Facundo: Civilização e Barbárie

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Facundo: Civilização e Barbárie
Facundo: Civilización y barbarie
Facundo: Civilização e Barbárie
Capa da edição originial de 1845 The cover of the original version from 1845.
Autor(es) Domingo Faustino Sarmiento
Idioma espanhol
País Chile
Arte de capa Alberto Nicasio
Editora El Progreso de Chile (edição original)
Lançamento 1845
ISBN 0-520-23980-6

Facundo: Civilização e Barbárie (título original completo, em espanhol: Civilización i barbarie. Vida de Juan Facundo Quiroga, i aspecto físico, costumbres i hábitos de la República Arjentina) é um livro publicado em 1845 por Domingo Faustino Sarmiento, escritor e jornalista, que se tornou o sétimo presidente da Argentina. A obra é um pilar da literatura da América Latina: um trabalho de não ficção criativa que contribuiu para estabelecer os parâmetros para pensar o desenvolvimento, modernização, poder e cultura da região. Com o subtítulo "Civilização e Barbárie", o livro contrasta civilização e barbárie na Argentina do século XIX. O crítico literário Roberto González Echevarría considera Facundo "o livro mais importante escrito por um latino-americano em qualquer disciplina ou gênero".[1]

A obra conta a vida de Juan Facundo Quiroga, um gaúcho que aterrorizava a Argentina provincial nas décadas de 1820 e 1830. Kathleen Ross, uma das tradutoras de Facundo para o inglês, ressalta que o autor publicou o livro para "denunciar a tirania do ditador argentino Juan Manuel de Rosas".[2] Rosas governou a Argentina de 1829 a 1832 e de 1835 a 1852. Por causa de Rosas, Sarmiento estava exilado no Chile, onde escreveu o livro. Sarmiento considera Rosas herdeiro de Facundo: ambos são caudilhos e representam um barbarismo que é resultado da vida no interior rural da Argentina.[3] Conforme explica Ross, o livro de Sarmiento se propõe, portanto, a descrever o "caráter nacional argentino, explicando os efeitos das condições geográficas da Argentina na personalidade, a natureza 'bárbara' do interior versus a influência 'civilizadora' da cidade, e o grande futuro que aguardava a Argentina quando o país abriu suas portas para a ampla imigração européia."[2]

Ao longo do texto, Sarmiento explora a dicotomia entre civilização e barbárie. Conforme observa Kimberly Ball, "a civilização é identificada com a Europa setentrional, a América do Norte, as cidades, os unitários,[nota 1] Paz, e Rivadavia",[4] enquanto "a barbárie é identificada com a América Latina, a Espanha, a Ásia, o Oriente Médio, a zona rural, os federalistas,[nota 2] Facundo e Rosas.[4] É devido à forma com que Sarmiento articula essa oposição que o livro teve influência tão profunda. Nas palavras de González Echevarría, "ao propor a dialética entre civilização e barbárie como o conflito central na cultura latino-americana, Facundo deu forma a uma polêmica que começou no período colonial e que continua nos dias atuais".[5]

A primeira edição de Facundo foi publicada em partes, em 2845. Sarmiento removeu os dois últimos capítulos da segunda edição (1851), mas colocou-os de volta na edição de 1874 após concluir que eram importantes para o desenvolvimento do livro.

Notas

  1. Unitários: defendiam um governo unificado e centralizado em Buenos Aires.
  2. Federalistas: rivais dos unitários; defendiam maior autonomia para as províncias

Referências

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  1. Ball, Kimberly (1999), «Facundo by Domingo F. Sarmiento», in: Moss, Joyce; Valestuk, Lorraine, Latin American Literature and Its Times, ISBN 0-7876-3726-2, 1, World Literature and Its Times: Profiles of Notable Literary Works and the Historical Events That Influenced Them, Detroit: Gale Group, pp. 171–180 
  2. González Echevarría, Roberto (2003), «Facundo: An Introduction», in: Domingo Faustino Sarmiento, Facundo: Civilization and Barbarism, Berkeley, CA: University of California Press, pp. 1–16 
  3. Ross, Kathleen (2003), «Translator's Introduction», in: Domingo Faustino Sarmiento, Facundo: Civilization and Barbarism, trans. Kathleen Ross, Berkeley, CA: University of California Press, pp. 17–26