Angélica Viana Porto: diferenças entre revisões

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'''Angélica Viana Porto''' ([[Paço de Arcos]], [[Oeiras (Portugal)|Oeiras]], [[10 de novembro]] de [[1881]] – [[São Mamede (Lisboa)|São Mamede]], [[Lisboa]], [[21 de maio]] de [[1962]]) foi uma ativista [[Feminismo|feminista]], [[Republicanismo|republicana]], [[Pacifismo|pacifista]] e [[Antifascismo|antifascista]], reconhecida pela sua intensa militância durante a primeira vaga do [[Feminismo em Portugal|movimento feminista em Portugal]]. Militou na [[Liga Republicana das Mulheres Portuguesas]] e no [[Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas]], onde se destacou, tendo exercido o cargo de vice-presidente e presidente honorária.
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'''Angélica Viana Porto''' ([[Paço de Arcos]], [[10 de novembro]] de [[1881]] – [[Lisboa]], [[21 de maio]] de [[1938]]) foi uma [[Ativismo|ativista]] [[Feminismo|feminista]], [[Republicanismo|republicana]], [[Pacifismo|pacifista]] e [[Antifascismo|antifascista]], reconhecida pela sua intensa militância durante a primeira vaga do [[Feminismo em Portugal|movimento feminista em Portugal]]. Militou na [[Liga Republicana das Mulheres Portuguesas]] e no [[Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas]], onde se destacou, tendo exercido o cargo de vice-presidente e presidente honorária.


== Biografia ==
== Biografia ==


=== Nascimento e Família ===
=== Nascimento e Família ===
Nascida a [[10 de novembro]] de [[1881]], em [[Paço de Arcos]], concelho de [[Oeiras (Portugal)|Oeiras]], '''Angélica Cristina Irene Lopes Viana Porto''' era filha de Augusto Viana (também referido na [[Ortografia da língua portuguesa|ortografia]] antiga como Augusto Vianna), natural de [[Alcântara (Lisboa)|Alcântara]], e Emília Lopes Viana, natural da freguesia das [[Mercês (Lisboa)|Mercês]], ambos do concelho de [[Lisboa]], tendo sido baptizada a [[25 de fevereiro]] de [[1882]] na igreja de Paço de Arcos.<ref>{{Citar web |url=https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=4826866 |titulo=Livro duplicado de registo de baptismos de Oeiras, 1882: PT-ADLSB-PRQ-POER04-006-dB15_m0001.TIF |data=1882 |acessodata= |website=Arquivo Nacional Torre do Tombo}}</ref><ref>{{Citar web |url=https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=4826742 |titulo=Livro de registo de baptismos de Oeiras, 1882: PT-ADLSB-PRQ-POER04-001-B30_m0001.TIF |data=1882 |acessodata= |website=Arquivo Nacional Torre do Tombo}}</ref>
Nascida a [[10 de novembro]] de [[1881]], em [[Paço de Arcos]], concelho de [[Oeiras (Portugal)|Oeiras]], '''Angélica Cristina Irene Lopes Viana''' era filha de Augusto Gomes Viana, funcionário [[Alfandegas|alfandegário]], natural de [[Alcântara (Lisboa)|Alcântara]], e de Emília das Dores Lopes Viana, natural das [[Mercês (Lisboa)|Mercês]], ambas freguesias do concelho de [[Lisboa]], tendo sido batizada a 25 de fevereiro de 1882 na igreja de Oeiras.<ref>{{Citar web |url=https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=4826742 |titulo=Livro de registo de batismos da paróquia de Oeiras (1882) |acessodata= |website=digitarq.arquivos.pt |publicado=Arquivo Nacional da Torre do Tombo |pagina=6 verso-7, assento 19}}</ref><ref name=":0">{{Citar web |url=https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=7665602 |titulo=Livro de registo de óbitos da Conservatória do Registo Civil de Lisboa (31-12-1937 a 24-06-1938) |website=digitarq.arquivos.pt |publicado=Arquivo Nacional da Torre do Tombo |pagina=167 verso, assento 332}}</ref>

