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'''Languedoc''' ou, nas suas formas portuguesas, '''Languedoque''' ou '''Linguadoque'''<ref>{{Citar livro | titulo=Topónimos e Gentílicos | ultimo=Fernandes | primeiro=Ivo Xavier | editora=Editora Educação Nacional, Lda. |volume=I | local=Porto | ano=1941 }}</ref> (em [[occitano]], ''Lengadòc'') é uma região do sudeste da [[Occitânia]] no sul da [[França]], anteriormente chamada [[Septimânia]] ou [[Gália Narbonense]]. A maior parte do território faz parte da região administrativa de [[Languedoc-Roussillon]], embora alguns setores de Languedoc têm sido anexados pelo governo central francês a outras regiões ([[Midi-Pyrénées]], [[Ródano-Alpes]], e a região administrativa de [[Auvérnia]]) . Em tempos remotos foi dividida uma parte alta com a capital em [[Toulouse]] e a outra baixa com a capital em [[Montpellier]]. Limita a norte com a [[Auvérnia]] histórica, a leste com o rio [[Ródano]] que o separa de [[Provença]], a oeste com [[Garona]] e os [[Pirenéus]] e a sul com [[Rossilhão]] e o [[Mar Mediterrâneo]] com o qual possui 200 km de costa. Seu território está dividido entre oito departamentos, que são: [[Aude]], [[Tarn (departamento)|Tarn]], [[Alto Garona]], [[Hérault]], [[Gard]], [[Lozère]], [[Ardèche]] e [[Alto Loire]].
'''Languedoc''' ou, nas suas formas portuguesas, '''Languedoque''' ou '''Linguadoque'''<ref>{{Citar livro | titulo=Topónimos e Gentílicos | ultimo=Fernandes | primeiro=Ivo Xavier | editora=Editora Educação Nacional, Lda. |volume=I | local=Porto | ano=1941 }}</ref> (em [[occitano]], ''Lengadòc'') é uma região do sudeste da [[Occitânia]] no sul da [[França]], anteriormente chamada [[Septimânia]] ou [[Gália Narbonense]]. A maior parte do território faz parte da região administrativa de [[Languedoque-Rossilhão]], embora alguns setores de Languedoque têm sido anexados pelo governo central francês a outras regiões ([[Sul-Pirenéus]], [[Ródano-Alpes]], e a região administrativa de [[Auvérnia]]) . Em tempos remotos foi dividida uma parte alta com a capital em [[Toulouse]] e a outra baixa com a capital em [[Montpellier]]. Limita a norte com a [[Auvérnia]] histórica, a leste com o rio [[Ródano]] que o separa de [[Provença]], a oeste com [[Garona]] e os [[Pirenéus]] e a sul com [[Rossilhão]] e o [[Mar Mediterrâneo]] com o qual possui 200 km de costa. Seu território está dividido entre oito departamentos, que são: [[Aude]], [[Tarn (departamento)|Tarn]], [[Alto Garona]], [[Hérault]], [[Gard]], [[Lozère]], [[Ardèche]] e [[Alto Líger]].


A área de Languedoc propriamente dita ou "Languedoc Histórico" é de 42700 [[km²]] e no censo de [[1991]] possuía uma população de {{formatnum:3650000}} habitantes dos quais 52% viviam na região administrativa de Languedoque-Rossilhão, 35% na de Midi-Pyrénées, 8% na de Ródano-Alpes e 5% na região administrativa de Auvérnia.
A área de Languedoque propriamente dita ou "Languedoque Histórico" é de 42700 [[km²]] e no censo de 1991 possuía uma população de {{fmtn|3650000}} habitantes dos quais 52% viviam na região administrativa de Languedoque-Rossilhão, 35% na de Sul-Pirineus, 8% na de Ródano-Alpes e 5% na região administrativa de Auvérnia.


'''Languedoc''' refere-se à língua vernácula desta região, a chamada [[língua occitana|língua de oc]].
Languedoque refere-se à língua vernácula desta região, a chamada [[língua occitana|língua de oc]].


