Saltenha
A saltenha (do espanhol salteña) é um tipo de pastel assado originário da Bolívia,[1] onde se consome principalmente pela manhã, sendo vendida e consumida em praças, ruas e escolas. Com formato semelhante ao dos calzones, este produto se caracteriza por ser muito acessível: seu preço na Bolívia por unidade é de cerca de 40 centavos de dólar, mas podem-se encontrar também saltenhas a 15 centavos.
Variedades
[editar | editar código-fonte]- Saltenha de carne
- Saltenha de porco
- Saltenha de frango
- Saltenha de soja
Também existem outras possibilidades de variações, como por exemplo colocando pimenta ou azeitonas, ou variando o tamanho.
História
[editar | editar código-fonte]Nas obras de Antonio Paredes Candia (historiador e escritor), é possível ler que, no início do século XIX, a senhora Juana Manuela Gorriti, que mais tarde se tornaria esposa do presidente Manuel Isidoro Belzu, nascida na cidade argentina de Salta, teve de fugir para o exílio com a sua família, durante a ditadura de Juan Manuel de Rosas. Deixou todos os seus bens para trás e instalou-se em Tarija, na Bolívia. Durante muitos anos, a família Gorriti foi marcada por uma pobreza extrema. O desespero levou a família a começar a preparar uns pastéis que designava como "empanadas caldosas", que eram típicas de algumas cidades europeias, na época.
A venda destes pastéis tornou-os muito populares, ao mesmo tempo que Manuela foi apelidada de "a saltenha", devido à sua cidade de origem. Os pastéis foram lentamente ganhando popularidade em Tarija, tendo acabado por se converter numa tradição.
Paredes Candia menciona que era comum dizerem às crianças: "vai buscar uma empanada da saltenha". Com o passar do tempo, o nome de Manuela Gorriti foi esquecido, mas não a alcunha, razão pela qual a iguaria continua a ter o nome de saltenha.
Hoje em dia, é possível encontrar este produto num grande número de locais de venda em toda a Bolívia. A sua aceitação tem sido tão boa que chegou mesmo ao mercado internacional.[2]
Existem muitas variedades de saltenhas, dependendo do recheio, mas todas mantêm um estilo e uma massa comuns.
No Brasil
[editar | editar código-fonte]A saltenha é muito popular no Acre,[3] território brasileiro que fez parte da Bolívia até 1903. A saltenha faz parte da culinária deste estado, cuja população consome desde o início da formação do estado, uma vez que este originariamente pertencia à Bolívia. Assim, este foi o primeiro estado brasileiro a consumir e fazer a saltenha, uma vez que herdou o costume da Bolívia.
Anos depois, o consumo da saltenha se expandiu para os estados de Rondônia e para as cidades do Centro-Oeste do Brasil que fazem fronteira com a Bolívia, como Corumbá.[3] E foi ali que as saltenharias surgiram por acaso no ano de 1978, pela família Ardaya, que são filhos de bolivianos e dependiam dessa iguaria para sobreviver. A primeira saltenharia ficava na esquina da Rua Sete de Setembro com a Delamare. Atualmente existem na cidade dezenas dessas casas que servem, além do saltenhas, outros salgados.[4] Em Porto Velho atualmente há várias lanchonetes destinadas ao consumo da iguaria.[3][5] Também é possível encontrar saltenhas na cidade de São Paulo, em especial na Feira da Kantuta, realizada aos domingos, que reúne barracas de diversos imigrantes bolivianos residentes na capital paulista.[6] Atualmente em vários lugares pelo Brasil é possível achar estabelecimentos que tenham saltenhas à venda.
Referências
- ↑ Toro Montoya, Juan José (17 de setembro de 2017). «La jugosa historia de la salteña» (em espanhol). Página Siete. Consultado em 14 de abril de 2020
- ↑ «La Boliviana FM - Las salteñas bolivianas en la lista de "La mejor comida callejera del mundo".» (em espanhol). La Boliviana FM. Consultado em 29 de agosto de 2013. Cópia arquivada em 2 de fevereiro de 2014
- ↑ a b c «Saltenha o café da manhã boliviano: aprenda a fazer esse salgado mais famoso da Bolívia». Bonito Informa. 7 de março de 2018. Consultado em 7 de agosto de 2020
- ↑ «Saltenha: tradição familiar que dura quase três décadas». Prefeitura de Corumbá. 16 de novembro de 2007. Consultado em 5 de março de 2014
- ↑ «História do lanche J. Lima». 16 de abril de 2017. Consultado em 9 de abril de 2021
- ↑ «Da Liberdade a Paulista: onde estão as melhores comidas de rua em São Paulo». Gazeta de São Paulo. 22 de agosto de 2024. Consultado em 22 de setembro de 2024