Tufão Mirinae (2009)
Tufão Mirinae | |
P | |
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Furacão categoria 2 (SSHWS/NWS) | |
O tufão Mirinae em 30 de outubro, perto de seu pico de intensidade | |
Formação | 25 de outubro de 2009 |
Dissipação | 2 de novembro de 2009 |
Ventos mais fortes | sustentado 10 min.: 150 km/h (90 mph) sustentado 1 min.: 165 km/h (105 mph) |
Pressão mais baixa | 955 hPa (mbar); 28.2 inHg |
Fatalidades | 157 diretas, 6 desaparecidas |
Danos | Desconhecidos |
Áreas afectadas | Ilhas Marianas do Norte, Filipinas, Vietnã e Camboja |
Parte da Temporada de tufões no Pacífico de 2009 | |
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O tufão Mirinae (designação internacional: 0921; designação do JTWC: 23W; designação filipina: tufão Santi) foi um ciclone tropical que afetou as Filipinas e a Indochina no fim de outubro de 2009. Sendo o vigésimo nono sistema tropical, a vigésima primeira tempestade tropical dotada de nome e o décimo segundo tufão da temporada de tufões no Pacífico de 2009, Mirinae formou-se de uma área de perturbações meteorológicas a leste de Guam em 26 de outubro. Seguindo inicialmente para oeste-noroeste, o sistema se tornou uma tempestade tropical, segundo a Agência Meteorológica do Japão (AMJ) no dia seguinte. A partir de então, Mirinae começou a sofrer rápida intensificação e se tornou uma tempestade tropical severa ainda naquele dia, e um tufão em 28 de outubro, atingindo seu pico de intensidade em 29 de outubro, com ventos máximos sustentados de 165 km/h (1 minuto sustentado), segundo o JTWC. Após algumas horas de estabilidade, Mirinae começou a se enfraquecer assim que começou a entrar em contato com o arquipélago filipino, e Mirinae se enfraqueceu para uma tempestade tropical severa em 30 de outubro, e para uma tempestade tropical no dia seguinte. Continuando a seguir para oeste sobre o mar da China Meridional, Mirinae voltou a se intensificar lentamente, tornando-se um tufão, segundo o JTWC, pouco antes de atingir a costa do Vietnã em 2 de novembro. Sobre a Indochina, Mirinae enfraqueceu rapidamente, e tanto o JTWC quanto a AMJ emitiram seus avisos finais sobre o sistema ainda naquele dia.
Mirinae causou chuvas torrenciais nas Filipinas, que já havia sido afetado pelos tufões Ketsana e Parma semanas antes. Parma deixou pelo menos 32 fatalidades no arquipélago, e outras 123 no Vietnã, onde as chuvas torrenciais causadas pelo tufão também causaram efeitos severos.
História meteorológica
[editar | editar código-fonte]O tufão Mirinae formou-se de uma área de perturbações meteorológicas que persistia a leste-sudeste de Pohnpei, Micronésia, que começou a mostrar sinais de organização em 23 de outubro. Inicialmente, havia a evidência da formação de uma circulação ciclônica associada a um cavado de monção e que estava alongada. Apesar da grande quantidade de áreas de convecção profunda inicialmente, a perturbação estava numa região com cisalhamento do vento moderado a forte, o que inibiu originalmente a intensificação do sistema.[1] Porém, no dia seguinte, a perturbação começou a se organizar e a se consolidar, mesmo sob condições meteorológicas relativamente desfavoráveis.[2] Em 25 de outubro, a Agência Meteorológica do Japão (AMJ), a agência designada pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) para a monitoração de ciclones tropicais no oceano Pacífico Noroeste, classificou a perturbação para uma fraca depressão tropical.[3] Ainda naquele dia, o cisalhamento do vento diminuiu consideravelmente, permitindo o grande estabelecimento dos fluxos de saída de altos níveis, que foram melhorados pela presença de um anticiclone e pela presença de um cavado tropical de alta troposfera. Com isso, o Joint Typhoon Warning Center (JTWC) emitiu um Aviso de Formação de Ciclone Tropical (AFCT) sobre o sistema, indicando que a perturbação poderia se tornar um ciclone tropical significativo em 12 a 24 horas.[4] As previsões se confirmaram, e o JTWC classificou a perturbação para uma depressão tropical no início da madrugada (UTC) de 26 de outubro, assim que o sistema começou a exibir múltiplas bandas de tempestade ao redor do centro ciclônico, e o JTWC atribuiu-lhe a designação "23W".[5]