Foi casada com Agostinho Santos Porto, natural da cidade do [[Porto]], tendo enviuvado em 1913.<ref name=":0" />


=== Ativismo ===
=== Ativismo ===
[[Filantropia|Benemérita]], em [[1907]], liderou a comissão feminina, ao lado de [[Ilda Jorge]], [[Maria Veleda]] e [[Ana de Castro Osório]], que procurou implementar, em Lisboa, uma Escola Maternal destinadas às crianças desprotegidas entre os 3 e os 6 anos de idade.<ref>{{Citar web |url=http://ahsocial.ics.ulisboa.pt/atom/porto-angelica |titulo=Porto, Angélica |acessodata=2021-09-05 |website=Arquivo de História Social {{!}} Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa}}</ref>
[[Filantropia|Benemérita]], em 1907, liderou a comissão feminina, ao lado de [[Ilda Jorge]], [[Maria Veleda]] e [[Ana de Castro Osório]], que procurou implementar, em Lisboa, uma Escola Maternal destinadas às crianças desprotegidas entre os 3 e os 6 anos de idade.<ref>{{Citar web |url=http://ahsocial.ics.ulisboa.pt/atom/porto-angelica |titulo=Porto, Angélica |acessodata=2021-09-05 |website=Arquivo de História Social {{!}} Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa}}</ref>


Anos mais tarde, como militante da [[Liga Republicana das Mulheres Portuguesas]] (LRMP), participou ativamente nas acções de protesto, petições e conferências do movimento feminino e feminista republicano, reivindicando o [[Sufrágio feminino|direito ao voto para as mulheres]], a lei do [[divórcio]], o acesso ao ensino e às profissões vedadas ao sexo feminino, a [[Igualdade de género|igualdade salarial entre géneros]] ou ainda a igualdade jurídica no casal.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.pt/books?id=i1naAAAAMAAJ&pg=PA73&dq=ang%C3%A9lica+viana+porto&hl=pt-PT&sa=X&ved=2ahUKEwir__aOiejyAhXZA2MBHS_RDxkQ6AEwAnoECAoQAg|título=El movimiento feminista portugués: del despertar republicano a la exclusión salazarista, 1909-1947|ultimo=García|primeiro=Rosa María Ballesteros|data=2001|editora=Universidad de Málaga|lingua=es}}</ref> Durante a [[Primeira República Portuguesa]], entre [[1914]] e [[1918]], fez parte de várias delegações femininas, angariou novos membros e donativos, respondeu a [[Plebiscito|plebiscitos]] e desempenhou vários cargos na direcção da LRMP, assinado a representação dirigida ao governo de [[Sidónio Pais]], onde apelava uma vez mais ao direito ao voto para as mulheres. Ainda dentro do âmbito da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, em [[1917]] assumiu o cargo de diretora do jornal ''A Madrugada'', ao lado de [[Filipa de Oliveira]] e [[Luísa de Almeida]].<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.pt/books?id=6xq3AAAAIAAJ&q=ang%C3%A9lica+viana+porto&dq=ang%C3%A9lica+viana+porto&hl=pt-PT&sa=X&ved=2ahUKEwir__aOiejyAhXZA2MBHS_RDxkQ6AEwAHoECAYQAg|título=A Liga Republicana das Mulheres Portugueses: uma organização política e feminista (1909-1919)|ultimo=Esteves|primeiro=João Gomes|data=1991|editora=Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres|lingua=pt-BR}}</ref>
Anos mais tarde, como militante da [[Liga Republicana das Mulheres Portuguesas]] (LRMP), participou ativamente nas ações de protesto, petições e conferências do movimento feminino e feminista republicano, reivindicando o [[Sufrágio feminino|direito ao voto para as mulheres]], a lei do [[divórcio]], o acesso ao ensino e às profissões vedadas ao sexo feminino, a [[Igualdade de género|igualdade salarial entre géneros]] ou ainda a igualdade jurídica no casal. Durante a [[Primeira República Portuguesa]], entre 1914 e 1918, fez parte de várias delegações femininas, angariou novos membros e donativos, respondeu a [[Plebiscito|plebiscitos]] e desempenhou vários cargos na direção da LRMP, assinado a representação dirigida ao governo de [[Sidónio Pais]], onde apelava uma vez mais ao direito ao voto para as mulheres. Ainda dentro do âmbito da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, em 1917 assumiu o cargo de diretora do jornal ''A Madrugada'', ao lado de [[Filipa de Oliveira]] e [[Luísa de Almeida]].<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.pt/books?id=i1naAAAAMAAJ&pg=PA73&dq=ang%C3%A9lica+viana+porto&hl=pt-PT&sa=X&ved=2ahUKEwir__aOiejyAhXZA2MBHS_RDxkQ6AEwAnoECAoQAg|título=El movimiento feminista portugués: del despertar republicano a la exclusión salazarista, 1909-1947|ultimo=García|primeiro=Rosa María Ballesteros|data=2001|editora=Universidad de Málaga|lingua=es}}</ref><ref>{{Citar livro|url=https://books.google.pt/books?id=6xq3AAAAIAAJ&q=ang%C3%A9lica+viana+porto&dq=ang%C3%A9lica+viana+porto&hl=pt-PT&sa=X&ved=2ahUKEwir__aOiejyAhXZA2MBHS_RDxkQ6AEwAHoECAYQAg|título=A Liga Republicana das Mulheres Portugueses: uma organização política e feminista (1909-1919)|ultimo=Esteves|primeiro=João Gomes|data=1991|editora=Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres|lingua=pt-BR}}</ref>