== Resenha histórica ==
== Resenha histórica ==
Antes da conquista [[Império Romano|romana]] o território que mais tarde corresponderia a Languedoc fazia parte da [[Gália]] [[celtas|céltica]], ocupada pelos [[volcas]], [[Volcas tectósages|tectósages]] e [[Volcas arecómicos|arecômicos]].
Antes da conquista [[Império Romano|romana]] o território que mais tarde corresponderia a Languedoque fazia parte da [[Gália]] [[celtas|céltica]], ocupada pelos [[volcas]], [[Volcas tectósages|tectósages]] e [[Volcas arecómicos|arecômicos]]. Foi conquistada por Roma no ano {{AC|121|x}}, pelo procônsul [[Cneu Domício Enobarbo (cônsul em 122 a.C.)|Domício]], e toma o nome de ''Província'' ( = "''por vitória''" ), nome que tem ficado na vizinha região da [[Provença]]. Os habitantes mantiveram suas leis e os romanos estabeleceram um posto militar em [[Narbona]].


Em 412, foi saqueada pelos [[visigodos]] e [[Ataúlfo]] concluiu que naquela cidade uma [[Coalizão política|aliança]] com o imperador [[Honório]] casando-se com sua irmã [[Gala Placídia]], porém ele fugiu a Barcelona e seu sucessor [[Vália]] assinou um ''foedus'' («pacto») para rejeitar os [[vândalos]] em troca de territórios na [[Aquitânia]]. [[Toulouse]] foi a capital do reino dos visigodos.
Foi conquistada por Roma no ano [[121 a.C.|121&nbsp;a.&nbsp;C.]], pelo procônsul [[Domício]], e toma o nome de ''Província'' ( = "''por vitória''" ), nome que tem ficado na vizinha região da [[Provença]]. Os habitantes mantiveram suas leis e os romanos estabeleceram um posto militar em [[Narbona]].

Em [[412]] foi saqueada pelos [[visigodos]] e [[Ataúlfo]] concluiu que naquela cidade uma [[Coalizão política|aliança]] com o imperador [[Flavio Honório|Honório]] casando-se com sua irmã [[Gala Placídia]], porém ele fugiu a Barcelona e seu sucessor [[Vália]] assinou um ''foedus'' («pacto») para rejeitar os [[vândalos]] em troca de territórios na [[Aquitânia]]. [[Toulouse]] foi a capital do reino dos visigodos.
Posteriormente, eles foram atacados pelos [[francos]], a pedido da Igreja Católica (os visigodos eram [[Arianismo|arianos]]), sendo derrotados na [[Batalha de Vouillé]]. [[Toulouse]] caiu e só manteve-se a [[Septimânia]] e Languedoc.
Posteriormente, eles foram atacados pelos [[francos]], a pedido da Igreja Católica (os visigodos eram [[Arianismo|arianos]]), sendo derrotados na [[Batalha de Vouillé]]. [[Toulouse]] caiu e só manteve-se a [[Septimânia]] e Languedoque. No ano de 589, a Septimânia habitava cinco diferentes povos: romanos, godos, sírios, gregos e judeus, embora os três últimos como comerciantes.

No ano de [[589]], a Septimânia habitava cinco diferentes povos: romanos, godos, sírios, gregos e judeus, embora os três últimos como comerciantes.


As tensões internas dos visigodos o enfraqueceram e em [[672]] o conde de [[Nîmes]] [[Hiderico]] estava em conformidade com o Bispo de [[Maguelona]] e os habitantes de [[Nimes]] para se rebelar. [[Wamba (rei)|Wamba]], que estava em Toledo, marchou contra os rebeldes e recuperou Narbona, Beziers, Agda, Nimes e pacificou a Septimânia. Esta paz foi interrompida pela invasão muçulmana sob o comando de [[Abd ar-Rahman ibn Abd Allah al-Gafiqi|Abd-el-Rahman]], cujas tropas saquearam Narbona e [[Carcassone]].
As tensões internas dos visigodos o enfraqueceram e em 672 o conde de [[Nîmes]] [[Hiderico]] estava em conformidade com o Bispo de [[Maguelona]] e os habitantes de Nimes para se rebelar. [[Vamba]], que estava em Toledo, marchou contra os rebeldes e recuperou Narbona, Beziers, Agda, Nimes e pacificou a Septimânia. Esta paz foi interrompida pela invasão muçulmana sob o comando de [[Abdal Ramane ibne Abdalá Algafequi]], cujas tropas saquearam Narbona e [[Carcassona]].


