Estrada de Ferro Central da Bahia

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Estação ferroviária da EFCBH em São Félix.

A Estrada de Ferro Central da Bahia (EFCBH) foi uma ferrovia que conectou o Recôncavo baiano ao sertão e a Chapada Diamantina. A ferrovia foi idealizada por políticos e comerciantes das cidades baianas de Cachoeira e São Félix.

História

A solicitação para construção foi de iniciativa do Vereador e Coronel José Ruy Dias d'Affonseca, sendo aprovada pela Câmara de Cachoeira e enviada ao Presidente da Província da Bahia. Como forma de retribuir a lealdade dos que lutaram na guerra de Independência da Bahia, o Imperador Dom Pedro II sancionou o Decreto Imperial n.º 1.242, de 16 de junho de 1865, estabelecendo que: "Autorisa o Governo a contractar com a Companhia, que se organisar, a construcção de uma via férrea, que poderá ser pelo systema tram-road, conforme fôr mais conveniente, entre a Cidade da Cachoeira e a Chapada Diamantina na Provincia da Bahia, com um ramal á Villa da Feira de Santa Anna (...)".[1][2]

Quem primeiro ganhou a concessão de privilégio para a construção foi o engenheiro inglês John Charles Morgan, por meio do Decreto Imperial n.º 3.590, de 17 de janeiro de 1866, realizando apenas 25 dos quase 45 quilômetros do ramal de Feira de Santana. A empresa foi organizada na Inglaterra por nome de Paraguassú Steam Tram-Road Company Limited e no Brasil por nome de Estrada de Ferro do Paraguassú, falindo em 1870.[3][4]

A segunda concessão de privilégio foi dada ao engenheiro inglês Hugh Wilson que assinou, em 26 de setembro de 1872, com o Presidente da Província da Bahia Joaquim Pires Machado Portela, um contrato se comprometendo a assumir a massa falida e organizar uma nova empresa. Tal contrato foi ratificado por Dom Pedro II, conforme redação do Decreto Imperial n.º 5.777, de 28 de outubro de 1874. A empresa foi organizada na Inglaterra com o nome Brazilian Imperial Central Bahia Railway Company Limited e no Brasil com nome Companhia Anonyma da Imperial Estrada de Ferro Central da Bahia, sendo autorizada a funcionar por meio do Decreto Imperial n.º 6.094, de 12 de janeiro de 1876.[5]

Sob o controle da Brazilian Imperial Central Bahia Railway Company Limited, a ferrovia foi construída em sete etapas. A primeira etapa foi a conclusão do ramal ligando a cidade Cachoeira a Villa de Feira de Santa Anna, atual Feira de Santana, aberto ao tráfego em 2 de dezembro de 1876, com a extensão de 45 quilômetros. A segunda etapa foi a construção da linha principal entre São Félix e Tapera, atual Taperi, região de Santa Teresinha, aberta ao tráfego em 23 de dezembro de 1881, com a extensão de 84 quilômetros e o ramal de Monte Cruzeiro ligando Tapera a Santa Teresinha, aberto ao tráfego em 23 de dezembro de 1881, com a extensão de 2 quilômetros. A terceira etapa foi o prolongamento da linha principal entre Tapera e João Amaro, região de Iaçu, aberta ao tráfego 15 de outubro de 1883, com a extensão de 97 quilômetros. A quarta etapa foi o prolongamento da linha principal entre João Amaro e Queimadinhas, atual Marcionílio Souza, aberta ao tráfego em 11 de janeiro de 1885, com a extensão de 63 quilômetros. A quinta etapa foi a construção do ramal (sub-ramal de Feira de Santana) ligando Cruz a São Gonçalo, aberta ao tráfego em 16 de janeiro de 1886, com extensão de 3 quilômetros. A sexta etapa foi o prolongamento da linha entre Queimadinhas e Bandeira de Melo, região de Itaetê, aberta ao tráfego em 19 de maio de 1887, com a extensão de 11 quilômetros. A última etapa foi a construção do ramal ligando Queimadinhas a Olhos d’Água, atual Machado Portella, região de Marcionílio Souza, aberto ao tráfego em 15 de novembro de 1888, com a extensão de 13,600 quilômetros.[6][7]

