Não-dualismo: diferenças entre revisões
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'''Não-dualismo''',{{Nota de rodapé|{{Nota linguística/Não prefixal|não-dualismo|não dualismo}}}} também chamado de '''não-dualidade''',{{Nota de rodapé|{{Nota linguística/Não prefixal|não-dualidade|não dualidade}}}} é traduz o termo [[sânscrito]] ''[[advaita]]'', que é utilizado para definir várias vertentes de pensamento religioso e espiritual.{{HarvRef|Loy|1988}} É encontrado em uma variedade de tradições religiosas asiáticas{{HarvRef|Sarma|1996}} e na espiritualidade ocidental moderna, mas com uma variedade de significados e usos.{{HarvRef|Sarma|1996}}{{HarvRef|Loy|1988}} |
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'''Não-dualismo''',{{Nota de rodapé|{{Nota linguística/Não prefixal|não-dualismo|não dualismo}}}} também chamado de '''não-dualidade''',{{Nota de rodapé|{{Nota linguística/Não prefixal|não-dualidade|não dualidade}}}} significa "não dois" ou "um indivisível sem um segundo".<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=qcoUFYOX0bEC|título=A Concise Dictionary of Indian Philosophy: Sanskrit Terms Defined in English|ultimo=John A. Grimes|data=1996|páginas=15|isbn=978-0-7914-3067-5|publicação=State University of New York Press}}</ref>{{HarvRef|Katz|2007}} É encontrado em uma variedade de tradições religiosas asiáticas{{HarvRef|Sarma|1996}} e na espiritualidade ocidental moderna, mas com uma variedade de significados e usos.{{HarvRef|Sarma|1996}}{{HarvRef|Loy|1988}} Não-dualismo na [[espiritualidade]] refere-se principalmente a um atribuído estado maduro de consciência, no qual a dicotomia do eu-outro seria "transcendida" e a consciência é descrita como "sem centro" e "sem dicotomias". Embora esse estado de consciência possa parecer espontâneo,{{Nota de rodapé|nota=Ver [[Consciência Cósmica]], de [[Richard Bucke]]}} geralmente segue uma preparação prolongada por meio de práticas ascéticas ou meditativas/contemplativas, que podem incluir injunções éticas. Embora o termo "não-dualismo" seja derivado do [[Advaita Vedânta|Advaita Vedanta]], as descrições da consciência não dual podem ser encontradas no [[Hinduísmo]] (''[[Turiya]], [[sahaja]]''), [[Budismo]] ([[Sunyata|vacuidade]], ''[[Iogacara|pariniṣpanna]]'', ''[[ Rigpa|rigpa]]'')[[, Islã]] ([[Metafísica sufi|Wahdat al Wujud]], [[Fana|Fanaa]] e [[Haqiqa|Haqiqah]]) e tradições ocidentais [[cristãs]] e [[Neoplatonismo|neoplatônicas]] ([[henosis]], [[Misticismo|união mística]]). |
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A perspectiva [[filosofia|filosófica]] ou [[religião|religiosa]] não |
A perspectiva [[filosofia|filosófica]] ou [[religião|religiosa]] não dual geralmente afirma que não há nenhuma distinção fundamental entre mente e [[matéria]], considerando a divisão como artificial e, a maioria, que o mundo [[Fenómeno|fenomenal]] é uma [[ilusão]]. Muitas tradições (principalmente da Ásia) afirmam que a verdadeira condição ou natureza da realidade é não-dual, e que as dicotomias são conveniências irrealistas ou imprecisas. O não-dualismo ou não-dualidade é contrário ao conceito de [[dualismo]] ou dualidade, que é constituído pela manifestação de coisas na existência de dois princípios supremos, incriados, independentes, irredutíveis e antagônicos. |
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[[File:Indrasnet.jpg|ligação=https://en.wikipedia.org/wiki/File:Indrasnet.jpg|alt=|miniaturadaimagem|150x150px|Uma renderização 3D da [[Teia de Indra]], uma ilustração do conceito [[Huayan]] de interpenetração de todas as coisas.]] |
