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As tunas preservam uma tradição secular, com raízes numa tradição com origem na vizinha [[Espanha]].
As tunas preservam uma tradição secular, com raízes numa tradição com origem na vizinha [[Espanha]].


A origem do vocábulo "Tuna" é incerta. Alguns defendem que a origem seria o provençal "Thune" -"albergue para mendigos", muito divulgados no sul de França. Esta teoria apoia-se no carácter mendicante dos "sopistas" (do espanhol "sopa"), classe de estudantes que sobreviveriam à custa da "sopa boba" (ou sopa dos pobres) distribuída gratuitamente nesses albergues; assim "tunos" seriam os que se alimentavam à custas desses "thunes". Segundo outros, apoiados em certo "dicionário de autoridades" do século XVIII - de rigor questionável - a palavra derivaria do espanhol "atún", dada a semelhança que existia, na opinião do respectivo autor, entre o carácter migratório daqueles peixes e o carácter ambulatório dos tunos. Ainda de acordo com esta teoria, "tunos" seriam os trabalhadores sazonais que se deslocavam para o sul de Espanha para aproveitarem o trabalho proporcionado pela faina do atum no Mediterrâneo; estes trabalhadores sazonais teriam inspirado os estudantes a uma vida igualmente errante. Outras teorias mais amplamente difundidas procuram situar a origem no latim "tonare" (soar), muito embora esta evolução contrarie as leis da evolução fonética do latim para as línguas ibéricas. Pretendem ainda outros que "tuna" seria apenas a corruptela de "estudiantina".


Existem inúmeros mitos sobre a história e origem dos tunos e das tunas alimentados pela falta de bibliografia respectiva e de um estudo sistémico deste fenómeno. O livro ''"'''Tunas do Marão'''"'' do etnomusicólogo [[José Alberto Sardinha]] e os trabalhos desenvolvidos por [[J.Pierre Silva]], [[Ricardo Tavares]], [[Eduardo Coelho]] e [[João Paulo Sousa]] se configuram como fonte credível no estudo e investigação da Tuna em Portugal.
Existem inúmeros mitos sobre a história e origem dos tunos e das tunas alimentados pela falta de bibliografia respectiva e de um estudo sistémico deste fenómeno. O livro ''"'''Tunas do Marão'''"'' do etnomusicólogo [[José Alberto Sardinha]] e os trabalhos desenvolvidos por [[J.Pierre Silva]], [[Ricardo Tavares]], [[Eduardo Coelho]] e [[João Paulo Sousa]] se configuram como fonte credível no estudo e investigação da Tuna em Portugal.

Revisão das 10h12min de 21 de agosto de 2009

 Nota: Para outros significados, veja Tuna (desambiguação).
Tuna académica

Uma tuna é um agrupamento musical, essencialmente composto por cordofones. A origem destes agrupamentos encontram-se nos antigos sopistas e pícaros de antanho, estudantes maltrapilhos (alguns pertencentes às classes mais baixas do clero) à cata de sustento, que se socorriam dos seus dotes musicais e artísticos para sustento dos seus estudos, folias e excessos juvenis. Já a pretensa ligação aos Goliardos parece ser mais uma colagem romântica do que um facto histórico - tese defendida por alguns, a propósito da suposta herança goliardesca nas tunas.

A Tuna Académica é um agrupamento constituído por estudantes essencialmente do ensino superior (embora nas primeiras décadas do século XX tenham sido comuns as tunas compostas por alunos de liceu). O repertório musical das tunas é extremamente variado, indo desde adaptações de temas de autor, passando pela música erudita, até composições originais cuja temática incide essencialmente na vida boémia estudantil, na celebração do amor, mantendo afinidades temáticas com o fado e um certo estilo de música muito em voga em meados do século XX, de cariz humorístico e brejeiro - picaresco, portanto. Envergam usualmente o traje académico da instituição que representam, sem prejuízo de em certos casos serem criados trajes especificamente para o efeito - inspirados, em todo o caso, quer em trajes estudantis de séculos passados, quer com adaptações de elementos etnográficos da região a que pertence.