Aderindo ao [[Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas]] (CNMP), a partir de [[1919]], colaborou na revista ''[[Alma Feminina]]'', órgão oficial de imprensa do movimento, dirigido então por [[Maria Clara Correia Alves]] e posteriormente por [[Adelaide Cabete]] e [[Elina Júlia Chaves Pereira Guimarães|Elina Guimarães]], tendo ainda desempenhado os cargos de Secretária do Interior ([[1920]]), Vogal da Comissão Directora das [[Ligas de Bondade]] ([[1921]]-[[1923]]), Vice-Presidente da Direcção ([[1929]], [[1931]]-[[1934]], [[1936]]), Presidente-Honorária ([[1937]]) e Presidente da Comissão Moral ([[1922]]-1929, 1931-1934, 1936). Como [[Orador|oradora]], participou no Primeiro e Segundo Congresso Feminista e de Educação, organizado pelo CNMP, em Lisboa, onde apresentou as teses “''Assistência às delinquentes''” (1924),<ref>{{Citar web |url=https://portal.arquivos.pt/record?id=oai:www.ahsocial.ics.ulisboa.pt:_2416&s=%27CnVfH%27 |titulo=Assistência às delinquentes / Angélica Porto. - Lisboa : Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, 1924 |data=1924 |acessodata= |website=Portal Português de Arquivos}}</ref> “''Memória da Secção de Moral do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas''” (1926), “''A acção moral do trabalho''” (1928) e “''A valorização do trabalho feminino''” (1929).<ref>{{Citar livro|url=https://www.academia.edu/924842/A_Mulher_na_Hist%C3%B3ria_Actas_do_Col%C3%B3quio_sobre_a_tem%C3%A1tica_da_Mulher|título=A Mulher na História. Actas do Colóquio sobre a temática da Mulher|ultimo=Silva|primeiro=Manuela Santos}}</ref>[https://run.unl.pt/bitstream/10362/39940/1/As_mulheres_no_movimento_mutualista_em_Portugal.pdf]
Aderindo ao [[Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas]] (CNMP), a partir de 1919, colaborou na revista ''[[Alma Feminina]]'', órgão oficial de imprensa do movimento, dirigido então por [[Maria Clara Correia Alves]] e posteriormente por [[Adelaide Cabete]] e [[Elina Júlia Chaves Pereira Guimarães|Elina Guimarães]], tendo ainda desempenhado os cargos de Secretária do Interior (1920), Vogal da Comissão Diretora das Ligas de Bondade (1921-1923), Vice-Presidente da Direção (1929, 1931-1934, 1936), Presidente-Honorária (1937) e Presidente da Comissão Moral (1922-1929, 1931-1934, 1936). Como [[Orador|oradora]], participou no Primeiro e Segundo Congresso Feminista e de Educação, organizado pelo CNMP, em Lisboa, onde apresentou as teses “''Assistência às delinquentes''” (1924), “''Memória da Secção de Moral do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas''” (1926), “''A acção moral do trabalho''” (1928) e “''A valorização do trabalho feminino''” (1929).<ref>{{Citar web |url=https://portal.arquivos.pt/record?id=oai:www.ahsocial.ics.ulisboa.pt:_2416&s=%27CnVfH%27 |titulo=Assistência às delinquentes / Angélica Porto. - Lisboa : Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, 1924 |data=1924 |acessodata= |website=Portal Português de Arquivos}}</ref><ref>{{Citar livro|url=https://www.academia.edu/924842/A_Mulher_na_Hist%C3%B3ria_Actas_do_Col%C3%B3quio_sobre_a_tem%C3%A1tica_da_Mulher|título=A Mulher na História. Actas do Colóquio sobre a temática da Mulher|ultimo=Silva|primeiro=Manuela Santos}}</ref>[https://run.unl.pt/bitstream/10362/39940/1/As_mulheres_no_movimento_mutualista_em_Portugal.pdf]