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A ideia asiática do não-dualismo é desenvolvida nas filosofias [[Vedas|védicas]] e pós-védicas [[ hindu|hindus]], bem como nas tradições [[Budismo|budistas]].{{HarvRef|Dasgupta|Mohanta|1998|p=362}} Os vestígios mais antigos do não-dualismo no pensamento indiano são encontrados nos [[Upanixade|Upanishads]] [[ hindu|hindus]] anteriores, como [[ Brihadaranyaka Upanishad|Brihadaranyaka Upanishad]], bem como em outros Upanishads pré-budistas, como o [[ Chandogya Upanishad|Chandogya Upanishad]], que enfatiza a unidade da alma individual chamada [[Atman]] e o Supremo chamado [[Brâman|Brahman]]. No hinduísmo, o não-dualismo é mais comumente associado à tradição Advaita Vedanta de [[Shânkara|Adi Shankara]].{{HarvRef|Raju|1992|p=177}} O [[siquismo]] comumente ensina a dualidade entre Deus e os homens, mas foi dada uma interpretação não dual por [[Bhai Vir Singh]]. |
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[[Ficheiro:Chakrasamvara Vajravarahi.jpg|miniaturadaimagem|[[Chakrasamvara|Saṃvara]] com [[Vajravārāhī]] em [[Yab-Yum]]. Essas representações budistas tântricas da união amorosa simbolizam a união não dual de Compaixão ([[Karuna]]) e Sabedoria ([[Prajna]]).]] |
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Na [[Budismo|tradição budista]], a não-dualidade está associada aos ensinamentos da vacuidade (''[[Sunyata|śūnyatā]]'') e à [[ Doutrina das duas verdades|doutrina das duas verdades]], particularmente o ensino de [[Madhyamaka]] da não-dualidade da verdade absoluta e relativa{{HarvRef|Loy|1988|p=9-11}}, a noção [[Iogachara]] de "somente mente/pensamento" (''citta-matra'' ou "somente representação" (''[[ Yogacara|vijñaptimātra]]''){{HarvRef|Raju|1992|p=177}} e o ensino [[dzogchen]], que, em [[tibetano]], significa "não dois". Esses ensinamentos'','' juntamente com a doutrina da [[Natureza de Buda|natureza búdica]], foram conceitos influentes no desenvolvimento subsequente do [[Maaiana|budismo maaiana]], não apenas na Índia, mas também no [[Budismo da Ásia Oriental|budismo do leste asiático]] e [[Budismo tibetano|tibetano]], principalmente no [[Huayan]], [[Tiantai]], [[Zen|Chán (Zen)]] e [[Vajrayana]]. |
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O [[taoísmo]] ensina a ideia de uma força universal sutil única ou poder criativo cósmico chamado [[Tao]] (literalmente "caminho").{{sfn|Renard|2010|p=98-99}} O conceito de [[Yin e Yang]], muitas vezes erroneamente concebido como um símbolo do dualismo, na verdade pretende transmitir a noção de que todos os opostos aparentes são partes complementares de um todo não-dual.<ref>Paul A. Erickson, Liam D. Murphy. ''A History of Anthropological Theory''. 2013. p. 486</ref> A polaridade das realidades absoluta e relativas são expressas no conceito de "[[essência-função]]" do [[budismo chinês]], influenciadas por uma interpretação ontológica das duas verdades e também pelas metafísicas taoísta e [[Confucionismo|confucionista]] nativas. |
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O não-dualismo ou não-dualidade é contrário ao conceito de [[dualismo]] ou dualidade, que é constituído pela manifestação de coisas na existência de dois princípios supremos, incriados, independentes, irredutíveis e antagônicos. |
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O [[neoplatonismo]] ocidental é um elemento essencial da [[Contemplação (cristianismo)|contemplação]] e do [[misticismo]] cristãos, e do [[esoterismo ocidental]] e da [[Espiritualidade|espiritualidade moderna]] (como o [[movimento teosófico]] e [[Nova Era]]), especialmente o [[unitarismo]], o [[transcendentalismo]], o [[universalismo]] e o [[Filosofia perene|perenialismo]]. Influências clássicas de não-dualismo também são bastante presentes no [[sufismo]], [[cabala]] e [[judaísmo chassídico]]. |
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== Etimologia == |
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Quando se refere ao não-dualismo, o hinduísmo geralmente usa o termo sânscrito ''[[Advaita]],'' (literalmente, a-dual), que é utilizado para definir várias vertentes de pensamento religioso e espiritual,{{HarvRef|Loy|1988}} enquanto o budismo usa ''Advaya'' (tibetano: ''gNis-med,'' chinês: ''pu-erh,'' japonês: ''fu-ni'' )''.''<ref name=":0">Loy, David, Nonduality: A Study in Comparative Philosophy, Prometheus Books, 2012, p. 1.</ref> |
