Ponte Ferroviária dos Mouratos

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Ponte Ferroviária dos Mouratos
Ponte Ferroviária dos Mouratos
Comboio Alfa Pendular a atravessar a Ponte dos Mouratos, em 2013.
Mantida por Infraestruturas de Portugal
Data de abertura 1 de Julho de 1889 (ponte original)
Comprimento total 120 m
Geografia
Via Linha do Sul
Localização Concelho de Odemira, em Portugal
Coordenadas 37° 25' 28.7" N 8° 25' 42.5" O

A Ponte Ferroviária dos Mouratos é uma infraestrutura da Linha do Sul, situada no concelho de Odemira, na região do Alentejo, em Portugal.

Obras de construção da nova, em Abril de 1933.

Descrição e história[editar | editar código-fonte]

A ponte está situada junto do apeadeiro de Pereiras, na Linha do Sul, no lanço entre aquela gare e a estação de São Marcos da Serra, e transporta a via férrea sobre um vale.[1] A ponte é formada por arcaria de volta perfeita, sustentando um tabuleiro de traçado recto, orientado de Nordeste para Sudoeste.[1]

Esta ponte encontra-se no lanço da Linha do Sul entre Amoreiras-Odemira e Tunes, que foi inaugurado em 1 de Julho de 1889, em conjunto com a via férrea até Faro.[2]

Na década de 1930, a ponte foi substituída por uma nova estrutura, no âmbito de um programa do governo e da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses para melhorar a rede ferroviária nacional.[3] Esta obra, em conjunto com a substituição da Ponte de Quinta Nova, na Linha do Alentejo, estiveram entre as intervenções de maior envergadura neste programa, e tiveram como principal finalidade permitir a circulação de locomotivas mais pesadas.[3] Com efeito, considerava-se que o lanço da via férrea a Sul da Funcheira até Faro tinham um mau perfil, levando a grandes reduções na carga, o que, em conjunto com a reduzida capacidade das estações e a fraqueza das locomotivas, prejudicava consideravelmente os serviços.[3] Além disso, pelo menos desde 1912 que a antiga Administração dos Caminhos de Ferro do Estado reconhecia que ambas as pontes já não se encontravam em boas condições de conservação, tendo aconselhado a sua substituição, conclusão a que chegou igualmente a Comissão de Verificação de Resistência de Pontes e Obras Metálicas.[3] Os trabalhos iniciaram-se ainda em 1912, mas tiveram de ser interrompidos devido à Primeira Guerra Mundial, e em 1919 voltou-se a discutir a questão da segurança, pelo que o Serviço de Via e Obras fez a substituição de várias peças, e instalou dispositivos para impedir que a água salgada, oriunda dos vagões que transportavam peixe, caísse sobre as peças metálicas, acelerando o processo de corrosão.[3] Ainda assim, a sua situação agravou-se, e em 1920 proibiu-se a circulação pelas duas pontes das locomotivas mais pesadas de então, correspondentes às séries 300 e 400.[3] Porém, esta medida causou grandes problemas aos serviços, uma vez que o traçado duro da linha exigia locomotivas muito potentes.[3]

Em 1929, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses fez o projecto para a substituição de várias pontes metálicas, incluindo a de Mouratos, que foi enviado à Direcção-Geral de Caminhos de Ferro, que tentou encontrar os recursos financeiros para as obras, em conjunto com a Comissão Administrativa do Fundo Especial.[3] Em 31 de Outubro desse ano, o Conselho Superior de Obras Públicas emitiu um parecer sobre o projecto para a nova ponte, que levou a várias alterações, tendo sido aprovado de forma definitiva em Junho de 1930.[3] A substituição das pontes de Mouratos e de Quinta Nova envolveu elevados recursos financeiros, tendo a primeira sido orçada em 1.754.622$00, motivo pelo qual a Direcção-Geral defendeu que as obras deveriam ser feitas por empreitada, em concurso público.[3] Porém, esta proposta não foi inicialmente aceite pela Companhia dos Caminhos de Ferro, uma vez que que o contrato inicial estipulava que seria responsável por todas as obras complementares de acordo com os orçamentos aprovados, mas a empresa acabou por concordar após uma longa discussão.[3] Iniciou-se assim o processo para a abertura do concurso em hasta pública, que foi feito em 2 de Julho de 1931, com um grande sucesso, tendo o preço total para ambas as pontes sido reduzido em cerca de dois mil contos em relação aos orçamentos iniciais.[3]

As obras de substituição das duas pontes iniciaram-se em Março de 1932, tendo encontrado grandes dificuldades por as novas estruturas terem sido construídas imediatamente ao lado das antigas, e por terem sido necessários caboucos muito fundos, nalguns casos com cerca de quinze metros de profundidade, devido à natureza e composição dos terrenos.[3] Em Junho de 1933, as obras na Ponte de Mouratos estavam muito adiantadas, já se tinham instalado as fundações dos primeiros encontros e uma grande parte em elevação, enquanto que três pilares já tinham sido fundados e crescidos quase até ao nível do cordão, e os restantes pilares tinham os trabalhos dos caboucos em estado avançado.[3]

Obras de construção da nova ponte, estando já quase concluída.

Ver também[editar | editar código-fonte]

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Referências

  1. a b GORDALINA, Rosário (2011). «Ponte Ferroviária dos Mouratos». Sistema de Informação para o Património Arquitectónico. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 15 de Maio de 2022 
  2. «Troços de linhas férreas portuguesas abertas à exploração desde 1856, e a sua extensão» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 69 (1652). Lisboa. 16 de Outubro de 1956. p. 528-530. Consultado em 15 de Maio de 2022 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  3. a b c d e f g h i j k l m n «Caminhos de Ferro Nacionais» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 46 (1125). 1 de Novembro de 1934. p. 547-550. Consultado em 15 de Maio de 2022 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]


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