Ilex aquifolium
Ilex aquifolium
azevinho | |||||||||||||||||
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| Estado de conservação | |||||||||||||||||
Pouco preocupante | |||||||||||||||||
| Classificação científica | |||||||||||||||||
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| Nome binomial | |||||||||||||||||
| Ilex aquifolium (L., 1753) | |||||||||||||||||
| Distribuição geográfica | |||||||||||||||||



Ilex aquifolium, comummente conhecido como azevinho[1], é um arbusto de folha persistente da família das Aquifoliáceas, pertencente ao tipo fisionómico dos fanerófitos[2], cultivado normalmente para efeitos ornamentais devido aos seus frutos vermelhos.
Os frutos desta espécie também são denominados azevinhos ou bagas.
É uma das numerosas espécies do género Ilex, e a única que nasce espontaneamente na Europa, sendo bastante comum até aos 1.500 metros de altitude.
Nomes comuns
[editar | editar código]Além de «azevinho», esta espécie é ainda conhecida pelos seguintes nomes comuns: azevim[3], azevinheiro[4], espinha-sempre-verde[5], sombra-de-azevim[6], visqueiro[7][8], pica-folha[7][2], xardo[7], zebro[7][9] e aquifólio.[10]
Etimologia
[editar | editar código]Quanto ao nome científico desta espécie:
- O nome genérico, Ilex, provém do latim, īlex, e significa «sobreiro, azinheira» ou então o fruto dessas árvores (azinha[11][12]).[13]
- O epíteto específico, aquifolium, também provém do latim, mais concretamente do étimo āquifolium, qual significa, literalmente, «de folhas pontiagudas»[2], sendo certo que já era usado na época clássica para aludir ao azevinho.[14]
Quanto aos nomes comuns desta espécie, os nomes «azevinho»[1], «azevim»[3], «azevinheiro»[4], «sombra-de-azevim»[6], radicam do étimo latino clássico aquifolium, tendo chegado até nós, por via popular. Do mesmo étimo, obtivemos o nome comum «aquifólio», por via erudita.[10]
Do que toca ao nome comum «visqueiro[8]» este fica-se a dever ao «visco» (grafia alternativa visgo[15]), que é o suco vegetal glutinoso e pegajoso, que se extraí da casca do azevinho e que foi, historicamente, usado na caça passareira. [16]
Descrição
[editar | editar código]O azevinho comum é um arbusto de crescimento muito lento, atingindo em adulto de quatro a seis metros de altura. Alguns pés chegam a formar autênticas árvores. Pode viver 100 anos ou mais.
As folhas alternas, inteiras, possuem um pecíolo curto e um limbo de 5 a 7 cm de comprimento, coriáceo, de forma geral ovalada e bordo ondulado e espinhoso, por vezes liso em indivíduos idosos. De um verde brilhante escuro na face superior, mais claras na face inferior, possuem espinhos afiados. As folhas persistem em geral três anos. A casca do tronco é cinzenta clara e lisa. Existem também azevinhos com folhas bicolores ou variegadas, geralmente verde e branco ou verde e creme (ver foto ao lado).
É uma espécie dioica (indivíduos masculinos e femininos distintos). Tem flores brancas, de pequena dimensão (cerca de 6 milímetros de diâmetro).
Distribuição
[editar | editar código]Esta espécie é nativa de quase todo o continente europeu, Norte de África e Sudoeste asiático.[7]
Portugal
[editar | editar código]O azevinho é uma espécie autóctone em Portugal Continental, marcando presença nas zonas do Noroeste ocidental, Noroeste montanhoso, Centro-oeste calcário, Centro-oeste arenoso, Centro-oeste cintrano, Centro-leste motanhoso, Sudeste meridional, Sudoeste meridional e Sudoeste montanhoso.[7]
Presentemente, o risco de ameaça de extinção do azevinho em Portugal é considerado pouco preocupante.[2] De acordo com a Lista Vermelha da Flora Vascular de Portugal Continental, esta classificação do estado de extinção do azevinho fica a dever-se ao facto de, apesar de não estar distribuída por todo o país, esta espécie é abundante o suficiente em vários locais da sua área de distribuição, incluindo as serras da Peneda, Gerês e noroeste das serras da Freita e Caramulo. [2]
Ameaças
[editar | editar código]Escala Internacional
[editar | editar código]Não há ameaças generalizadas à espécie. Há preocupações crescentes sobre a capacidade de regeneração, já que é tão extensamente explorada e que as mudas são sensíveis à seca e podem ser afetadas negativamente pelas mudanças climáticas em toda a faixa mediterrânea (Walther et al. 2005). Já houve relatos de espécies que se deslocaram mais ao norte devido a isso (Walther et al. 2005). Na Croácia, diminuiu devido à coleta na natureza (Nikolic e Topic 2007). Distribuições asiáticas e africanas não são conhecidas.[17]
A principal causa de seu declínio deve-se à excessiva procura para fins ornamentais durante a quadra natalícia. Sendo por isso totalmente proibida a sua colheita. Foi introduzido em outros continentes, como América do Norte e Austrália, onde é, por vezes, considerado como planta invasiva.