Apoiando outras iniciativas de ideais pacifistas e abolicionistas, discursou na sessão pacifista promovida, no dia [[18 de maio]] de [[1927]], pela Secção da Paz,<ref>{{Citar web |ultimo=Esteves |primeiro=João |url=http://lagosdarepublica.wikidot.com/associativismopacifista |titulo=Dos salões literários ao associativismo pacifista, feminista, maçónico, republicano e socialista |data=2010 |acessodata= |website=Lagos da República}}</ref> escreveu uma tese para ser apresentada no Primeiro Congresso Nacional Abolicionista (1926) e discursou no Segundo Congresso Nacional Abolicionista (1929), ambos organizados pela [[Liga Portuguesa Abolicionista]].<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.pt/books?id=PSPIRXjYTkwC&pg=PA193&dq=Liga+Portuguesa+Abolicionista+angelica&hl=pt-PT&sa=X&ved=2ahUKEwiz7KqOxujyAhWlA2MBHf_8A5QQ6AEwAHoECAQQAg|título=Discursos, realidades, utopias: la construcción del sujeto femenino en los siglos XIX y XX|ultimo=Ramos|primeiro=María Dolores|data=2002|editora=Anthropos Editorial|lingua=es}}</ref> Durante esse mesmo período, angariou vários donativos para várias ações de beneficência e a aquisição de um avião, que posteriormente foi oferecido à primeira aviadora portuguesa, [[Maria de Lurdes Braga de Sá Teixeira|Maria de Lurdes de Sá Teixeira]].
Apoiando outras iniciativas de ideais pacifistas e abolicionistas, discursou na sessão pacifista promovida, no dia 18 de maio de 1927, pela Secção da Paz, escreveu uma tese para ser apresentada no Primeiro Congresso Nacional Abolicionista (1926) e discursou no Segundo Congresso Nacional Abolicionista (1929), ambos organizados pela [[Liga Portuguesa Abolicionista]].<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.pt/books?id=PSPIRXjYTkwC&pg=PA193&dq=Liga+Portuguesa+Abolicionista+angelica&hl=pt-PT&sa=X&ved=2ahUKEwiz7KqOxujyAhWlA2MBHf_8A5QQ6AEwAHoECAQQAg|título=Discursos, realidades, utopias: la construcción del sujeto femenino en los siglos XIX y XX|ultimo=Ramos|primeiro=María Dolores|data=2002|editora=Anthropos Editorial|lingua=es}}</ref> Durante esse mesmo período, angariou vários donativos para várias ações de beneficência e a aquisição de um avião, que posteriormente foi oferecido à primeira aviadora portuguesa, [[Maria de Lurdes Braga de Sá Teixeira|Maria de Lurdes de Sá Teixeira]].<ref>{{Citar web |ultimo=Esteves |primeiro=João |url=http://lagosdarepublica.wikidot.com/associativismopacifista |titulo=Dos salões literários ao associativismo pacifista, feminista, maçónico, republicano e socialista |data=2010 |acessodata= |website=Lagos da República}}</ref>