Na época desta incursão era a [[Aquitânia]], com o título de condado hereditário, um verdadeiro reino governado pelos príncipes [[merovíngios]] descendentes de [[Cariberto]]. [[Eudes]] foi confrontado com outro exército sarraceno liderado por [[El-Samh]] e o venceu em uma sangrenta batalha, contudo o outro general sarraceno ([[Ambessa]]) reconquistou o [[Viscondado de Carcassone|Carcassone]], [[Béziers]], Agde, Nimes, etc. e morreu em uma batalha contra Eudes. Em Narbona foi assinado um tratado de paz, pelo qual residiria ali um ''[[valí|wali]]'' ou governador muçulmano, estando nas demais cidades administradas pelos condes godos ou gauleses.
Na época desta incursão era a [[Aquitânia]], com o título de condado hereditário, um verdadeiro reino governado pelos príncipes [[merovíngios]] descendentes de [[Cariberto]]. [[Eudes]] foi confrontado com outro exército sarraceno liderado por [[El-Samh]] e o venceu em uma sangrenta batalha, contudo o outro general sarraceno ([[Ambessa]]) reconquistou o [[Viscondado de Carcassona|Carcassona]], [[Béziers]], Agde, Nimes, etc. e morreu em uma batalha contra Eudes. Em Narbona foi assinado um tratado de paz, pelo qual residiria ali um ''[[valí|wali]]'' ou governador muçulmano, estando nas demais cidades administradas pelos condes godos ou gauleses.


Em [[732]], [[Carlos Martel]] salvou a França de uma invasão muçulmana na [[Batalha de Poitiers (732)|Batalha de Poitiers]], matando Abd-el-Rahman. Em 793 o duque Guilherme teve que lutar contra [[Abd-el-Melik]], que invadiu o condado à frente de um exército muçulmano e tomou Narbona, cujas riquezas serviram para a construção da ponte e da [[mesquita de Córdoba]].
Em 732, [[Carlos Martel]] salvou a França de uma invasão muçulmana na [[Batalha de Poitiers (732)|Batalha de Poitiers]], matando Abdal Ramane. Em 793, o duque Guilherme teve que lutar contra Abdal Malique, que invadiu o condado à frente de um exército muçulmano e tomou Narbona, cujas riquezas serviram para a construção da ponte e da [[mesquita de Córdoba]].


Na época de [[Carlos Magno]] e seus sucessores, Languedoc estava tranquila em termos de invasões estrangeiras, desde que a incursão dos [[Vikings|normandos]] não teve grandes resultados, mas houve problemas internos, tão logo sublevadas sob a [[Aquitânia]] e a [[Septimânia]] na época de [[Luís o Piedoso|Luís I]], de [[Carlos II da França]] e de [[Luis II da França|Luis o Gago]].
Na época de [[Carlos Magno]] e seus sucessores, Languedoque estava tranquila em termos de invasões estrangeiras, desde que a incursão dos [[Vikings|normandos]] não teve grandes resultados, mas houve problemas internos, tão logo sublevadas sob a [[Aquitânia]] e a [[Septimânia]] na época de [[Luís o Piedoso|Luís I]], de [[Carlos II da França]] e de [[Luis II da França|Luis o Gago]].


Não demoraram em constituir feudos independentes e a partir do reinado de Carlos III, houve [[condes de Toulouse]] occitanos e [[marqueses de Narbona]] que governaram livremente aquelas cidades ricas e poderosas.
Não demoraram em constituir feudos independentes e a partir do reinado de Carlos III, houve [[condes de Toulouse]] occitanos e [[marqueses de Narbona]] que governaram livremente aquelas cidades ricas e poderosas.


