Mosteiro de Leça do Balio

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Mosteiro de Leça do Balio
Mosteiro de Leça do Balio
Nomes alternativos Igreja de Santa Maria de Leça do Balio
Tipo
Estilo dominante Românico, gótico
Construção século XIV
Restauro 1934
Função inicial Igreja do Mosteiro da Ordem Militar de São João do Hospital
Proprietário atual Estado Português
Função atual Religiosa (igreja paroquial)
Património Nacional
Classificação  Monumento Nacional
Ano 1910
DGPC 70703
SIPA 4968
Geografia
País Portugal
Localidade Leça do Balio
Coordenadas 41° 12' 36" N 8° 37' 25" O

O Mosteiro de Leça do Balio, onde se inscreve a Igreja de Santa Maria de Leça do Balio, localiza-se na freguesia de Custóias, Leça do Balio e Guifões, no município de Matosinhos, distrito do Porto, Portugal.[1]

Vizinho à foz do rio Leça, cerca de uma légua, trata-se de um original exemplar de arquitectura religiosa fortificada.

Encontra-se classificado como Monumento Nacional por Decreto publicado em 23 de Junho de 1910.[1]

História[editar | editar código-fonte]

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Presume-se que no local exacto onde hoje se situa o mosteiro terá existido um templo romano dedicado a Júpiter (do século I), e uma Villa Decia junto ao local. Uma das mais significativas descobertas arqueológicas a atestar esse facto foi uma inscrição romana dedicada ao deus Júpiter, na Quinta do Alão.

Mas de acordo com a tradição, a primitiva edificação do local remonta a um pequeno mosteiro com uma igreja, sob a invocação do Salvador, erguidos no século X através do patrocínio de um senhor daqueles domínios, no contexto da Reconquista cristã da Península Ibérica, à época dos primeiros monarcas asturo-leoneses. Nenhum elemento dessas estruturas pré-românicas chegou até aos nossos dias.

Ao longo de todo o século XI o primitivo mosteiro é referido em diversos documentos coevos: um documento de 1003 descreve a doação do mosteiro a D. Tructesindo Osores e sua mulher D. Unisco Mendes, padroeira do mosteiro. No ano de 1021, o mosteiro foi deixado aos filhos do casal, mas em 1094, o padroado foi transmitido à Sé de Coimbra, por doação de Raimundo de Borgonha, conde da Galiza, e sua mulher Urraca I de Leão e Castela.

Crê-se que D. Guntino (prior do mosteiro no século XI), tenha feito obras no mosteiro e renovado a igreja.

Em data incerta, na segunda década do século XII, D. Afonso Henriques (1112-1185) doou o couto de Leça à Ordem dos Hospitalários[2], uma das primeiras Ordens Militares documentadas em território português. No primitivo mosteiro estabeleceu-se a Casa Capitular da Ordem, que passou, posteriormente, a sede de um de diversos bailiados, de onde adveio o topônimo à povoação: Leça do Bailio[3].

O atual templo[editar | editar código-fonte]

Na posse dos Hospitalários, o primitivo mosteiro recebeu mais ampliações e reformas que lhe deram feições de natureza militar em estilo românico, cujo elemento mais marcante foi a construção de uma sólida torre ameada. A época em que os hospitalários tomaram posse do couto terá sido riquíssima para o mosteiro, uma vez que a ele pertenciam inúmeras igrejas do actual concelho de Matosinhos. O mosteiro foi reedificado por D. Gualdim Paes de Marecos, em 1180 e dedicado a Santa Maria.

O actual templo, síntese do estilo românico e gótico, remonta a uma grande campanha construtiva iniciada pelo prior da Ordem, D. Frei Estevão Vasques Pimentel, entre 1330 e 1336, quando foram renovados ainda os edifícios monacais e o claustro, dos quais vários elementos chegaram até aos nossos dias, embora o priorato da ordem fosse mudado para Crato após a batalha do Salado em 1340.

Aqui foi celebrado o matrimónio do rei D. Fernando (1367-1383) com D. Leonor Teles. Posteriormente, no contexto da Crise de 1383-1385, ali esteve o Condestável Nuno Álvares Pereira, em 1385, no início da jornada que lhe deu a posse do Castelo de Neiva e de outras localidades na região.

Na sequência do triunfo liberal no país, o mosteiro de Leça do Balio assistiu à extinção das ordens religiosas (1834), perdendo os seus privilégios e direitos que a ordem ainda possuía sobre a freguesia, sendo integrada no concelho de Bouças (actual Matosinhos), em 1835.

Na década de 1930 foi efectuada uma obra de restauro de todo o monumento pela Direcção Geral dos Monumentos Históricos.

Em 1996, o mosteiro começou a ser palco de obras de beneficiação suportadas pela Unicer, ao abrigo da Lei do Mecenato.

Em 2016 foi adquirido e requalificado pelo Lionesa Group.[4][5][6]

Características[editar | editar código-fonte]

Portal sul de quatro arquivoltas rematadas por um gablete.

A igreja, renovada a partir do início do século XIV, de matriz românica mas transacionado para o gótico, reflete um misto de espírito religioso e militar, com o interior votado a Deus, mas externamente exibindo sólidos muros coroados por ameias e sustentados por contrafortes, destacando-se uma varanda também ameada e com matacães defendendo, como o adarve de um castelo, a porta principal.

Na planta, o modelo mendicante é claro: três naves, organizadas em cinco tramos, sendo o último uma espécie de transepto inscrito, marcado apenas na altura; a divisão do espaço é feita através de pilares, de perfil cruciforme pelo adossamento de colunas nas suas quatro faces; a cabeceira é tripla, com uma capela-mor mais profunda que os absidíolos, e de secção nascente poligonal. A cobertura das naves é em madeira e a cabeceira apresenta abóbada em cruzaria de ogivas. Tanto nas paredes da nave central como das naves laterais se abrem janelas geminadas. Na fachada sul abre-se um portal de quatro arquivoltas rematadas por um gablete simples, cujos capitéis apresentam ornatos vegetais e animais.

Externamente uma sólida torre ameada ladeia a fachada principal, pelo lado Sul. A imponente torre tem 28 metros de altura e é provida na parte superior de Mata-cães (nos ângulos), e de janelas e seteiras.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • "Igreja de Leça do Balio". Boletim da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais I. Lisboa, 1939.

Referências

  1. a b Ficha na base de dados SIPA
  2. Segundo Rui de Azevedo, essa doação à Ordem teve lugar entre 1122 e 1128 pela rainha D. Teresa.
  3. PINHO, António Brandão de (2017). A Cruz da Ordem de Malta nos Brasões Autárquicos Portugueses. Lisboa: Chiado Editora. 426 páginas. Consultado em 27 de agosto de 2017 
  4. Silva, Catarina (30 de novembro de 2022). «Lionesa: das ruínas fez-se um império». Notícias Magazine. Consultado em 15 de junho de 2023 
  5. Cruz, Hermana (10 de março de 2016). «Lionesa compra mosteiro de Leça do Balio». Jornal de Notícias. Consultado em 14 de junho de 2023 
  6. «Balio». lionesagroup.pt. Consultado em 15 de junho de 2023 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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