Tiago Novaes

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Tiago Novaes
Tiago Novaes
Nascimento 11 de abril de 1979 (45 anos)
Avaré, São Paulo
Nacionalidade brasileiro
Cidadania Brasil
Ocupação escritor, tradutor, professor
Género literário Romance, conto

Tiago Novaes (Avaré, 11 de abril de 1979) é um escritor, tradutor e professor de escrita criativa brasileiro.

Carreira[editar | editar código-fonte]

Formado em Psicologia pelo Instituto de Psicologia da USP, Tiago Novaes estreou com um livro de contos, subitamente: agora[1] editado pela carioca 7Letras, e consiste em uma antologia de 20 breves cenários que narram situações cotidianas da cidade de São Paulo. Na época, Novaes vivia no Edifício Copan. Ali se encontram já um desassossego e um interesse pela fotografia e pela formação de novas subjetividades urbanas.[2]

O romance seguinte, Estado Vegetativo,[3] obteve uma bolsa de criação literária da Secretaria da Cultura de São Paulo e foi finalista da primeira edição do Prêmio São Paulo de Literatura. O romance policial protagonizado pelo detetive Guedes foi amplamente coberto pela imprensa.[4] Entrevistado por Jô Soares, Tiago declarou seu desconcerto perante uma literatura bem comportada, de artifícios fáceis.

O terceiro livro, Documentário[5] aponta uma transição. A esta altura, Novaes já havia abandonado a profissão como psicanalista e partido para o trabalho de tradutor e produtor cultural. E se a cidade de São Paulo são a marca das duas primeiras obras, nesta não existem índices geográficos aparentes além do consultório psicanalítico e de um caderno, que constitui a primeira obra. O romance, publicado ao lado de um documentário (intitulado Herança) traça uma espécie de neurose do autor e uma crítica aguda ao meio cultural e literário brasileiro, marcado pelo histrionismo e pela endogamia. O autor não se enquadra nem nos autores graves, intelectuais afrancesados, nem nos chamados agudos, profissionais dispostos a vender a alma para obter um reconhecimento rápido.

Se os dois primeiros romances foram bem acolhidos pela crítica e público, este terceiro recebeu da imprensa um significativo silêncio. Apesar de ter sido duplamente premiado pela Funarte, que lhe concedeu uma bolsa de criação e a possibilidade de editar a obra pelo selo da instituição, a obra, que levou cinco anos para ser realizada e que abordava questões delicadas sobre o silêncio e o trauma do ambiente familiar, foi uma das menos comentadas e circularam pouco.

No final do ano de 2013, Novaes publicou a sua quarta obra, Tertúlia: o autor como leitor.[6] Trata-se de uma homenagem ao ofício literário, apresentando obras de autores consagrados conversando sobre seus livros de referência. Publicado pelo Sesc Edições, a antologia foi um resultado derivado de seu trabalho como produtor cultural. Desde 2005, o autor organizou encontros com autores clássicos, em lugares como a Livraria da Vila, São Paulo, e unidades do Sesc. Segundo o prefácio que escreveu, o autor obteve, no contato com mais de quarenta autores convidados - e que falavam sobre outros quarenta - uma formação em Letras de que necessitava. O livro foi finalista do Prêmio Jabuti de 2014 em Teoria Literária.

A série Tertúlia foi também um modo de deter a agenda cultural paulista. Em um tempo onde a literatura se converte em espetáculo e é pautada pelos ditames do mercado, haveria a necessidade de um encontro que retornasse às páginas dos livros e deixasse a figura do autor em segundo plano.[7]

O quinto livro, e terceiro romance, Os amantes da fronteira,[8] retoma formas narrativas convencionais, coincidindo com a entrada do autor no doutorado, no mesmo instituto de psicologia da USP. Estudando as poéticas do exílio na virada do século,[9] Novaes passa de uma reflexão sobre o estranho inerente à família para analisar, pelo viés da prosa, o estrangeiro radical. O autor obteve uma segunda bolsa Proac com a execução do livro, e foi finalista do Prêmio Oceanos de Literatura em Língua Portuguesa em 2015.