Durante a Idade Média Plena, [[Urbano II]] deu em [[Maguelona]] o sinal da primeira [[cruzada]] e cem mil homens partiram daquela cidade até a [[Terra Santa]] por ordens de [[Raimundo de Toulouse|Raimundo de Saint Gilles]]. A chamada "[[cruzada albigense|cruzada]]" católica contra os [[albigenses]] trouxe a desolação para aquelas terras e [[Simão IV de Montfort]] venceu a [[batalha de Muret]] em 1213 contra os aragoneses (quando morreu [[Pedro II de Aragão|Pedro II]]) e garantiu a Languedoc dando a [[Felipe Augusto]] em 1216 o [[condado de Toulouse]], o ducado de Narbona e os viscondados de [[Carcassonne]] e [[Béziers]], que desta maneira ficaram [[feudo|enfeudados]] à Coroa Francesa.
Durante a Idade Média Plena, [[Urbano II]] deu em [[Maguelona]] o sinal da primeira [[cruzada]] e cem mil homens partiram daquela cidade até a [[Terra Santa]] por ordens de [[Raimundo de Toulouse|Raimundo de Saint Gilles]]. A chamada "[[cruzada albigense|cruzada]]" católica contra os [[albigenses]] trouxe a desolação para aquelas terras e [[Simão IV de Montfort]] venceu a [[batalha de Muret]] em 1213 contra os aragoneses (quando morreu [[Pedro II de Aragão|Pedro II]]) e garantiu a Languedoque dando a [[Felipe Augusto]] em 1216 o [[condado de Toulouse]], o ducado de Narbona e os viscondados de [[Carcassona]] e [[Béziers]], que desta maneira ficaram [[feudo|enfeudados]] à Coroa Francesa.


Durante a [[Guerra dos Cem Anos]], a Languedoc foi invadida pelos [[Borgonha|borgonheses]] e ingleses. Foi onde o [[Delfim de França|delfim]] [[Carlos VII da França|Carlos]] se refugiou depois de entregar Paris aos ingleses. Carlos VII entregou seu território ao duque de [[Berry]], que restaurou a área com base em impostos pesados (abolidos por [[Francisco II da França|Francisco II]]).
Durante a [[Guerra dos Cem Anos]], a Languedoque foi invadida pelos [[Borgonha|borgonheses]] e ingleses. Foi onde o [[Delfim de França|delfim]] [[Carlos VII da França|Carlos]] se refugiou depois de entregar Paris aos ingleses. Carlos VII entregou seu território ao duque de [[Berry]], que restaurou a área com base em impostos pesados (abolidos por [[Francisco II da França|Francisco II]]).


Languedoc estava permanentemente em dívida para com a coroa francesa no âmbito da política do [[Cardeal Richelieu]]. Após a [[Revolução francesa]] o poder central parisiense por criar um estado unitário aboliu as divisões territoriais tradicionais fragmentando-as em [[Departamentos da França|departamento]]s, desde os anos [[1970]] o poder central francês com sede em Paris estabeleceu um sistema de [[regionalização]] que de nenhum modo inclui as características históricas, culturais ou étnicas dentro do atual estado francês, mas atende aos critérios burocráticos de maior eficácia na gestão dos recursos econômicos, é desta forma que reapareceu o nome de Languedoc, mas não correspondendo exatamente a seu território autêntico e anexando com o território predominantemente [[Catalunha Norte|catalão]] do [[Rossilhão]] (ou [[Pirenéus Orientais]]).
Languedoque estava permanentemente em dívida para com a coroa francesa no âmbito da política do [[Cardeal Richelieu]]. Após a [[Revolução francesa]] o poder central parisiense por criar um estado unitário aboliu as divisões territoriais tradicionais fragmentando-as em [[Departamentos da França|departamento]]s, desde os anos 1970 o poder central francês com sede em Paris estabeleceu um sistema de [[regionalização]] que de nenhum modo inclui as características históricas, culturais ou étnicas dentro do atual estado francês, mas atende aos critérios burocráticos de maior eficácia na gestão dos recursos econômicos, é desta forma que reapareceu o nome de Languedoque, mas não correspondendo exatamente a seu território autêntico e anexando com o território predominantemente [[Catalunha Norte|catalão]] do [[Rossilhão]] (ou [[Pirenéus Orientais]]).


