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Revisão das 15h25min de 14 de março de 2014
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O Tempo da Quaresma é o período do ano litúrgico que antecede a Páscoa cristã, sendo celebrado por algumas igrejas cristãs, dentre as quais a Católica[1], a Ortodoxa[2][3], a Anglicana[4], a Luterana[5].
A expressão Quaresma é originária do latim, quadragesima dies (quadragésimo dia). O adjetivo referente a este período é dito quaresmal ou, mais raro, quadragesimal[6].
Em diversas denominações cristãs, o Ciclo Pascal compreende três tempos: preparação, celebração e prolongamento. A Quaresma insere-se no período de preparação.
Os serviços religiosos desse tempo intentam a preparação da comunidade de fiéis para a celebração da festa pascal, que comemora a ressurreição e a vitória de Cristo depois dos seus sofrimentos e morte, conforme narrados nos Evangelhos.
Esta preparação é feita através de jejum, abstinência de carne, mortificações, caridade e orações.
A separação do Carnaval e o período da Quaresma inspira um vasto grupo de tradições folclóricas, algumas oriundas de ritos anteriores ao Cristianismo referentes ao pouso do inverno e do posterior renascimento primaveril da terra, no hemisfério norte[6].
Tempo da Septuagésima
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/3a/Magnifying_glass_01.svg/17px-Magnifying_glass_01.svg.png)
Em alguns ritos e denominações cristãs, o período de preparação para a Páscoa inicia 17 dias antes da Quarta-feira de Cinzas, chamado Tempo da Septuagésima. Neste tempo de preparação remota, a liturgia apresenta a criação, elevação e queda do homem[7][8]. Este tempo inicia com o Domingo da Septuagésima, abrange os domingos da Sexagésima e Quinquagésima, até a Quarta-feira de Cinzas, início da Quaresma.
Quarenta dias
Quadragesima, expressão latina típica na liturgia, denomina o período de quarenta dias de preparação para a Páscoa e que alude ao simbolismo do número quarenta com que o Antigo e o Novo Testamento representam os momentos salientes da experiência da fé da comunidade judaica e cristã.
Em seu simbolismo, este número não significa um tempo cronológico exato, ritmado pela sequência de dias; mas uma representação sociocultural de um período de duração significativa para uma comunidade de crentes.
Na Bíblia, o número quarenta aparece em diversos momentos significativos, a saber:
Antigo Testamento
Na história de Noé (Gênesis 7:4-12 e Gênesis 8:6), durante o dilúvio, é o tempo transcorrido na arca, junto com a sua família e com os animais. Após o dilúvio, passarão mais quarenta dias antes de tocar a terra firme.
Na narrativa referente a Moisés, é o tempo de sua permanência no monte Sinai – quarenta dias e quarenta noites – para receber a Lei (Êxodo 24:18). Quarenta anos dura a viagem do povo judeu do Egito para a Terra prometida (Deuteronômio 8:2-4).
No Livro dos Juízes, refere-se a quarenta anos de paz de que Israel goza sob os Juízes (Juízes 3:11).
O profeta Elias leva quarenta dias para chegar ao monte Horeb, onde se encontra com Deus (I Reis 19:8). Os cidadãos de Nínive fazem penitência durante quarenta dias para obter o perdão de Deus (Jonas 3:4-5).
Quarenta anos duraram os reinados de Saul (Atos 13:21), de Davi (II Samuel 5:4-5) e de Salomão (I Reis 11:42), os três primeiros reis de Israel.
O simbolismo do número quarenta também está presente em Salmos 95:10, referindo-se aos número de anos que o povo judeu caminhou pelo deserto.
Novo Testamento
Jesus foi levado por Maria e José ao Templo, quarenta dias após o seu nascimento, para ser apresentado ao Senhor (Lucas 2:22). Este período de quarenta dias era determinado pela lei judaica, quando uma mulher desse à luz a um filho homem. Foi a soma dos dias para a circuncisão de Jesus, após o parto, mais o período para a purificação de Maria. Só então ela poderia entrar no santuário (Levítico 12:2-4).
