Gare do Oriente


A Gare do Oriente, também conhecida como Gare Intermodal de Lisboa (GIL), ou Estação Ferroviária de Lisboa - Oriente, ou Estação de Concentração de Lisboa Oriente,[1][4] é uma das interfaces ferroviárias e rodoviárias mais importantes de Lisboa, em Portugal. Projetada pelo arquiteto e engenheiro espanhol Santiago Calatrava, ficou concluída em 1998, integrando a Expo’98, e, posteriormente, o Parque das Nações.
Descrição[editar | editar código-fonte]
Localização e acessos[editar | editar código-fonte]
O edifício situa-se junto à Avenida D. João II, estando construída sobre a Avenida de Berlim e Rua Conselheiro Mariano de Carvalho, na cidade de Lisboa.[5] Situa-se muito próximo, a sul, da localização do antigo Apeadeiro dos Olivais (PK 006,8), extinto e demolido na década de 1990 para dar lugar à nova estação.

Descrição física[editar | editar código-fonte]
O complexo inclui uma estação do Metropolitano de Lisboa (designada Oriente) no primeiro nível e um espaço comercial e uma estação rodoviária (tanto local como de médio/longo curso) nos dois níveis seguintes, sendo os dois últimos níveis ocupados pela estação ferroviária, servida pela CP com comboios suburbanos e por serviços de médio e longo curso.

Vias e plataformas[editar | editar código-fonte]
Segundo o Directório da Rede 2012, publicado pela Rede Ferroviária Nacional em 6 de Janeiro de 2011, a Gare do Oriente tinha oito vias de circulação, com comprimentos úteis entre 510 m e 720 m, e várias plataformas, todas com 309 m de extensão e alturas entre 60 cm e 70 cm.[6]
Estação do metropolitano[editar | editar código-fonte]