== Língua de oc ==
== Língua de oc ==

Revisão das 20h52min de 31 de outubro de 2017

Bandeira de Languedoque
Mapa do Languedoque histórico (dentro da Occitânia – linha vermelha – e o sul da França)

Languedoc ou, nas suas formas portuguesas, Languedoque ou Linguadoque[1] (em occitano, Lengadòc) é uma região do sudeste da Occitânia no sul da França, anteriormente chamada Septimânia ou Gália Narbonense. A maior parte do território faz parte da região administrativa de Languedoque-Rossilhão, embora alguns setores de Languedoque têm sido anexados pelo governo central francês a outras regiões (Sul-Pirenéus, Ródano-Alpes, e a região administrativa de Auvérnia) . Em tempos remotos foi dividida uma parte alta com a capital em Toulouse e a outra baixa com a capital em Montpellier. Limita a norte com a Auvérnia histórica, a leste com o rio Ródano que o separa de Provença, a oeste com Garona e os Pirenéus e a sul com Rossilhão e o Mar Mediterrâneo com o qual possui 200 km de costa. Seu território está dividido entre oito departamentos, que são: Aude, Tarn, Alto Garona, Hérault, Gard, Lozère, Ardèche e Alto Líger.

A área de Languedoque propriamente dita ou "Languedoque Histórico" é de 42700 km² e no censo de 1991 possuía uma população de 3 650 000 habitantes dos quais 52% viviam na região administrativa de Languedoque-Rossilhão, 35% na de Sul-Pirineus, 8% na de Ródano-Alpes e 5% na região administrativa de Auvérnia.

Languedoque refere-se à língua vernácula desta região, a chamada língua de oc.

Resenha histórica

Antes da conquista romana o território que mais tarde corresponderia a Languedoque fazia parte da Gália céltica, ocupada pelos volcas, tectósages e arecômicos. Foi conquistada por Roma no ano 121 a.C., pelo procônsul Domício, e toma o nome de Província ( = "por vitória" ), nome que tem ficado na vizinha região da Provença. Os habitantes mantiveram suas leis e os romanos estabeleceram um posto militar em Narbona.

Em 412, foi saqueada pelos visigodos e Ataúlfo concluiu que naquela cidade uma aliança com o imperador Honório casando-se com sua irmã Gala Placídia, porém ele fugiu a Barcelona e seu sucessor Vália assinou um foedus («pacto») para rejeitar os vândalos em troca de territórios na Aquitânia. Toulouse foi a capital do reino dos visigodos.

Posteriormente, eles foram atacados pelos francos, a pedido da Igreja Católica (os visigodos eram arianos), sendo derrotados na Batalha de Vouillé. Toulouse caiu e só manteve-se a Septimânia e Languedoque. No ano de 589, a Septimânia habitava cinco diferentes povos: romanos, godos, sírios, gregos e judeus, embora os três últimos como comerciantes.

As tensões internas dos visigodos o enfraqueceram e em 672 o conde de Nîmes Hiderico estava em conformidade com o Bispo de Maguelona e os habitantes de Nimes para se rebelar. Vamba, que estava em Toledo, marchou contra os rebeldes e recuperou Narbona, Beziers, Agda, Nimes e pacificou a Septimânia. Esta paz foi interrompida pela invasão muçulmana sob o comando de Abdal Ramane ibne Abdalá Algafequi, cujas tropas saquearam Narbona e Carcassona.

