Saltar para o conteúdo

Antônio dos Santos Cunha

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Antônio dos Santos Cunha
Antônio dos Santos Cunha
Informação geral
Nacionalidade Portugal Portugal
Gênero(s) música sacra
Ocupação(ões) compositor
Período em atividade 1800-1822

Antônio dos Santos Cunha foi um compositor de origem provavelmente portuguesa, que atuou na produção de música sacra em São João del-Rei entre cerca de 1800 a 1822, não sendo ainda conhecidos local e data de nascimento e de falecimento.

Atuação em São João del-Rei

[editar | editar código-fonte]

Antônio dos Santos Cunha nasceu provavelmente em Portugal, onde José Maria Neves pesquisou cerca de 20 de seus homônimos que se dedicaram à música, sem que ainda tenha sido estabelecida sua origem precisa.[1][2] Em São João del-Rei filiou-se à Ordem Terceira do Carmo em 1800 e à Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos em 1801,[3] tendo se ausentado para Lisboa em 1815 sem que seja conhecida a data do seu retorno ao Brasil.[4][5]

Existem várias fontes musicais autógrafas nos arquivos da Orquestra Ribeiro Bastos, da Orquestra Lira Sanjoanense e do Cabido Metropolitano do Rio de Janeiro, havendo, neste último, uma partitura autógrafa da Missa e Credo a Cinco Vozes[6][7] com dedicatória ao Imperador Pedro I em 1822, última data conhecida de sua atividade musical.[8] Nessa dedicatória, Antônio do Santos Cunha informa que compunha “nos poucos e curtos instantes [...] entre os deveres do emprego e os cuidados de família”, aparentando uma situação de pouca dependência da atividade musical. A Missa e Credo a Cinco Vozes não foi dedicada à proclamação da Independência, mas ao “Dia do Fico”, ocorrido a 9 de janeiro de 1822, quando o então príncipe-regente negou-se a atender à solicitação das cortes portuguesas para retornar à metrópole.[6]

A proximidade dos solos vocais de Antônio do Santos Cunha com aqueles da ópera italiana é tão intensa que esse argumento tem sido usado para fortalecer a hipótese de origem portuguesa do compositor.[9][10]

Composições conhecidas

[editar | editar código-fonte]

Edilson Rocha estabeleceu a existência de oito obras deste autor, considerando a Missa e Credo a Cinco Vozes como duas e as Matinas da Semana Santa como três composições distintas:[5]

Missa a Quatro Vozes

Missa e Credo a Cinco Vozes

Matinas de Quinta-feira Santa

Matinas de Sexta-feira Santa

Matinas de Sábado Santo

Pange lingua (para baixo solista)

Novena de Nossa Senhora da Boa Morte

Edições

[editar | editar código-fonte]
Capela da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo de São João del-Rei, à qual Antônio dos Santos Cunha foi filiado

Até o presente apenas foram impressos apenas o Hino Assumptionem Virginis Mariæ e Antífona Maria Mater gratiæ, ambas da Novena de Nossa Senhora da Boa Morte, na Coleção Música Sacra Mineira (n.4),[11] e a Missa e Credo a Cinco Vozes, em um volume exclusivamente dedicado a esse compositor (v.4) na série Patrimônio Arquivístico-Musical Mineiro (2011), coordenada por Paulo Castagna,[6][12][7] havendo gravação desta última em 1981 pela Orquestra Ribeiro Bastos.[13]

Symphonia Colonialis

[editar | editar código-fonte]

Antônio dos Santos Cunha foi um dos compositores que inspirou a criação do personagem Antônio Francisco da Cunha, no filme teuto-brasileiro Symphonia Colonialis (do diretor alemão Georg Brintrup), lançado de 1991.[14] Nesse filme a Orquestra Ribeiro Bastos, regida por José Maria Neves, ensaia a Missa Grande a Quatro Vozes de Antônio dos Santos Cunha e alguns músicos manuseiam cópias antigas dessa obra, enquanto um musicólogo visitante, durante os ensaios, imagina a vida do compositor fictício Antônio Francisco da Cunha, desde seus estudos durante a escravidão até seu envolvimento com a Inconfidência Mineira e sua busca por liberdade.[15]

