Joana D'Arc da Silva Cavalcante

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Joana D'Arc da Silva Cavalcante
Joana D'Arc da Silva Cavalcante
Nascimento 1978
Recife
Cidadania Brasil
Ocupação percussionista

Joana D'Arc da Silva Cavalcante, brasileira (Recife, 1978), é Mestra da Nação do Maracatu Encanto do Pina.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Joana D'arc da Silva Cavalcante, iaquequerê, brasileira nascida em 11 de novembro de 1978 na cidade de Recife, Pernambuco.[1][2] Conhecida como a primeira e única mestra de uma nação de Maracatu de baque virado da história, Joana é Mestra da Nação do Maracatu Encanto do Pina e fundadora do grupo Maracatu Baque Mulher, na comunidade do Bode, localizada no bairro do Pina na Zona Sul do Recife, Pernambuco.[3][4][5]

Criada no terreiro de candomblé nagô Ilê Axé Oxum Deim de sua avó ialorixá Maria Cândida da Silva “Vó Quixaba”, é filha de Manoel Cândido Cavalcante, “Pai Marcelo”.  No ano de 2008 assumiu a função de Mestra da nação do Maracatu Encanto do Pina, fundada em 5 de março de 1980 pela ialorixá Maria José da Silva “Dona Maria de Sônia”.[1][6][7][5]

Percurso[editar | editar código-fonte]

Como forma de se expressar e ensinar parte de sua cultura (afrobrasileira), em sua comunidade, no ano de 1999, Joana Cavalcante criou o grupo Filhas da Oxum Opará,  no qual deu aulas de dança e canto para meninas de 7 a 18 anos da comunidade do Bode, localizada bairro do Pina em Recife, Pernambuco.[8][9]

Trabalhou como agente jovem da prefeitura do Recife junto ao quilombo urbano Ilha de Deus, no bairro do Imbiribeira, onde desenvolveu um trabalho de autoestima e pertencimento social com jovens e crianças, e criou o Maracatu Axé da Ilha. Foi voluntária do CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) onde trabalhou aulas de percussão com os pacientes.[10]

A partir dos conhecimentos adquiridos no Ilê de sua avó, Joana D´arc criou, em 2006, a Mazuca da Quixaba, grupo que recriou artisticamente as músicas e danças desse Ilê, num resgate cultural único de fragmentos da história oral de velhos mestres da jurema misturado com o som e a pisada do coco de terreiro.[10]

Foi também coordenadora pedagógica do Ponto de Cultura da nação do Maracatu Porto Rico, por meio do qual levou oficinas artísticas à comunidades. Como integrante desta nação e da nação do Maracatu Encanto do Pina foi a responsável pela inserção do estilo do instrumento agbê no maracatu de baque virado, que transpõe os toques de terreiro e do maracatu para este instrumento conciliando-os com a dança dos orixás do candomblé de nação nagô.

Em 2008 devido à necessidades internas e decisão por meio do jogo de diloguns (búzios) realizado por suas matriarcas, as Mães do Pina, Joana Cavalcante assumiu a liderança da nação do Maracatu Encanto do Pina, se tornando portanto a Mestra desta nação.[1]

Por meio do ensino da percussão dos baques do maracatu, dança, capoeira e outras expressões artísticas, bem como atividades pedagógicas voltadas ao reforço escolar, Mestra Joana vem trabalhando autoestima e pertencimento social de jovens e crianças de sua comunidade. Criou a partir dessa iniciativa o Encantinho, que também é um baque mirim.

Além da disseminação de elementos da cultura afrobrasileira e do candomblé nagô como forma de resistência, Mestra Joana Cavalcante luta pela promoção da participação feminina nas tradições do maracatu de baque virado. Em suas participações em rodas acadêmicas e políticas Mestra Joana faz paralelos entre aspectos da espiritualidade e questões de gênero que permeiam as tradições do maracatu.[11][12]

Em 2008 Mestra Joana Cavalcante fundou o grupo Maracatu Baque Mulher, que tem sede na  comunidade do Bode e possui filiais em diversas cidades, as quais seguem um único regimento e repertório. Como uma rede de empoderamento feminino coordena 31 grupos, que estão espalhados por todo o Brasil e também fora dele como em Portugal e Argentina.[9]

Reconhecimento e Prêmios[editar | editar código-fonte]

Mestra Joana Cavalcante é uma das artistas de maior projeção na cultura popular tradicional pernambucana.

