Guerra em Donbas (2014–2022)
Como reação à derrubada do governo pró-russo na Ucrânia em 22 de fevereiro de 2014[nb 1], começaram a ocorrer protestos pró-Rússia nas regiões leste e sul do país.
Alguns meios de imprensa em russo têm se referido ao fenômeno como "Primavera Russa"[2] [3], por outro lado foi detectada a presença de cidadãos russos participando de tais protestos[4] [5].
Os protestos ocorreram em pelo menos 11 cidades como: Donetsk, Carcóvia[6], Odessa, Luhansk, Mikolayiv[7], Dnipropetrovsk[4], Mariupol[2], Melitopol[8] e Kherson[9] [nb 2].
Durante os protestos, muitos ativistas utilizavam bandeiras da Rússia e bandeiras e fitas com faixas laranja e preto (faixas da Ordem de São Jorge, utilizadas pelos nacionalistas russos)[7].
Cronologia
- 1º de março:
- o presidente deposto da Ucrânia Viktor Yanukovich escreveu uma carta para Vladimir Putin pedindo-lhe para usar as forças armadas da Federação Russa para estabelecer a legitimidade, a paz, a lei e a ordem, a estabilidade e para defender o povo da Ucrânia;
- manifestação em Carcóvia reuniu dezenas de milhares de pessoas que invadiram a sede da administração regional e obrigaram partidários do governo central e ficar de joelhos e a pedir desculpas por provocações;
- manifestação em Donetsk elege o "governado do povo" e tenta invadir a sede da administração regional;
- a Câmara Municipal Donetsk propôs ao Conselho Regional de Donbass que realizasse um referendo sobre o destino da região, que incluísse a possibilidade de considerar o russo com uma língua oficial ao lado do ucraniano, a Rússia como um parceiro estratégico da região e uma maior autonomia[10];
- a Câmara Municipal de Mariupol foi tomada por manifestantes[2];
- manifestação em Lugansk[nb 3] reúne cerca de 10.000 pessoas que pedem a realização de um refendo[11];
- manifestação contra o fascismo e a violência e favorável à unificação da de uma união da Ucrânia com a Rússia e a Bielorrússia e à realização de um referendo, reuniu mais de 400 pessoas em Kherson[9].
- 2 de março:
- o Conselho Regional de Luhansk adotou posições semelhantes às da Câmara Municipal Donetsk, e, além disso: declarou a ilegitimidade das novas autoridades executivas, pediu o desarmamento dos grupos armados ilegais, a proibição de organizações pró-fascistas e neo-fascistas, e reservou-se o direito de procurar a ajuda de o povo irmão da Federação Russa[12];
- pouco após à supracitada decisão, uma manifestação dirigida pela Guarda de Luhansk passou a exigir que os deputados solicitassem à Vladimir Putin o envio de tropas, e diante da recusa, houve a ocupação do edifício[2].
- 4 de março: Vitaly Churkin, representando a Rússia durante uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, reiterou que Viktor Yanukovich seria o líder legítimo da Ucrânia e não o presidente interino Olexander Turchynov[13].
- 5 de março: tomada da sede do governo regional na cidade de Donetsk.
- 6 de março: retomada da sede do governo regional na cidade de Donetsk pela polícia, que deteve Pavel Gubarev e várias dezenas de manifestantes[14] [15].
- 13 de março: um[nb 4] defensor do regime ucraniano foi morto a facadas por militantes pro-russos em decorrência de confrontos iniciados na Praça Lênin da cidade de Donetsk[16] [17] [18] [19] [20] [21].
- 14 de março: duas pessoas foram mortas em Carcóvia, atingidos por disparos de nacionalistas ucranianos[16] [22].
- 15 de março:
- depois de três mortes nos protestos em Donetsk e Carcóvia, o presidente interino da Ucrânia, Oleksander Turchynov, falando ao parlamento, disse que o governo russo estava organizando e financiando protestos no leste da Ucrânia e alertou para a ameaça de uma invasão russa do leste do país;
- por outro lado, Sergei Lavrov afirmou que autoridades russas estavam analisando pedidos para atuar na defesa de cidadãos residentes na Ucrânia, em um contexto no qual o presidente Vladimir Putin foi autorizado pelo parlamento para implantar forças armadas na Ucrânia para proteger os russos étnicos e de língua russa após a queda do presidente pró-Moscou Viktor Yanukovich[nb 5];
- manifestantes pró-russos atacaram um edifício de serviços de segurança em Donetsk exigindo a libertação de Pavel Gubarev e o direito de decidir por meio de referendo a separação com a Ucrânia e a adesão à Rússia[16].
- 22 de março: manifestação em Melitopol sem caráter separatista, mas que defendia a realização de um referendo para que os cidadãos pudessem decidir se desejam estreitar os laços com a União Europeia ou com a Rússia e se a Ucrânia deve se converter em uma federação[8].
- 23 de março: manifestação em Donetsk em defesa da realização de um referendo no dia 25 de maio, para que a região de Donbass pudesse firmar acordo de união aduaneira com a Rússia[23].
- 29 de março: cerca de 300 pessoas participaram de uma manifestação antifacista em Melitopol sem caráter separatista, mas que defendia a amizade com a Rússia[24].
- 30 de março: manifestações em Carcóvia, Donetsk e Lugansk a favor de uma maior autonomia para as regiões situadas no sudeste[25].
