Muqaddimah: diferenças entre revisões
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'''''Muqaddimah''''' ([[Língua árabe|árabe]]: {{lang|ar|مقدّمة ابن خلدون}}, [[Línguas berberes|berbere]]: ''Tazwarit n Ibn Xeldun'', que significa "Introdução à história universal"), também conhecido como o '''''Muqaddimah de ibne Caldune''''' ou '''''Prolegomena''''' ([[Língua grega|grego]]: Προλεγόμενα), é um livro escrito pelo historiador [[Norte de África|norte-africano]] [[ibne Caldune]] em 1377, registando a visão de Caldune sobre a [[história universal]]. <ref>Gellner, Ernest (2 March 1992). [https://books.google.com/books?id=WwduQjFiB7kC Plough, Sword, and Book: The Structure of Human History.] University of Chicago Press. <nowiki>ISBN 978-0-226-28702-7</nowiki>.</ref> |
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'''''Muqaddimah''''' ([[Língua árabe|árabe]]: {{lang|ar|مقدّمة ابن خلدون}}, [[Línguas berberes|berbere]]: ''Tazwarit n Ibn Xeldun'', que significa "Introdução à história universal"), também conhecido como o '''''Muqaddimah de ibne Caldune''''' ou '''''Prolegomena''''' ([[Língua grega|grego]]: Προλεγόμενα), é um livro escrito pelo historiador [[Norte de África|norte-africano]] [[ibne Caldune]] em 1377, registando uma visão da época da [[história universal]]. Alguns pensadores modernos consideram-na como sendo a primeira obra a tratar da [[filosofia da história]],<ref name=Akhtar>Dr. S. W. Akhtar (1997). "The Islamic Concept of Knowledge", ''Al-Tawhid: A Quarterly Journal of Islamic Thought & Culture'' '''12''' (3).</ref> das [[ciências sociais]],<ref>Akbar Ahmed (2002). "Ibn Khaldun’s Understanding of Civilizations and the Dilemmas of Islam and the West Today", ''Middle East Journal'' '''56''' (1), p. 25.</ref> de [[Sociologia]]<ref name=Akhtar/><ref name=Mowlana/><ref name=Gates>{{citation|título=The Spread of Ibn Khaldun's Ideas on Climate and Culture|autor=Warren E. Gates|periódico=[[Journal of the History of Ideas]]|volume=28|número=3|data=julho–setembro de 1967|pages=415–422 [415]|publicado=[[University of Pennsylvania Press]]|url=http://www.jstor.org/stable/2708627|acessodata=25/03/2010|doi=10.2307/2708627|jstor=10.2307/2708627}}</ref><ref>{{citation|último=Alatas|primeiro=S. H.|título=The Autonomous, the Universal and the Future of Sociology|periódico=Current Sociology|ano=2006|volume=54|pages=7–23 [15]|doi=10.1177/0011392106058831}}</ref>, [[demografia]],<ref name=Mowlana>H. Mowlana (2001). "Information in the Arab World", ''Cooperation South Journal'' '''1'''.</ref> [[historiografia]],<ref name=Gates/><ref name="Salahuddin Ahmed 1999">Salahuddin Ahmed (1999). ''A Dictionary of Muslim Names''. C. Hurst & Co. Publishers. ISBN 1850653569.</ref> [[história cultural]]<ref name="Mohamad Abdalla 2007 p. 61-70">Mohamad Abdalla (Summer 2007. "Ibn Khaldun on the Fate of Islamic Science after the 11th Century", ''Islam & Science'' '''5''' (1), p. 61-70.</ref><ref>{{citation|título=The Spread of Ibn Khaldun's Ideas on Climate and Culture|autor=Warren E. Gates|periódico=[[Journal of the History of Ideas]]|volume=28|número=3|data=julho–setembro de 1967|pages=415–422 [416]|publicado=[[University of Pennsylvania Press]]|url=http://www.jstor.org/stable/2708627|acessodata=25/03/2010|doi=10.2307/2708627|jstor=10.2307/2708627}}</ref> e [[economia]].<ref name=Oweiss>I. M. Oweiss (1988), "Ibn Khaldun, the Father of Economics", ''Arab Civilization: Challenges and Responses'', [[New York University Press]], ISBN 0887066984.</ref><ref name="Jean David C 1971">Jean David C. Boulakia (1971), "Ibn Khaldun: A Fourteenth-Century Economist", ''The Journal of Political Economy'' '''79''' (5): 1105–1118.</ref> O ''Muqaddimah'' também trata sobre [[teologia islâmica]], [[Filosofia política|teoria política]] e das [[ciências naturais]] da [[biologia]] e da [[química]]. Ibne Caldune escreveu a obra em 1377 como o prefácio ou primeiro livro de sua planeada [[história do mundo]], ''kitab al-ibar'' (lit. ''Livro de conselhos''), mas já durante a sua vida foi considerado como um trabalho independente. A obra também foi um das pioneiras na condenação da [[corrupção]] praticada pela [[iniciativa privada]].<ref>Ibn Khaldun, Muqaddimah, : An Introduction to History [1377] translated by Franz Rosenthal (Princeton, 1967 [first ed. 1958]), pp. 377-379.</ref> |
