Tiquira

A tiquira é uma bebida alcoólica artesanal típica de alguns estados do nordeste brasileiro (Maranhão, Piauí[1] e Ceará). De forte teor alcoólico e geralmente de cor roxa, é obtida através da destilação artesanal da mandioca fermentada (não industrializada), sendo encontrada comumente nos mercados de produtos regionais.
Etimologia[editar | editar código-fonte]
"Tiquira" é proveniente do tupi antigo tykytykyr (ou tukutukur), que significa "destilar".[2]
Produção[editar | editar código-fonte]
Primeiro, é necessário lavar, ralar e prensar a mandioca. Esse processo garante a retirada do veneno (íon cianeto) da matéria prima. Resultando em uma massa, que deve ser desfeita à mão, dando origem a uma grossa farofa. Em seguida, espalhá-la sobre uma superfície quente, até formar uma pasta de aproximadamente trinta centímetros de diâmetro, que deverá ser assado até se tornar beiju.
Quando o beijus resfriarem, são expostos à sombra para ocorrer a proliferação espontânea dos esporos e dos fungos do ambiente durante três ou quatro dias até se formar uma flora de micélios de cor rosada.
O processo leva de doze a catorze dias, quando se diminui o teor de umidade dessas massas e os micélios da superfície chegam ao interior dos beijus, contaminando e sacrificando a massa e desdobrando todo o amido.
É necessário um recipiente que deve ter, em média, duzentos litros de capacidade para se adicionar a pasta e, depois, cobrir com água. Após um dia, virará uma massa desfeita e xaroposa que deve ser mexida e agitada para se uniformizar e arejar o mosto, que, deixado exposto, completará sua fermentação alcoólica em dois dias.
Com o fim da fermentação, o mosto é destilado em alambiques de barro ou de cobre. Em cada operação, serão produzidos de quinze a vinte litros de tiquira, rendendo cerca de cem litros no total. Finalmente, a tiquira é cozida com folhas de tangerina e adquire a sua tradicional cor roxa, que serve para distingui-la da cachaça.[3]
Leituras adicionais[editar | editar código-fonte]
- SANTOS, Geraldino da Silva et al. Identificação e quantificação do cristal violeta em aguardentes de mandioca (tiquira). Quím. Nova, São Paulo, v. 28, n. 4, Aug. 2005. Acessado em 11 de março de 2009
Referências
- ↑ «:: Piauí.com.br ::». www.piaui.com.br. Consultado em 8 de janeiro de 2019
- ↑ NAVARRO, E. A. Dicionário de Tupi Antigoː a Língua Indígena Clássica do Brasil. São Paulo. Global. 2013. p. 486.
- ↑ «Tiquira. Bebida pra macho » Papo de Bar». Papo de Bar. 25 de novembro de 2009. Consultado em 8 de janeiro de 2019
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- Dulcetti, Bruno et al. [http://www.papodebar.com/tiquira-bebida-pra-macho/ Tiquira. Bebida pra macho › Papo de Bar.