Jesus, antes de iniciar a sua vida pública, retira-se no deserto por quarenta dias e quarenta noites, sem comer nem beber (Mateus 4:2; Marcos 1:13 e Lucas 4:1-2).
Durante quarenta dias Jesus ressuscitado instrui os seus discípulos, antes de subir ao Céu e enviar o Espírito Santo (Atos 1:1-3).
Igreja Católica
quaresma:
Na Igreja Católica, o Tempo da Quaresma decorre desde a Quarta-feira de Cinzas até a missa vespertina da Quinta-Feira Santa inclusive, com que se inaugura o Tríduo Pascal. A semana que precede a Páscoa é chamada pela tradição de Semana Santa[9][10].
Antes da reforma litúrgica pós-conciliar, havia ainda os períodos denominados quinquagésima, sexagésima e septuagésima[8].
Tempo de penitência, oração e conversão
O Papa Bento XVI, na Audiência Geral de Catequese, no dia 22 de Fevereiro de 2012, sobre o significado litúrgico dos "quarenta dias da Quaresma", assim definiu:
“Trata-se de um número que exprime o tempo da expectativa, da purificação, do regresso ao Senhor e da consciência de que Deus é fiel às suas promessas.” [11]
No que se refere aos dias e tempos de penitência, o Código de Direito Canônico da Igreja Católica prescreve todas as sextas-feiras do ano e o tempo da Quaresma (Cân. 1250) [12].
Na disciplina católica, todos os fiéis, cada qual a seu modo, têm obrigação de fazer penitência. Prescreve-se, neste contexto disciplinar, que nos dias de penitência os fiéis de modo especial se dediquem à oração, exercitem obras de piedade e de caridade, se abneguem a si mesmos, cumprindo mais fielmente as próprias obrigações e sobretudo observando o jejum e a abstinência, segundo as normas do Direito Canônico (Cân. 1249)[12].
Os fiéis são exortados a guardarem a abstinência de carne ou de outro alimento segundo as determinações da conferência episcopal, todas as sextas-feiras do ano, a não ser que coincidam com algum dia enumerado entre as solenidades. Os fiéis devem seguir o preceito da abstinência e do jejum na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo (Cân. 1251)[12].
A obrigação do cumprimento da lei da abstinência recai sobre os maiores de treze anos. Estão sujeitos à lei do jejum todos os maiores de idade até terem começado os sessenta anos. A norma canônica insiste que todas as pessoas, mesmo as dispensadas da lei da abstinência e do jejum, sejam formadas no sentido genuíno da penitência (Cân. 1252)[12].
Após a reforma conciliar a adaptação das práticas de penitência nos diversos lugares do mundo, ficou sob a responsabilidade das conferências episcopais. Estas “podem determinar mais pormenorizadamente a observância do jejum e da abstinência, e bem assim substituir outras formas de penitência, sobretudo obras de caridade e exercícios de piedade, no todo ou em parte, pela abstinência ou jejum” (Cân. 1253)[12][13][14].
Liturgia quaresmal
Quarta-feira de Cinzas
A liturgia da Quarta-feira de Cinzas (Feria quarta cinerum, em latim) abre o tempo da Quaresma, não se dizem o Glória, nem o Creio, na missa [9]. O nome vem das cinzas que nesse dia são bentas e impostas na cabeça dos fiéis, como símbolo da vida efêmera e passageira e convite à penitência.[15]
O rito da bênção das cinzas realiza-se na quarta-feira que precede o primeiro domingo da Quaresma, antes da missa principal, para logo em seguida, e durante todo o dia, ser imposta aos fiéis que o pedirem. A cinza é proveniente dos ramos bentos do Domingo de Ramos do ano anterior. A imposição se faz no alto da cabeça, em forma de cruz acompanhada de uma das seguintes das admoestações:
– ...arrependei-vos e crede no Evangelho. (Marcos 1:15)
– ...porquanto tu és pó, e em pó te hás de tornar. (Gênesis 3:19)
Não é necessário que o rito da bênção e imposição das cinzas seja unido à missa; pode ser celebrado sem missa.