O piso inferior do edifício, subterrâneo, alberga a estação homónima do Metropolitano de Lisboa. Esta serviu como terminal da Linha Vermelha até ao seu prolongamento para norte em 2012.
História[editar | editar código-fonte]
A Gare do Oriente situa-se no lanço da Linha do Norte entre Lisboa-Santa Apolónia e o Carregado, que foi inaugurado no dia 28 de Outubro de 1856.[7] A Estação Ferroviária de Olivais existiu desde a inauguração da linha até à década de 1990 (entretanto despromovida a apeadeiro) num local de implantação aproximadamente idêntico ao da Gare do Oriente.[8]
Nos finais da Década de 1980, a operadora Caminhos de Ferro Portugueses e o Gabinete do Nó Ferroviário de Lisboa lançaram um grande programa de modernização da Linha do Norte e dos caminhos de ferro suburbanos de Lisboa, que tinha como um dos principais objectivos melhorar as condições de serviço e de conforto nos comboios de passageiros, através da renovação e ampliação das vias férreas, instalação de novos equipamentos de sinalização e de controlo de tráfego, inauguração de novo material circulante, e construção de novas interfaces intermodais e desenvolvimento das já existentes.[9] Na Linha do Norte, as vias deveriam ser quadruplicadas,[10] modificado o traçado da linha, e construída a Gare do Oriente, que deveria fazer parte do complexo da futura Exposição Mundial de 1998.[11][9]
Em 1990, foi lançado o concurso para a modernização dos equipamentos de sinalização na Linha do Norte, que incluía os sinais electrónicos a serem instalados na futura Gare do Oriente.[10] Em 1994, já tinha sido lançado o concurso internacional para o projecto da Gare do Oriente,[11] tendo sido escolhido o do arquitecto Santiago Calatrava, elaborado entre 1994[12] e 1995.[13] Santiago Calatrava era um arquitecto já veterano no planeamento de estações ferroviárias, tendo sido responsável pelos terminais de Lyon - Saint-Exupéry e Zurique - Stadelhofen, entre outros.[12]
A construção foi iniciada ainda pela operadora Caminhos de Ferro Portugueses, tendo sido terminada já após a criação da Rede Ferroviária Nacional.[14] No âmbito dos estudos de intermodalidade para o novo equipamento, chegou a estar equacionada a ligação da Gare do Oriente a um cais fluvial a implementar na Doca dos Olivais após a Expo’98 para serviço Transtejo ligando ao Montijo e a Alcochete.[15]
A Gare do Oriente foi inaugurada no dia 18 de Maio de 1998,[14] no âmbito da Exposição Mundial de 1998.[16]
Na altura da sua entrada em serviço, era considerada a maior estação intermodal em território nacional.[17] Destacou-se pela sua traça arrojada e elegante,[14] tendo recebido o Prémio Brunel de arquitectura em 7 de Outubro de 1998, na categoria de estações grandes construídas de origem.[18]
Em 2003, foi feita a primeira viagem técnica entre a Gare do Oriente e Faro, utilizando a Ponte 25 de Abril, tendo os serviços regulares começado no mesmo ano.[19]
Panorâmicas[editar | editar código-fonte]
CP-USGL + CP-Reg + Soflusa + Fertagus | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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(Serviços ferroviários suburbanos de passageiros na Grande Lisboa) Serviços: ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]()
Linhas:
a L.ª Alentejo • c L.ª Cascais • s L.ª Sintra • ẍ C.ª X. (***) Na Linha do Norte (n): há diariamente dois comboios regionais nocturnos que param excepcionalmente em todas as estações e apeadeiros.
Fonte: Página oficial, 2020.06 |
Ver também[editar | editar código-fonte]
- Comboios de Portugal
- Infraestruturas de Portugal
- Transporte ferroviário em Portugal
- História do transporte ferroviário em Portugal
Referências
- ↑ a b c (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
- ↑ Diretório da Rede 2021. IP: 2019.12.09
- ↑ Diretório da Rede 2024. I.P.: 2022.12.09
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- ↑ «Lisboa Oriente». Comboios de Portugal. Consultado em 21 de Novembro de 2014
- ↑ «Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2012. Rede Ferroviária Nacional. 6 de Janeiro de 2011. p. 71-85
- ↑ TORRES, Carlos Manitto (1 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 70 (1681). p. 9-12. Consultado em 2 de Março de 2018
- ↑ ABRAGÃO, Frederico (16 de Março de 1956). «No Centenário dos Caminhos de Ferro em Portugal: Algumas notas sobre a sua história» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 69 (1638). p. 131-138. Consultado em 27 de Setembro de 2016
- ↑ a b MARTINS et al 1996: 207-208
- ↑ a b MARTINS et al, 158-159
- ↑ a b LEVY, Mauricio (julho–agosto de 1994). «Los portugueses se centrarán en la mejora de las cercanías». Via Libre (em espanhol). 31 (367). Madrid: Fundación de los Ferrocarriles Españoles. p. 27-28. ISSN 1134-1416
- ↑ a b MENÉNDEZ, Oscar (Novembro de 1994). «Calatrava, un arquitecto de estación en estación». Via Libre (em espanhol). 31 (370). Madrid: Fundación de los Ferrocarriles Españoles. p. 80. ISSN 1134-1416
- ↑ AFONSO e ROSETA, 2005:224
- ↑ a b c REIS et al, 2006:223
- ↑ anónimo: Plano de Expansão da Rede — PER I. Metropolitano de Lisboa: Lisboa, sem data (datável: ilustra como «Linha Actual» o estado da rede em 1993.04-1995.07). Folheto desdobrável de 8 páginas em cartolina marfim com resumos não técnicos das três empreitadas. Inclui mapa.
- ↑ TARIFA, Alvaro (1998). «Noticias». Maquetren (em espanhol). 6 (69). Madrid: Ed. España Desconocida, s. l. p. 68-73. ISSN 1132-2063
- ↑ TAVARES, 2000:114
- ↑ VAL, Yolanda (Outubro de 1998). «Los Premios Brunel al mejor diseno ferroviario se entregan el 7 de octubre en Madrid». Via Libre (em espanhol). 35 (413). Madrid: Fundación de los Ferrocarriles Españoles. p. 16-17. ISSN 1134-1416
- ↑ REIS et al, 2006:202
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- AFONSO, João; ROSETA, Helena (2005). IAPXX: Inquérito à Arquitectura do Século XX em Portugal. Lisboa: Ordem dos Arquitectos. 290 páginas. ISBN 972-8897-14-6
- MARTINS, João; SOUSA, Miguel; BRION, Madalena; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado: O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas
- REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X
- TAVARES, João Fernando Cansado (2000). 100 Obras de Arquitectura Civil no Século XX: Portugal. Lisboa: Ordem dos Engenheiros. 286 páginas. ISBN 972-97231-7-6
Leitura recomendada[editar | editar código-fonte]
- Vias de Ferro - A Gestão da Infra-estrutura Ferroviária em Portugal. Lisboa: Rede Ferroviária Nacional E. P. 2006
- ANTUNES, J. A. Aranha; et al. (2010). 1910-2010: O caminho de ferro em Portugal. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e REFER - Rede Ferroviária Nacional. 233 páginas. ISBN 978-989-97035-0-6
- JODIDIO, Philip (1998). Santiago Calatrava - Estacao do Oriente / Estacion de Oriente / Oriente Station (em espanhol). Madrid: Centralibros Hispania - Edicion y Distribucion S. A. ISBN 978-9728418588
- TZONIS, Alexander (1999). Santiago Calatrava: La Poética del Movimiento (em espanhol). [S.l.: s.n.] ISBN 9788817862288
- TZONIS, Alexander (2007). Santiago Calatrava: Obra completa (em espanhol). Madrid: Ediciones Polígrafa. ISBN 978-8434311510
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- «Portal das Nações». Descobre a Estação do Oriente
- «Site oficial da empresa Infraestruturas de Portugal»
- «Página com fotografias da Gare do Oriente, no sítio electrónico Railfaneurope» (em inglês)
- «Página sobre a Gare do Oriente, no sítio electrónico Wikimapia»
- Gare do Oriente na base de dados SIPA da Direção-Geral do Património Cultural