Seguindo inicialmente para oeste-noroeste pela periferia sul de uma alta subtropical, a depressão continuou a se organizar e formou um centro denso nublado, indicação de que o ciclone iria se intensificar.[6] Ainda naquela tarde, o sistema se intensificou para uma tempestade tropical, segundo o JTWC.[7] Horas depois, a AMJ considerou a organização do sistema e o classificou para uma depressão tropical plena.[8] Finalmente, na manhã (UTC) de 27 de outubro, a AMJ classificou o sistema para uma tempestade tropical, e lhe atribuiu o nome "Mirinae",[9] nome que foi submetido à lista de nomes de tufões pela Coreia do Sul e significa "Via Láctea" em língua coreana.[10] A partir da tarde (UTC) de 27 de outubro, Mirinae começou a se intensificar assim que os fluxos de saída aumentaram pela presença de um cavado de onda longa ao norte do sistema. Naquele momento, a tempestade tropical começou a desenvolver um olho, visível inicialmente somente em imagens de satélite no canal micro-ondas.[11] Com isso, a AMJ classificou Mirinae para uma tempestade tropical severa ainda no início daquela noite (UTC).[12] A partir de então, Mirinae começou a sofrer rápida intensificação, e as áreas de convecção profunda associadas formaram uma parede em volta do centro, que começou a exibir um olho bem definido. Com isso, o JTWC classificou Mirinae para um tufão ainda naquela noite.[13]
A AMJ também classificou Mirinae para um tufão no início da madrugada (UTC) de 28 de outubro.[14] Seguindo rapidamente para oeste, Mirinae logo adentrou a área de responsabilidade da Administração de Serviços Atmosféricos, Geofísicos e Astronômicos das Filipinas (PAGASA), que lhe atribuiu o nome filipino "Santi".[15] A rápida intensificação de Mirinae chegou ao fim na tarde (UTC) de 28 de outubro, assim que o cavado de onda longa se afastou para nordeste, diminuindo assim os fluxos de saída de altos níveis.[16] Além disso, o cisalhamento do vento aumentou, e causou a perda de definição de seu olho, apesar de não alterar a intensidade do tufão, que atingiu seu pico de intensidade na madrugada de 29 de outubro, com ventos máximos sustentados de 165 km/h (1 minuto sustentado), segundo o JTWC,[17] ou 150 km/h (10 minutos sustentados), segundo a AMJ, com uma pressão atmosférica mínima central de 955 mbar.
Após manter sua intensidade por mais de 24 horas, Mirinae começou a se enfraquecer assim que sua circulação ciclônica começou a se interagir com o arquipélago filipino.[18] Seguindo rapidamente para oeste, Mirinae fez landfall na costa da província de Quezon no início da noite (UTC) de 30 de outubro, com ventos de até 155 km/h.[19] A partir de então, Mirinae se enfraqueceu dramaticamente, e deixou de ser um tufão ainda naquela noite, segundo o JTWC.[20] Ao mesmo tempo, a AMJ desclassificou Mirinae para uma tempestade tropical severa.[19] Sobre terra, Mirinae perdeu boa parte de suas áreas de convecção profunda, mas novas áreas de convecção começaram a se formar assim que deixou as filipinas para ganhar o mar da China Meridional.[21] No entanto, Mirinae não foi capaz de se intensificar rapidamente devido à falta de umidade sobre a região, o que impediu a rápida formação de novas áreas de convecção.[22] Mirinae já não estava organizado como antes, e a AMJ desclassificou o sistema para uma tempestade tropical simples na noite (UTC) de 31 de outubro.[23] Além disso, Mirinae começou a ser afetado pela chegada de uma massa de ar mais frio e seco, acompanhada do aumento do cisalhamento do vento, intensificando ainda mais a sua tendência de enfraquecimento.[24]
Após se enfraquecer para uma fraca tempestade tropical, Mirinae voltou a se intensificar assim que novas áreas de convecção se formaram na tarde (UTC) de 1 de novembro. Estas áreas de convecção logo formaram um novo centro denso nublado e um olho começou a ficar aparente em imagens de satélite.[25] Pouco antes de atingir a costa do Vietnã, Mirinae rapidamente se intensificou, e um olho ficou novamente aparente em imagens de satélite. Com isso, o JTWC classificou o sistema novamente para um tufão na manhã (UTC) de 2 de novembro.[26] Mirinae fez seu último landfall logo em seguida na cota do Vietnã, perto de Hue, com ventos de até 120 km/h, segundo o JTWC.[27] Sobre a Indochina, Mirinae rapidamente se enfraqueceu, e deixou de ser um tufão, segundo o JTWC, ainda naquela tarde (UTC). Naquele momento, o JTWC também emitiu seu aviso final sobre o sistema assim que Mirinae se enfraquecia rapidamente sobre terra.[28] Horas mais tarde, a AMJ desclassificou Mirinae para uma depressão tropical e também emitiu seu aviso final sobre o sistema.[29]
Preparativos
[editar | editar código-fonte]No início da madrugada de 26 de outubro, o escritório de Guam do Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos pôs Guam, Rota, Tinian e Saipan sob alerta de tempestade tropical.[30] O alerta foi substituído por um aviso de tempestade tropical para as últimas três ilhas.[31] O aviso e o alerta foram mantidos até o afastamento do sistema para oeste.[32]
Antes da chegada de Mirinae às Filipinas, 115.000 pessoas foram removidas de suas residências em Luzon como medida de precaução[33] assim que o sinal de tempestade nível 3 foi içado para várias províncias do sul de Luzon. O tráfego aéreo foi paralisado e a circulação de navios e balsas foi proibida durante a passagem de Mirinae.