Portugal
[editar | editar código]Não se identificam ameaças significativas que possam levar esta espécie a enquadrar-se numa categoria de ameaça num futuro próximo.[2]
Os principais factores que pressionam esta espécie, são a expansão da exploração florestal sobremaneira mecanizada e a introdução de espécies exóticas invasoras susceptíveis de destruir o seu habitat.[2]
Legislação
[editar | editar código]Esta espécie é protegida pela legislação portuguesa, nos termos do Decreto-Lei 423/89 de 4 de Dezembro, sendo proibido, em todo o território de Portugal Continental, o arranque, o corte total ou parcial, o transporte e a venda de azevinho espontâneo.[18]
Dado a grande dificuldade em distinguir o azevinho espontâneo do cultivado, em contexto comercial, e existindo em Portugal Continental uma significativa atividade económica detorno do azevinho, especialmente durante a época natalícia, iniciou-se na década de 90 um esforço de credenciação voluntária dos produtores de azevinho, com o intuito de assegurar o cumprimento do sobredito decreto-lei, mais concretamente, para permitir que aqueles pudessem comerciar tranquilamente o azevinho cultivado.[18]
Toxicidade
[editar | editar código]Os frutos, que aparecem apenas nas plantas femininas, são pequenas drupas esféricas de 7 a 10 mm de diâmetro, de um vermelho brilhante, por vezes amarelas, quando maduras, contendo quatro grainhas lenhosas. Amadurecem no fim do verão, persistindo durante todo o inverno.
Não são comestíveis, chegando mesmo a serem tóxicos; por isso, certos animais, especialmente certas aves. De 20 a 30 bagas podem ser mortais para um adulto. As folhas também são tóxicas.
Usos
[editar | editar código]Madeira
[editar | editar código]A madeira é dura e homogénea, bastante pesada (densidade : 0,95), de cor branco-acinzentada. É utilizada no fabrico de peças de instrumentos musicais, entre outros.[19] Da maceração da casca, extrai-se o visco[16], substância pegajosa usada, historicamente, na captura de aves.[15]
Tinturaria
[editar | editar código]Do azevinho extrai-se a ilicina, substância corante.[20]
Folclore
[editar | editar código]Os ramos cobertos de drupas que persistem durante todo o inverno, contrastando com a folhagem persistente de cor verde-escura, tornam a planta muito procurada por ocasião das festas do Natal (um costume popular que, assim como a antiga árvore de Natal germânica, tem as suas origens na práticas do paganismo pré-cristão da Europa).
Referências
- ↑ a b S.A, Priberam Informática. «AZEVINHO». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 16 de outubro de 2025
- ↑ a b c d e f g «Ilex Aquifolium | Flora-On | Flora de Portugal». flora-on.pt. Consultado em 16 de outubro de 2025
- ↑ a b S.A, Priberam Informática. «AZEVIM». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 16 de outubro de 2025
- ↑ a b S.A, Priberam Informática. «AZEVINHEIRO». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 16 de outubro de 2025
- ↑ S.A, Priberam Informática. «espinha-sempre-verde». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 16 de outubro de 2025
- ↑ a b S.A, Priberam Informática. «sombra-de-azevim». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 16 de outubro de 2025
- ↑ a b c d e f «Jardim Botânico UTAD | Espécie Ilex aquifolium». Jardim Botânico UTAD. Consultado em 16 de outubro de 2025
- ↑ a b S.A, Priberam Informática. «visqueiro». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 16 de outubro de 2025
- ↑ S.A, Priberam Informática. «zebro». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 16 de outubro de 2025
- ↑ a b S.A, Priberam Informática. «aquifólio». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 16 de outubro de 2025
- ↑ S.A, Priberam Informática. «azinha». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 16 de outubro de 2025
- ↑ Infopédia. «azinha | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Dicionários infopédia da Porto Editora. Consultado em 16 de outubro de 2025
- ↑ Olivetti, Olivetti Media Communication-Enrico. «īlex - ONLINE LATIN DICTIONARY - Latin - English». online-latin-dictionary.com (em inglês). Consultado em 16 de outubro de 2025
- ↑ Olivetti, Olivetti Media Communication-Enrico. «āquifolium - ONLINE LATIN DICTIONARY - Latin - English». online-latin-dictionary.com (em inglês). Consultado em 16 de outubro de 2025
- ↑ a b S.A, Priberam Informática. «visgo». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 16 de outubro de 2025
- ↑ a b S.A, Priberam Informática. «visco». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 16 de outubro de 2025
- ↑ «The IUCN Red List of Threatened Species». IUCN Red List of Threatened Species. Consultado em 13 de janeiro de 2019
- ↑ a b «Protecção do Azevinho espontâneo - ICNF - Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas». www.icnf.pt. Consultado em 16 de outubro de 2025. Cópia arquivada em 17 de março de 2025
- ↑ «Trees of Western North Carolina: American Holly». Consultado em 1 de setembro de 2007. Arquivado do original em 24 de agosto de 2007
- ↑ S.A, Priberam Informática. «ilicina». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 16 de outubro de 2025
