Usuário:Leonardorejorge/Baleia-sei

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Habitat e migração[editar | editar código-fonte]

Desenho de uma baleia-sei num selo faroense

As baleias-sei são encontradas em todo o mundo, apesar de serem raramente encontradas em águas polares ou tropicais.[1] A dificuldade em distinguir as baleias-sei no mar dos seus parentes mais próximos, a baleia-de-bryde e em alguns casos a baleia-comum, criou confusões sobre os seus limites de distribuição e frequência de ocorrência, especialmente um águas mais quentes onde a baleia-se-bryde é mais comum.

No Atlântico Norte, a área de distribuição da baleia-sei estende-se do Sul da Europa ou noroeste de África até à Noruega no Atlântico Norte oriental, e do Sul dos Estados Unidos até à Gronelândia no Oeste.[2] Os registos confirmados mais a Sul são zonas no Golfo do México e nas Grandes Antilhas[3] Ao longo da sua área de distribuição, a baleia tende a evitar corpos de água semi-fechados como o Golfo do México, o Golfo de São Lourenço, a Baía de Hudson, o Mar do Norte e o Mar Mediterrâneo.[1] Ocorre predominantemente em zonas de água profunda, ocorrendo de maneira mais comum sobre a plataforma continental,[4] em bacias oceânicas[5] ou áreas de desfiladeiros submarinos[6]

No Pacífico Norte, a baleia-sei é encontrada entre as latitudes 20°N e 23°N no Inverno e as latitudes 35°N e 50°N no Verão.[7] Aproximadamente 75% da população total da baleia-sei no Pacífico Norte é encontrada a leste da Linha Internacional de Data,[8] mas existe uma significante falta de informação acerca da distribuição global destas baleias no Pacífico Norte. Duas baleias marcadas na costa da Califórnia foram recapturadas mais tarde nas costas de Washington e da Colúmbia Britânica, revelando uma possível ligação entre estas áreas,[9] mas a falta de outras recuperações de marcação deixam estes dois casos como inconclusivos. No Hemisfério Sul, a distribuição de Verão baseada em dados históricos de captura é entre as latitudes 40°S e 50°S, enquanto que a distribuição de Inverno é desconhecida.[10]

De maneira geral, a baleia-sei migra anualmente de águas frias e subpolares, no Verão, até águas temperadas e subtropicais, no Inverno, onde o alimento é mais abundante.[1] No Noroeste do Atlântico, registos de avistamento e captura sugerem que a baleia se movimenta a Norte ao longo do limite da plataforma para chegar até às áreas do Banco Georges, do Canal Nordeste e do Banco Browns, a meio ou fim de Junho. Estão presentes na costa da Terra Nova em Agosto e Setembro, e migram para Sul, movendo-se para Oeste e Sul ao longo da plataforma da Nova Escócia de meio de Setembro até meio de Novembro. As baleias, no Mar do Labrador, tão cedo como a primeira semana de Junho podem mover-se mais para Norte, para águas a Sudoeste da Gronelândia no fim do Verão.[11] No Atlântico Nordeste, a baleia-sei passa o Inverno tão a Sul como a África Ocidental e segue o talude continental até Norte na Primavera. As grandes fêmeas sideram o migração para Norte e chegam ao Estreito da Dinamarca mais cedo e de forma mais fiável que outras classes e sexo, chegando a meio de Julho e permanecendo até meio de Setembro. Em alguns anos, machos e fêmeas jovens permanecem em latitudes menos elevadas durante os meses de Verão.[12]

Apesar de se saberem tendências gerais dos padrões de migração da baleia-sei, as rotas exactas de migração não são conhecidas.[12] e os cientistas não podem prever pronta e exactamente onde os grupos vão aparecer de um ano para outro. Uma localização particular pode num ano observar um influxo de muitas baleias e um influxo nulo em anos seguintes.[13] F.O. Kapel notou uma correlação entre a aparição ocasional da baleia.sei a Oeste da Gronelândia e incursões ocasionais de águas relativamente quentes da Corrente Norte-Atlântica para essa área.[14] Alguma evidência de dados de marcação indicam que baleias-sei individuais retornam à costa da Islândia numa base anual.[15]

Caça à baleia[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Caça à baleia
Arpão de caça à baleia

O desenvolvimento de arpões explosivos e de navios movidos a vapor, no final do século XIX, permitiu a exploração de grandes baleias que anteriormente eram inacessíveis aos baleeiros comerciais. Devido à sua velocidade rápida e característica evasiva,[16] e mais tarde devido à sua menor capacidade de fornecimento de óleo, a baleia-sei não foi de início metodicamente caçada. Quando os stocks das baleia mais atractivas comercialmente (baleia-azul, baleia-comum, baleia-jubarte e baleias do género Eubalaena) começaram a acabar, as baleias-sei foram caçadas de maneira mais séria, particularmente da década de 1950 até à década de 1970.[17]

Atlântico Norte[editar | editar código-fonte]

No Atlântico Norte, entre 1885 e 1984, 14.295 baleias-sei foram capturadas.[8] Foram caçadas em grandes números ao largo da costa da Noruega e Escócia, começando no fim do século XIX e início do século XX,[13] e só no ano de 1885, mas de 700 baleias-sei foram mortas ao largo de Finnmark, na Noruega.[18] A carne de baleia-sei era uma comida popular na Noruega, e foi o valor dessa carne que fez com que a caça dessa baleia difícil de caçar se tornasse economicamente viável no início do século XX.[19]

Na Islândia, um total de 2.574 baleias foram retiradas da estação baleeira de Hvalfjörður, entre 1948 e 1985. Desde o fim da década de 1960 ou início da década de 1970, a baleia-sei foi segunda em termos de apanha, perdendo apenas para a baleia-comum, como alvo dos baleeiros da Islândia, com a demanda de carne de alta qualidade a ter precedência sobre a de óleo, que fora já um dos principais alvos dos baleeiros.[16]

Pequenos números de baleias-sei foram caçadas ao largo das costas da Península Ibérica, começando na década de 1920 por baleeiros espanhóis,[20] ao largo da plataforma da Nova Escócia no fim da década de 1960 e início da década de 1970 por baleeiros canadianos[11] e ao largo da costa ocidental da Gronelândia desde a década de 1920 até à década de 1950 por baleeiros da Noruega e Dinamarca.[14]

Pacífico Norte[editar | editar código-fonte]

No Pacífico Norte, as mortes totais registadas de baleias-sei por baleeiros comerciais, foram de 72.215 entre 1910 e 1975.[8] A maioria foi caçada depois de 1947.[21] Estações costeiras no Japão e Coreia processaram 300-600 baleias-sei cada ano entre 1911 e 1955. Em 1959, a caça japonesa atingiu o seu máximo, com 1.340 baleias mortas. A exploração pesada feita por baleeiros pelágicos, no Pacífico Norte, começou no início da década de 1960, com médias de baleias caçaras a rondar 3.643 por ano, entre 1963 e 1974 (total: 43.719; intervalo anual: 1.280-6.053).[22] Em 1971, após uma década de elevados números de baleias-sei capturadas, a espécie começou a rarear em águas japonesas e a caça à baleia comercial findou no Pacífico Norte ocidental em 1975.[10][23]

Ao largo da costa da América do Norte, as baleias-sei foram caçadas em águas ao largo da Colúmbia Britânica desde o fim da década de 1950 até ao meio da década de 1960, quando o número de baleias capturadas caiu até cerca de 14 por ano.[17] Mais de 2 mil foram mortas nas águas da Colúmbia Britânica entre 1962 e 1967.[24] Entre 1957 e 1971, estações costeiras na Califórnia processaram 386 baleias.[25] A caça comercial de baleias-sei terminou no Pacífico Norte oriental em 1971.

Hemisfério Sul[editar | editar código-fonte]

Um total de 152.233 baleias-sei foram caçadas no Hemisfério Sul entre 1910 e 1979.[8] A caça à baleia no Oceano Antártico inicialmente tinha como alvo a baleia-jubarte. Por volta de 1913, esta espécie-alvo tonou-se rara e caça à baleia-comum e à baleia-azul começou a aumentar. Quando estas baleias por sua vez se tornaram escassas, a apanha da baleia-sei cresceu rapidamente no fim da década de 1950 e início da década de 1960.[10] A caça teve um pico em 1964, com mais de 20 mil baleias-sei, mas por volta de 1976 este número caiu para baixo das 2 mil e a caça comercial acabou por terminar em 1977.[17]

Protecção internacional[editar | editar código-fonte]

A azul, os membros da Comissão Baleeira Internacional

A baleia-sei não teve uma protecção significante, a nível internacional, até 1870, quando quotas de caça para o Pacífico Norte passaram a ser estabelecidas para cada espécie pela Comissão Baleeira Internacional. Anteriormente às quotas de caça, os baleeiros apenas estavam limitados pela habilidade em localizar as baleias.[26] Foi dada à baleia-sei uma protecção completa em relação a caça comercial, No Pacífico Norte, em 1976. Quotas para o Atlântico Norte foram estabelecidas em 1977. Os stocks do Hemisfério Sul foram protegidos em 1979. Encarando uma evidencia crescente de que várias espécies de baleia em todo o mundo estavam sob ameaça de extinção, a Comissão Baleeira Internacional implementou uma moratória sobre caça comercial, começando em 1986, altura em que a toda a caça sobre a baleia-sei parou.[1]

No fim da década de 1970, alguma caça pirata teve lugar no Atlântico Norte oriental.[27] Não há evidência directa de caça ilegal no Pacífico Norte, apesar de os reconhecidos relatórios pouco precisos sobre dados sobre caça pela União Soviética[28] significar que os dados não são todos confiáveis.

A espécie permaneceu listada na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais em 2000, categorizada como "ameaçada".[29] As populações no Hemisfério Norte estão listadas no apêndice II da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção, indicando que a espécie não está necessariamente ameaçada de extinção mas que poderia vir a estar se não estivesse listada. As populações no Hemisfério Sul estão listadas no apêndice I da Convenção, indicando que estão ameaçadas de extinção se o comércio não for parado.[30]

Caça após protecção[editar | editar código-fonte]

Desde a moratória sobre a caça comercial à baleia, algumas baleias têm sido caçadas por baleeiros islandeses e japoneses no âmbito do programa de pesquisa científica da Comissão Baleeira Internacional. A Islândia fez quatro anos de caça para pesquisa durante quatro anos entre 1986 e 1989, durante os quais caçou cerca de 40 baleias por ano.[31]

Os cientistas japoneses matam aproximadamente 50 baleias-sei por ano para pesquisa. Essa pesquisa é conduzida pelo Instituto de Pesquisa sobre Cetáceos, em Tóquio, uma instituição privada sem fins lucrativos. O enfoque principal da pesquisa é o de examinar o que as baleias-sei comem e para determinar o nível de competição entre as baleias e a actividade pesqueira. O Dr. Seiji Ohsumi, Director Geral do instituto disse que "é estimado que as baleias consumam 3 a 5 vezes mais que a quantidade de recursos marinhos colectados para consumo humano, pelo que a nossa pesquisa sobre baleias está a fornecer informação valiosa que é requerida para melhorar a gestão dos recursos marinhos."[32] Mais tarde, adicionou, "as baleias-sei são a segunda mais abundante espécie no Pacífico Norte Ocidental, com uma população estimada superior a 28 mil animais. Está claramente não ameaçada."[33]

Grupos de conservação como o World Wide Fund for Nature disputam sobre a necessidade da pesquisa, dizendo que é sabido que as baleias-sei se alimentam primeiramente de lulas e plâncton, não colectados por humanos, e mais raramente de peixe. Dizem que o programa é "nada mais do que um plano designado para manter a frota baleeira no negócio, e a necessidade de usar baleias como bode expiatório da sobrepesca efectuada pelos humanos."[34] A qualidade científica da pesquisa obtida sob a alçada do programa de pesquisa científica tem sido criticada como sendo muito pobre; na reunião de 2001 da Comissão, 32 cientistas submeteram um documento expressando a sua crença de que o programa japonês carecia de rigor cintífico e que não atingiria os padrões mínimos de revisão académica que são globalmente usados no mundo científico.[35]

Comentário Conteúdo de qualidade e muito bem referenciado. No entanto, o artigo já estava bastante desenvolvido (até estranho que estivesse marcado como esboço). As adições são boas para o artigo, mas ele já era bastante completo antes delas.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome nmfs
  2. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome Gambell85a
  3. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome mead
  4. CETAP (1982). «Final Report of the Cetacean and Turtle Assessment Program, University of Rhode Island, to Bureau of Land Management». U.S. Department of the Interior. Ref. No. AA551-CT8–48 
  5. Sutcliffe, W.H., Jr.; P.F. Brodie (1977). «Whale distributions in Nova Scotia waters». Fisheries & Marine Service Technical Report No. 722. [S.l.: s.n.] 
  6. Kenney, R.D.; H.E. Winn (1987). «Cetacean biomass densities near submarine canyons compared to adjacent shelf/slope areas». Cont. Shelf Res. 7: 107–114. doi:10.1016/0278-4343(87)90073-2 
  7. Masaki, Y. (1976). «Biological studies on the North Pacific sei whale». Bull. Far Seas Fish. Res. Lab. 14: 1–104 
  8. a b c d Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome horwood87
  9. Rice, D.W. (1974). «Whales and whale research in the North Pacific». In: Schervill, W.E. (ed.). The Whale Problem: a status report. Cambridge, MA: Harvard University Press. pp. 170–195. ISBN 0-674-95075-5 
  10. a b c Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome mizroch84
  11. a b Mitchell, E.; D.G. Chapman (1977). «Preliminary assessment of stocks of northwest Atlantic sei whales (Balaenoptera borealis)». Rep. Int. Whal. Commn. Spec. Iss. 1: 117–120 
  12. a b Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome martin83
  13. a b Jonsgård, Å.; K. Darling (1977). «On the biology of the eastern North Atlantic sei whale, Balaenoptera borealis Lesson». Rep. Int. Whal. Commn. Spec. Iss. 1: 124–129 
  14. a b Kapel, F.O. (1985). «On the occurrence of sei whales (Balenoptera borealis) in West Greenland waters». Rep. Int. Whal. Commn. 35: 349–352 
  15. Sigurjónsson, J. (1983). «The cruise of the Ljósfari in the Denmark Strait (June–July 1981) and recent marking and sightings off Iceland». Rep. Int. Whal. Commn. 33: 667–682 
  16. a b Sigurjónsson, J. (1988). «Operational factors of the Icelandic large whale fishery». Rep. Int. Whal. Commn. 38: 327–333 
  17. a b c Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome mfr
  18. Andrews, R.C. (1916). «The sei whale (Balaenoptera borealis Lesson)». Mem. Am. Mus. Nat. Hist. New Ser. 1 (6): 291–388 
  19. Ingebrigtsen, A. (1929). «Whales caught in the North Atlantic and other seas». Rapports et Procès-verbaux des réunions, Cons. Perm. Int. L’Explor. Mer, Vol. LVI. Copenhagen: Høst & Fils 
  20. Aguilar, A.; and S. Lens (1981). «Preliminary report on Spanish whaling operations». Rep. Int. Whal. Commn. 31: 639–643 
  21. Barlow, J., K. A. Forney, P.S. Hill, R.L. Brownell, Jr., J.V. Carretta, D.P. DeMaster, F. Julian, M.S. Lowry, T. Ragen, and R.R. Reeves (1997). «U.S. Pacific marine mammal stock assessments: 1996» (PDF). NOAA Tech. Mem. NMFS-SWFSC-248 
  22. Tillman, M.F. (1977). «Estimates of population size for the North Pacific sei whale». Rep. Int. Whal. Commn. Spec. Iss. 1: 98–106 
  23. Committee for Whaling Statistics (1942). International whaling statistics. Oslo: Committee for Whaling Statistics 
  24. Pike, G.C; and I.B. MacAskie (1969). «Marine mammals of British Columbia». Fish. Res. Bd. Canada Bull. 171 
  25. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome rice77
  26. Allen, K.R. (1980). Conservation and Management of Whales. Seattle, WA: Univ. of Washington Press 
  27. Best, P.B. (1992). «Catches of fin whales in the North Atlantic by the M.V. Sierra (and associated vessels)». Rep. Int. Whal. Commn. 42: 697–700 
  28. Yablokov, A.V. (1994). «Validity of whaling data». Nature. 367. 108 páginas. doi:10.1038/367108a0 
  29. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome iucn
  30. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome adw
  31. «WWF condemns Iceland's announcement to resume whaling» (Nota de imprensa). WWF-International. 2003-08-07. Consultado em 10 de novembro de 2006 
  32. «Japan not catching endangered whales» (PDF) (Nota de imprensa). The Institute of Cetacean Research, Tokyo, Japan. 2002-03-01. Consultado em 10 de novembro de 2006 
  33. «Japan's senior whale scientist responds to New York Times advertisement» (PDF) (Nota de imprensa). The Institute of Cetacean Research, Tokyo, Japan. 2002-05-20. Consultado em 10 de novembro de 2006 
  34. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome wwf05
  35. Clapham, P.; et al. (2002). «Relevance of JARPN II to management, and a note on scientific standards. Report of the IWC Scientific Committee, Annex Q1». Journal of Cetacean Research and Management. 4 (supplement): 395–396