Estação Ferroviária de Ovar
Ovar
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a estação de Ovar, em 2012 | |||
Identificação: | 38299 OVA (Ovar)[1] | ||
Denominação: | Estação de Ovar | ||
Classificação: | E (estação)[1] | ||
Tipologia: | B [2] | ||
Linha(s): | Linha do Norte (PK 300,776) | ||
Altitude: | 15 m (a.n.m) | ||
Coordenadas: | 40°51′50.52″N × 8°37′0.06″W (=+40.86403;−8.61668) | ||
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Concelho: | ![]() | ||
Serviços: | ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() | ||
Conexões: | ![]() ![]() | ||
Equipamentos: | ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() | ||
Endereço: | Largo Serpa Pinto PT-3880-__ Ovar | ||
Inauguração: | 8 de julho de 1863 (há 159 anos) | ||
Diagrama: | |||
Website: |
A Estação Ferroviária de Ovar é uma interface da Linha do Norte, que serve o concelho de Ovar, no Distrito de Aveiro, em Portugal.
Caracterização[editar | editar código-fonte]
Localização e acessos[editar | editar código-fonte]
A estação está situada junto ao Largo Serpa Pinto, na cidade de Ovar.[4]
Descrição física e serviços[editar | editar código-fonte]
Segundo o Directório da Rede 2012, publicado pela Rede Ferroviária Nacional em 6 de Janeiro de 2011, a estação ferroviária de Ovar possuía três vias de circulação, com 880, 610 e 310 m de comprimento; as plataformas apresentavam 332 e 286 m de extensão e 70 cm de altura.[5]
A estação de Ovar é utilizada por serviços Intercidades, Regionais, InterRegionais e Urbanos da operadora Comboios de Portugal.[4]
História[editar | editar código-fonte]

Século XIX[editar | editar código-fonte]
A Estação encontra-se no troço entre Vila Nova de Gaia e Estarreja da Linha do Norte, que foi inaugurado pela Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses em 8 de Julho de 1863.[6] A estação foi uma das abrangidas pelos serviços mistos que foram criados após a inauguração do troço entre Estarreja e Taveiro, em 10 de Abril de 1864.[7]
Em 1888, a estação de Ovar estava ligada à Praia do Furadouro por um serviço de diligências, cuja viagem durava cerca de uma hora.[8]
O jornal Povo de Ovar de 19 de Abril de 1891 relatou que quando o Regimento de Caçadores 5 passou por Ovar, no regresso do Porto, foi festivamente recebido na estação por um grupo de simpatizantes de republicanos e pela população.[9] Um dos fundadores do Partido Republicano em Ovar foi António Gaioso de Penha Garcia, subdirector das oficinas dos Caminhos de Ferro; com efeito, em Ovar, os únicos proletários do partido eram os funcionários das oficinas.[10]
Século XX[editar | editar código-fonte]
Em 1903, a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses ordenou que fossem instalados, nesta estação, novos semáforos, do sistema Nunes Barbosa.[11]
Em 6 de Outubro de 1910, realizou-se um cortejo em Ovar, para celebrar a Implantação da República; o cortejo saiu da estação de Ovar, para homenagear os operários republicanos das oficinas.[12] Estes operários estiveram sempre intimamente ligados a todas as acções de dinamização do Partido Republicano de Ovar, tendo constituído uma das influências mais dinâmicas e eficazes junto das massas populares.[13] Durante as incursões da Monarquia do Norte, os ferroviários de Ovar fizeram, em 21 e 22 de Janeiro de 1919, o levantamento e abatimento de pontões, para retardar o avanço das tropas monárquicas.[13] Também participaram directamente nos combates, devendo-se a António Gaioso de Penha Garcia, e a cerca de 400 operários das oficinas de Ovar, o facto dos revoltosos não terem avançado muito além do Rio Vouga; com efeito, a sua resistência deu tempo a que o povo, exército e marinha republicanos se concentrassem e se entrincheirassem nos arredores da cidade de Aveiro, considerando-se a actuação dos ferroviários de Ovar como o principal ponto de viragem no conflito.[13]
Em 1933, as oficinas da estação foram ampliadas pela Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses.[14] Em 1934, foi ampliada a oficina de obras metálicas[15][16], tendo as modificações continuado no ano seguinte.[17] Estas obras inseriram-se num programa de desenvolvimento do complexo oficinal de Ovar, levado a cabo nesta década, e que tinha como objectivo melhorar a economia nos processos que aí se realizavam; este projecto contemplou, igualmente, a construção de duas oficinas, uma para elementos metálicos como porcas, parafusos e rebites, e outra para instalações eléctricas.[15]