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"Advaita" (अद्वैत) é de raízes sânscritas ''a'', não; ''dvaita'', dual, e geralmente é traduzido como "não-dualismo", "não-dualidade" e "não-dual". O termo "não-dualismo" e o termo "''advaita''" do qual se origina são termos [[Lógica multivalorada|polivalentes]] . A origem [[Latim|latina]] da palavra é ''duo'', que significa "dois", prefixada com "não". |
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"Advaya" (अद्वय) também é uma palavra sânscrita que significa "identidade única, não dois, sem um segundo", e geralmente se refere à doutrina das duas verdades do [[Maaiana|budismo maaiana]], especialmente [[Madhyamaka]]. |
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Um dos primeiros usos da palavra Advaita é encontrado no verso 4.3.32 do [[ Brihadaranyaka Upanishad|Brihadaranyaka Upanishad]] (~ 800 a.C.) e nos versos 7 e 12 do [[Mandukya Upanishad]] (datado de várias formas entre 500 a.C. e 200 EC).<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=tx-oj1dlojEC|título=A concordance to the principal Upanisads and Bhagavadgita|ultimo=George Adolphus Jacob|ano=1999|isbn=978-81-208-1281-9|publicação=Motilal Banarsidass}}</ref> O termo aparece no Brihadaranyaka Upanishad na seção com um discurso da unicidade de [[Atman]] (alma individual) e [[Brâman|Brahman]] (consciência universal), como segue:<ref>[https://archive.org/stream/thirteenprincipa028442mbp#page/n147/mode/2up Brihadaranyaka Upanishad] Robert Hume (Translator), Oxford University Press, pp. 127–147</ref> {{Quote|3=|Um oceano é aquele que vê, sem nenhuma dualidade [Advaita]; este é o mundo Brahma, o rei. Assim [[Yajnavalkya]] o ensinou. Este é o seu maior objetivo, este é o seu maior sucesso, este é o seu mundo mais alto, esta é a sua maior felicidade. Todas as outras criaturas vivem em uma pequena porção dessa felicidade.|''[[Brihadaranyaka Upanishad]]'' 4.3.32<ref>Max Muller, [https://archive.org/details/SacredBooksEastVariousOrientalScholarsWithIndex.50VolsMaxMuller Brihad Aranyaka Upanishad] The Sacred Books of the East, Volume 15, Oxford University Press, page 171</ref><ref>[https://archive.org/stream/thirteenprincipa028442mbp#page/n159/mode/2up Brihadaranyaka Upanishad] Robert Hume (Translator), Oxford University Press, page 138</ref><ref>Paul Deussen (1997), Sixty Upanishads of the Veda, Volume 1, Motilal Banarsidass, {{ISBN|978-8120814677}}, page 491; Sanskrit: ससलिले एकस् द्रष्टा '''अद्वैत'''स् भवति एष ब्रह्मलोकः (...)</ref>}}Termos equivalentes a "não-dual" também foram informados pelas primeiras traduções dos Upanishads em outros idiomas ocidentais que não o inglês desde 1775. Esses termos se popularizaram e entraram no idioma inglês a partir de representações literais de "[[Advaita Vedânta|advaita]]" subsequentes à primeira onda de traduções para os [[Upanixade|Upanishads]]. Essas traduções começaram em inglês com o trabalho de [[Max Müller|Müller]] (1823-1900), nos monumentais ''[[ Livros Sagrados do Oriente|Livros Sagrados do Oriente]]'' (1879). |
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[[Max Müller]] traduziu "advaita" como "[[monismo]]", como muitos estudiosos recentes.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=LDWSBgAAQBAJ|título=Indian Philosophy of Religion|ultimo=R.W. Perrett|ano=2012|isbn=978-94-009-2458-1|publicação=Springer Science}}</ref><ref>S Menon (2011), [http://www.iep.utm.edu/adv-veda/ Advaita Vedanta], IEP, Quote:"The essential philosophy of Advaita is an idealist monism, and is considered to be presented first in the Upaniṣads and consolidated in the Brahma Sūtra by this tradition."</ref><ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=g6FsB3psOTIC&pg=PA645|título=The Illustrated Encyclopedia of Hinduism: N-Z|ultimo=James G. Lochtefeld|data=2002|páginas=645–646|isbn=978-0-8239-3180-4|publicação=The Rosen Publishing Group}}</ref> No entanto, alguns estudiosos afirmam que "advaita" não é realmente monismo.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=SDDskenlLH8C&pg=PA227|título=The Depth of the Riches: A Trinitarian Theology of Religious Ends|ultimo=S. Mark Heim|ano=2001|páginas=227|isbn=978-0-8028-4758-4|publicação=Wm. B. Eerdmans Publishing}}</ref> |
