Tino Flores

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Tino Flores (19 de Janeiro de 1947, Porto) é um músico e cantor de intervenção português. Foi um dos membros fundadores do GAC - Grupo de Acção Cultural.

Percurso na música[editar | editar código-fonte]

Nasceu no Porto, Portugal no ano de 1947.[1]

Em 1967 imigrou para França, numa tentativa de fugir ao serviço militar obrigatório na guerra colonial, e após o Maio de 68 fixa-se na cidade de Paris.[1]

A sua obra musical é conhecida pelo carácter marcadamente revolucionário e de protesto, onde prevalece o discurso político direto e antifascista, com acompanhamentos simples de guitarra.[2][3]

Iniciou o seu percurso na música ainda durante a juventude, mas foi em Paris que começou a tocar música de forma mais consistente, e aquando do Maio de 68 já actuava em grupos organizados de apoio a movimentos grevistas, juntamente com Luís Cília, Sérgio Godinho e José Mário Branco.[4][5][6]

Ao contrário de outros músicos de intervenção, que conseguiram ver editados, ainda que em alguns casos de forma clandestina, os seus álbuns por certas editoras nacionais, a música de Tino Flores foi apenas editada através de edições caseiras de autor, pelo que os seus álbuns são bastante raros de se encontrar. A sua principal intenção era que a sua música servisse a luta revolucionária, sem qualquer tipo de intenção comercial nas suas edições discográficas.[7][6]

O seu primeiro EP foi lançado no início da década de 70 e intitula-se Viva a revolução. Em 1972 lançou o seu segundo EP, Organizado o povo é invencível, e em 1974 editou o duplo EP O povo em armas esmagará a burguesia.[1]

Em Maio de 1974, logo após a revolução do 25 de Abril, foi um dos membros fundadores do GAC, juntamente com José Mário Branco, Afonso Dias e Fausto.[6][1] Participaram no Festival RTP da Canção em 1975, com o tema “Alerta”. A canção ficou em 5º lugar, com um total de 42 pontos.[8][9][10][11]

Em 1993 publicou o álbum “Mil fogueiras”, editado pela UPAV, editora de música fundada por José Mário Branco.[12][13]

Reconhecimento[editar | editar código-fonte]

Em 2022 foi publicado o livro Tino Flores – Uma utopia bela e generosa, escrito pelo investigador Mário Correia e que contém mais de 200 páginas sobre a vida e carreia deste músico de intervenção. O livro foi apresentado em várias sessões, de norte a sul do país, tendo feito parte de várias iniciativas relativas às comemorações do 25 de Abril de 1974.[14][15][16]

Discografia[editar | editar código-fonte]

A solo:[1][6]

  • Viva a revolução (EP, s.d)
  • Organizado o povo é invencível (EP, 1972)
  • O povo em armas esmagará a burguesia (Duplo EP, 1973)
  • Isto só vai à porrada (LP, 1979)
  • Mil fogueiras (CD, UPAV, 1993)[12]

Com o GAC:

  • A cantiga é uma arma (LP, Vozes na luta, 1975) co-autoria da letra da canção "A luta do jornal do Comércio"[17]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d e RAPOSO, Eduardo M. (2007). 1960-1974: Canto de intervenção. [S.l.]: Público. ISBN 972-8892-43-8 
  2. «Tino Flores». Consultado em 22 de dezembro de 2022 
  3. «Que é dos cantores de intervenção?». www.viriatoteles.net. Consultado em 22 de dezembro de 2022 
  4. Branco, Luís Freitas. «1971. José Mário Branco e a revolução da canção portuguesa gerada a partir de Paris». Observador. Consultado em 22 de dezembro de 2022 
  5. Silva, Octávio Fonseca (2000). José Mário Branco : o canto da inquietação 1. ed ed. Porto: Discantus. OCLC 163846908 
  6. a b c d CASTRO, José Hugo (2012). «Dissertação de mestrado "Discos na luta: a canção de protesto na produção fonográfica em Portugal nas décadas de 1960 e 1970"» (PDF). RUN-UNL 
  7. Jpar, Bairro Do Vinil- (25 de abril de 2012). «No Bairro do Vinil: Tino Flores - Organizado o povo é invencível». No Bairro do Vinil. Consultado em 22 de dezembro de 2022 
  8. «GAC | Arquivo José Mário Branco». arquivojosemariobranco.fcsh.unl.pt. Consultado em 22 de dezembro de 2022 
  9. Studio, Gen Design. «RUM». RUM (em inglês). Consultado em 22 de dezembro de 2022 
  10. «Alerta | Arquivo José Mário Branco». arquivojosemariobranco.fcsh.unl.pt. Consultado em 22 de dezembro de 2022 
  11. «Canção "Alerta" por José Mário Branco». Consultado em 22 de dezembro de 2022 
  12. a b «Alinhamento e duração das faixas do álbum "Mil fogueiras", de Tino Flores (1993) | Arquivo José Mário Branco». arquivojosemariobranco.fcsh.unl.pt. Consultado em 22 de dezembro de 2022 
  13. «Tino Flores | Arquivo José Mário Branco». arquivojosemariobranco.fcsh.unl.pt. Consultado em 22 de dezembro de 2022 
  14. «Tino Flores: uma utopia bela…». AJA. 18 de março de 2022. Consultado em 22 de dezembro de 2022 
  15. «Porto abraça Tino em noite de utopias, de livros e música». sf. 7 de maio de 2022. Consultado em 22 de dezembro de 2022 
  16. «Comemoração do 25 de Abril com programa até ao mês de Maio.». TerraNova. 19 de abril de 2022. Consultado em 22 de dezembro de 2022 
  17. «A cantiga é uma arma | Arquivo José Mário Branco». arquivojosemariobranco.fcsh.unl.pt. Consultado em 22 de dezembro de 2022 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]