Hilda de Paulo

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Hilda de Paulo
Nascimento 1987 (37 anos)
Inhumas
Ocupação artista, investigadora, poetisa, escritora, ativista, curadora

Hilda de Paulo (Inhumas, 1987) é uma artista multidisciplinar, curadora, pesquisadora, escritora, poetisa travesti e ativista transfeminista e decolonial brasileira.[1][2][3][4]

Percurso[editar | editar código-fonte]

Hilda nasceu em Inhumas, em Goiás, na região do cerrado onde viveu até a sua adolescência. Sua relação com a região onde nasceu se reflete na exposição Princesinha do Cerrado porque esse era o nome pelo qual a sua cidade era conhecida nos anos 1930.[5] Seu trabalho também traz reflexões sobre a vivência trans e da experiência como imigrante brasileira em Portugal, na cidade do Porto, onde vive e trabalha.[6][7]

Formou-se em História de Arte pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e continuou os seus estudos na mesma faculdade, com uma especialização em Práticas Artísticas Contemporâneas e em 2022, era mestranda em Artes Plásticas com percurso em Escultura, a desenvolver uma dissertação intitulada Saberes Transfeministas como Prática de Autorrecuperação: Da Transição do Objeto à Sujeita nas Espacializações Femininas e Reelaborações de Si.[2][8][7]

Hilda integrou exposições coletivas nacionais e internacionais, e algumas de suas obras fazem parte do acervo permanente do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), do Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC), da Fundação Memorial da América Latina, em São Paulo, e da Fundação de Serralves e da Coleção Municipal de Arte da cidade do Porto, em Portugal.[2][4][9]

Participou das seguintes residências artísticas: TUP em Residência (mala voadora; CRL-Central Elétrica; Túnel, Porto, Portugal, 2021-22); Programa de Residências Despina (Rio de Janeiro-RJ, Brasil, 2019); Fjúk Arts Centre (Húsavík, Islândia, 2015-16); e Casa do Sol – Instituto Hilda Hilst (Campinas-SP, Brasil, 2014).[2][3][4]

Hilda é criadora do projeto Arquivo Gis, em homenagem a Gisberta Salce, que reúne documentação sobre representações de pessoas trans de Portugal.[2][3][10]

Hilda também é programadora dos festivais Queer Lisboa e Queer Porto, membra fundadora da Cia. Excessos e da eRevista Performatus, que dirige com o artista visual Tales Frey, e ainda organizadora e diretora da Mostra Performatus.[1][2][3]

Em 2022, apresentou na mala voadora, Porto, a palestra-performance-oficina criada por si O Que Vem Depois da Esperança? com produção do Teatro Universitário do Porto. Esta peça ganhou o Criatório 2021, concurso anual da Câmara Municipal do Porto de apoio à criação artística.[4]

No âmbito da exposição Ana Mendieta: Silhueta em Fogo, foi curadora da mostra terra abrecaminhos no SESC Pompeia (2023), que aproximava a obra de Ana Mendieta a de outras 30 pessoas representantes das artes contemporâneas. A abordagem incluiu representatividade e feminismos negros, decoloniais, chicanos e ecotransfeministas, reunindo nomes como Carolee Schneemann (1939-2019), Celeida Tostes (1929-1995), Laura Aguilar (1959-2018) e Márcia X. (1959-2005). Além de expoentes das artes ainda em atividade, como Suzana Queiroga, Ricca Lee, Cecilia Vicuña, Regina José Galindo, Yara Pina e a travesti Vulcanica Pokaropa.[11][12][13]

Reconhecimentos[editar | editar código-fonte]

As suas obras fazem parte do acervo de instituições de relevo no Brasil e em Portugal, tal como da Coleção Municipal de Arte da cidade do Porto, adquirida em 2022 (Eu Gisberta, 2015), o do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), o do Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Niterói, e o da Fundação Memorial da América Latina.[1][6][14]

Em 2020, fez parte da seleção de 24 artistas que ocuparam mupis na cidade do Porto, na exposição Poético ou Político?, promovida pela associação cultural Saco Azul, do espaço Maus Hábitos.[15]

Em 2022, foi convidada do podcast A Beleza das Pequenas Coisas, pelo jornalista Bernardo Mendonça, do jornal Expresso.[1]

Obra[editar | editar código-fonte]

Performances e apresentações[editar | editar código-fonte]

  • 2022, Mala Voadora, Porto[1]
  • 2021-2022, O que vem depois da Esperança, Porto e Lisboa[1][8]
  • 2021, Identidades, no Coliseu do Porto[1]
  • 2021, O corpo nunca existe em si mesmo, Teatro Municipal do Porto[16]

Exposições[editar | editar código-fonte]

  • 2023, Eu Como Você, com Tales Frey[17]
  • 2021, Princesinha do Cerrado, Associação Cultural CAAA, Guimarães[18][5]
  • 2020, Poético ou Político?, Maus Hábitos, Porto[19]

Artes visuais[editar | editar código-fonte]

  • 2021, avó: rainha da terceira idade em 2000; mãe: rainha estudantil em 1983-1984-1985; eu: rainha quando? - Plotter, 230x75cm[9]
  • 2020, ...que eu também não adoeça de Brasil! [20]
  • 2015, Eu Gisberta - Fotografia, 100x100cm[9]

Projetos[editar | editar código-fonte]

  • 2022, Arquivo Gis, projeto que reúne registos, obras, memórias e histórias de Gisberta Salce[1]
  • Cia. Excessos[1]
  • Revista Performatus, em parceria com Tales Frey[1]

Publicações[editar | editar código-fonte]

  • 2023, Hilda de Paulo #01[21]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d e f g h i j «Hilda de Paulo: "Não é esperada a intelectualidade das pessoas trans, nem da preta retinta. Vivemos ainda o eco do colonialismo"». Expresso. 2 de dezembro de 2022. Consultado em 4 de agosto de 2023 
  2. a b c d e f «Hilda de Paulo – GALERIA ARTE LUSÓFONA». Consultado em 4 de agosto de 2023 
  3. a b c d «Pode a artista brasileira, imigrante e travesti Hilda de Paulo tomar a palavra?». www.interruptor.pt. 9 de maio de 2022. Consultado em 4 de agosto de 2023 
  4. a b c d «VISITA ORIENTADA À EXPOSIÇÃO 'RIVANE NEUENSCHWANDER: SEMENTES SELVAGENS'». www.serralves.pt. Consultado em 4 de agosto de 2023 
  5. a b «Exposições de Hilda de Paulo e de Tales Frey inauguram dia 9 janeiro, Guimarães (CAAA)». dgartes.gov.pt. Consultado em 4 de agosto de 2023 
  6. a b «Eu Gisberta Hilda de Paulo - Pláka». plaka.porto.pt. Consultado em 4 de agosto de 2023 
  7. a b «Pode a artista brasileira, imigrante e travesti Hilda de Paulo tomar a palavra?». www.interruptor.pt. 9 de maio de 2022. Consultado em 4 de agosto de 2023 
  8. a b «Notas sobre a palestra-performance-oficina "O que vem depois da esperança?"». Museu do Aljube. Consultado em 4 de agosto de 2023 
  9. a b c «Hilda de Paulo». MUTHA. 18 de fevereiro de 2021. Consultado em 4 de agosto de 2023 
  10. «Hilda de Paulo e Teatro Universitário do Porto refletem sobre "privilégio cisgénero"». SAPO Mag. Consultado em 4 de agosto de 2023 
  11. Barreto, Guilherme (31 de agosto de 2023). «Obras de arte têm usado o corpo para quebrar tabus e investigar feminismos». Sesc São Paulo. Consultado em 20 de fevereiro de 2024 
  12. «Hilda de Paulo». Prêmio PIPA. Consultado em 20 de fevereiro de 2024 
  13. «Artista cubano-americana Ana Mendieta é tema de duas mostras em São Paulo | Arte ao Redor - Por Mattheus Goto». VEJA SÃO PAULO. Consultado em 20 de fevereiro de 2024 
  14. https://www.jn.pt. «Câmara do Porto compra mais 18 obras de arte para reforçar a sua coleção». Jornal de Notícias. Consultado em 4 de agosto de 2023 
  15. Silva, Ana Patrícia (30 de dezembro de 2021). «Há uma exposição ao ar livre no Porto espalhada por 48 mupis». Time Out Porto. Consultado em 4 de agosto de 2023 
  16. «Palcos Instáveis / Tales Frey - O corpo nunca existe em si mesmo». Teatro Municipal do Porto. Consultado em 4 de agosto de 2023 
  17. «Eu Como Você». www.maushabitos.com. Consultado em 4 de agosto de 2023 
  18. «Princesinha do Cerrado, Exposição de Hilda de Paulo : CAAA Centro para os Assuntos da Arte e Arquitectura». Consultado em 4 de agosto de 2023 
  19. Silva, Ana Patrícia (30 de dezembro de 2021). «Há uma exposição ao ar livre no Porto espalhada por 48 mupis». Time Out Porto. Consultado em 4 de agosto de 2023 
  20. «Mãe Paulo ...que eu também não adoeça de Brasil!». www.maushabitos.com. Consultado em 4 de agosto de 2023 
  21. «Hilda de Paulo / Hilda de Paulo #01 - Teatro Municipal do Porto». Hilda de Paulo / Hilda de Paulo #01 -. Consultado em 6 de novembro de 2023