Na época desta incursão era a Aquitânia, com o título de condado hereditário, um verdadeiro reino governado pelos príncipes merovíngios descendentes de Cariberto. Eudes foi confrontado com outro exército sarraceno liderado por El-Samh e o venceu em uma sangrenta batalha, contudo o outro general sarraceno (Ambessa) reconquistou o Carcassona, Béziers, Agde, Nimes, etc. e morreu em uma batalha contra Eudes. Em Narbona foi assinado um tratado de paz, pelo qual residiria ali um wali ou governador muçulmano, estando nas demais cidades administradas pelos condes godos ou gauleses.

Em 732, Carlos Martel salvou a França de uma invasão muçulmana na Batalha de Poitiers, matando Abdal Ramane. Em 793, o duque Guilherme teve que lutar contra Abdal Malique, que invadiu o condado à frente de um exército muçulmano e tomou Narbona, cujas riquezas serviram para a construção da ponte e da mesquita de Córdoba.

Na época de Carlos Magno e seus sucessores, Languedoque estava tranquila em termos de invasões estrangeiras, desde que a incursão dos normandos não teve grandes resultados, mas houve problemas internos, tão logo sublevadas sob a Aquitânia e a Septimânia na época de Luís I, de Carlos II da França e de Luis o Gago.

Não demoraram em constituir feudos independentes e a partir do reinado de Carlos III, houve condes de Toulouse occitanos e marqueses de Narbona que governaram livremente aquelas cidades ricas e poderosas.

Durante a Idade Média Plena, Urbano II deu em Maguelona o sinal da primeira cruzada e cem mil homens partiram daquela cidade até a Terra Santa por ordens de Raimundo de Saint Gilles. A chamada "cruzada" católica contra os albigenses trouxe a desolação para aquelas terras e Simão IV de Montfort venceu a batalha de Muret em 1213 contra os aragoneses (quando morreu Pedro II) e garantiu a Languedoque dando a Felipe Augusto em 1216 o condado de Toulouse, o ducado de Narbona e os viscondados de Carcassona e Béziers, que desta maneira ficaram enfeudados à Coroa Francesa.

Durante a Guerra dos Cem Anos, a Languedoque foi invadida pelos borgonheses e ingleses. Foi onde o delfim Carlos se refugiou depois de entregar Paris aos ingleses. Carlos VII entregou seu território ao duque de Berry, que restaurou a área com base em impostos pesados (abolidos por Francisco II).

Languedoque estava permanentemente em dívida para com a coroa francesa no âmbito da política do Cardeal Richelieu. Após a Revolução francesa o poder central parisiense por criar um estado unitário aboliu as divisões territoriais tradicionais fragmentando-as em departamentos, desde os anos 1970 o poder central francês com sede em Paris estabeleceu um sistema de regionalização que de nenhum modo inclui as características históricas, culturais ou étnicas dentro do atual estado francês, mas atende aos critérios burocráticos de maior eficácia na gestão dos recursos econômicos, é desta forma que reapareceu o nome de Languedoque, mas não correspondendo exatamente a seu território autêntico e anexando com o território predominantemente catalão do Rossilhão (ou Pirenéus Orientais).

Língua de oc

Ver artigo principal: Occitano

O nome faz referência à língua occitana que é falada nesta região e outras vizinhas. O nome do idioma vem da palavra oc que em occitano medieval significa "sim", em contraste com o francês do norte ou língua de oïl (pronunciado , ancestral do francês moderno oui). A palavra oc provinha do latim hoc, enquanto oïl é derivado do latim hoc ille. A palavra occitano emerge o nome da região histórica de Occitânia, que por sua vez vem de Aquitânia, antiga região administrativa romana.

Referências

  1. Fernandes, Ivo Xavier (1941). Topónimos e Gentílicos. I. Porto: Editora Educação Nacional, Lda. 

Ver também

Fontes

  • Francisco de Paula Mellado, Enciclopedia moderna: Diccionario universal de literatura, ciencias, artes, agricultura, industria y comercio. Madrid, 1851.

Bibliografia

  • Dom Valsette. Historia general de la provincia de Languedoc hasta 1830, comentada y continuada por Alejo Duméye, 1838–1845, 40 volumes
  • Breve historia de Languedoc, 1749, 6 volumes

Ligações externas

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