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* [[Teia de Indra|Rede de Joias de Indra]], ''[[Avatamsaka Sutra]]'' |
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Não-dualismo,[nota 1] também chamado de não-dualidade,[nota 2] significa "não dois" ou "um indivisível sem um segundo".[1][2] É encontrado em uma variedade de tradições religiosas asiáticas[3] e na espiritualidade ocidental moderna, mas com uma variedade de significados e usos.[3][4] Não-dualismo na espiritualidade refere-se principalmente a um atribuído estado maduro de consciência, no qual a dicotomia do eu-outro seria "transcendida" e a consciência é descrita como "sem centro" e "sem dicotomias". Embora esse estado de consciência possa parecer espontâneo,[nota 3] geralmente segue uma preparação prolongada por meio de práticas ascéticas ou meditativas/contemplativas, que podem incluir injunções éticas. Embora o termo "não-dualismo" seja derivado do Advaita Vedanta, as descrições da consciência não dual podem ser encontradas no Hinduísmo (Turiya, sahaja), Budismo (vacuidade, pariniṣpanna, rigpa), Islã (Wahdat al Wujud, Fanaa e Haqiqah) e tradições ocidentais cristãs e neoplatônicas (henosis, união mística).
A perspectiva filosófica ou religiosa não dual geralmente afirma que não há nenhuma distinção fundamental entre mente e matéria, considerando a divisão como artificial e, a maioria, que o mundo fenomenal é uma ilusão. Muitas tradições (principalmente da Ásia) afirmam que a verdadeira condição ou natureza da realidade é não-dual, e que as dicotomias são conveniências irrealistas ou imprecisas. O não-dualismo ou não-dualidade é contrário ao conceito de dualismo ou dualidade, que é constituído pela manifestação de coisas na existência de dois princípios supremos, incriados, independentes, irredutíveis e antagônicos.
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/e/ea/Indrasnet.jpg/150px-Indrasnet.jpg)
A ideia asiática do não-dualismo é desenvolvida nas filosofias védicas e pós-védicas hindus, bem como nas tradições budistas.[5] Os vestígios mais antigos do não-dualismo no pensamento indiano são encontrados nos Upanishads hindus anteriores, como Brihadaranyaka Upanishad, bem como em outros Upanishads pré-budistas, como o Chandogya Upanishad, que enfatiza a unidade da alma individual chamada Atman e o Supremo chamado Brahman. No hinduísmo, o não-dualismo é mais comumente associado à tradição Advaita Vedanta de Adi Shankara.[6] O siquismo comumente ensina a dualidade entre Deus e os homens, mas foi dada uma interpretação não dual por Bhai Vir Singh.
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/11/Chakrasamvara_Vajravarahi.jpg/220px-Chakrasamvara_Vajravarahi.jpg)
Na tradição budista, a não-dualidade está associada aos ensinamentos da vacuidade (śūnyatā) e à doutrina das duas verdades, particularmente o ensino de Madhyamaka da não-dualidade da verdade absoluta e relativa[7], a noção Iogachara de "somente mente/pensamento" (citta-matra ou "somente representação" (vijñaptimātra)[6] e o ensino dzogchen, que, em tibetano, significa "não dois". Esses ensinamentos, juntamente com a doutrina da natureza búdica, foram conceitos influentes no desenvolvimento subsequente do budismo maaiana, não apenas na Índia, mas também no budismo do leste asiático e tibetano, principalmente no Huayan, Tiantai, Chán (Zen) e Vajrayana.
