1968.
  5. Assassinato de reputação - Importante é a manada e a notícia que se dane. Por Carlos Brickmann. Observatório da Imprensa, ed nº 575, 2 de fevereiro de 2010.
  6. «A Maria Antonia revisitada». Jornal da USP. Consultado em 29 de abril de 2014 
  7. «A Maria Antonia revisitada». Jornal da USP. Consultado em 29 de abril de 2014 
  8. «Grupo Tortura Nunca Mais». Consultado em 8 de setembro de 2013