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Alfredo Oliani (São Paulo, 1906 - 1988) foi um escultor paulista que atuou em arte tumular e arte religiosa na cidade de São Paulo. Foi contemporâneo de Galileo Emendabili (1898-1974) e de Victor Brecheret (1894-1955).[1][2] Foi premiado em vários salões de arte brasileiros. Assinava "A. Oliani".[3]

História[editar | editar código-fonte]

Alfredo Oliani nasceu em 24 de janeiro de 1906, na cidade de São Paulo; filho do italiano Tito Oliani (1877-1949, vindo de Ostiglia) e da paulista Marcellina Bossa Oliani. Alfredo tinha outros três irmãos: Luiz e Edmundo que seguiram carreira musical, e José que estudou desenho arquitetônico na Escola Tranquilo Cremona e, em 1927, abandonou o trabalho e foi estudar canto na Europa.[1]

Alfredo Oliani participou do coro da Catedral Metropolitana de São Paulo, junto com seu pai e seus irmão. Desde cedo, se dedicou aos estudos tradicionais e artísticos. Em 1918, recebeu o Diploma de VI Prêmio e Menção de Honra de II Grau.[4]

Em 1920, passou a frequentar o ateliê do artista italiano Nicola Rollo, no bairro do Ipiranga; onde também funcionava uma pequena fundição de bronze.[5] Entre 1921 e 1922, Oliani entrou para o Liceu de Artes e Ofícios, onde estudou perspectiva com Aladino Divani e desenho ornato com Nicola Rollo.[1]

Em 1926, matriculou-se no curso de escultura da Escola de Belas Artes de São Paulo (recém-fundada), tendo aulas com artistas renomados como: Leopoldo e Silva, Oscar Pereira da Silva e Amadeu Zani. Ao final do curso, recebeu o prêmio Ondina Paranhos, e a instituição o convidou para ministrar a disciplina de modelagem.[1]

Em conjunto com a Marmoraria Tavolaro projetou a porta em bronze da capela funerária da Família Gabrilli, no Cemitério da Consolação, e a capela funerária para a Família Raul Setti, no Cemitério do Araçá, trabalhando em conjunto com a Casa Maia.[6]

Na década de 1930, também executou duas capelas: uma em parceria com a Marmoraria Tavolaro, no Cemitério da Consolação; a outra no Cemitério do Araçá. Ambas são de granito marrom polido.[6]

Triste Separação, de Alfredo Oliani, no Cemitério São Paulo

Em 1937, foi contemplado com uma viagem à Itália para estudar escultura na Academia de Belas Artes de Florença, fruto de um prêmio na Seção de Escultura que recebeu em dezembro de 1936. A estadia teve duração de um ano e meio, tendo como um dos professores Giuseppe Grazziosi (1879-1942). Ao retornar da Europa, Alfredo Oliani participou de vários salões de arte.[5]

Em seu retorno, foi contemplado com uma viagem a vários países (Brasil, Argentina, Uruguai, Bolívia e Peru), prêmio do governo brasileiro. A viagem aconteceu em 1947, durou 18 meses e Oliani produziu 300 desenhos e estudos. Quando voltou de sua viagem à América Latina, instalou um ateliê na cidade de São Paulo, no bairro do Ipiranga, para ensinar desenho, pintura, escultura e água-forte.[6]

Principais obras[editar | editar código-fonte]

As obras de Alfredo Oliani combinam art decó e modernismo, tendo como referências mais relevantes Auguste Rodin (1840-1917), Amadeu Zani (1869-1944) e Francisco Leopoldo e Silva (1879-1948).[5][7] Cinco de suas obras estão no acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo.[8]

Último adeus[editar | editar código-fonte]

Último Adeus, de Alfredo Oliani, no Cemitério São Paulo

é a mais comentada obra de arte cemiterial da cidade de São Paulo. Muitos a consideram uma proclamação de erotismo estético, até mesmo uma ousadia profunda e indevida na arte funerária paulistana.[9]

A obra está localizada no Cemitério São Paulo, no túmulo de Antonino e Maria Cantarella. Antônio Cantarella faleceu próximo ao Natal de 1942; e Maria Cantarella, sua esposa, em 1982.[5]

TEXTO DA VIVI - 1° e 2° parágrafos

O afeto entre os dois está registrado nos epitáfios gravados no túmulo:[5]

“Ó Nino, meu esposo, meu guia e motivo eterno de minha saudade e de meu pranto. Tributo de Maria”.

TEXTO DA VIVI - 4° parágrafo

“Aqui repousa Maria Cantarella ao lado de seu inseparável e amado esposo...”

Arquitetura[editar | editar código-fonte]

Último Adeus, de Alfredo Oliani, no Cemitério São Paulo

A obra Último adeus, no túmulo de Antonino e Maria Cantarella, foi realizada com uma base de blocos de granito preto polido dispostos geometricamente, que sustentam a escultura confeccionada em bronze.[5][10][11] TEXTO DA VIVI - a partir do 3° parágrafo

Crucifixo do Plenário 1º de Maio[editar | editar código-fonte]

A obra está localizada no Plenário 1º de Maio, do Palácio Anchieta, sede da Câmara Municipal de São Paulo; tendo sido entronizado por dom Agnelo Rossi, em 1970.[3]

Reconhecimentos[editar | editar código-fonte]

  • 1972 - Prêmio Escultura, XX Salão de Belas Artes de Piracicaba[1]
  • 1970 - Prêmio Escultura, XVIII Salão de Belas Artes de Piracicaba[1]
  • 1970 - medalha de prata, XI Salão de Belas Artes de Santos[1]
  • 1967 - medalha de ouro, XV Salão de Belas Artes de Piracicaba[1]
  • 1965 - medalha de prata, XIII Salão de Belas Artes de Piracicaba[1]
  • 1965 - Medalha Assembleia Legislativa São Paulo Revolução de 32[1]
  • 1964 - M.M.D.C., Medalha Revolução 32[1]
  • 1963 - medalha de prata, XV Salão da Primavera[1]
  • 1959 - Pro Ecclesia et Pontifice, do Vaticano[1]
  • 1958 - Mérito Câmara Municipal de Ilhabela[1]
  • 1958 - Cidadão Caiçara de Ilhabela[1]
  • 1951 - Prêmio Prefeitura, XVI Salão Paulista de Belas Artes[1][12]
  • 1951 - medalha de ouro, XXX Salão Paulista de Belas Artes[1]
  • 1950 - medalha de ouro, II Salão Bahiano Belas Artes[1]
  • 1942 - medalha de bronze, 42º Salão Nacional de Belas Artes[1]
  • 1942 - Prêmio Prefeitura, VIII Salão Paulista de Belas Artes[1][13]
  • 1942 - medalha de bronze, 53º Salão Nacional de Belas Artes[1]
  • 1941 - organizador e medalha de prata, VII Salão Paulista de Belas Artes[1][14]
  • 1939 - prêmio do governo brasileiro, viagem por vários países: Brasil, Argentina, Uruguai, Bolívia e Peru[6]
  • 1937 - "Prêmio de Aperfeiçoamento", viagem à Itália para estudar escultura na Academia de Belas Artes de Florença[15][16]
  • 1937 - menção honrosa, I Salão de Belas Artes de São Paulo[1][17]
  • 1918 - Diploma de VI Prêmio e Menção de Honra de II Grau, tendo sido julgado por artistas como Pedro Alexandrino.[4][6]

Tito Oliani[editar | editar código-fonte]

O pai de Alfredo Oliani, Tito Oliani, chegou ao Brasil no final do século XIX; cursou o primário e o curso de música em sua cidade natal.[1]

No Brasil, Tito foi baixo cantante do coro da Catedral Metropolitana de São Paulo, então regido por Furio Franceschini (1880-1976). Mas, como forma para sobreviver, Tito e seus irmãos trabalharam na área da construção civil, na cidade que estava em crescimento.[1]

Os italianos chegados a nova terra encontraram uma série de dificuldades graves a serem superadas: o clima, a língua, os costumes, o sistema de trabalho, as pessoas, que eram diferentes do que haviam deixados, provavelmente diferentes mesmo de como eles os haviam imaginados. Para vencer e resistir deviam possuir muito espírito de adaptação e uma grande tenacidade.[19]

Dentre as construções em que Tito trabalhou estão algumas no bairro do Ipiranga: a residência do maestro Furio Franceschini, a Igreja Bom José do Ipiranga e o Noviciado das Irmãs Salesianas (posteriormente, Faculdade São Marcos).[1]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z Comunale, Viviane (1 de janeiro de 2015). «A REDESCOBERTA DO ARTISTA ALFREDO OLIANI: UM BREVE RELATO DE SUA TRAJETORIA ARTISTICA». Consultado em 30 de janeiro de 2024 
  2. «A redescoberta da arte de Alfredo Oliani: Sacra e Tumular - FUNARTE Digital». 19 de abril de 2022. Consultado em 30 de janeiro de 2024 
  3. a b «Centro de Memória - Câmara Municipal de São Paulo». www.saopaulo.sp.leg.br. Consultado em 30 de janeiro de 2024 
  4. a b KUNIGK, Maria Cecília Martins. (2001). Nicola Rollo (1889-1970): Um escultor na modernidade brasileira. São Paulo: Universidade São Paulo - ECA/USP. p. 51 
  5. a b c d e f Carneiro, Maristela (23 de dezembro de 2018). «A potência do homem e o amor metafísico: o último adeus». Domínios da Imagem (22): 47–67. ISSN 2237-9126. doi:10.5433/2237-9126.2018v12n22p47. Consultado em 30 de janeiro de 2024 
  6. a b c d e Comunale, Viviane (1 de janeiro de 2015). «A ARTE TUMULAR DE ALFREDO OLIANI PRESENTE NOS CEMITÉRIOS PAULISTANOS». Consultado em 31 de janeiro de 2024 
  7. COMUNALE, Viviane. A redescoberta da arte de Alfredo Oliani: sacra e tumular. 2015, 259 p. Dissertação (Mestrado em Artes), Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista, Universidade Estadual Paulista, São Paulo, 2015.
  8. Futuro, Sistemas do. «Pinacoteca de São Paulo». acervo.pinacoteca.org.br. Consultado em 31 de janeiro de 2024 
  9. MARTINS, José de Souza. O Último Adeus, de Alfredo Oliani. In: O Estado de São Paulo. São Paulo, 28 out 2006.
  10. Websix. «Atena Editora». www.atenaeditora.com.br. Consultado em 30 de janeiro de 2024 
  11. «Folhapress - Fotos - Obra 'Último Adeus', do escultor Alfredo Oliani». folhapress.folha.com.br. Consultado em 30 de janeiro de 2024 
  12. Editores da Enciclopédia. 16º Salão Paulista de Belas Artes.
  13. Editores da Enciclopédia. 8º Salão Paulista de Belas Artes.
  14. Editores da Enciclopédia. 7º Salão Paulista de Belas Artes.
  15. Jornal Diário Popular, 3 de maio de 1937.
  16. Jornal Folha da Manhã, 29 de janeiro de1938.
  17. Editores da Enciclopédia. 1º Salão Paulista de Bellas Artes.
  18. OLIANI, Alfredo. Antigos artistas do bairro do Ipiranga: Tito e Hygino Oliani. São Paulo: UNESP, 1983.
  19. SALMONI, Anita; DEBENEDETTI, Emma. Arquitetura Italiana em São Paulo. Série Debates. São Paulo: Perspectiva, 1981.