Greenwashing

O anglicismo greenwashing (do inglês green, verde, e whitewash, branquear ou encobrir) ou banho verde[3][4][5] indica a injustificada apropriação de virtudes ambientalistas por parte de organizações (empresas, governos, etc.) ou pessoas, mediante o uso de técnicas de marketing e relações públicas. Tal prática tem como objetivo criar uma imagem positiva, diante a opinião pública, acerca do grau de responsabilidade ambiental dessas organizações ou pessoas (bem como de suas atividades e seus produtos), ocultando ou desviando a atenção de impactos ambientais negativos por elas gerados.
O greenwashing é uma ação que empresas realizam para "maquiar" os seus produtos e tentar passar a ideia de que eles são ecoeficientes, ambientalmente corretos, provêm de processos sustentáveis, entre outros. Assim, termos e expressões como “eco”, “ecológico”, “menos poluente” e “sustentável” começam a aparecer nas embalagens e rótulos de diversos produtos, na tentativa de indicar que as empresas são ambientalmente responsáveis.[6]
Essa demanda muitas vezes gera procedimentos incorretos, em que se incluem informações falsas, irrelevantes ou confusas, que fazem com que o consumidor tenha ceticismo para com os produtos "verdes" e se mostre confuso aquando da escolha ou avaliação entre produtos de empresas realmente "verdes" e outras que primam pelas ações do greenwashing. Logo, o greenwashing, além de não fornecer qualquer contributo positivo para o meio ambiente, ainda gera desconfiança nos consumidores, afastando-os dos produtos, de facto, ambientalmente corretos.
Etimologia[editar | editar código-fonte]
O termo greenwash surge em 1989, em um artigo da revista New Scientist,[7] sendo logo substantivado como greenwashing em 1991,[8] por analogia com brainwashing.[9] O termo se difunde amplamente nos anos 2006 e 2007,[10][11] paralelamente à difusão do próprio fenômeno. A cor é em referência ao movimento ambientalista.
Sinais[editar | editar código-fonte]
- Malefícios esquecidos. Ex.: equipamento eletrônico eficiente energeticamente, mas que contenha materiais prejudiciais à saúde e ao meio ambiente;
- Paradoxos. Ex.: combustível de origem fóssil alegadamente verde como gasolina eco; ou automóveis verdes quando qualquer automóvel polui muito mais que qualquer transporte público ou modo ativo para mobilidade.
- Produtos verdes x empresa suja. Ex: como lâmpadas eficientes feitas em uma fábrica que polui rios;
- Falsa analogia. Ex.: uso injustificado de cenários naturais para vender produtos ambientalmente inadequados. Ex: veículos poluidores do ar trafegando em florestas preservadas.
- Falta de clareza. Ex.: uso de expressões vagas, como "ecologicamente amigável" (eco-friendly);
- Falta de provas. Ex.: xampu, sabão ou detergente que afirma ter certificação ambiental, mas que não se pode confirmar a veracidade.
- Promessas vagas. Ex.: produtos que se anunciam como 100% naturais, como garantia de segurança, embora muitas substâncias que ocorrem na natureza sejam prejudiciais ou tóxicas, como o arsênio e o formaldeído.
- Irrelevância. Ex.: ênfase sobre um insignificante atributo que é "verde", quando todos os demais atributos não o são. Ex.: informar que o produto é livre de CFC[desambiguação necessária], substância proibida há vinte anos.
- Mentira. Ex.: uso de certificados ambientais que parecem ser emitidos por uma entidade reconhecida (EcoLogo, Energy Star etc.) mas que, de fato, não o são.
- Uso de jargão "científico" e de informações que a maioria das pessoas não é capaz de entender.
- "Demônios Maquiados" . Ex.: cigarros orgânicos ou pesticidas "ambientalmente amigáveis".[12]
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ «BP's Long History Of Greenwashing and Accidents» (em inglês). 18 de maio de 2010. Consultado em 23 de agosto de 2016
- ↑ «Greenwash: BP and the myth of a world 'Beyond Petroleum'». The Guardian (em inglês). 20 de novembro de 2008. ISSN 0261-3077
- ↑ Naime, Roberto; Klain, Simoni (2012). «ESTUDO SOBRE A CONSCIENTIZAÇÃO DO CONSUMIDOR NA PRÁTICA DOS GESTOS DE CONSUMO: ESTUDO DE CASO COM ESTUDANTES DA UNIVERSIDADE FEEVALE». Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental. 8 (8): 1851–1866. ISSN 2236-1170. doi:10.5902/223611707272
- ↑ «Preços são mais importantes que ecologia - Portal Aprendiz». Portal Aprendiz. 18 de julho de 2007
- ↑ «Greenwashing é o nome comercial da demagogia verde». exame.abril.com.br. Consultado em 24 de julho de 2018
- ↑ Chen, Y.S.., & Chang, C. H . (2013). «Greenwash and green trust: The mediation effects of green consumer confusion and green perceived risk». Journal of Business Ethics. 114(3), 489-500
- ↑ Aid to disaster', New Scientist, 7 de outubro de 1989.
