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Museu da Comunicação Hipólito José da Costa

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Museu da Comunicação Hipólito José da Costa
Museu da Comunicação Hipólito José da Costa
Tipo museu, património histórico
Inauguração 1974 (50 anos)
Página oficial (Website)
Geografia
Coordenadas 30° 1' 50.365" S 51° 13' 55.019" O
Mapa
Localização Porto Alegre - Brasil
Patrimônio bem tombado pelo IPHAE

O Museu da Comunicação Hipólito José da Costa (MCHJC) é um museu brasileiro, localizado em Porto Alegre, na rua dos Andradas, vinculado à Secretaria da Cultura do Estado do Rio Grande do Sul.

Preserva um vasto e valioso acervo refente à Comunicação Social no estado e no Brasil, e mantém múltiplas atividades para o público e pesquisadores. O prédio é tombado pelo IPHAN[1] e pelo IPHAE.[2]

O prédio histórico[editar | editar código-fonte]

O prédio foi construído para ser a nova sede do jornal A Federação, fundado no ano de 1884, durante o Império, servindo como propaganda das idéias republicanas, tendo entre seus criadores Assis Brasil e Júlio de Castilhos, assim como outras ilustres personalidades políticas da época. Depois de instituída a República, A Federação tornou-se o principal órgão do Partido Republicano Rio-Grandense.[3]

O responsável pelas obras foi o engenheiro civil gaúcho Teófilo Borges de Barros, que participou também da construção de outros prédios em Porto Alegre, além da reforma da Biblioteca Pública do Estado.[4] O prédio foi inaugurado em 6 de setembro de 1922, durante as comemorações pelo centenário da Independência, estando presentes o presidente do estado Borges de Medeiros e outras autoridades.[3]

O jornal foi extinto por imposição do Estado Novo em 17 de novembro de 1937, passando o prédio, no ano seguinte, a sediar o Jornal do Estado, posteriormente transformado no Diário Oficial. O Diário em 1973 passou a ser impresso pela Companhia Rio-Grandense de Artes Gráficas, e em setembro de 1974, com a criação do Museu da Comunicação Social, o edifício foi destinado para abrigar a nova instituição.[3][2]

O prédio tem um estilo eclético e possui uma área total de 3,16 mil metros quadrados. A construção original era menor, mas, destruída parcialmente por um incêndio em 1947, foi recuperada e ampliou-se sua estrutura pelos fundos, ao longo da Rua Caldas Júnior. Destaca-se no alto da fachada uma estátua representando a Imprensa, que foi esculpida pelo artista italiano Luís Sanguin. Foi tombado em 1977 como Patrimônio Histórico do Estado, e depois foi reconhecido pelo IPHAN como Patrimônio Nacional. Em anos recentes passou por importantes obras de conservação e restauro.[3][2]

O museu[editar | editar código-fonte]

O museu foi idealizado pelo jornalista Sérgio Roberto Dillenburg, que em uma série de artigos publicados no Correio do Povo preocupou-se com o destino que teriam coleções de jornais antigos que então se deterioravam esquecidas nas prateleiras do Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul, lançando uma campanha para sua preservação através da fundação de uma instituição específica para sua guarda.[5] Contando com o apoio da Associação Rio-Grandense de Imprensa, do governador Euclides Triches e do secretário de Educação e Cultura Mauro da Costa Rodrigues, o museu foi criado oficialmente em 10 de setembro de 1974 como um órgão da Secretaria.[3] O nome homenageia Hipólito José da Costa, Patrono da Imprensa Brasileira.[2]

Seu primeiro diretor foi Lindolfo Collor. Criado com a missão de guardar, preservar e difundir da memória da comunicação gaúcha, foi formada uma comissão composta de jornalistas para iniciar os trabalhos.[3] O arquivo inicial foi constituído de coleções e exemplares variados de jornais e outras publicações, procedentes do Arquivo Histórico, da Biblioteca Pública e do Museu Júlio de Castilhos.

Após ser contemplado pelo Projeto Programa Petrobras Cultural em 2005, o acervo foi higienizado, inventariado e catalogado, e foi iniciada sua digitalização.[6] Em 2009, recebendo mais de 240 mil reais em investimentos através do Programa Monumenta, foi fechado para reformas, sendo possível a recuperação de elementos originais do prédio, reforma no telhado, piso e iluminação, e instalação de nova sinalização para o público, sendo reaberto em 2010.[7] Em 2018 o prédio anexo, antes ocupado pela Companhia Rio-Grandense de Artes Gráficas, foi incorporado pelo museu, passando por uma reforma para sua readequação.[5] Em 2019 foi adotado o seu primeiro Plano Museológico, conformando-se à legislação vigente, sendo anunciados a requalificação dos espaços de pesquisa e cursos e o lançamento de um catálogo.[8] Entre 2010 e 2017 recebeu 63.489 visitas.[9]

Como é quase uma regra entre as instituições culturais, sofre com uma crônica carência de verbas para a conservação do prédio e do acervo e para o desenvolvimento das atividades museológicas.[9][10][5][11] Passando por dificuldades e tendo problemas na estrutura do prédio, permaneceu fechado de 2016 a 2018,[5] e foi fechado novamente em 2020 durante a pandemia de covid-19.[8] Durante a grande enchente de 2024 o térreo do museu foi alagado, causando vários danos no mobiliário, mas o acervo não foi atingido. O museu fechou para recuperação dos estragos.[12]

