Concas

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Concas
Nascimento 9 de outubro de 1946
Coimbra, Portugal Portugal
Morte 17 de janeiro de 1991 (44 anos)
Caldas da Rainha, Portugal Portugal
Residência Caldas da Rainha
Nacionalidade Portuguesa
Cidadania Portugal
Ocupação professora e pintora

Maria da Conceição Nunes, mais conhecida por Concas (Coimbra, 9 de Outubro de 1946 - Caldas da Rainha, 17 de Janeiro de 1991) foi uma professora e pintora portuguesa.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nascida em Coimbra, a 9 de outubro de 1946, Maria da Conceição Dinis da Fonseca Nunes, mais conhecida por Concas, partiu aos sete anos de idade com a sua família para Moçâmedes, Angola, onde o pai fora colocado para lecionar numa escola. Dois anos mais tarde, em 1958, Concas regressou a Portugal e iniciou o Curso de Formação Feminina na Escola Industrial Luísa Gusmão, em Lisboa, contudo, no ano seguinte voltou com a sua família para África, desta vez para Lourenço Marques, Moçambique, onde começou a revelar o seu interesse pela pintura e fez os seus primeiros desenhos.[1] Apoiada pelos seus pais, começou a ter aulas com o pintor António Heleno e o escultor Jorge da Silva Pinto.

Em 1963, após terminar a Secção Preparatória às Belas Artes, regressou a Portugal e ingressou na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, no Curso Geral de Pintura, que concluiu quatro anos depois com dezassete valores. No ano seguinte, em 1968, matriculou-se no Curso Complementar de Pintura da mesma faculdade, terminando-o em 1969 com dezasseis valores. Durante esse mesmo período, Concas começou a frequentar o curso de Ciências Pedagógicas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, realizou várias viagens de estudo a Roma, Florença e Londres, e casou-se com o escultor Antonino Mendes, de quem veio a ter dois filhos.[2]

Em 1970, a pintora iniciou a sua carreira de docente, apesar de à época ainda não ter terminado o curso de Ciências Pedagógicas. Cinco anos depois, mudou-se para as Caldas da Rainha e iniciou várias acções de formação para professores de Educação Visual. Posteriormente, tornou-se professora efectiva dessa mesma disciplina na Escola Preparatória das Caldas da Rainha, onde permaneceu até ao ano lectivo de 1989/1990.[3]

Ao longo da sua vida, Concas foi bolseira do Ministério da Educação por duas vezes. Primeiro em 1977, em Bordéus, França, onde realizou alguns estágios e seminários de Comunicação, Semiologia da Imagem e Pedagogia Audiovisual, e depois em 1981, novamente em França, mas dessa vez em Périgueux, na área da Comunicação Audiovisual e Formação de Formadores, sendo essa bolsa atribuída em consequência de uma experiência profissional da artista quando, em 1979, integrou a I.C.A.V. (Iniciação à Comunicação Audiovisual), desenvolvida pelo Ministério da Educação e da Cultura, na qualidade de encarregada de formação e animadora/coordenadora. Nesse âmbito, Concas organizou e dinamizou acções de formação para professores de inúmeras escolas preparatórias e secundárias do país, participou em cursos e seminários na área da Comunicação Educativa, publicou trabalhos de índole pedagógica em revistas editadas pelo Ministério e colaborou assiduamente na publicação do “Boletim de Ligação e Difusão do I.C.A.V.”.

Em 1984, Concas e outros artistas fundaram o chamado "Grupo dos Seis", sendo o grupo integrado por João Fragoso, António Vidigal, Antonino Mendes, João Honório, Helena Mendoça e a própria. Com o grupo, a pintora organizou e participou em diversas exposições colectivas.

No ano seguinte a artista procurou desenvolver novos conhecimentos e competências e, neste sentido, ingressou no Curso de Formação em Tecnologia Educacional, na Escola Superior de Educação de Leiria. A partir dessa aposta na sua formação, surgiram novos e diversos desafios profissionais como a dinamização dos programas “Plural” (1987) e “Magazine” (1988) da Rádio Litoral Oeste, o apoio ao “Atelier Aberto de Desenho e Aguarela” promovido pelo Museu José Malhoa das Caldas da Rainha (1988), a consultoria dos novos programas de Educação Visual e Tecnológica, no âmbito da Reforma do Sistema Educativo (entre 1988 e 1990), a colaboração na Semana d’Artimágica, dinamizando o atelier de pintura no Externato Atlântico de Peniche (1989) e a sua integração na Escola Superior de Arte e Design das Caldas da Rainha como professora equiparada adjunta da unidade curricular do curso de Pintura (1990).

Ao longo da sua carreira Concas participou frequentemente em exposições colectivas e individuais, das quais se destacaram as seguintes: V e VI Salões de Arte Moderna da Costa do Sol no Estoril, 1968 e 1969, respectivamente; Exposição Comemorativa do Cinquentenário da Morte do Pintor Amadeo de Sousa Cardoso em Amarante, 1968; exposição individual de “Desenho e Pintura”, integrada na I Feira do Mar em Peniche, 1981; exposição individual na Casa da Cultura das Caldas da Rainha, integrada na 5ª Feira Nacional da Fruta, 1981; III e IV Exposição dos Artistas Caldenses, Museu José Malhoa, 1981 e 1989, respectivamente; exposição colectiva com artistas estrangeiros no Atelier Moldetegui, em França, 1985; exposição colectiva na Santa Casa da Misericórdia das Caldas da Rainha, 1985; Exposição de Artes Plásticas de Professores, na Galeria de Arte do Casino Estoril, 1987; II Bienal Internacional de Escultura/Desenho das Caldas da Rainha, 1987; exposição individual no Hotel D. Pedro V, em Castelo de Vide, 1988; exposição individual em Peniche, 1989; e exposição colectiva na Galeria 101, Lisboa, 1989, entre muitas outras.