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. ↑ NEVES, José Maria. «Música mineira do século XIX». III SEMINÁRIO SOBRE A CULTURA MINEIRA: século XIX, Belo Horizonte, 1980. Anais. Belo Horizonte: Conselho Estadual de Cultura, 1982. p.19-43. 
  2. ↑ NEVES, José Maria (1984). A Orquestra Ribeiro Bastos: a vida musical em São João del-Rei. São João del-Rei: Projeto Aquarius. pp. 30p. 
  3. ↑ Arce, Daniel Mendoza de (2001). Music in Ibero-America to 1850: A Historical Survey (em inglês). [S.l.]: Scarecrow Press. p. 518 
  4. ↑ VIEGAS, Aluízio José (1987). «Música em São João del-Rei - de 1717 a 1900». São João del-Rei. Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei. v.5, p.53- 65 
  5. ↑ a b ROCHA, Edilson (2011). Antônio dos Santos Cunha. In: CASTAGNA, Paulo (coord.). Antônio dos Santos Cunha (fl.1775-1822); pesquisa musicológica, edição e comentários Paulo Castagna, Fernando Binder; pesquisa litúrgica e arquivística Aluízio José Viegas; editoração musical Leonardo Martinelli; revisão Marcelo Campos Hazan; english version Valerie Ann Albright; prefácio David Cranmer; textos introdutórios Edílson Rocha, Antônio Gaio Sobrinho. Belo Horizonte: Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais. (Patrimônio Arquivístico-Musical Mineiro, v.4). Texto bilíngue português/inglês. pp. 27–30. ISBN 978-85-99528-33-4 
  6. ↑ a b c CUNHA, Antônio dos Santos (2011). Missa e Credo a Cinco Vozes. In: CASTAGNA, Paulo (coord.). Antônio dos Santos Cunha (fl.1775-1822); pesquisa musicológica, edição e comentários Paulo Castagna, Fernando Binder; pesquisa litúrgica e arquivística Aluízio José Viegas; editoração musical Leonardo Martinelli; revisão Marcelo Campos Hazan; english version Valerie Ann Albright; prefácio David Cranmer; textos introdutórios Edílson Rocha, Antônio Gaio Sobrinho. Belo Horizonte: Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais (Patrimônio Arquivístico-Musical Mineiro, v.4). Texto bilíngue português/inglês. pp. 364p., il., música. ISBN 978-85-99528-33-4 
  7. ↑ a b «Missa e Credo in E-flat major (Cunha, Antônio dos Santos) - IMSLP/Petrucci Music Library: Free Public Domain Sheet Music». CUNHA, Antônio dos Santos. Missa e Credo in E-flat major. Consultado em 1 de abril de 2016 
  8. ↑ ROCHA, Edilson (2007). «Antonio dos Santos Cunha: conjecturas sobre um notável compositor mineiro» (PDF). São Paulo: Instituto de Artes da UNESP. Anais do XVII Congresso da ANPPOM - Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música. Consultado em 2 de abril de 2016. Arquivado do original (PDF) em 15 de abril de 2016 
  9. ↑ ROCHA, Edílson. «Missa Grande by Antônio dos Santos Cunha: operistic influences in the work of a colonial Brazilian "mineiro" composer». Per Musi (18): 52–58. ISSN 1517-7599. doi:10.1590/S1517-75992008000200007 
  10. ↑ ROCHA, Edilson (2005). Proposta para a interpretação da Missa Grande de Antonio dos Santos Cunha (PDF). Salvador: Dissertação de Mestrado: Universidade Federal da Bahia. pp. 96p. + 91p. Consultado em 2 de abril de 2016 
  11. ↑ NEVES, José Maria (org.) (2000). Musica sacra mineira: biografias, estudos e partituras. 2. ed. Rio de Janeiro: Funarte. pp. 28–29 
  12. ↑ Paulo Castagna (coord. ) (1 de janeiro de 2011). Antônio dos Santos Cunha (PAMM v.4). [S.l.: s.n.] 
  13. ↑ CUNHA, Antônio dos Santos (1981). Missa a 5 vozes: Orquestra Ribeiro Bastos; regência José Maria Neves. Rio de Janeiro: Tacape. LP 526.404.767. (Série Memória Musical, v.4) 
  14. ↑ ”Música mineira é tema de filme” in Estado de Minas, Segunda Seção, del 7 aprile 1991
  15. ↑ in Folha de S. Paulo, “Guia da Mostra”, quinta-feira, 17 de outubro de 1991, Especial página 13
Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Antônio_dos_Santos_Cunha&oldid=67497208"