Devido ao seu ativismo, em [[1927]], Angélica Viana Porto foi homenageada na revista ''Alma Feminina'' por Adelaide Cabete, Arnaldo Brazão, [[Beatriz Magalhães]], [[Fábia Ochôa]], [[Maria O'Neill|Maria O’Neill]] e [[Bárbara Rosa de Carvalho Pereira]].
Devido ao seu ativismo, em 1927, Angélica Viana Porto foi homenageada na revista ''Alma Feminina'' por Adelaide Cabete, [[Arnaldo Brazão]], [[Beatriz Magalhães]], [[Fábia Ochôa]], [[Maria O'Neill|Maria O’Neill]] e [[Bárbara Rosa de Carvalho Pereira]]. Em 1928, associou-se à campanha do jornal republicano ''O Rebate'', que criticava as ações do [[Estado Novo (Portugal)|Estado Novo]], apelando ao fim da recém criada onda de [[Repressão política|repressão e perseguição política]].<ref>{{Citar web |ultimo=Esteves |primeiro=João |url=http://silenciosememorias.blogspot.com/2010/12/238.html |titulo=[0233.] ANGÉLICA PORTO [I] {{!}}{{!}} CONSELHO NACIONAL DAS MULHERES PORTUGUESAS |data=12 de dezembro de 2010 |acessodata= |website=Silêncios e Memórias}}</ref>

Em [[1928]], associou-se à campanha do jornal republicano ''O Rebate'', que criticava as acções do [[Estado Novo (Portugal)|Estado Novo]], apelando ao fim da recém criada onda de [[Repressão política|repressão e perseguição política]].<ref>{{Citar web |ultimo=Esteves |primeiro=João |url=http://silenciosememorias.blogspot.com/2010/12/238.html |titulo=[0233.] ANGÉLICA PORTO [I] {{!}}{{!}} CONSELHO NACIONAL DAS MULHERES PORTUGUESAS |data=12 de dezembro de 2010 |acessodata= |website=Silêncios e Memórias}}</ref>


=== Maçonaria ===
=== Maçonaria ===
Em [[1916]] foi iniciada na [[Maçonaria]]. Pertenceu às Lojas Carolina Ângelo e Humanidade, do [[Grande Oriente Lusitano|Grande Oriente Lusitano Unido]], com o nome simbólico de M.me Roland. Anos mais tarde, integrou a Loja Humanidade da [[Federação Portuguesa da Ordem Maçónica Mista Internacional "Le Droit Humain" - O Direito Humano]].<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.pt/books?id=O3xdAAAAMAAJ&q=ang%C3%A9lica+viana+porto&dq=ang%C3%A9lica+viana+porto&hl=pt-PT&sa=X&ved=2ahUKEwir__aOiejyAhXZA2MBHS_RDxkQ6AEwAXoECAUQAg|título=Frasquita Larrea y Aherán: europeas y españolas entre la Ilustración y el Romanticismo|ultimo=Tocino|primeiro=Gloria Espigado|ultimo2=Sánchez|primeiro2=María José de la Pascua|data=2003|editora=Universidad de Cádiz, Servicio de Publicaciones|lingua=es}}</ref>[https://run.unl.pt/bitstream/10362/10754/1/CD_Influ%C3%AAncia%20da%20Ma%C3%A7onaria%20nos%20Feminismos%20da%201%C2%AA%20Rep%C3%BAblica.pdf]
Em 1916 foi iniciada na [[Maçonaria]]. Pertenceu às Lojas Carolina Ângelo e Humanidade, do [[Grande Oriente Lusitano|Grande Oriente Lusitano Unido]], com o nome simbólico de Mme. Roland. Anos mais tarde, integrou a Loja Humanidade da [[Federação Portuguesa da Ordem Maçónica Mista Internacional "Le Droit Humain" - O Direito Humano]].<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.pt/books?id=O3xdAAAAMAAJ&q=ang%C3%A9lica+viana+porto&dq=ang%C3%A9lica+viana+porto&hl=pt-PT&sa=X&ved=2ahUKEwir__aOiejyAhXZA2MBHS_RDxkQ6AEwAXoECAUQAg|título=Frasquita Larrea y Aherán: europeas y españolas entre la Ilustración y el Romanticismo|ultimo=Tocino|primeiro=Gloria Espigado|ultimo2=Sánchez|primeiro2=María José de la Pascua|data=2003|editora=Universidad de Cádiz, Servicio de Publicaciones|lingua=es}}</ref>[https://run.unl.pt/bitstream/10362/10754/1/CD_Influ%C3%AAncia%20da%20Ma%C3%A7onaria%20nos%20Feminismos%20da%201%C2%AA%20Rep%C3%BAblica.pdf]