Até ao ano da sua morte, Concas esteve ligada a várias escolas caldenses, do ensino preparatório ao ensino secundário e superior, ao Museu de José Malhoa, ao Centro de Artes, ao "Grupo de Artistas Caldenses" e ao "Grupo dos Seis", entre outras associações e cooperativas artísticas. Estava na Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha em 1991 quando faleceu, vítima de doença súbita, com apenas 44 anos de idade.[4]

Homenagens e Legado[editar | editar código-fonte]

Em 1969 foi galardoada com o Prémio Guérin de Artes Plásticas, em Lisboa.

"O Espaço da Concas", Centro de Artes, Caldas da Rainha
Centro de Artes, Caldas da Rainha

A 15 de maio de 2009, por ocasião do Dia da Cidade, foi inaugurado, no Centro de Artes das Caldas da Rainha, o "Espaço da Concas"[5], um núcleo museológico dedicado à pintora e o único sobre pintura daquele Centro, ficando instalado nos ateliers municipais onde funcionou a Escola Superior de Artes e Design.[6] Segundo Fernando Costa, Presidente da Câmara das Caldas da Rainha, a autarquia fez um investimento de 250 mil euros, com a finalidade de implementar o museu naquele espaço, designando a artista e professora de artes como "uma referência local e nacional", cuja homenagem era importante para a autarquia.[7] As obras da artista Concas foram doadas pela família ao município, com a finalidade deste as albergar num núcleo permanente, o que veio a acontecer, simbolicamente, no último local onde a pintora leccionou. O espaço compreende entre 400 e 500 trabalhos, entre pinturas a óleo, desenhos, aguarelas e trabalhos em técnica mista.[8]

A 14 de abril de 2012 foi lançado no "Espaço da Concas" o catálogo dedicado à obra de Concas. O lançamento decorreu durante uma cerimónia de homenagem à vida e trabalho da pintora, na qual o pintor Mário Tropa ofereceu um dos seus quadros ao espólio daquele espaço.[9]

Em outubro de 2015, os presidentes da câmara de Caldas da Rainha e Figueiró dos Vinhos, reuniram-se com vista a elaborar uma futura Rota Malhoa que ligasse as duas localidades, destacando, além de José Malhoa, os artistas Antonino Mendes e Concas na ligação entre as duas autarquias. Na ocasião, Maria da Conceição Pereira, vereadora da cultura das Caldas da Rainha, referiu que a primeira vez que visitou os Paços do Concelho de Figueiró foi para inaugurar uma exposição de Concas, 25 anos atrás.[10]

A sua obra encontra-se representada em diversas colecções privadas em Portugal, França, Dinamarca, Alemanha e Brasil, assim como no Museu José Malhoa nas Caldas da Rainha e no Museu Luís de Camões em Macau, para além dos salões das câmaras municipais de Óbidos e Beja, ou do Espaço da Concas no Centro de Artes das Caldas da Rainha.[11]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Narciso, Natacha (2012). «Centenário do nascimento do escultor António Duarte vai ser assinalado nas Caldas da Rainha». Gazeta Das Caldas. Grupo dos Seis 
  2. Narciso, Natacha (2013). «Faleceu Antonino Mendes». Gazeta das Caldas 
  3. «Espaço Concas, A Artista». Go Caldas 
  4. «Espaço da Concas abre a 15 de Maio nas Caldas da Rainha». Jornal Expresso. 2009 
  5. «O Espaço da Concas». Guia da Cidade 
  6. «Espacio da Concas, Caldas da Rainha». Oestanguapo (em espanhol) 
  7. Narciso, Natacha (2009). «Espaço da Concas abre a 15 de Maio nas Caldas da Rainha». Jornal Expresso 
  8. «Inauguração do Espaço da Concas». Jornal das Caldas. 2009 
  9. «Mário Tropa homenageou a pintora Concas oferecendo uma obra ao seu espaço museológico». Gazeta das Caldas. 2012 
  10. Narciso, Natacha (2015). «Caldas e Figueiró dos Vinhos farão parte de uma futura Rota Malhoa». Gazeta das Caldas 
  11. Livros disponíveis. [S.l.]: Associação Portuguesa de Editores e Livreiros. 1999 

Outras referências usadas no texto[editar | editar código-fonte]

  • Concas. Figueiró-dos-Vinhos – Locais e Referências. Caldas da Rainha: Centro de Artes / CMCR, 2013.
  • O espaço da Concas. Caldas da Rainha: Centro de Artes / CMCR, 2011.
  • Concas. “Retratos”. Caldas da Rainha: Centro de Artes / CMCR / Osiris, 2001.
  • Concas. Pintura e desenho. 1946-1981. Caldas da Rainha: CMCR / Osiris, 1995.
  • Concas : Maria da Conceição Dinis da Fonseca Nunes : exposição retrospectiva / Museu de José Malhoa Caldas da Rainha: Museu José Malhoa / CMCR / Instituto Português do Património Cultural, 1991.