- ↑ David Beers e Catherine Capellaro Greenwash!. Mother Jones, março-abril de 1991.
- ↑ Merriam-Webster Dictionary: "greenwashing"
- ↑ Le greenwashing ou la séduction entre le dit et le non-dire : études de procédés discursifs Arquivado em 31 de julho de 2013, no Wayback Machine.. Por Elodie Vargas, 2009,
- ↑ 6 fois plus de greenwashing en 3 ans, por Frederick Curling, GreenIT, 26 de novembro de 2009
- ↑ «The Greenwash Guide» (PDF). Consultado em 24 de novembro de 2013. Arquivado do original (PDF) em 13 de maio de 2014
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Catherine, P. (n.d). Eco-friendly labelling? It's a lot of 'greenwash'. Toronto Star (Canada), Retrieved from Newspaper Source database.
- Clegg, Brian. 2009. Eco-logic: Cutting Through the Greenwash: Truth, Lies and Saving the Planet. London: Eden Project. ISBN 978-1-905811-25-0.
- Dobin, D (2009). «Greenwashing harms entire movement». Lodging Hospitality. 65 (14): 42
- Greer, Jed, and Kenny Bruno. 1996. Greenwash: The Reality Behind Corporate Environmentalism. Penang, Malaysia: Third World Network. ISBN 983-9747-16-9.
- Jenny, D. (n.d). New reports put an end to greenwashing. Daily Telegraph, The (Sydney), Retrieved from Newspaper Source database.
- Jonathan, L. (n.d). Why 'greenwash' won't wash with consumers. Sunday Times, The, Retrieved from Newspaper Source database.
- Lippert, I. (2011). Greenwashing. In K. Wehr, editor, Encyclopedia of Green Culture. New Delhi: Sage Publications. ISBN 978-1-4129-9693-8. doi:10.4135/9781412975711.n67
- Lubbers, Eveline. 2002. Battling Big Business: Countering Greenwash, Infiltration, and Other Forms of Corporate Bullying. Monroe, ME: Common Courage Press. ISBN 1-56751-224-0
- Priesnitz, W. (2008). Greenwash: When the green is just veneer. Natural Life, (121), 14-16. Retrieved from GreenFILE database.
- Seele, P., and Gatti, L. (2015) Greenwashing Revisited: In Search of a Typology and Accusation-Based Definition Incorporating Legitimacy Strategies. Bus. Strat. Env., doi: 10.1002/bse.1912.
- Tokar, Brian. 1997. Earth for Sale: Reclaiming Ecology in the Age of Corporate Greenwash. Boston: South End Press. ISBN 0-89608-558-9.
- (2009). Greenwashing culprits to be foiled ahead of business summit. European Environment & Packaging Law Weekly, (159), 28. Retrieved from GreenFILE database
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- Roberts Environmental Center- ratings of corporate sustainability claims.
- «Greenwashing» (em inglês). no How Stuff Works
- Beware of Greenwashing: Not All Environmental Claims are Meaningful- How to avoid being fooled
- Sins of greenwashing
- Questioning "corporate social responsibility"- Greenwashing article from London's Southern OnTrack magazine
- Greenwashing in Popular Culture and Art
- What is Greenwashing, and Why is it a Problem?"
- Footsie 100 Green Winners and Green Washers Survey
- DuPont and Greenwash"An Examination of the Limits to DuPont's 'Sustainability' Commitments" by United Steelworkers Union 11/03/07
- Greenwashing and the corporate mind
- Streaming audio of a January 2011, radio program on the subject of Green Marketing/Greenwashing -- from Canada's public broadcasting radio, CBC Radio. This link also provides the videos which accompany the radio show.
- Le Greenwashing, arme fatale de communication ou dogme écologique?
- The 10:10 campaign: Corporate greenwash?Independent Research organisation Corporate Watch looks at the fact of a 2009 campaign by energy provider E.On
- The Climate Wealth Opportunists, on the greenwashing of corporate environmental aims or policies by some non-profit organizations