No Vietnã, o governo removeu mais de 50.000 pessoas de áreas costeiras e de risco antes da chegada de Mirinae.[34]
Impactos
[editar | editar código-fonte]Filipinas
[editar | editar código-fonte]Mirinae atingiu as Filipinas como um fraco tufão em enfraquecimento. Mesmo assim, provocou chuvas torrenciais, piorando ainda mais o desastre natural causado pelos tufões Ketsana e Parma. As enchentes, enxurradas e deslizamentos de terra danificaram ou destruíram mais de 67.000 residências, número superior às residências danificadas ou destruídas por Parma, que passou pela mesma região semanas antes.[35]
A Região Metropolitana de Manila, capital filipina, ficou sem o fornecimento de eletricidade por mais de 24 horas e as comunicações foram cortadas durante a passagem de Mirinae na região. O tráfego aéreo e de balsas também foi interrompido durante a passagem do tufão, deixando milhares de passageiros a viagem no feriado nacional do país presos nas estações de embarque.[36]
Ao todo, mais de 1.650.000 pessoas foram afetadas em 13 províncias. 380.000 pessoas ficaram desalojadas, sendo que quase 25.000 ficaram desabrigadas e tiveram que recorrer a abrigos emergenciais. Mirinae causou pelo menos 32 fatalidades em todo o arquipélago filipino, deixando outros 24 feridos e 6 desaparecidos. Devido às severas enchentes, boa parte das cidades do sul de Luzon teve a interrupção do fornecimento de água potável, piorando ainda mais a situação de calamidade.[37][38]
Vietnã
[editar | editar código-fonte]Mirinae atingiu a costa do Vietnã, perto da cidade de Hue, no centro do país, como um tufão com ventos de até 120 km/h, segundo o Joint Typhoon Warning Center (JTWC), ou com ventos de até 85 km/h, segundo a Agência Meteorológica do Japão, no início da tarde (UTC) de 2 de novembro (início da madrugada de 3 de novembro, horário local). Mirinae piorou o desastre natural causado pela passagem do tufão Ketsana semanas antes. Pelo menos 265.000 pessoas tiveram que ser removidas de suas residências.[39] Mirinae provocou 126 fatalidades na sua passagem pela região,[40] deixando outras 145 desaparecidas, principalmente nas regiões montanhosas próximas à costa, onde enxurradas e deslizamentos de terra causaram a destruição de muitas residências e boa parte da infraestrutura da região.[41] Mesmo 25 dias depois da passagem de Mirinae, a comuna de Canh Lien estava completamente isolada, necessitando a mobilização da Força Aérea do Vietnã, que lançaram toneladas de alimentos e outros suprimentos.[42]
Segundo o governo vietnamita, Mirinae causou cerca de 5 trilhões de dongs (cerca de 280 milhões de dólares).[41] Mirinae também afetou mais de 500.000 pessoas, principalmente na província de Phu Yen, na região central do país, danificou ou destruiu cerca de 48.000 residências e 47.000 hectares de plantações, principalmente de arroz. Segundo relatos, em algumas áreas isoladas, mais de 600 mm de chuva caíram em menos de 24 horas, a pior chuva em mais de 60 anos.[43]
Camboja
[editar | editar código-fonte]As chuvas torrenciais causadas por Mirinae, que estava em dissipação, também provocaram enchentes, enxurradas e deslizamentos de terra, causando pelo menos duas fatalidades.[44]
Após a tempestade
[editar | editar código-fonte]A Cruz Vermelha do Vietnã recebeu mais de 7 milhões de dólares em doações provenientes de governos estrangeiros, organizações não-governamentais (ONGs), entre outros, para os esforços de mitigação dos efeitos de Mirinae na região central do Vietnã. Em 16 de novembro, a Agência de Desenvolvimento e Ajuda Humanitária da Nova Zelândia doou 370.000 dólares, enquanto que o governo dos Estados Unidos doou 250.000 dólares, completando o total de doações para o Vietnã em um milhão de dólares, após a doação de 750.000 dólares para a mitigação dos efeitos de Ketsana na mesma região no mês anterior.[45] O governo da Tailândia também doou 50.000 dólares para o governo vietnamita,[46] enquanto que a UNICEF doou 100.000 dólares.[47]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
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