O taoísmo ensina a ideia de uma força universal sutil única ou poder criativo cósmico chamado Tao (literalmente "caminho").[8] O conceito de Yin e Yang, muitas vezes erroneamente concebido como um símbolo do dualismo, na verdade pretende transmitir a noção de que todos os opostos aparentes são partes complementares de um todo não-dual.[9] A polaridade das realidades absoluta e relativas são expressas no conceito de "essência-função" do budismo chinês, influenciadas por uma interpretação ontológica das duas verdades e também pelas metafísicas taoísta e confucionista nativas.
O neoplatonismo ocidental é um elemento essencial da contemplação e do misticismo cristãos, e do esoterismo ocidental e da espiritualidade moderna (como o movimento teosófico e Nova Era), especialmente o unitarismo, o transcendentalismo, o universalismo e o perenialismo. Influências clássicas de não-dualismo também são bastante presentes no sufismo, cabala e judaísmo chassídico.
Etimologia
Quando se refere ao não-dualismo, o hinduísmo geralmente usa o termo sânscrito Advaita, (literalmente, a-dual), que é utilizado para definir várias vertentes de pensamento religioso e espiritual,[4] enquanto o budismo usa Advaya (tibetano: gNis-med, chinês: pu-erh, japonês: fu-ni ).[10]
"Advaita" (अद्वैत) é de raízes sânscritas a, não; dvaita, dual, e geralmente é traduzido como "não-dualismo", "não-dualidade" e "não-dual". O termo "não-dualismo" e o termo "advaita" do qual se origina são termos polivalentes . A origem latina da palavra é duo, que significa "dois", prefixada com "não".
"Advaya" (अद्वय) também é uma palavra sânscrita que significa "identidade única, não dois, sem um segundo", e geralmente se refere à doutrina das duas verdades do budismo maaiana, especialmente Madhyamaka.
Um dos primeiros usos da palavra Advaita é encontrado no verso 4.3.32 do Brihadaranyaka Upanishad (~ 800 a.C.) e nos versos 7 e 12 do Mandukya Upanishad (datado de várias formas entre 500 a.C. e 200 EC).[11] O termo aparece no Brihadaranyaka Upanishad na seção com um discurso da unicidade de Atman (alma individual) e Brahman (consciência universal), como segue:[12]
Um oceano é aquele que vê, sem nenhuma dualidade [Advaita]; este é o mundo Brahma, o rei. Assim Yajnavalkya o ensinou. Este é o seu maior objetivo, este é o seu maior sucesso, este é o seu mundo mais alto, esta é a sua maior felicidade. Todas as outras criaturas vivem em uma pequena porção dessa felicidade.
Termos equivalentes a "não-dual" também foram informados pelas primeiras traduções dos Upanishads em outros idiomas ocidentais que não o inglês desde 1775. Esses termos se popularizaram e entraram no idioma inglês a partir de representações literais de "advaita" subsequentes à primeira onda de traduções para os Upanishads. Essas traduções começaram em inglês com o trabalho de Müller (1823-1900), nos monumentais Livros Sagrados do Oriente (1879).
Max Müller traduziu "advaita" como "monismo", como muitos estudiosos recentes.[16][17][18] No entanto, alguns estudiosos afirmam que "advaita" não é realmente monismo.[19]
Seguidores
O que se segue é uma lista de pensadores, filósofos, escritores e artistas, de diferentes tradições religiosas, políticas e culturais, cujas obras expressam um notável grau de não-dualidade.
Filósofos ocidentais antigos e medievais
Filósofos ocidentais modernos
- Friedrich Schelling
- Georg Wilhelm Friedrich Hegel
- Ralph Waldo Emerson
- Mary Baker Eddy
- Friedrich Nietzsche
- F. H. Bradley
- William James
- Alfred North Whitehead
- Buckminster Fuller
- Bertrand Russell
- Ludwig Wittgenstein
- Jay Michaelson
Filósofos e professores asiáticos
- Iaghia Valkia (Índia, Iº milênio a.C.)
- Lao Tzu (Século IV a.C.)
- Zhuang Zi (Século IV a.C.)