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Alguns pensadores modernos consideram-na como sendo a primeira obra a tratar da [[filosofia da história]], das [[ciências sociais]], de [[Sociologia]]<ref name="Akhtar" /><ref name="Mowlana" /><ref name="Gates">{{citation|título=The Spread of Ibn Khaldun's Ideas on Climate and Culture|autor=Warren E. Gates|periódico=Journal of the History of Ideas|volume=28|número=3|data=julho–setembro de 1967|pages=415–422 [415]|publicado=University of Pennsylvania Press|url=http://www.jstor.org/stable/2708627|acessodata=25/03/2010|doi=10.2307/2708627|jstor=10.2307/2708627}}</ref>, [[demografia]], [[historiografia]],<ref name="Gates" /><ref name="Salahuddin Ahmed 1999">Salahuddin Ahmed (1999). ''A Dictionary of Muslim Names''. C. Hurst & Co. Publishers. ISBN 1850653569.</ref> [[história cultural]]<ref>{{citation|título=The Spread of Ibn Khaldun's Ideas on Climate and Culture|autor=Warren E. Gates|periódico=Journal of the History of Ideas|volume=28|número=3|data=julho–setembro de 1967|pages=415–422 [416]|publicado=University of Pennsylvania Press|url=http://www.jstor.org/stable/2708627|acessodata=25/03/2010|doi=10.2307/2708627|jstor=10.2307/2708627}}</ref> e [[economia]].<ref name="Oweiss">I. M. Oweiss (1988), "Ibn Khaldun, the Father of Economics", ''Arab Civilization: Challenges and Responses'', [[New York University Press]], ISBN 0887066984.</ref> Também trata sobre [[teologia islâmica]], [[Filosofia política|teoria política]] e das [[ciências naturais]] da [[biologia]], [[química]] e da ecologia<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=1gs0AAAAQBAJ&q=Ibn%20Khaldoun%20%22ecologist%22&pg=PT168|título=New Age Globalization: Meaning and Metaphors|ultimo=Ahmad|primeiro=A.|data=2013-07-03|editora=Springer|lingua=en}}</ref>. Também foi descrito como um precursor ou um representante inicial do darwinismo social<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=lxRFtZgFvFAC&q=Ibn+Khaldoun+darwinism&pg=PA74|título=Society, State, and Urbanism: Ibn Khaldun's Sociological Thought|ultimo=Baali|primeiro=Fuad|data=1988-01-01|editora=SUNY Press|lingua=en}}</ref> e do darwinismo. <ref>Leuprecht, Peter (2011). ''Reason, Justice and Dignity: A Journey to Some Unexplored Sources of Human Rights''. Martinus Nijhoff Publishers. ISBN <bdi>978-90-04-22046-1</bdi>.</ref> |
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Ibne Caldune escreveu a obra em 1377 como o prefácio ou primeiro livro de sua planeada [[história do mundo]], ''kitab al-ibar''<ref>O título completo: ''Kitābu l-ʻibari wa Dīwāni l-Mubtada' wal- Ḥabar fī ayāmi l-ʻarab wal-ʿajam wal-barbar, waman ʻĀsarahum min Dhawī sh-Shalṭāni l-Akbār'' , ou seja: "Livro de Lições, Registro de Começos e Eventos na história dos árabes e estrangeiros e berberes e seus poderosos contemporâneos "). |
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Akhtar, S. W. (1997). "The Islamic Concept of Knowledge". ''Al-Tawhid: A Quarterly Journal of Islamic Thought & Culture''. '''12''' (3).</ref> (lit. ''Livro de conselhos''), mas já durante a sua vida foi considerado como um trabalho independente. A obra também foi um das pioneiras na condenação da [[corrupção]] praticada pela [[iniciativa privada]]. |
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== Etimologia == |
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''Muqaddimah'' (مقدمة) é uma palavra árabe usada para significar "Prólogo" ou "A Introdução", para introduzir uma obra maior. <ref>Mohamad Abdalla (Summer 2007. "Ibn Khaldun on the Fate of Islamic Science after the 11th Century", ''Islam & Science'' '''5''' (1), p. 61-70.</ref> |
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== Sociologia == |
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=== Asabiyyah === |
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Ver artigo principal: [[Asabiyyah]] |
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O conceito de "asabiyyah" (árabe : "tribalismo, clã, comunitarismo", ou em um contexto moderno, "[[nacionalismo]]", solidariedade social ou coesão social) é um dos aspectos mais conhecidos do ''Muqaddimah'' . À medida que esta "asabiyyah" declina, outro "asabiyyah" mais forte pode tomar seu lugar; assim, as civilizações surgem e caem, e a história descreve esses ciclos de "asabiyyah" conforme eles se desenrolam. <ref name=":0">Tibi, Bassam. ''Arab nationalism''. 1997, pg. 139.</ref> |
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Caldune argumenta que cada dinastia tem dentro de si as sementes de sua própria queda. Ele explica que as casas governantes tendem a surgir nas periferias dos grandes impérios e usam a unidade apresentada por essas áreas a seu favor para provocar uma mudança de liderança. À medida que os novos governantes se estabelecem no centro de seu império, tornam-se cada vez mais negligentes e mais preocupados em manter seus estilos de vida. Assim, uma nova dinastia pode surgir na periferia de seu controle e efetuar uma mudança de liderança, iniciando o ciclo novamente. <ref name=":0" /> |
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== Economia == |
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Caldune escreveu sobre teoria econômica e política no ''Muqaddimah'', relacionando seus pensamentos sobre asabiyyah (coesão social) à divisão do trabalho: quanto maior a coesão social, quanto mais complexa a divisão pode ser, maior o crescimento econômico<ref name=":1">Weiss, Dieter (1995). "Ibn Khaldun on Economic Transformation". ''International Journal of Middle East Studies''. '''27''' (1): 31–33. doi:10.1017/S0020743800061560.</ref>:<blockquote>Quando a civilização [população] aumenta, a mão de obra disponível aumenta novamente. Por sua vez, o luxo aumenta novamente em correspondência com o aumento do lucro, e os costumes e necessidades do luxo aumentam. O artesanato é criado para obter produtos de luxo. O valor obtido com eles aumenta e, como resultado, os lucros são novamente multiplicados na cidade. A produção lá está prosperando ainda mais do que antes. E assim vai com o segundo e terceiro aumento. Todo o trabalho adicional serve ao luxo e à riqueza, em contraste com o trabalho original que serviu à necessidade da vida. <ref name=":1" /></blockquote>Caldune observou que o crescimento e o desenvolvimento estimulam positivamente tanto a oferta quanto a demanda, e que as forças da [[oferta]] e da [[demanda]] são o que determinam os preços dos bens. Ele também observou as forças macroeconômicas do crescimento populacional, o desenvolvimento do capital humano e os efeitos do desenvolvimento tecnológico no desenvolvimento. Caldune sustentou que o crescimento populacional era uma função da riqueza. <ref name=":1" /> |
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Ele entendia que o dinheiro servia como um padrão de valor, um meio de troca e um preservador de valor, embora não percebesse que o valor do ouro e da prata mudava com base nas forças da oferta e da demanda. <ref name=":1" /> |
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Ele também introduziu a teoria do valor-trabalho. Ele descreveu o trabalho como a fonte de valor, necessária para todos os ganhos e acumulação de capital, óbvio no caso do artesanato. Ele argumentou que mesmo que ganhar "resulta de algo diferente de um ofício, o valor do lucro resultante e adquirido (capital) deve (também) incluir o valor do trabalho pelo qual foi obtido. Sem trabalho, (o bem) não teria sido adquirido." <ref>I. M. Oweiss (1988), "Ibn Khaldun, the Father of Economics", ''Arab Civilization: Challenges and Responses'', New York University Press, <nowiki>ISBN 0-88706-698-4</nowiki>.</ref> |
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Caldune descreve uma teoria dos preços através de sua compreensão de que os preços resultam da [[Lei da oferta e da procura|lei da oferta e da demanda]]. Ele entendeu que quando um bem é escasso e tem demanda, seu preço é alto e quando o bem é abundante, seu preço é baixo. <ref>Boulakia, Jean David C. (1971). "Ibn Khaldûn: A Fourteenth-Century Economist". ''Journal of Political Economy''. '''79''' (5): 1111. ISSN 0022-3808. JSTOR 1830276.</ref><blockquote>Os habitantes de uma cidade têm mais comida do que precisam. Consequentemente, o preço dos alimentos é baixo, como regra, exceto quando ocorrem infortúnios devido a condições celestes que podem afetar o fornecimento de alimentos. <ref>Boulakia, Jean David C. (1971). "Ibn Khaldûn: A Fourteenth-Century Economist". ''Journal of Political Economy''. '''79''' (5): 1111. ISSN 0022-3808. JSTOR 1830276.</ref></blockquote>Sua teoria de asabiyyah (coesão social) tem sido frequentemente comparada à economia keynesiana moderna, com a teoria de Caldune contendo claramente o conceito de multiplicador. Uma diferença crucial, no entanto, é que enquanto para [[John Maynard Keynes]] é a maior propensão da classe média a poupar que é a culpada pela depressão econômica, para Caldune é a propensão governamental a poupar recursos nos momentos em que as oportunidades de investimento não preenchem o vazio que leva à [[demanda agregada]]. <ref>Gellner, Ernest (1983), ''Muslim Society'', Cambridge University Press, pp. 34–5, ISBN 978-0-521-27407-4</ref> |
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Outra teoria econômica moderna antecipada por Caldune é a economia do lado da oferta. <ref>{{Citar periódico |url=https://brill.com/view/journals/jaas/18/3-4/article-p154_2.xml |titulo=Journal of Asian and African Studies XVIII, 3-4 (1983) Introduction: Ibn Khaldun and Islamic Ideology |data=1983-01-01 |acessodata=2022-07-21 |jornal=Journal of Asian and African Studies |número=3-4 |ultimo=Lawrence |primeiro=Bruce B. |paginas=154–165 |lingua=en |doi=10.1163/156852183X00290 |issn=1568-5217}}</ref> Ele "argumentou que os altos impostos eram muitas vezes um fator para causar o colapso dos impérios, com o resultado de que as receitas mais baixas eram coletadas a partir de altas taxas". Ele escreveu: <ref name=":2">Bartlett, Bruce, "Supply-Side Economics: 'Voodoo Economics' or Lasting Contribution?" (PDF), ''Laffer Associates'' (November 11, 2003), retrieved 2008-11-17</ref> <blockquote>Deve-se saber que no início da dinastia, a tributação rende uma grande receita de pequenas contribuições. No final da dinastia, a tributação gera uma pequena receita de grandes contribuições. <ref name=":2" /></blockquote> |
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== Fontes == |
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* Akhtar, S. W. (1997). "The Islamic Concept of Knowledge". Al-Tawhid: A Quarterly Journal of Islamic Thought & Culture. 12 (3).. |
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* Gellner, Ernest (2 March 1992). [https://books.google.com/books?id=WwduQjFiB7kC Plough, Sword, and Book: The Structure of Human History.] University of Chicago Press. <nowiki>ISBN 978-0-226-28702-7</nowiki>. |