Ovar é um dos interfaces da Linha do Norte a equipar com vias de resguardo para estacionamento / ultrapassagem no âmbito da iniciativa Ferrovia 2020.[18]
Movimento de mercadorias[editar | editar código-fonte]
Esta estação recebeu cal de Oliveira do Bairro.[19]
Referências literárias[editar | editar código-fonte]
O enredo principal do romance A Capital, escrito em 1877 por Eça de Queirós, inicia-se na estação de Ovar:
A estação de Ovar, no caminho-de-ferro do Norte, estava muito silenciosa, pelas seis horas da tarde, antes da chegada do comboio do Porto. A uma extremidade da plataforma, um rapaz magro »« examinava o céu. »« Na estação, havia apenas um passageiro esperando o comboio. »« Ao lado sentadas sobre uma arca nova de pinho, estavam duas mulheres, uma velha e uma rapariga grossa e sardenta. »« O chefe da estação, gordo, com o queixo amarrado num lenço de seda preta, o boné de galão sujo posto muito ao lado, apareceu à porta da sala de bagagens, de charuto nos dentes. »« Mas um silvo penetrante de locomotiva cortou o ar calado e imediatamente o comboio apareceu, deslizando sobre os rails, dardejando ao alto jactos direitos de fumo branco.— Eça de Queirós, A Capital, p. 5-8
Ver também[editar | editar código-fonte]
- História do transporte ferroviário em Portugal
- Transporte ferroviário em Portugal
- Infraestruturas de Portugal
- Comboios de Portugal
Referências
- ↑ a b (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
- ↑ Diretório da Rede 2021. IP: 2019.12.09
- ↑ Dolce Vita ⇆ Ovar
- ↑ a b «Estação de Ovar». Comboios de Portugal. Consultado em 24 de Novembro de 2014
- ↑ «Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2012. Rede Ferroviária Nacional. 6 de Janeiro de 2011. p. 71-85
- ↑ TORRES, Carlos Manitto (1 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1681). p. 9-12. Consultado em 14 de Abril de 2014
- ↑ «Escada Rolante: Há 104 anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 81 (1931). 16 de Novembro de 1968. p. 152. Consultado em 14 de Abril de 2014
- ↑ «Guia annunciador do viajante luso-brasileiro: indicador official dos caminhos de ferro e da navegação». Biblioteca Nacional Digital. Ano 10 (37). Lisboa: Empreza do Guia Annunciador. 1888. p. 70. Consultado em 25 de Setembro de 2018
- ↑ SARDO e BRANDÃO, 2010:90
- ↑ SARDO e BRANDÃO, 2010:91
- ↑ «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (363). 1 de Fevereiro de 1903. p. 43-44. Consultado em 14 de Abril de 2014
- ↑ SARDO e BRANDÃO, 2010: 97
- ↑ a b c SARDO e BRANDÃO, 2010:99
- ↑ «O que se fez nos Caminhos de Ferro em Portugal no Ano de 1933» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1106). 16 de Janeiro de 1934. p. 49-52. Consultado em 14 de Abril de 2014
- ↑ a b CORRÊA, António de Vasconcelos (16 de Fevereiro de 1939). «A vida da C. P. desde o convénio de 1894» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 51 (1228). p. 126-131. Consultado em 14 de Abril de 2014
- ↑ «O que se fez nos Caminhos de Ferro Portugueses, durante o ano de 1934» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1130). 16 de Janeiro de 1935. p. 50-51. Consultado em 14 de Abril de 2014
- ↑ «Os Nossos Caminhos de Ferro em 1935» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 48 (1154). 16 de Janeiro de 1936. p. 52-55. Consultado em 14 de Abril de 2014
- ↑ 1ª Adenda do Diretório da Rede 2020 | Anexo 3.8: p.101.138
- ↑ MOTA, 2002:309
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- MOTA, Armor (2002). Oliveira do Bairro: Alma e Memória. Oliveira do Bairro: Câmara Municipal. 372 páginas
- QUEIRÓS, Eça de (1993) [1925]. A Capital. Col: Romances completos de Eça de Queirós. [S.l.]: Círculo de Leitores. 396 páginas. ISBN 972-42-0673-4
- SARDO, Flávio; BRANDÃO, António (2010). Aveiro: Roteiros Republicanos 1.ª ed. Matosinhos: Quidnovi, Edição e Conteúdos, Lda., e Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República. 126 páginas. ISBN 978-989-554-719-7