Yusuf ibn 'Abd al-Rahman al-Fihri

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Iúçufe Alfiri)
Iúçufe ibne Abderramão Alfiri
Morte 759
Etnia Árabe
Progenitores Pai: Abderramão
Ocupação Uale e general
Religião Islamismo

Iúçufe Abderramão[1] (ou Abederramão,[2] Abderramane[3] e Abederramane[4]) Alfiri[5] (em árabe: يوسف بن عبد الرحمن الفهري; romaniz.:Yusuf ibn 'Abd al-Rahman al-Fihri)[6] foi uale (governador) omíada de Narbona na Septimânia e do Alandalus de 732 a 759, governando independentemente após o colapso do Califado Omíada de Damasco em 750. Em 755, após anos de exílio, herdeiro omíada e futuro Abderramão I (r. 756–788) desembarcou no Alandalus e Iúçufe o enfrentou pelo controle da região, mas terminou derrotado.

Vida[editar | editar código-fonte]

Iúçufe era filho de Abderramão[7] e descendente de Uqueba ibne Nafi, fundador de Cairuão.[8] Após a Batalha de Poitiers de 732, foi nomeado uale de Narbona, de acordo com a Crônica de Moissac, onde ficou no comando de operações militares. Diz-se que por quatro anos invadiu e saqueou o Baixo Ródano, e em 735 conquistou Arles.[9] Como muitos de seus antecessores, lutou para controlar as brigas entre os berberes (a maior parte de sua base de poder) e os árabes, e também teve que lidar com disputas perenes entre as tribos árabes adenanitas e catanitas que compunham suas forças.[10]

Após a instabilidade da Revolta Berbere (739–743) no Alandalus, foi concluído um acordo entre diferentes facções árabes para que houvesse alternância do cargo de uale.[11] Em 746, foi nomeado uale do Alandalus[12] e após anos de mandato, se recusou a resignar. Concomitantemente, em 750, os omíadas foram derrubados em Damasco. Foi apontado inclusive que realmente governava como rei (maleque), e não governador (uale). Depois de se tornar governante, conduziu um censo,[11] que foi utilizado pelo bispo Hostégesis de Málaga à produção duma lista de contribuintes de impostos e da jizia. O bispo fazia então visitas anuais para garantir que os impostos fossem cobrados corretamente.[13]

Em 755, Iúçufe tentou uma revolta em Saragoça e lançou uma campanha contra os bascos de Pamplona, mas o destacamento enviado foi aniquilado.[14] No mesmo ano, o príncipe omíada Abderramão ibne Moáuia, que havia fugido da Síria em 750 para escapar dos abássidas, desembarcou na costa sul do Alandalus.[15] Com a sua chegada, os andalusinos se dividiram. No geral, as forças iemenitas se aliaram ao omíada, enquanto seus rivais caicitas e modaritas mantiveram-se leais a Iúçufe.[16] Após uma falhada tentativa de acordo, Iúçufe foi derrotada na Batalha de Muçara,[17] fora de Córdova, em março de 756.[18] Ainda conseguiu fugir do campo de batalha para o norte e seguir em direção a Toledo, quiçá primeiro tentando recuperar Sevilha, mas falhou. Pode ter sido morto em sua retirada para Toledo, enquanto outros relatos o localizam naquela fortaleza ainda por dois ou três anos, onde foi morto por alguns de seus próprios homens.[19]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Precedido por
Abderramão ibne Catir Alami
Uale do Alandalus
746 — 756
Sucedido por
Abderramão I (como emir)

Referências

  1. Alves 2014, p. 59; 571.
  2. Serrão 1977, p. 57.
  3. Losa 1982, p. 39.
  4. Ocidente 1955, p. 101.
  5. Cruz 1952, p. 13.
  6. Fernandes 2016, p. 40, nota 23; 41.
  7. Fernandes 2016, p. 32.
  8. Hitti 1970, p. 504.
  9. Collins 1989, p. 91.
  10. Gerli 2003, p. 4.
  11. a b Wolf 2000, p. 156.
  12. Herbers 2006, p. 351.
  13. Imamuddin 1981, p. 58.
  14. Trask 1996, p. 12.
  15. Kennedy 2014, p. 31.
  16. Collins 1989, p. 122.
  17. Al-Sulami 2004, p. 207.
  18. Imamuddin 1961, p. 37.
  19. Collins 1989, p. 132.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Al-Sulami, Mishal Fahm (2004). The West and Islam: Western Liberal Democracy Versus the System of Shura. Londres: Routledge 
  • Alves, Adalberto (2014). Dicionário de Arabismos da Língua Portuguesa. Lisboa: Leya. ISBN 9722721798 
  • Coelho, António Borges (1972). Portugal Na Espanha Árabe: Organização, Prólogo E Notas de António Borges Coelho Vol. I. Lisboa: Seara Nova 
  • Collins, Roger (1989). The Arab Conquest of Spain 710-797. Oxônia: Wiley-Blackwell. ISBN 0-631-19405-3 
  • Cruz, Antônio da (1952). Prosódia de nomes próprios pessoais e geográficos. Petrópolis: Editora Vozes 
  • Gerli, E. Michael (2003). Medieval Iberia: An Encyclopedia. Nova Iorque e Londres: Routledge 
  • Herbers, Klaus. Geschichte Spaniens im Mittelalter: vom Westgotenreich bis zum Ende des 15. Jahrhunderts. Estugarda: W. Kohlhammer 
  • Hitti, Philip Khuri (1970). History of the Arabs from the Earliest Times to the Present. Londres: Macmillan 
  • Imamuddin, S. M. (1961). A Political History of Muslim Spain. Daca: Najmah 
  • Imamuddin, S. M. (1981). Muslim Spain - 711-1492 A.D: A Sociological Study. Leida e Nova Iorque: Brill 
  • Kennedy, Hugh (2014). Muslim Spain and Portugal: A Political History of Al-Andalus. Londres e Nova Iorque: Routledge. ISBN 978-1317870418 
  • Losa, António (1982). «Colecção de moedas árabes do Museu de Pio XII (Braga)». Guimarães. Revista Guimarães 
  • «Ocidente». 49. 1955 
  • Serrão, Joaquim Veríssimo (1977). História de Portugal: Estado, pátria e nação (1080-1415). Lisboa: Editorial Verbo 
  • Trask, R. Larry (1996). The History of Basque. Londres: Routledge 
  • Wolf, Kenneth Baxter (2000). Conquerors and Chroniclers of Early Medieval Spain. Liverpul: Imprensa da Universidade de Liverpul