João de Áustria: diferenças entre revisões

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'''D. João de Áustria''', ''Juan de Áustria'' em [[Língua espanhola|espanhol]] e ''Johann von Österreich'' em [[Língua alemã|alemão]] ([[Ratisbona]], [[24 de Fevereiro]] de [[1547]] — [[1 de Outubro]] de [[1578]]), foi um filho bastardo do imperador [[Carlos V de Habsburgo|Carlos V]] que se notabilizou como estratega militar, tendo como ponto alto da sua carreira a derrota dos [[otomano]]s na [[Batalha de Lepanto]] em [[1571]]. Morto de [[peste]] ou [[tifo]] em [[Flandres]], foi governador e capitão geral das forças [[Espanha|espanholas]] por dois anos, período no qual esteve carente de soldados e de dinheiro. Seu corpo foi dividido em três pedaços e enviado secretamente à Espanha em sacos de [[couro]], e repousa desde [[19 de maio]] de [[1579]] no [[Panteão de Infantes]] do [[Palácio do Escorial]].{{Carece de fontes|data=Dezembro de 2008}}
'''D. João de Áustria''', ''Juan de Áustria'' em [[Língua espanhola|espanhol]] e ''Johann von Österreich'' em [[Língua alemã|alemão]] ([[Ratisbona]], [[24 de Fevereiro]] de [[1547]] — [[1 de Outubro]] de [[1578]]), foi um filho bastardo do imperador [[Carlos V de Habsburgo|Carlos V]] que se notabilizou como estratega militar, tendo como ponto alto da sua carreira a derrota dos [[otomano]]s na [[Batalha de Lepanto]] em [[1571]]. Morto de [[peste]] ou [[tifo]] em [[Flandres]], foi governador e capitão geral das forças [[Espanha|espanholas]] por dois anos, período no qual esteve carente de soldados e de dinheiro. Seu corpo foi dividido em três pedaços e enviado secretamente à Espanha em sacos de [[couro]], e repousa desde [[19 de maio]] de [[1579]] no [[Panteão de Infantes]] do [[Palácio do Escorial]].{{Carece de fontes|data=Dezembro de 2008}}


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Tendo demonstrado em Lepanto seu talento militar, D. João ainda tomou [[Túnis]], que a Espanha foi incapaz de conservar. Tinha enormes ambições de grandeza. Contudo, [[Filipe II de Espanha]] não estava disposto a permitir um papel de relevo a um bastardo do pai, e que em [[1576]] o nomeou Governador dos [[Países Baixos]] espanhóis, esperando que o lugar satisfizesse suas ambições. D. João só aceitou a nomeação depois de estabelecido o entendimento de que seria autorizado a casar com [[Maria I da Escócia]], então cativa em [[Inglaterra]]. O casamento deveria ser precedido pela invasão da Inglaterra.


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Ficou famoso seu papel na repressão da revolta nos Países Baixos, seu envolvimento nas quezílias da política flamenga, provocando a deterioração da sua relação com [[Filipe II de Espanha]]. Morreu com 33 anos de [[tifo]] ou de peste em [[Bouges]], próximo de [[Namur]] (hoje território [[Bélgica|belga]]) a [[1 de Outubro]] de [[1578]]. Não teve tempo de tirar partido de sua fama. Foi-lhe erigido um [[cenotáfio]] em [[San Lorenzo de El Escorial]].
Ficou famoso seu papel na repressão da revolta nos Países Baixos, seu envolvimento nas quezílias da política flamenga, provocando a deterioração da sua relação com [[Filipe II de Espanha]]. Morreu com 33 anos de [[tifo]] ou de peste em [[Bouges]], próximo de [[Namur]] (hoje território [[Bélgica|belga]]) a [[1 de Outubro]] de [[1578]]. Não teve tempo de tirar partido de sua fama. Foi-lhe erigido um [[cenotáfio]] em [[San Lorenzo de El Escorial]].


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Revisão das 06h27min de 13 de fevereiro de 2010

 Nota: Para outros significados, veja João de Áustria (desambiguação).
D. João de Áustria, vencedor de Lepanto.

D. João de Áustria, Juan de Áustria em espanhol e Johann von Österreich em alemão (Ratisbona, 24 de Fevereiro de 15471 de Outubro de 1578), foi um filho bastardo do imperador Carlos V que se notabilizou como estratega militar, tendo como ponto alto da sua carreira a derrota dos otomanos na Batalha de Lepanto em 1571. Morto de peste ou tifo em Flandres, foi governador e capitão geral das forças espanholas por dois anos, período no qual esteve carente de soldados e de dinheiro. Seu corpo foi dividido em três pedaços e enviado secretamente à Espanha em sacos de couro, e repousa desde 19 de maio de 1579 no Panteão de Infantes do Palácio do Escorial.[carece de fontes?]

Guilherme, o Taciturno acrescentou à lenda negra de Filipe II de Espanha que este o teria envenenado por intermédio de seu médico pessoal.

Biografia

Nascido em Ratisbona resultado de uma ligação amorosa entre Carlos V de Habsburgo e uma jovem burguesa de dezenove anos de nome Barbara Blomberg. Foi reconhecido em criança como filho ilegítimo do imperador e levado para Espanha. Ali foi educado anonimamente, embora sob protecção real, como Jerónimo ou Jeromín. Nascido durante a viuvez do pai, este o reconheceu em seu testamento como Dom João de Áustria.

Realeza Espanhola
Casa de Habsburgo
Descendência


Criado pela mãe Bárbara (1528-1598 sepultada na igreja de S. Sebastião, Montechano, Espanha) que usava como sobrenome Plumberger, Blomberg ou Blomberch - usava este último em cartas, ao se estabelecer em Flandres. Seria filha de opulento cidadão de Regensburg ou de artesãos fabricantes de objetos de couro. Diz-se posteriormente que seria filho de uma princesa da Casa da Baviera.

O fato é que o Imperador presidiu a 10 de abril de 1546 a Dieta em Ratisbona, na Alemanha, e conheceu a jovem de exuberante, invulgar beleza. A família casou-a precipitadamente com um elemento da corte de D. Maria da Hungria, Jerônimo Píramo Kegell. O menino viveu até seus três anos com o casal Kegell; os quais tiveram um filho (morto aos doze anos, afogado num barril) e um caçula, Conrado, que seria depois coronel do exército imperial.

Quando o imperador decidiu trazê-lo para a Espanha, aos nove anos, entregou-o a don Luis Menendez Quijada, seu fiel mordomo (ajudado pelo músico Francisco Massy, residente em Leganés) e a sua esposa Madalena de Ulloa, casal sem filhos. Foi assim educado na ignorância de sua origem no seu castelo de Villagarcía de Campos, perto de Valladolid. Diz-se também que foi criado para ser monge por humildes pessoas perto de Madrid e transferido a dona Madalena de 1554 a 1559). Carlos o quis conhecer chamando-o a Yueste; quando morreu o imperador, o filho tinha 12 anos.

Enviuvando, Bárbara teria uma vida nada exemplar. Como obteve de Filipe II uma pensão, viveu em Antuérpia, Gante e no Luxemburgo em alegres correrias e fugazes amores regados a vinho e cerveja, vigiada pela polícia. O Duque de Alba nunca pode com ela. Teve uma entrevista decisiva com o filho em 1576 e resolveu ir viver na Espanha, sendo embarcada em Gênova. Estava destinada ao convento de Santa Maria la Real na localidade de San Febrián de Mazote, nos arredores de Valladolid, mas D. Magdalena de Ulloa a aposentou no palácio do marquês de la Mota; transferiu-se, depois de morto o filho, cerca de 1580, para a vila de Colindres, indo viver na casa de Juan de Escobedo, secretário fiel do filho, e depois Juan de Mazateve, em Ambrosero.

Reconhecimento

Em obediência ao testamento de seu pai, foi reconhecido por Filipe II, que dele tomara conhecimento em 1556. Encontraram-se pela primeira vez a 28 de setembro de 1559 numa caçada real nos Montes Torozos. O reconhecimento formal deu-se mais tarde, quando o filho de Filipe II, D. Carlos foi nomeado herdeiro - em novembro 1560. Filipe o reconheceu como meio-irmão, dando-lhe o estatuto de Infante e outorgando-lhe o título de D. João de Áustria e os rendimentos correspondentes.

Por primeira vez na história das monarquias hispânicas, um bastardo real era citado como "ilustríssimo Dom João de Áustria, filho natural do Imperador." Tinha um impetuoso caráter que se combinava a grande atrativo físico. Pensava sempre em mil esquemas mirabolantes, teve mesmo o título de Infante retirado, a um momento, mas nunca lhe foi dado o de Alteza.

De 1559 a 1565 estudou na Universidade de Alcalá de Henares, e com isso convenceu o rei Filipe de sua escassa afeição a tarefas intelectuais. Filipe II pretendia que abraçasse a vida eclesiástica, mas não conseguiu derrotar seu interesse por assuntos militares, pelo que cedeu e o deixar iniciar a carreira militar. Tinha estreita amizade com os sobrinhos Alexandre Farnese e o infante Dom Carlos, Príncipe das Astúrias. Tremendamente ambicioso, despertava com isso suspeitas de Filipe II. Deixou fama de homem arrogante, imprudente, mas excessivo guerreiro.

O militar

Em 1565 abandonou a corte sem permissão do rei e se uniu às galeras reais em Barcelona para ir salvar Malta dos turcos otomanos. Em 1568 foi nomeado Capitão Geral do Mar Mediterrâneo e do Mar Adriático: foi a sua entrada em ação verdadeira, nas operações contra os piratas da Barbária, e nelas se distinguiu. O sucesso fez com que lhe fosse confiado o comando das tropas enviadas para esmagar o levantamento dos Moriscos de Granada. De abril de 1569 a novembro de 1570 ocupou-se disso em Granada.

Em 1571, no auge de seu prestígio, Filipe II de Castela nomeou-o comandante da grande armada que a Liga Santa preparava para enviar contra as forças otomanas no Mediterrâneo. Aproveitando a oportunidade, numa demonstração de extraordinária capacidade de liderança e de carisma, D. João conseguiu unir as forças da diversificada coligação, infligindo ao Império Otomano do sultão otomano Selim II a derrota histórica da Batalha de Lepanto ou Naupaktos, a 7 de outubro, que o imortalizaria entre os grandes generais europeus. Nas tropas, figurava Miguel de Cervantes, que perdeu na batalha a mão esquerda («pela maior glória da direita», diria ele mais tarde).

A batalha de Lepanto representava o auge da cruzada organizada pelo papa Pio V para livrar Chipre que os otomanos acabavam de conquistar. Entre as grandes potências, apenas a Espanha compareceu ao lado da República de Veneza, soberana do Chipre. No encontro, no golfo de Lepanto, perto da cidade grega de Corinto, combateram 214 galeras espanholas e venezianos contra 300 navios turcos. 100 mil homens comporiam cada um dos exércitos. A vitória da Espanha foi completa com o aprisionamento de numerosos barcos inimigos, o almirante turco Ali Pacha foi feito prisioneiro e decapitado, 15 mil cativos cristãos foram libertados. O grande herói D. João de Áustria tinha 26 anos, era o bastardo do grande imperador, o meio-irmão de Filipe II - um herói de lenda.

Tendo demonstrado em Lepanto seu talento militar, D. João ainda tomou Túnis, que a Espanha foi incapaz de conservar. Tinha enormes ambições de grandeza. Contudo, Filipe II de Espanha não estava disposto a permitir um papel de relevo a um bastardo do pai, e que em 1576 o nomeou Governador dos Países Baixos espanhóis, esperando que o lugar satisfizesse suas ambições. D. João só aceitou a nomeação depois de estabelecido o entendimento de que seria autorizado a casar com Maria I da Escócia, então cativa em Inglaterra. O casamento deveria ser precedido pela invasão da Inglaterra.

O cenotáfio de D. Juan de Áustria em San Lorenzo de El Escorial

Ficou famoso seu papel na repressão da revolta nos Países Baixos, seu envolvimento nas quezílias da política flamenga, provocando a deterioração da sua relação com Filipe II de Espanha. Morreu com 33 anos de tifo ou de peste em Bouges, próximo de Namur (hoje território belga) a 1 de Outubro de 1578. Não teve tempo de tirar partido de sua fama. Foi-lhe erigido um cenotáfio em San Lorenzo de El Escorial.

A ilha de Chipre permaneceria sob domínio otomano ainda dois séculos. Lepanto porém ficou famosa por ter libertado os europeus do medo ancestral ao otomano. A batalha marca o início do declínio do império otomano. E Lepanto permitiria a Filipe II ser o campeão da contra-Reforma católica.

Amores

No inverno de 1566, antes de ser nomeado General dos Mares, Dom João teve amores na corte com doña María de Mendoza, da opulenta e ilustre família dos Duques do Infantado, da qual nasceria uma filha.

Teve amores na Itália com Diana de Falangola, de quem nasceu um filho; foi por ele mandada casar com um nobre arruinado. De outra italiana, Zenobia Saratosia, nasceu outro filho; ela acabou os dias encerrada no convento de S. Maria Egipcíaca. Sua relação mais escandalosa foi com doña Ana de Toledo, de mui ilustre família espanhola de Nápoles, que entretanto parece ter sabido dominá-lo.

Teve uma filha de Maria de Mendoza, Dona Ana de Áustria, nascida em 1567 e morta em 1629, com papel no episódio do Pastelero de Madrigal. Criada por doña Magdalena Ulloa, que educara o pai, e a internou aos sete anos no convento das augustinas de Madrigal de las Altas Torres. Em 1575, morto Dom João de Áustria, Alexandre Farnese contou a Filipe II sobre a menina. O Rei lhe concedeu imediatamente o sobrenome Áustria e o tratamento de Excelência. Aos 24 anos, no convento, teve ela um episódio com o frade agostinho português que a história conhece como Miguel dos Santos, fogoso inimigo de Filipe no trono português. Depois, um encontro em 1594 com o toledano Gabriel de Espinosa, padeiro, convencem-no de ser o rei D. Sebastião! Prometeu casamento a Ana, e nobres portugueses acorreram a Madrigal, onde se tramava uma conjura (jóias e cartas que hoje estão no Arquivo Nacional de Simancas). Condenado Gabriel à forca em 1595, foi depois esquartejado. Ana foi levada a um convento em Ávila, perdendo o tratamento de Excelência e foi condenada a, às sextas-feiras, durante sua vida, jejuar a pão e água. Quatro anos depois seria transferida ao convento de Las Huelgas de Burgos, onde chegou a abadessa perpétua (e ali há seu retrato).

Ver também

Ligações externas

Commons
Commons
O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre João de Áustria

Precedido por
Luis de Zúñiga y Requesens
Governador dos Países Baixos
1576 - 1578
Sucedido por
Alessandro Farnese,
duque de Parma e Piacenza

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