Acervo[editar | editar código-fonte]

Vitral sobre a entrada do prédio, com o nome do jornal A Federação

A instituição conta com um acervo vasto relacionado à Comunicação e à Comunicação Social, nas áreas de Imprensa, Televisão e Vídeo, Rádio e Fonografia, Publicidade e Propaganda, Fotografia e Cinema.[13] Segundo Ana Ramos Rodrigues, "o MCHJC salvaguarda um acervo muito importante para narrar a história do Rio Grande do Sul e do Brasil. Através de seu acervo de imprensa, dos exemplares dos jornais, das fotografias, de seus filmes, de seus discos, de seu material de propaganda e demais objetos relacionados à comunicação, o MCHJC evidencia a relação homem/bens culturais".[2]

O seu acervo é um dos maiores da América Latina em seu gênero[6] e uma valiosa fonte para pesquisadores,[11] "contribuindo", conforme Carlos Roberto da Costa Leite, "de forma substancial na produção cultural do nosso Estado. [...] Ao contemplar os aspectos sociopolítico, econômico e cultural, este tesouro, sob a forma de impressos, representa a construção identitária de um povo e suas lutas em prol da conquista da cidadania plena".[6] Para Igor Natusch, "distribuídos pelos quatro pisos do edifício, estão mais de 200 anos de história da imprensa, além de arquivos significativos em áudio, vídeo, cinema e fotografia. Um tesouro que está à disposição dos visitantes".[11]

Coleções:

  • Imprensa Escrita, com coleções de jornais, revistas e cartuns publicados no estado e no Brasil, com mais de 3.000 títulos, destacando-se o Diário de Porto Alegre, primeiro jornal impresso no Rio Grande do Sul; O Noticiador, primeiro jornal do interior do estado; O Sentinela do Sul, primeiro jornal ilustrado do sul do país, além dos jornais A Reforma e A Federação, a Revista do Partenon Literário de grande expressão cultural no século XIX, e a Revista do Globo.[2]
  • Publicidade e Propaganda, com grande diversidade de impressos, entre eles libretos, folhetos de propaganda política e religiosa, cartazes, catálogos, bilhetes de loteria, calendários e outros, totalizando aproximadamente 25 mil peças.[2]
  • Rádio e Fonografia, com um acervo de discos, gravações, roteiros de programas radiofônicos, fotos.[2]
  • Cinema, com documentários, cinejornais, curtas-metragens e telejornais; livros, revistas, anúncios, reportagens, folhetos publicitários, cartazes e folders relacionados ao cinema; roteiros de programas televisivos, filmes em vídeo.[2]
  • Fotografia, abrigando coleções de fotógrafos gaúchos de reconhecida relevância, como os Irmãos Ferrari, Virgílio Calegari, Lunara e Salomão Scliar, além de uma vasta coleção oriunda do Arquivo do Palácio Piratini, com mais de 700 mil imagens.[2]
  • Tridimensionais, com equipamentos para operação de jornais, rádio, cinema e televisão, como gravadores, gramofones e máquinas de impressão.[2]

O museu também possui biblioteca, reserva técnica e laboratórios.[2]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Commons
Commons
O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Museu da Comunicação Hipólito José da Costa

Referências

  1. Monumentos e Espaços Públicos Tombados - Porto Alegre (RS). IPHAN
  2. a b c d e f g h i j k l Rodrigues, Ana Ramos. Usos do Acervo Fotográfico do Museu de Comunicação Hipólito José da Costa (2002-2011). Universidade Federal de Pelotas, 2014, pp. 37-41
  3. a b c d e f Chaves, Ricardo. "Prédio do Museu da Comunicação Hipólito José da Costa completa 95 anos". Zero Hora, 6 de setembro de 2017
  4. "A inauguração, hontem, do novo edificio d'A Federação". A Federação, 7 de setembro de 1922
  5. a b c d Pimentel, Filipe. "Museu Hipólito José da Costa: entre o passado e o presente". Medium, 13 de junho de 2018
  6. a b c Leite, Carlos Roberto Saraiva da Costa. "As pioneiras do jornalismo feminino no Brasil". Observatório da Imprensa, 9 de abril de 2019
  7. Fernandes, Simone. "Museu da Comunicação está de cara nova e pronto para visitação". Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, 27 de setembro de 2010
  8. a b Pacheco, Gabrielle. "Musecom celebra 45 anos em setembro". Revista Expansão, 17 de setembro de 2019
  9. a b Collor, Natalia. "Cartão de visita para turistas e pesquisadores, os museus da capital enfrentam problemas para seguir". Medium, 6 de dezembro de 2019
  10. "Novo diretor do Museu Hipólito José da Costa toma posse nesta terça-feira". O Sul, 1 de junho de 2015
  11. a b c Natusch, Igor. "Museu gaúcho guarda 200 anos de história da imprensa brasileira". Sul 21, 3 de maio de 2011
  12. Natusch, Igor. "Museu Hipólito José da Costa avalia danos após alagamento do térreo". Jornal do Comércio, 21 de maio de 2024
  13. "Museu da Comunicação Hipólito José da Costa". Conselho Nacional de Arquivos, 18 de maio de 2021

Ligações externas[editar | editar código-fonte]