As tunas preservam uma tradição secular, com raízes numa tradição com origem na vizinha Espanha.


Existem inúmeros mitos sobre a história e origem dos tunos e das tunas alimentados pela falta de bibliografia respectiva e de um estudo sistémico deste fenómeno. O livro "Tunas do Marão" do etnomusicólogo José Alberto Sardinha e os trabalhos desenvolvidos por J.Pierre Silva, Ricardo Tavares, Eduardo Coelho e João Paulo Sousa se configuram como fonte credível no estudo e investigação da Tuna em Portugal. Para ilustrar os muitos equívocos e mitos que giram em torno da história e origem das tunas, podemos ler Mitos sobre a História das Tunas, servindo para desfazer algumas fantasias históricas.

As tunas chegaram, a Portugal no século XIX e a visita da Tuna de Santiago de Compostela, em 1888 e, depois a de Salamanca à Universidade de Coimbra (vindo-se a formar, logo após a Tuna Académica de Coimbra/Estudantina Universitária de Coimbra), bem como ao Porto e Lisboa, marcam os primeiros passos da institucionalização da Tuna. Mais ou menos na mesma altura se forma a Tuna Académica do Porto, que passou a designar-se Tuna Universitária do Porto a partir de 1911, ano em que a Academia Politécnica passou a Universidade do Porto. Na sequência destas, outras se formam no nível liceal (o actual ensino secundário), das quais a mais antiga é a Tuna Académica do Liceu de Évora.

O fenómeno "Tuna" não se fixou apenas no contexto académico. De facto, foi fora do contexto universitário que este tipo de agrupamentos conheceu maior pujança ao longo de todo o século XX, um pouco por todo o país. Estes agrupamentos de cariz popular receberam outro tipo de designações, além do de tuna: orquestra popular, orquestra típica, conjunto típico, entre outras. Segundo uma definição que contém tanto de simplista como de verdadeira, no parecer de Ernesto Veiga de Oliveira, uma tuna seria "Um grupo de pessoas que não sabe música e que toca música para aqueles que a sabem", numa alusão ao carácter assumidamente amador e voluntarista deste tipo de agrupamentos. Já J.Pierre Silva, avança que Tuna Académica/Universitária, é um grupo de cariz musical, constituído por estudantes ou antigos estudantes do ensino superior, em representação do estabelecimento ou da instituição de ensino superior que frequentam ou a cujos organismos artísticos pertençam, ou, ainda, livremente associados, que reproduzem uma cultura e tradição secular (com raízes no séc. XIII), herdada dos antigos pícaros e sopistas do Século de Ouro espanhol, através do conceito de “correr la Tuna” manifestado e vivenciado pelos Tunos/Tunas do país vizinho, que chegou a Portugal em finais do séc. XIX e foi retomado nos anos 80 do séc. XX. Apresentam-se com o traje da academia em que se integram ou indumentária própria (devendo, neste último caso, ser de inspiração académica, do traje espanhol à capa e batina, incluindo, por vezes, elementos de inspiração etnográfica/histórica da região em que se enquadra a sua actividade estudantil), no estrito respeito pelas raízes tradicionais estudantis nacionais (ou tunantes – numa concepção ibérica). Fazem-se acompanhar, essencialmente, de cordofones, podendo também incorporar outros instrumentos de carácter acústico e portátil, cuja configuração permita a mobilidade e cariz migratório da Tuna, na interpretação de repertórios eclécticos e variados, de que a vida estudantil é denominador e traço comum, uma opinião partilhada por Eduardo Coelho,, similar à defendida por Ricardo Tavares.

Na actualidade, e desde o ressurgimento do fenómeno no contexto universitário, durante os anos 80 do século passado, a tuna académica/universitária é entendida como um grupo musical composto exclusivamente por alunos ou ex-alunos do ensino superior, embora tal não obste à existência de tunas académicas fora da geografia universitária (mas, nesse caso, já não há o uso do traje académico, só permitido aos que frequentam um curso superior).

Os instrumentos principais são: