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Maria Lacerda de Moura | |
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Nascimento | 16 de maio de 1887 Manhuaçu, Minas Gerais, Brasil |
Morte | 20 de março de 1945 (57 anos) Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil |
Nacionalidade | Brasileira |
Ocupação | Educadora |
Escola/tradição | Anarquismo |
Principais interesses | Feminismo, Educação, Anarquismo. |
Maria Lacerda de Moura (Manhuaçu, 16 de maio de 1887 — Rio de Janeiro, 20 de março de 1945) foi uma militante anarquista brasileira que se notabilizou por seus escritos feministas.
Vida
[editar | editar código-fonte]Formou-se na Escola Normal de Barbacena e trabalhou como educadora, adotando a pedagogia de Francisco Ferrer e lecionando em Escolas Modernas. Em 1920, no Rio de Janeiro, fundou a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher, que combateria a favor do sufrágio feminino. Após mudar-se para São Paulo em 1921, se tornou ativa colaboradora da imprensa operária, publicando em jornais como A Plebe e O Combate. Em 1923, desagradou outros anarquistas por se referir positivamente às reformas educacionais promovidas pelos bolcheviques na URSS, mesmo após a perseguição política que os anarquistas russos sofreram durante e após a Revolução Russa de 1917 ter se tornado pública. Entretanto, também recusou convites para ingressar no recém-formado Partido Comunista do Brasil. Entre 1928 e 1937, viveu numa comunidade agrícola autogestionária em Guararema, formada principalmente por anarquistas e desertores espanhóis, franceses e italianos da Primeira Guerra Mundial, "livre de escolas, livre de igrejas, livre de dogmas, livre de academias, livre de muletas, livre de prejuízos governamentais, religiosos e sociais". A repressão política durante o governo de Getúlio Vargas forçou a comunidade a se desfazer, levando-a a fugir para o Rio de Janeiro, onde trabalhou na Rádio Mayrink Veiga lendo horóscopos. Fez parte da maçonaria e da Rosa Cruz, mas se distanciou desta publicamente, após saber que sua sede em Berlim havia sido cedida aos nazistas, e desautorizou seu filho adotivo a reconhecê-la, após este ter se associado aos integralistas. Sua última conferência (O Silêncio) foi realizada no Centro Rosa Cruz, ao qual voltou a se ligar ao final de sua vida. Além de pacifista, foi também vegetariana[1] e antivivisseccionista[2].
Obras
[editar | editar código-fonte]Dentre seus vários livros se destacam:
- Em torno da Educação (1918)
- Porque vence o porvir? (1919)
- Renovação (1919)
- A mulher e a maçonaria (1922)
- A fraternidade na escola (1922)
- A mulher hodierna e o seu papel na sociedade (1923)
- A mulher é uma degenerada? (1924)
- Lições da Pedagogia (1925)
- Religião do amor e da beleza (1926)
- De Amundsen a Del Prete (1928)
- Civilização, tronco de escravos (1931)
- Clero e Estado (1931)
- Amai-vos e não vos multipliqueis (1932)
- Serviço militar obrigatório para a mulher? Recuso-me… (1933)
- Han Ryner e o amor no plural (1933)
- Clero e Fascismo, horda de embrutecedores (1933)
- Fascismo – filho dileto da Igreja e do Capital (1933)
- Português para os cursos comerciais (1940)
- O Silêncio (1944)
Importância
[editar | editar código-fonte]Maria Lacerda de Moura é considerada uma das pioneiras do feminismo em Brasil, e certamente foi uma das poucas que observaram a condição feminina dentro da perspectiva da luta de classes. Anticlerical, escreveu numerosos artigos e livros criticando tenazmente a moral sexual burguesa, denunciando a opressão exercida sobre todas mulheres, e em especial as das camadas mais pobres. Entre os temas eleitos pela escritora, nós encontramos a educação sexual dos jovens, a virgindade, o amor livre, o direito ao prazer sexual, o divórcio, a maternidade consciente e a prostituição, assuntos considerados tabu naquela época. Seus artigos foram publicados na imprensa brasileira, uruguaia, argentina e espanhola. A autora fundou também a revista Renascença, cujo foco foi a formação intelectual e moral das mulheres.
Em seu livro "Religião do amor e da beleza", Maria Lacerda de Moura defende o amor livre. Para ela, o amor só seria livre quando as mulheres não fossem mais compelidas aos braços dos homens por estarem submetidas a constrangimentos financeiros (seja pelo casamento, pela prostituição ou pela "escravidão do salário"), nem estivesse atada a preconceitos religiosos de qualquer natureza. A autora também procura diferenciar sua concepção de amor livre daquela defendida por pensadores como Émile Armand.
Sobre a autora
[editar | editar código-fonte]- Moreira, Miriam Lifchitz (1984). Outra Face do Feminismo: Maria Lacerda de Moura. São Paulo: Ática.
- Maria Lacerda de Moura – Trajetória de uma Rebelde (2003). Documentário de 32 minutos em VHS realizado pela equipe do Laboratório de Imagem e Som em Antropologia, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Apoio: FAPESP.
Referências
[editar | editar código-fonte]Ver também
[editar | editar código-fonte]Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Feminismo? Caridade?» por Maria Lacerda de Moura—Revista Utopia #9
- «Maria Lacerda de Moura» -- esboço biográfico por Miriam Lifchitz Moreira Leite.
- «História e Universo Femininos: Maria Lacerda de Moura» -- esboço biográfico por Miriam Lifchitz Moreira Leite.
- «Maria Lacerda de Moura page» (em inglês) Daily Bleed's Anarchist Encyclopedia
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