No ano de 2014 foi convidada a participar do I Congresso Internacional sobre o Pensamento das Mulheres Negras no Brasil e na Diáspora Africana e I Workshop Mulheres Negras - Pensando as Práticas Sociais, Culturais e Políticas na UFBA.[10]

Em maio de 2015 foi homenageada na 11ª edição do livro Mulheres que Mudaram a História de Pernambuco. No mês de agosto do mesmo ano recebeu homenagem no Ato publicado no Diário Oficial de Pernambuco, na página 135, a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa de Pernambuco (CDDMulher-Alepe), em nome da Presidente, Deputada, Simone Santana, requereu voto de Aplauso para a única mulher Mestra de Maracatu do Brasil via Requerimento n° 836/2015, em alusão ao dia do Maracatu.[9][13]

Em 2018 em sessão solene no Plenário da Câmara dos Deputados, Mestra Joana recebeu a medalha Miêtta Santiago em comemoração ao Dia Internacional da Mulher.[14]

Discografia[editar | editar código-fonte]

  • 2011 CD A pisada é essa com o incentivo da Funcultura, Secretaria de Cultura e Governo de Pernambuco (PE). [15][16]

Referências

  1. a b c d Bertho, Helena (4 de setembro 2017). «Mestra Joana: ela combate a violência contra a mulher com maracatu». Universa - Uol. Consultado em 3 de abril de 2020 
  2. «A luta diária e ritmada de Mestra Joana». Folha - PE. Consultado em 8 de março de 2020 
  3. «Maracatu— Mulher encanto, resistência e religiosidade.». Capitolina. 8 de novembro de 2015. Consultado em 8 de março de 2020 
  4. «Nação do Maracatu Encanto do Pina – site oficial da Nação do Maracatu Encanto do Pina – Recife, PE – Brasil». Consultado em 8 de março de 2020 
  5. a b «Mestra Joana: O Maracatu e a inspiradora luta das mulheres da comunidade do Bode». Blog Social 1. 8 de março de 2019. Consultado em 8 de março de 2020 
  6. «Portal Cultura PE». Consultado em 8 de março de 2020 
  7. Pernambuco, Diario de; Pernambuco, Diario de (24 de agosto de 2018). «Primeira mulher a comandar uma Nação de Maracatu Baque Virado, Mestra Joana simbolo da força feminina na cultura popular». Diario de Pernambuco. Consultado em 8 de março de 2020 
  8. Pernambuco, Diario de; Pernambuco, Diario de (24 de agosto de 2018). «Primeira mulher a comandar uma Nação de Maracatu Baque Virado, Mestra Joana é símbolo da força feminina na cultura popular». Diario de Pernambuco. Consultado em 8 de março de 2020 
  9. a b c «Mestra Joana: O Maracatu e a inspiradora luta das mulheres da comunidade do Bode». Blog Social 1. 8 de março de 2019. Consultado em 8 de março de 2020 
  10. a b c «Mestra Joana – Nação do Maracatu Encanto do Pina». Consultado em 8 de março de 2020 
  11. «Maracatu— Mulher encanto, resistência e religiosidade.». Capitolina. 8 de novembro de 2015. Consultado em 8 de março de 2020 
  12. «Portal Cultura PE». Consultado em 8 de março de 2020 
  13. Diário oficial, de Pernambuco (4 de agosto de 2015). «Voto de aplausos à Mestra Joana». Diário oficial do Estado de Pernambuco - Poder Legislativo. Consultado em 3 de abril de 2020 
  14. «Por indicação de Luciana, mestra Joana recebe homenagem da Câmara dos Deputados». Deputada Luciana Santos. Consultado em 8 de março de 2020 
  15. «CD A PISADA É ESSA». SoundCloud (em inglês). Consultado em 21 de setembro de 2020 
  16. «CD A Pisada É Essa». 13 de junho de 2011. Consultado em 21 de setembro de 2020 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]