O livro, primeira parte de uma trilogia do estrangeiro, é um mapa afetivo do mundo pelo tatear da língua portuguesa. Seria preciso voltar-se para o mundo, não mais para ser aceito por ele, mas para o compreender e compreender a terra natal do ponto de vista da experiência estranha mais radical. Transcorrido na Tailândia, o romancista converteu-se em viajante e correspondente internacional freelancer. Publicou para periódicos como Folha de S.Paulo, Estadão e BBC Brasil. Ao mesmo tempo, traduzia uma biografia da artista da performance Marina Abramovic e organizava uma nova edição do Tertúlia, desta vez com roteiristas como Bráulio Mantovani e Pablo Trapero.

Após seis meses de experiência asiática e mais três meses escrevendo o romance em Berlim, Novaes retornou ao Brasil, publicou a obra e intensificou sua carreira como professor de escrita criativa. Atualmente, dá aulas em instituições como Casa das Rosas, Instituto Vera Cruz e Sesc SP. Inaugurou também um portal online de escrita criativa. Obteve uma outra bolsa Proac para a execução de seu segundo romance da trilogia, Dionísio em Berlim.

O enigmático romance Dionísio em Berlim, publicado em 2019, narra a história de um personagem ao qual também são atribuídos vários nomes. E sua história, por outro lado, é narrada através de cinco diferentes perspectivas: do turco Emin, da argentina Mercedes, da palestina Silena, do sudanês Kamal e da mexicana Agave — todos exilados estrangeiros que o conheceram, mas ignoram seu paradeiro.[10]

Baleias no Deserto: o corpo, o clima, a cura pela terra, publicada em 2023, é a oitava obra do escritor. O fascinante ensaio deslinda esta sensibilidade por meio de histórias íntimas e coletivas, pessoais e sociais. Descendo às raízes de cada experiência e subindo até a sua atmosfera rarefeita, a obra constrói associações singulares e nos convida a voltarmos a enxergar o mundo.[11]

Obras Publicadas[editar | editar código-fonte]

  • Subitamente: Agora (7Letras, 2004) - contos
  • Estado Vegetativo (Callis, 2007) - romance
  • Documentário (Funarte, 2012) - romance e longa-metragem documentário
  • Tertúlia: o autor como leitor (Sesc Edições, 2013) - crítica literária
  • Os amantes da fronteira (Dobra, 2014) - romance
  • Algoritmo (Quelônio, 2017) - novela
  • Dionísio em Berlim (Quelônio, 2019) - romance
  • Baleias no Deserto: O Corpo, o clima, a cura pela terra (Rua do Sabão, 2023) - ensaio de ficção, literatura de viagens

Referências

  1. Novaes, T. Subitamente: agora. Rio de Janeiro: 7Letras, 2004.
  2. «Folha de S.Paulo - Rodapé: Das epifanias e irrealidades cotidianas à doença como metáfora - 19/03/2005». www1.folha.uol.com.br 
  3. Novaes, T. Estado Vegetativo. São Paulo: Callis, 2007.
  4. «Folha de S.Paulo - Nina Horta: Itinerário gastronômico - 14/06/2007». www1.folha.uol.com.br 
  5. Novaes, T. Documentário. Rio de Janeiro: Funarte, 2012.
  6. Novaes, T. (Org.) Tertúlia: o autor como leitor. São Paulo: Sesc Edições, 2013.
  7. SP, © Sesc. «Sesc SP». sescsp.org.br 
  8. Novaes, T. Os amantes da fronteira. São Paulo: Dobra, 2014.
  9. CG, Ideograma. «Sociedade Civil Percurso - NP». revistapercurso.uol.com.br 
  10. BESSA, Carla (Maio de 2020). «A busca por aquele que busca. Ensaios e Resenhas.». Rascunho. Consultado em 9 de fevereiro de 2024 
  11. NOVAES, Tiago. «Baleias no Deserto: o corpo, o clima, a cura pela terra». Tiago Novaes. Consultado em 9 de fevereiro de 2024 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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