João Bartholomeu Havelle
João Bartholomeu Havelle | |
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Dados pessoais | |
Nascimento | c.1720 Reino da França |
Morte | c.1783 |
Vida militar | |
País | Império Português Império Espanhol |
Força | Exército português Exército da Espanha |
Anos de serviço | 1753–1762 1762–1783 |
Hierarquia | Tenente-coronel |
Batalhas | Guerra dos Sete Anos |
João Bartholomeu Havelle, originalmente Jean Barthélémy Havelle também grafado como João Bartolomeu Houel/Howell/Hovell (França, c.1720 — [S.l.], 1783), foi um engenheiro militar francês que prestou importantes serviços na América Meridional, tanto à Monarquia de Portugal quanto a de Espanha.
Biografia[editar | editar código-fonte]
Por meio de um decreto régio de 1750, foi contrato pelo rei D. José I, sendo, ainda no mesmo ano, nomeado como Capitão engenheiro para integrar a Comissão de demarcação de fronteiras, cuja missão científico-militar, era a de proceder as demarcações de limites fronteiriços nas possessões Luso-Espanholas da América Meridional, conforme acordado no Tratado de Madrid. A referida Comissão contava com a presença de inúmeros engenheiros militares, entre eles o genovês Miguel Ângelo de Blasco.[1][2][3]
Nesse sentido, em setembro de 1751, Havelle desembarcou da nau de guerra Nossa Senhora da Lampadosa no Rio de Janeiro, onde ficaria por nove anos, até o fim do governo de Gomes Freire de Andrade, que contava com o auxílio de outros importantes engenheiros militares, como José Fernandes Pinto Alpoim, José Custódio de Sá e Faria e José da Silva Pais.[1]
Conversão à Coroa Espanhola[editar | editar código-fonte]
Em 1762, foi enviado à Colônia do Sacramento para dirigir as obras de fortificação. Todavia, logo ali chegando, deu-se a rendição da dita praça pelas forças comandadas pelo governador do Prata, D. Pedro de Cevallos.[4] Esse ataque espanhol à dita praça, que era ainda uma consequência da Guerra dos Sete Anos, teve como um de seus desdobramentos a prisão de Havelle que, encontrando-se completamente rendido, acabou por acatar ao convite de Cevallos para converter-se à Coroa Hispânica, o que certamente lhe foi proveitoso, tendo em vista os significativos serviços que viria a prestar aos espanhóis nos anos seguintes. Assim sendo, Havelle alcançou uma grande relevância profissional e militar na América Espanhola, participando ativamente em obras de fortificações em Montevidéu, Colônia do Sacramento e no Forte de Santa Teresa; bem como, promovendo melhorias em diversas construções da cidade de Buenos Aires. Outro serviço importante que prestou aos espanhóis, foi a participação na reconquista do Porto Egmont nas Ilhas Malvinas.[5][6][7]
Tendo a seu dispor um sujeito detentor de importantes conhecimentos acerca da organização e das condições de defesa portuguesas, Pedro de Cevallos, imediatamente após a conversão de Havelle, solicitou a esse um relatório descrevendo tudo o que sabia sobre o Brasil, recebendo então um manuscrito em língua francesa com mais de 50 páginas em que constavam informações pormenorizadas das condições militares, econômicas e políticas do Rio de Janeiro, Minas Gerais e do Sul do Brasil. O referido documento foi nomeado como "Descrição do Rio de Janeiro, capital da Capitânia de mesmo nome, do estado que ele se encontrava no começo de agosto do ano de 1762"[nota 1].[8]
A serviço da Coroa Espanhola, João Bartholomeu Havelle ficou até a data da sua morte em 1783.[9] Nesse sentido, tanto a serviço dos portugueses quanto dos espanhóis, Havelle alcançou enorme prestígio: aos primeiros, foi destacado por Gomes Freire de Andrade no grupo dos engenheiros militares estrangeiros mais capacitados; e aos segundos, tornou-se o braço direito do renomado Pedro de Cevallos.[10][9]
Notas
- ↑ Originalmente: Description do Rio de Janeiro Capitale da Capitainie du même nom, dans L'etat qu'elle se trouvait au commancement D'aust de cette present Année 1762.
Referências
- ↑ a b Ferrez 1981, p. 49.
- ↑ Viterbo 1964, p. 1.
- ↑ Tavares 2000, p. 167.
- ↑ Ferrez 1981, p. 50.
- ↑ de Paula 1995, p. 7.
- ↑ de Paula 2005, p. 79.
- ↑ Fernandéz 2015, pp. 52-53.
- ↑ Ferrez 1981, pp. 51-65.
- ↑ a b Ferrez 1981, p. 65.
- ↑ Ferreira 2001, p. 261.
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- de Paula, Alberto (1995). «El Real Cuerpo de Ingenieros Militares y la cultura artística en el sur de América» (PDF). Instituto de Arte Americano. Seminario de Critica (em espanhol) (56)
- de Paula, Alberto (2005). «La renovación neoclásica en el sur de América y el real cuerpo de ingenieros». Buenos Aires. Investigaciones Y Ensayos (em espanhol) (55): 71-110
- Fernandéz, Juan (2015). «Del Tajo al Amazonas y al Plata: las repercusiones atlánticas de las guerras entre las Coronas española y portuguesa en la Edad Moderna (1640-1777)». In: Reitano, Emir; Possamai, Paulo. Hombres, poder y conflicto: Estudios sobre la frontera colonial sudamerica y su crisis (PDF) (em espanhol). Buenos Aires: Universidad Nacional de La Plata. pp. 12–116. ISBN 9789503412350
- Ferreira, Mário (2001). O Tratado de Madrid e o Brasil meridional: os trabalhos demarcadores das partidas do sul e a sua produção cartográfica (1749-1761). Lisboa: Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. ISBN 9789727870264
- Ferrez, Gilberto (1981). «Jean Barthélémy Havelle ou João Bartholomeu Houel ou Howell : espião à força». Rio de Janeiro. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. 330: 49-66
- Planella, João (1994). «1750 - A definição geográfica do Brasil». PUCRS. Estudos Ibero-Americanos. 20 (1): 187-222
- Tavares, Aurélio (2000). A engenharia militar portuguesa na construção do Brasil. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora. p. 167. ISBN 9788570112767
- Viterbo, Sousa (1964). Expedições científico-militares enviadas ao Brasil. Volume 2. Lisboa: Edições Panorama. p. 1