Com a entrada em vigor da Lei n.º 652, de 23 de novembro de 1899, e da Lei n.º 746, de 29 de dezembro de 1900, a Estrada de Ferro Central da Bahia foi resgatada e arrendada aos administradores da Estrada de Ferro da Bahia ao São Francisco e em 1911, a Central da Bahia passou a ser administrada pela empresa franco-belga Compagnie des Chemins de Fer Fédéraux de l'Est Brésilien. Sob o controle da CCFFEB, prolongou-se a linha de Machado Portella a Iracema, aberta ao tráfego em 07 de fevereiro de 1921, com a extensão de 32 quilômetros. De Iracema a Jequi, aberta ao tráfego em 22 de novembro de 1921, com extensão de 39 quilômetros. De Bandeira de Melo a Itaetê (ramal), aberta ao tráfego em 26 de maio de 1923, com extensão de 23 quilômetros. De Conceição a Afflingidos (sub-ramal do ramal de Feira de Santana), aberta ao tráfego em 03 de novembro de 1923, com extensão de 22,076 quilômetros. De Jequi a Sincorá, aberta ao tráfego em 15 de junho de 1927, com extensão de 27 quilômetros. Por fim, a linha foi prolongada de Sincorá a Contendas, aberta ao tráfego em 02 de agosto de 1928, com extensão de 24 quilômetros. Em 1935, se dá a encampação (extinção) da Estrada de Ferro Central da Bahia, por determinação do presidente Getúlio Vargas, sendo transferido o patrimônio para a Viação Férrea Federal Leste Brasileiro S/A (VFFLB).[8][9]

Condições técnicas do projeto original

Bitola - 1,067 m / Declividade máxima - 3% / Relação da extensão em nível - 27,663% / Relação da extensão em declive - 72,337% / Relação dos alinhamentos retos - 68,448% / Relação dos alinhamentos em curvas - 31,552% / Raio mínimo das curvas - 120 m / Altura máxima dos cortes - 21 m / Altura máxima dos aterros - 18 m

Referências

  1. http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-1242-16-junho-1865-554455-publicacaooriginal-73071-pe.html
  2. JUNIOR, Cyro Diocleciano Ribeiro Pessoa. Estudo descriptivo das Estradas de Ferro do Brazil. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional. 1886.
  3. TARQUÍNIO, Mário. Vias de comunicação e meios de transporte no Estado da Bahia. Revista do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, Salvador, p. 325–444, 1934.
  4. ZORZO, Francisco Antônio. O movimento de tráfego da empresa da Estrada de Ferro Central da Bahia e seu impacto comercial: das iniciativas privadas inaugurais à encampação estatal (1865-1902). Revista Sitientibus, Feira de Santana, n. 26, p. 63-77, jan./jun. 2002.
  5. ZORZO, Francisco Antônio. O movimento de tráfego da empresa da Estrada de Ferro Central da Bahia e seu impacto comercial: das iniciativas privadas inaugurais à encampação estatal (1865-1902). Revista Sitientibus, Feira de Santana, n. 26, p. 63-77, jan./jun. 2002.
  6. http://vfco.brazilia.jor.br/ferrovias/Bahia/02bahiaEFCB.shtml
  7. http://vfco.brazilia.jor.br/ferrovias-historia/1907-CIB/EF-Central-Bahia.shtml
  8. http://vfco.brazilia.jor.br/ferrovias-historia/1944-datas-abertura-trilhos/VFFLB-Linha-Central-Bahia.shtml
  9. http://www.estacoesferroviarias.com.br/ba_lbras/lestebrasileiro.htm

Ver também

Ligações externas