Estação Ferroviária de Loulé
Loulé - Praia de Quarteira
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Linha(s): | Linha do Algarve (PK 324,220) |
Coordenadas: | 37° 06′ 15,78″ N, 8° 03′ 30,05″ O |
Município: | Loulé |
Serviços: | |
Inauguração: | 1 de Julho de 1889 |
Website: |
A Estação Ferroviária de Loulé, igualmente conhecida como Estação de Loulé - Praia de Quarteira, é uma interface ferroviária da Linha do Algarve, que serve as localidades de Loulé e de Quarteira, no Distrito de Faro, em Portugal.
Caracterização
Classificação, vias e plataformas
Em 2004, esta interface detinha a classificação "D" da Rede Ferroviária Nacional.[1] Em 2009, era servida por 3 vias de circulação, detendo a primeira 510 metros de cumprimento, a segunda 380 metros, e a terceira 402 metros; as duas gares detinham 210 e 300 metros de cumprimento, tendo cada uma 90 centímetros de altura.[2]
Em Janeiro de 2011, as 3 linhas já tinham sido alteradas, contando com 515, 297 e 317 metros de comprimento; as plataformas também sofreram modificações, passando a deter 167 e 218 metros de extensão, e 55 e 70 centímetros de altura.[3]
Serviços
Em 2004, esta estação incluía um terminal de mercadorias.[4]
História
Século XIX
Em 7 de Março de 1888, o governo português autorizou a construção de latrinas e de cais cobertos e descobertos nesta estação.[5]
Esta interface situa-se entre as Estações de Amoreiras-Odemira e Faro, que foi inaugurada no dia 1 de Julho de 1889.[6] Na altura da sua construção, situava-se a aproximadamente 5 quilómetros de distância de Loulé, junto à estrada que ligava esta localidade a Quarteira, de forma a servir estas duas localidades.[7]
Século XX
Em 1905, foi pedida a concessão para a construção de uma ligação ferroviária assente na estrada, ligando esta estação ao Apeadeiro de São Francisco, em Faro, passando pelas localidades de São Romão, São Brás de Alportel, Estói e Conceição.[8]
Em 1903, esta estação participou nas comemorações da Inauguração do Ramal de Portimão.[9]
Em 1914, a Câmara Municipal de Loulé pediu o estudo para construção de um ramal entre esta estação e as localidades de Loulé e São Brás de Alportel; este pedido foi autorizado pela lei n.º 262 de 23 de Julho de 1914.[7] Devido à fome que se fez sentir no Algarve durante a Primeira Guerra Mundial, operários de Loulé impediram que um vagão de feijão saísse da Estação em 15 de Outubro de 1917, com destino a Faro; o conteúdo do vagão foi, posteriormente, vendido na praça pública da localidade.[10]
Em 1926, a Câmara Municipal de Loulé requisitou, em substituição do ramal pedido em 1914, que o traçado da Linha do Sul fosse alterado, de forma a que a via passasse mais perto da localidade; no entanto, previu-se que esta alteração iria ser bastante morosa, devido ao relevo, e iria reduzir o acesso das populações costeiras desta zona ao transporte ferroviário.[7] À semelhança do que acontecia noutras estações na Linha do Algarve, a elevada distância até à localidade de Loulé detinha efeitos nefastos no movimento de passageiros e mercadorias, e reduziu a competitividade do caminho de ferro em relação ao transporte rodoviário.[11] Em 1931, a empresa Louletana Lda. contratou, com a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, o estabelecimento de um serviço de camionagem combinado de mercadorias entre a estação e a localidade de Loulé[12]; posteriormente, a empresa Auto-Algarve, Lda., que sucedeu à Louletana, criou um serviço de passageiros no mesmo percurso.[13]
A estação assumiu-se, no Século XX, como um dos mais importantes entrepostos de mercadorias no Algarve; recebia, normalmente, cereais e farinhas para a cidade de Loulé, que foi um dos principais centros de panificação na região.[14]
Século XXI
Em 2003, a estação foi alvo de uma intervenção, por parte da Rede Ferroviária Nacional.[4]
Em Abril de 2004, os utentes desta estação e os moradores da zona protestaram contra a falta de segurança de uma passagem de nível nas proximidades da estação.[15]
Em Agosto de 2005, vários passageiros ficaram apeados na gare após a composição do serviço Intercidades em que deviam seguir viagem, com destino à Gare do Oriente, partiu sem os acolher; no mesmo dia, uma outra composição, de serviço Regional, iniciou a marcha quando uma passageira ainda se encontrava a retirar a sua bagagem, o que resultou em ferimentos ligeiros.[15] O piso das gares encontrava-se, nesse ano, irregular, devido à falta de algumas lajes, o que provocou pelo menos um acidente.[15] No mesmo ano, o deputado José Soeiro do Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português apresentou um requerimento na Assembleia da República para a construção de uma passagem subterrânea na Estação de Loulé.[16]
Em 2009, alguns militares da Guarda Nacional Republicana salvaram uma mulher, que se tinha lançado para uma via nesta estação, imediatamente antes da passagem de uma composição, com o propósito aparente de se suicidar.[17]
Ver também
Referências
- ↑ «Directório da Rede Ferroviária Portuguesa 2005». Rede Ferroviária Nacional. 13 de Outubro de 2004. 83 páginas
- ↑ «Directório da Rede 2010». Rede Ferroviária Nacional - REFER, E.P. 22 de Janeiro de 2009. 89 páginas
- ↑ «Directório da Rede 2012». Rede Ferroviária Nacional - REFER, E.P. 6 de Janeiro de 2011. 85 páginas
- ↑ a b «Directório da Rede Ferroviária Portuguesa 2004». Rede Ferroviária Nacional - REFER, E.P. 2004. 93 páginas
- ↑ «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro de Portugal e Hespanha. 1 (1). 15 de Março de 1888. 4 páginas. Consultado em 24 de Outubro de 2011
- ↑ TORRES, Carlos Manitto (1 de Fevereiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário». Lisboa: Gazeta dos Caminhos de Ferro. Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1683). 76 páginas
- ↑ a b c «Duas Pretenções Singulares» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 39 (932). Outubro de 1926. pp. 9,10. Consultado em 24 de Outubro de 2011
- ↑ «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 18 (416). Abril de 1905. 24 páginas. Consultado em 24 de Outubro de 2011
- ↑ BRAZONA, Vanda (13 de Setembro de 2007). «Recordar a Inauguração do Ramal de Caminho de ferro de Silves a Portimão». Barlavento Online. Consultado em 21 de Fevereiro de 2010
- ↑ Rodrigues, 2005:149
- ↑ Guerreiro, 1983:27
- ↑ Guerreiro, 1983:122
- ↑ Guerreiro, 1983:130
- ↑ Cavaco, 1976:439-440
- ↑ a b c ALMEIDA, António (21 de Agosto de 2005). «Notícia da Lusa -15 Agosto - Loulé». Sebastião. Consultado em 24 de Outubro de 2011
- ↑ SOEIRO, José (Abril de 2005). «Passagem subterrânea na estação de Loulé» (PDF). Partido Comunista Português. Consultado em 24 de Outubro de 2011
- ↑ PALMA, Ana (23 de Novembro de 2009). «GNR de Loulé salva mulher do comboio». Correio da Manhã. Consultado em 24 de Outubro de 2011
Bibliografia
- CAVACO, Carminda (1976). O Algarve Oriental. As Vilas, O Campo e o Mar. I. Faro: Gabinete de Planeamento da Região do Algarve. 492 páginas Parâmetro desconhecido
|volumes=
ignorado (|volume=
) sugerido (ajuda) - GUERREIRO, Aníbal C. (1983). História da Camionagem Algarvia (de passageiros) 1925-1975. (da origem à nacionalização). Vila Real de Santo António: Edição do autor. 233 páginas
- RODRIGUES, Joaquim Manuel Vieira (2005). A Indústria de Curtumes e do Calçado de Loulé. (1850-1945). Loulé: Câmara Municipal de Loulé. 287 páginas