=== Colaborações na Imprensa ===
=== Colaborações na Imprensa ===
Durante a sua vida, escreveu vários artigos de crítica política e de reivindicação dos [[direitos das mulheres]], colaborando frequentemente com os periódicos ''O Rebate'', ''O Mundo'', ''Civilização'', ''Educação'', órgão da União Educativa Portuguesa, ou ''Educação Social'', dirigido por [[Adolfo Lima]], para além da revista ''Alma Feminina'' e do jornal ''A Madrugada'', onde desempenhou o cargo de diretora.<ref>{{Citar web |url=http://ahsocial.ics.ulisboa.pt/atom/educacao-revista-mensal-direccao-angelica-porto-beatriz-de-magalhaes-mario-de-oliveira-passos-ponte-e-pereira-de-carvalho-prop-da-uniao-educativa-portuguesa-lisboa-imprensa-beleza |titulo=Educação. Revista mensal / Direcção: Angélica Porto, Beatriz de Magalhães, Mário de Oliveira, Passos Ponte e Pereira de Carvalho; Prop. da União Educativa Portuguesa. Lisboa: Imprensa Beleza |data=1929 |acessodata= |website=Arquivo de História Social}}</ref>
Durante a sua vida, escreveu vários artigos de crítica política e de reivindicação dos [[direitos das mulheres]], colaborando frequentemente com os periódicos ''O Rebate'', ''O Mundo'', ''Civilização'', ''Educação'', órgão da União Educativa Portuguesa, ou ''Educação Social'', dirigido por [[Adolfo Lima]], para além da revista ''Alma Feminina'' e do jornal ''A Madrugada'', onde desempenhou o cargo de diretora.<ref>{{Citar web |url=http://ahsocial.ics.ulisboa.pt/atom/educacao-revista-mensal-direccao-angelica-porto-beatriz-de-magalhaes-mario-de-oliveira-passos-ponte-e-pereira-de-carvalho-prop-da-uniao-educativa-portuguesa-lisboa-imprensa-beleza |titulo=Educação. Revista mensal / Direcção: Angélica Porto, Beatriz de Magalhães, Mário de Oliveira, Passos Ponte e Pereira de Carvalho; Prop. da União Educativa Portuguesa. Lisboa: Imprensa Beleza |data=1929 |acessodata= |website=Arquivo de História Social}}</ref>

=== Falecimento ===
Angélica Viana Porto faleceu a 21 de maio de 1938, aos 56 anos de idade, na sua residência, 1.º andar do prédio n.º34 da Rua Luís Fernandes, freguesia de [[São Mamede (Lisboa)|São Mamede]], em Lisboa, vítima de [[epilepsia]]. Encontra-se sepultada no [[Cemitério do Alto de São João]], em Lisboa.<ref name=":0" />


== Referências ==
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[[Categoria:Naturais de Oeiras (Portugal)]]
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[[Categoria:Nascidos em 1881]]
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[[Categoria:Mortos em 1962]]
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[[Categoria:Feministas de Portugal]]
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[[Categoria:Pacifistas]]
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Revisão das 15h09min de 2 de novembro de 2021

