Thereza Borello-Lewin
Thereza Borello-Lewin | |
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Nascimento | 25 de novembro de 1941 São Paulo, SP, Brasil |
Morte | 28 de maio de 2024 (82 anos) São Paulo, SP, Brasil |
Nacionalidade | brasileira |
Cônjuge | Fernando Herbert Lewin |
Alma mater |
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Orientador(es)(as) | Ernst Wolfgang Hamburger |
Instituições | Universidade de São Paulo |
Campo(s) | Física |
Tese | Estudo da Estrutura 113Sn e 123Sn (1971) |
Thereza Borello-Lewin (São Paulo, 25 de novembro de 1941 – 28 de maio de 2024) foi uma física, pesquisadora e professora universitária brasileira.
Professora livre-docente e titular aposentada do Departamento de Física Experimental do Instituto de Física da Universidade de São Paulo, Thereza integrou a equipe de jovens físicos nos anos 1960, sob a liderança do professor Cesar Lattes, no Departamento de Física da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL) da Universidade de São Paulo (USP). Durante esse período, ela colaborou com a Universidade de Tóquio em estudos sobre interações nucleares de altíssima energia. Essas interações eram produzidas pela radiação cósmica e detectadas em câmaras de emulsões fotográficas (CEFC), que foram expostas no laboratório de Chacaltaia, na Bolívia.
Thereza participou da criação de uma nova facilidade experimental no laboratório Pelletron com a instalação de um espectrógrafo magnético tipo Enge, que se tornou o centro de sua pesquisa em Espectroscopia Nuclear.[1] Thereza foi um dos grandes nomes da física nuclear no Brasil.[2]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Thereza nasceu na capital paulista, em 1941. Era filha de Luiz Borello, que emigrou da Itália em meados da década de 1920 e radicou-se em São Paulo, onde trabalhou como professor de física no Colégio Dante Alighieri. Tinha uma irmã 10 anos mais velha, Ottavia, formada em Física na então Faculdade de Filosofia Ciências e Letras (FFCL, atual FFCHL) da USP em 1952, onde foi professora e pesquisadora, pois o Instituto de Física só seria instalado em 1969. Ottavia posteriormente se mudou para a Itália, onde se tornou professora na Universidade de Turim.[1][3]
Inspirada pelo pai e pela irmã, Thereza ingressou na graduação em física no mesmo departamento onde a irmã se formara. Foi preciso enfrentar o preconceito dos colegas, que não queriam mulheres no mesmo curso que eles. No curso de graduação, Thereza encontrou um antigo aluno de seu pai, do Dante Alighieri, o físico César Lattes (1924-2005). Lattes já conquistara reconhecimento internacional naquela época pela descoberta da partícula subatômica méson pi, depois denominada píon, entre 1946 e 1948, primeiro na natureza e posteriormente no interior de um acelerador de partículas.[2][3]
Após se formar, em 1963, Thereza se tornou professora Faculdade de Filosofia Ciências e Letras e passou a integrar como pesquisadora o grupo de Lattes, desenvolvendo estudos sobre raios cósmicos, partículas superenergéticas vindas do espaço. Lattes mudou-se para a Universidade de Campinas (Unicamp), em 1967 e neste mesmo ano o físico nuclear Ernst Wolfgang Hamburger (1933-2018) voltou para a USP após seu doutorado na Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, onde trabalhou com um acelerador de partículas semelhante ao que se planejava instalar em São Paulo.[3]
Tendo experiência em física nuclear, Thereza viajou para os Estados Unidos para dados para seu doutorado com um espectrógrafo magnético ligado ao equipamento, além de acumular aprendizado para a iniciativa nacional. Sob a orientação de Hamburger, Thereza defendeu o doutorado em 1971.[3]
Carreira
[editar | editar código-fonte]Em 1972, o Instituto de Física (IF) inaugurou o acelerador eletrostático Pelletron, que exigiu a construção de um prédio de nove andares para sua instalação. Este aparelho impulsiona átomos energizados (íons) a aproximadamente 20% da velocidade da luz, permitindo a colisão com núcleos atômicos e revelando detalhes sobre a estrutura das partículas e suas interações. Junto ao Pelletron, foi instalado um espectrógrafo magnético tipo Enge, que separa os átomos emergentes das colisões por massa e energia. Esta combinação de equipamentos possibilita o estudo dos efeitos do bombardeamento de partículas subatômicas sobre materiais. Thereza teve papel importante na instalação do Enge.[1][3]
Desde o seu pós-doutorado em 1973 na Escola Superior de Estudos Avançados de Trieste, na Itália, Borello liderou o grupo de pesquisa em Espectroscopia Nuclear com Íons Leves. Ela foi responsável pelo Laboratório de Emulsões Nucleares e Outras Técnicas e atuou como chefe do Departamento de Física Experimental da Universidade de São Paulo (USP). Borello manteve-se ativa em suas atividades acadêmicas e de pesquisa até 2022, quando um acidente vascular cerebral (AVC) a afastou de suas funções.[3]
Morte
[editar | editar código-fonte]Thereza morreu em 28 de maio de 2024, na capital paulista, aos 82 anos. Ela foi sepultada no Cemitério Campo Grande, em São Paulo.[1][4]
Referências
- ↑ a b c d «Nota de falecimento da Profa. Thereza Borello-Lewin». Sociedade Brasileira de Física. Consultado em 24 de julho de 2024
- ↑ a b Mauren Lec (ed.). «Mortes: Cientista destacou-se em trabalhos sobre física nuclear». Folha de São Paulo. Consultado em 24 de julho de 2024
- ↑ a b c d e f Felipe Floresti (ed.). «60 anos de ensino e pesquisa dedicados à física nuclear». Revista Pesquisa FAPESP. Consultado em 24 de julho de 2024
- ↑ Otaviano Helene (ed.). «Thereza Borello». Instituto de Física. Consultado em 24 de julho de 2024