- Nagarjuna (150-250)
- Gaudapada (Índia, Século VII)
- Shankara (Índia, Século IX)
- Wang Yangming (1472-1529)
- Ramakrishna (Índia, 1836-1886)
- Swami Vivekananda (Índia, 1863-1902)
- Ramana Maharshi (Índia, 1879-1950)
- Meher Baba (Índia, 1894-1969)
- Paramahansa Yogananda (1893-1952)
- Krishnamurti (Índia, 1895-1986)
- HVL Punsha (Índia, 1910-1997)
- Maharishi Mahesh Yogi (Índia, 1918-2008)
- Osho Rajneesh (Índia, 1931-1990)
- Bhaktivedanta Swami Prabhupada Bhaktivedanta Swami Prabhupada (Calcutá, 01 de setembro de 1896 - Vrindavan, 14 de novembro de 1977)
Autores e músicos
Mestres contemporâneos
- Namkhai Norbu (Tibete, 1938)
- Byron Katie Mitchell (Estados Unidos, 1942)
- Eckhart Tolle (Alemanha, 1948)
- Ken Wilber (Estados Unidos, 1949)
- Madhukar (Alemanha, 1957)
Ver também
- Monismo
- Absoluto
- Emanacionismo
- Henosis (União com o Absoluto)
- Holismo
- Maya (ilusão cósmica)
- Mônada (filosofia)
- Neoadvaita
- Parabrahman
- Individualismo aberto
- Panenteísmo
- Panteísmo
- Psicologia do processo
- O Tudo
Metáforas para não dualismos
- Rede de Joias de Indra, Avatamsaka Sutra
- Homens cegos e um elefante
- Eclipse
- Jardim do Éden
- Hermafrodita, ex. Ardhanārīśvara
- Espelho e reflexões, como uma metáfora para o continuum de sujeito-objeto no espelho-a-mente e a interioridade da percepção e sua ilusão de exterioridade projetada
- Casamento sagrado
Bibiografia
- Baleskar, Ramesh (1999). Who cares?
- Castaneda, Carlos (1987). The Power of Silence. Nova Iorque: Simon and Schuster. ISBN 0-671-50067-8.
- Cavallé, Mónica (2000): La sabiduria de la no dualidad. Barcelona: Kairos. ISBN 9788472456822.
- Downing, Jerry N. (2000) Between Conviction and Uncertainty ISBN 0-79144-627-1.
- Godman, David (Ed.) (1985). Be As You Are: The Teachings of Sri Ramana Maharshi. Londres: Arkana. ISBN 0-14-019062-7.
- Hawkins, David R. (October 2006). Discovery of the Presence of God: Devotional Nonduality. Sedona (Arizona): Veritas Publishing. ISBN 0-9715007-6-2 (Capa mole); ISBN 0-9715007-7-0 (Capa dura)
- Jeon, Arthur (2004): City dharma: keeping your cool in the chaos. ISBN 1-40004-908-3.
- Katz, Jerry (Ed.) (2007). One: essential writings on nonduality. Boulder (Colorado): Sentient Publications. ISBN 1591810531.
- Kent, John (1990): Richard Rose's psychology of the observer: the path to reality through the self (tese de doutorado).
- Klein, Anne Carolyn (1995). Meeting the great bliss queen: buddhists, feminists, and the art of the self. Boston: Beacon Press. ISBN 0-8070-7306-7.
- Kongtrül, Jamgön (1992). Cloudless Sky: the mahamudra path of the Tibetan buddhist Kagyü school. Boston: Shambhala Publications. ISBN 0-87773-694-4.
- Lama, Dalai (2000). Dzogchen: the heart essence of the great perfection. Ithaca: Snow Lion Publications. ISBN 1-55939-157-X.
- Norbu, Namkhai (1993). The crystal and the way of light: sutra, tantra and dzogchen. Londres: Arkana. ISBN 0-14-019314-6.
- Schucman, Helen (1992) "A course in miracles". Foundation for Inner Peace, pág. 1. ISBN 0-9606388-9-X.
- Trungpa, Chögyam (1987). Cutting through spiritual materialism. Boston: Shambhala Publications. ISBN 0-87773-050-4.
Notas
- ↑
- ↑
- ↑ Ver Consciência Cósmica, de Richard Bucke
Referências
- ↑ John A. Grimes (1996). A Concise Dictionary of Indian Philosophy: Sanskrit Terms Defined in English. State University of New York Press. [S.l.: s.n.] 15 páginas. ISBN 978-0-7914-3067-5
- ↑ Katz 2007.
- ↑ a b Sarma 1996.
- ↑ a b Loy 1988.
- ↑ Dasgupta & Mohanta 1998, p. 362.
- ↑ a b Raju 1992, p. 177.
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