Angélica Viana Porto
Angélica Viana Porto
Angélica Viana Porto no II Congresso Feminista e de Educação, em 1928
Nome completo Angélica Cristina Irene Lopes Viana Porto
Nascimento 10 de novembro de 1881
Paço de Arcos, Oeiras, Portugal
Morte 21 de maio de 1938 (56 anos)
São Mamede, Lisboa, Portugal
Nacionalidade Portuguesa
Ocupação Ativista feminista, republicana, pacifista e antifascista

Angélica Viana Porto (Paço de Arcos, 10 de novembro de 1881Lisboa, 21 de maio de 1938) foi uma ativista feminista, republicana, pacifista e antifascista, reconhecida pela sua intensa militância durante a primeira vaga do movimento feminista em Portugal. Militou na Liga Republicana das Mulheres Portuguesas e no Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, onde se destacou, tendo exercido o cargo de vice-presidente e presidente honorária.

Biografia

Nascimento e Família

Nascida a 10 de novembro de 1881, em Paço de Arcos, concelho de Oeiras, Angélica Cristina Irene Lopes Viana era filha de Augusto Gomes Viana, funcionário alfandegário, natural de Alcântara, e de Emília das Dores Lopes Viana, natural das Mercês, ambas freguesias do concelho de Lisboa, tendo sido batizada a 25 de fevereiro de 1882 na igreja de Oeiras.[1][2]

Foi casada com Agostinho Santos Porto, natural da cidade do Porto, tendo enviuvado em 1913.[2]

Ativismo

Benemérita, em 1907, liderou a comissão feminina, ao lado de Ilda Jorge, Maria Veleda e Ana de Castro Osório, que procurou implementar, em Lisboa, uma Escola Maternal destinadas às crianças desprotegidas entre os 3 e os 6 anos de idade.[3]

Anos mais tarde, como militante da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas (LRMP), participou ativamente nas ações de protesto, petições e conferências do movimento feminino e feminista republicano, reivindicando o direito ao voto para as mulheres, a lei do divórcio, o acesso ao ensino e às profissões vedadas ao sexo feminino, a igualdade salarial entre géneros ou ainda a igualdade jurídica no casal. Durante a Primeira República Portuguesa, entre 1914 e 1918, fez parte de várias delegações femininas, angariou novos membros e donativos, respondeu a plebiscitos e desempenhou vários cargos na direção da LRMP, assinado a representação dirigida ao governo de Sidónio Pais, onde apelava uma vez mais ao direito ao voto para as mulheres. Ainda dentro do âmbito da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, em 1917 assumiu o cargo de diretora do jornal A Madrugada, ao lado de Filipa de Oliveira e Luísa de Almeida.[4][5]

Aderindo ao Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas (CNMP), a partir de 1919, colaborou na revista Alma Feminina, órgão oficial de imprensa do movimento, dirigido então por Maria Clara Correia Alves e posteriormente por Adelaide Cabete e Elina Guimarães, tendo ainda desempenhado os cargos de Secretária do Interior (1920), Vogal da Comissão Diretora das Ligas de Bondade (1921-1923), Vice-Presidente da Direção (1929, 1931-1934, 1936), Presidente-Honorária (1937) e Presidente da Comissão Moral (1922-1929, 1931-1934, 1936). Como oradora, participou no Primeiro e Segundo Congresso Feminista e de Educação, organizado pelo CNMP, em Lisboa, onde apresentou as teses “Assistência às delinquentes” (1924), “Memória da Secção de Moral do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas” (1926), “A acção moral do trabalho” (1928) e “A valorização do trabalho feminino” (1929).[6][7][1]

Apoiando outras iniciativas de ideais pacifistas e abolicionistas, discursou na sessão pacifista promovida, no dia 18 de maio de 1927, pela Secção da Paz, escreveu uma tese para ser apresentada no Primeiro Congresso Nacional Abolicionista (1926) e discursou no Segundo Congresso Nacional Abolicionista (1929), ambos organizados pela Liga Portuguesa Abolicionista.[8] Durante esse mesmo período, angariou vários donativos para várias ações de beneficência e a aquisição de um avião, que posteriormente foi oferecido à primeira aviadora portuguesa, Maria de Lurdes de Sá Teixeira.[9]