Líderes
- Pavel Gubarev: proprietário de uma empresa de publicidade Donetsk[26], fundador da Milícia Popular[4] e "governador do povo" da região de Donbass, preso pelas autoridades ucranianas no dia 6 de março;
- Robert Donia: "vice-governador do povo" da região de Donetsk[16];
- Artem Olkhin: coordenador da União dos Cidadãos Ucranianos em Donetsk[3];
- Alexander Kharitonov: líder da organização separatista "Guarda de Luhansk", que em 9 de março de 2014 dirigiu a tomada da Administração Estatal Regional em Luhansk e coagiu o governador regional Mikhail Bolotskih a escrever uma resignação, além disso, a "Guarda de Luhansk" também participou de todos os atos anteriores nos quais houve destruição de símbolos ucranianos e da invasão do canal de televisão independente "Irta."; em 14 de março encontrava-se detido e fora enviado para Kiev[27] [11];
- Evgeni Dinyanskiy: chefe da organização não-governamental "Iniciativa do Sudeste"[21];
- Vladimir Prokopenko: russo, líder da União da Juventude da Eurásia em Rostov-on-Don que incentivou e ajudou a organizar russos que cruzaram a fronteira disfarçados de turistas para apoiar os protestos[5] [28].
Notas
- ↑ Algumas fontes relatam a formação de grupos para-militares pro-russos antes da derrubada de Viktor Yanukovich (cf. Mushrooming Citizen Patrols In Ukraine Raise Fear Of More Violence, Divisions, em inglês, acesso em 28 de março de 2014.)
- ↑ Também merece registro a realização de um protesto junto à estátua de Lênin em Kiev, no dia 1º de março de 2014, que no entanto não é relacionado nessa lista pois embora tenha sido um protesto contra as novas autoridades, a rigor não teve caráter pró-russo, mas anti-fascista (cf. Митинг в Запорожье: Мы не признаем хунту, захватившую власть вооруженным путем. Фото, em russo, acesso em 28 de março de 2014.)
- ↑ Nesse dia ocorreram manifestações em algumas outras cidades na região de Lugansk (cf. НАД ЗДАНИЕМ АДМИНИСТРАЦИИ ЛУГАНСКА ПОДНЯЛИ РОССИЙСКИЙ ФЛАГ, em inglês, acesso em 28 de março de 2014.)
- ↑ Algumas fontes falam em até três mortos.
- ↑ Embora tenha dito também que: "Moscou não pode e não tem planos para invadir o leste da Ucrânia".
Referências
- ↑ Ukraine crisis: What do the flags mean?, em inglês, acesso em 23 de março de 2014.
- ↑ a b c d "Русская весна" на Юго-Востоке Украины, em russo, acesso em 24 de março de 2014.
- ↑ a b «Русская весна» восточной Украины, em russo, acesso em 31 de março de 2014.
- ↑ a b c From Russia, ‘Tourists’ Stir the Protests, em inglês, acesso em 27 de março de 2014.
- ↑ a b #BBCtrending: Russian site recruits 'volunteers' for Ukraine, em inglês, acesso em 28 de março de 2014.
- ↑ Ukraine accuses Russia of invasion in Crimea, em inglês, acesso em 23 de março de 2014.
- ↑ a b Pro-Russia Protesters Storm Donetsk Offices, em inglês, acesso em 23 de março de 2014.
- ↑ a b Мелитопольцы встретили «Русскую весну» и собрали подписи за референдум. Фото, acesso em 31 de outubro de 2014.
- ↑ a b В Херсоне прошел пророссийский митинг, em russo, acesso em 28 de março de 2014.
- ↑ В Харькове митингующие ворвались в здание областной администрации, em russo, acesso em 28 de março de 2014.
- ↑ a b В Луганске прошел десятитысячный митинг против новой власти на Украине. ФОТО em russo, acesso em 28 de março de 2014.
- ↑ Облсовет Луганска угрожает разоружить Майдан руками "братской" России, em russo, acesso em 28 de março de 2014.
- ↑ Ukraine's Yanukovych asked for troops, Russia tells UN, em inglês, acesso em 24 de março de 2014.
- ↑ Ukrainian city of Donetsk epitomizes country's crisis, em inglês, acesso em 27 de março de 2014.
- ↑ Ukraine police on alert as violence erupts at pro-Russia demo, em inglês, acesso em 27 de março de 2014.
- ↑ a b c d Russia vetoes UN resolution on Crimea referendum, em inglês, acesso em 24 de março de 2014.
- ↑ Дві людини загинуло під час сутичок між учасниками мітингів у Донецьку, em ucraniano, acesso em 24 de março de 2014.
- ↑ На мітингу в Донецьку загинула людина, 10 у лікарнях, em ucraniano, acesso em 24 de março de 2014.
- ↑ Дві людини загинуло під час сутичок між учасниками мітингів у Донецьку, em ucraniano, acesso em 27 de março de 2014.
- ↑ One dead in Ukraine clash in eastern city, em inglês, acesso em 27 de março de 2014.
- ↑ a b Euromaidan protestors start fight with pro-Russia activists in Donetsk, em inglês, acesso em 28 de março de 2014.
- ↑ Two Killed in Ukraine as Protesters Clash in Kharkiv, em inglês, acesso em 24 de março de 2014.
- ↑ В Донецке участники пророссийского митинга требуют проведения референдума 25 мая, em russo, acesso em 31 de março de 2014.
- ↑ В Мелитополе прошел антифашистский митинг. Фото, em russo, acesso em 31 de março de 2014.
- ↑ Власти необходимо не игнорировать движения в поддержку федерализации, а предлагать свое виденье - Бондаренко, em russo, acesso em 31 de março de 2014.
- ↑ Tide of opinion turns against Russia in Ukraine's east, em inglês, acesso em 28 de fevereiro de 2014.
- ↑ В Луганске задержан лидер сепаратистов Александр Харитонов, em russo, acesso em 23 de março de 2014.
- ↑ В Ростовской области началась запись активистов, готовых отправиться в Украину, em russo, acesso em 28 de março de 2014.