Domingos e solenidades
A Tempo da Quaresma tem seis domingos, que são chamados de I, II, III, IV, V e Domingo de Ramos da Paixão (VI). Esses domingos têm sempre precedência, mesmo sobre as festas do Senhor e sobre qualquer solenidade[9].
As solenidades de São José (19 de março) e da Anunciação do Senhor (25 de março), assim como outras possíveis solenidades dos calendários particulares, são antecipadas para o sábado ou são adiadas para a segunda-feira, caso coincidam com esses domingos[9].
Nos domingos da Quaresma não se canta ou recita o hino do Glória, nem se canta ou recita o Aleluia; faz-se, porém, sempre se faz a profissão de fé[9].
O quarto domingo da Quaresma é denominado Domingo Laetare, assim chamado pela primeira palavra do introito em latim: Laetare Jerusalem (Alegra-te, Jerusalém!). Os paramentos da missa e do ofício solene podem ser rosáceos[15].
O sexto domingo da Quaresma é denominado Domingo de Ramos (Dominica palmarum, em latim), domingo que precede a festa da Páscoa, assim chamado porque antes da missa principal se realiza a bênção dos ramos, seguida de procissão[15].
Cores litúrgicas
A cor litúrgica do Tempo da Quaresma é o roxo; para o 4º domingo, chamado domingo da alegria, é permitido o uso da cor rosa. No Domingo de Ramos, a cor das vestes litúrgicas do celebrante é a vermelha (IGMR, n. 346)[9][16].
Referências
- ↑ Concílio Ecumênico Vaticano II (1963). «Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium: sobre a sagrada liturgia». Consultado em 14 de fevereiro de 2013
- ↑ Koumarianos , Pavlos. «O ciclo litúrgico da Grande Quaresma». Consultado em 14 de fevereiro de 2013
- ↑ Mastrantonis, George. «The Great Lent: a week by week meaning» (em inglês). Consultado em 14 de fevereiro de 2013
- ↑ Freitas, Sílvio. «Formação do ano litúrgico» (PDF). Centro de Estudos Anglicanos. Consultado em 14 de fevereiro de 2013
- ↑ Portal Luteranos. «Ano litúrgico». Consultado em 14 de fevereiro de 2013
- ↑ a b Enciclopédia Barsa Universal. 14 2 ed. São Paulo: Barsa Planeta. 2009. 4955 páginas Parâmetro desconhecido
|volumes=
ignorado (|volume=
) sugerido (ajuda); - ↑ Missal Romano cotidiano (em latim e português). São Paulo: Paulinas. 1959. 1272 páginas
- ↑ a b Aldazábal, José. «Quinquagésima». Dicionário Elementar de Liturgia. Consultado em 14 de fevereiro de 2013
- ↑ a b c d e f Missal dominical. missal da assembleia cristã 8 ed. São Paulo: Paulus. 1995. p. 45. 1461 páginas
- ↑ Aldazábal, José. «Quaresma». Dicionário Elementar de Liturgia. Consultado em 14 de fevereiro de 2013
- ↑ Papa Bento XVI (22 de fevereiro de 2012). «Quarta-feira de Cinzas (audiência geral)». Consultado em 17 de fevereiro de 2013
- ↑ a b c d e Igreja Católica (1983). Código de Direito Canônico 4 ed. Lisboa: Conferência Episcopal Portuguesa
- ↑ Battisti, Anuar (26 de fevereiro de 2010). «Nem carne e nem peixe». Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Consultado em 15 de fevereiro de 2013
- ↑ Bohn , Aloísio Sinésio (12 de março de 2010). «Os cuidados da quaresma». Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Consultado em 15 de fevereiro de 2013
- ↑ a b c Rower, Basílio (1947). Dicionário litúrgico. Petrópolis: Vozes. 236 páginas
- ↑ «Introdução Geral ao Missal Romano (IGMR)». Consultado em 15 de fevereiro de 2013