Devido ao seu ativismo, em 1927, Angélica Viana Porto foi homenageada na revista Alma Feminina por Adelaide Cabete, Arnaldo Brazão, Beatriz Magalhães, Fábia Ochôa, Maria O’Neill e Bárbara Rosa de Carvalho Pereira. Em 1928, associou-se à campanha do jornal republicano O Rebate, que criticava as ações do Estado Novo, apelando ao fim da recém criada onda de repressão e perseguição política.[10]

Maçonaria

Em 1916 foi iniciada na Maçonaria. Pertenceu às Lojas Carolina Ângelo e Humanidade, do Grande Oriente Lusitano Unido, com o nome simbólico de Mme. Roland. Anos mais tarde, integrou a Loja Humanidade da Federação Portuguesa da Ordem Maçónica Mista Internacional "Le Droit Humain" - O Direito Humano.[11][2]

Colaborações na Imprensa

Durante a sua vida, escreveu vários artigos de crítica política e de reivindicação dos direitos das mulheres, colaborando frequentemente com os periódicos O Rebate, O Mundo, Civilização, Educação, órgão da União Educativa Portuguesa, ou Educação Social, dirigido por Adolfo Lima, para além da revista Alma Feminina e do jornal A Madrugada, onde desempenhou o cargo de diretora.[12]

Falecimento

Angélica Viana Porto faleceu a 21 de maio de 1938, aos 56 anos de idade, na sua residência, 1.º andar do prédio n.º34 da Rua Luís Fernandes, freguesia de São Mamede, em Lisboa, vítima de epilepsia. Encontra-se sepultada no Cemitério do Alto de São João, em Lisboa.[2]

Referências

  1. «Livro de registo de batismos da paróquia de Oeiras (1882)». digitarq.arquivos.pt. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. 6 verso-7, assento 19 
  2. a b c «Livro de registo de óbitos da 7ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa (31-12-1937 a 24-06-1938)». digitarq.arquivos.pt. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. 167 verso, assento 332 
  3. «Porto, Angélica». Arquivo de História Social | Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Consultado em 5 de setembro de 2021 
  4. García, Rosa María Ballesteros (2001). El movimiento feminista portugués: del despertar republicano a la exclusión salazarista, 1909-1947 (em espanhol). [S.l.]: Universidad de Málaga 
  5. Esteves, João Gomes (1991). A Liga Republicana das Mulheres Portugueses: uma organização política e feminista (1909-1919). [S.l.]: Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres 
  6. «Assistência às delinquentes / Angélica Porto. - Lisboa : Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, 1924». Portal Português de Arquivos. 1924 
  7. Silva, Manuela Santos. A Mulher na História. Actas do Colóquio sobre a temática da Mulher. [S.l.: s.n.] 
  8. Ramos, María Dolores (2002). Discursos, realidades, utopias: la construcción del sujeto femenino en los siglos XIX y XX (em espanhol). [S.l.]: Anthropos Editorial 
  9. Esteves, João (2010). «Dos salões literários ao associativismo pacifista, feminista, maçónico, republicano e socialista». Lagos da República 
  10. Esteves, João (12 de dezembro de 2010). «[0233.] ANGÉLICA PORTO [I] || CONSELHO NACIONAL DAS MULHERES PORTUGUESAS». Silêncios e Memórias 
  11. Tocino, Gloria Espigado; Sánchez, María José de la Pascua (2003). Frasquita Larrea y Aherán: europeas y españolas entre la Ilustración y el Romanticismo (em espanhol). [S.l.]: Universidad de Cádiz, Servicio de Publicaciones 
  12. «Educação. Revista mensal / Direcção: Angélica Porto, Beatriz de Magalhães, Mário de Oliveira, Passos Ponte e Pereira de Carvalho; Prop. da União Educativa Portuguesa. Lisboa: Imprensa Beleza». Arquivo de História Social. 1929