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* Leuprecht, Peter (2011). Reason, Justice and Dignity: A Journey to Some Unexplored Sources of Human Rights. <ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=fTYzAQAAQBAJ&pg=PA64|título=Reason, Justice and Dignity: A Journey to Some Unexplored Sources of Human Rights|ultimo=Leuprecht|primeiro=Peter|data=2011-12-23|editora=Martinus Nijhoff Publishers|lingua=en}}</ref>Martinus Nijhoff Publishers. <nowiki>ISBN 978-90-04-22046-1</nowiki>. |
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* Morelon, Régis; Rashed, Roshdi (1996), Encyclopedia of the History of Arabic Science, vol. 3, Routledge, ISBN 978-0-415-12410-2 |
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* Rosenthal, Franz; Dawood, Nessim Yosef David (1969). [https://books.google.com/books?id=FlNZ5wmo5LAC The Muqaddimah : an introduction to history; in three volumes]. Vol. 1. Princeton University Press. <nowiki>ISBN 978-0-691-01754-9</nowiki>. |
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* Ter-Ghevondyan, Aram N. (1965), [http://serials.flib.sci.am/openreader/Hator_16_2005/book/Binder1.pdf Արաբական Ամիրայությունները Բագրատունյաց Հայաստանում] [The Arab Emirates in Bagratuni Armenia)] (in Armenian), Yerevan, Armenian SSR: Armenian National Academy of Sciences, p. 15 |
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* Weiss, Dieter (2009). "Ibn Khaldun on Economic Transformation". International Journal of Middle East Studies. 27 (1): 29–37. [[doi:10.1017/S0020743800061560|doi:10.1017/S0020743800061560.]] |
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== Referências == |
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Revisão das 03h46min de 21 de julho de 2022
Muqaddimah (árabe: مقدّمة ابن خلدون, berbere: Tazwarit n Ibn Xeldun, que significa "Introdução à história universal"), também conhecido como o Muqaddimah de ibne Caldune ou Prolegomena (grego: Προλεγόμενα), é um livro escrito pelo historiador norte-africano ibne Caldune em 1377, registando a visão de Caldune sobre a história universal. [1]
Alguns pensadores modernos consideram-na como sendo a primeira obra a tratar da filosofia da história, das ciências sociais, de Sociologia[2][3][4], demografia, historiografia,[4][5] história cultural[6] e economia.[7] Também trata sobre teologia islâmica, teoria política e das ciências naturais da biologia, química e da ecologia[8]. Também foi descrito como um precursor ou um representante inicial do darwinismo social[9] e do darwinismo. [10]
Ibne Caldune escreveu a obra em 1377 como o prefácio ou primeiro livro de sua planeada história do mundo, kitab al-ibar[11] (lit. Livro de conselhos), mas já durante a sua vida foi considerado como um trabalho independente. A obra também foi um das pioneiras na condenação da corrupção praticada pela iniciativa privada.
Etimologia
Muqaddimah (مقدمة) é uma palavra árabe usada para significar "Prólogo" ou "A Introdução", para introduzir uma obra maior. [12]
Sociologia
Asabiyyah
Ver artigo principal: Asabiyyah
O conceito de "asabiyyah" (árabe : "tribalismo, clã, comunitarismo", ou em um contexto moderno, "nacionalismo", solidariedade social ou coesão social) é um dos aspectos mais conhecidos do Muqaddimah . À medida que esta "asabiyyah" declina, outro "asabiyyah" mais forte pode tomar seu lugar; assim, as civilizações surgem e caem, e a história descreve esses ciclos de "asabiyyah" conforme eles se desenrolam. [13]
Caldune argumenta que cada dinastia tem dentro de si as sementes de sua própria queda. Ele explica que as casas governantes tendem a surgir nas periferias dos grandes impérios e usam a unidade apresentada por essas áreas a seu favor para provocar uma mudança de liderança. À medida que os novos governantes se estabelecem no centro de seu império, tornam-se cada vez mais negligentes e mais preocupados em manter seus estilos de vida. Assim, uma nova dinastia pode surgir na periferia de seu controle e efetuar uma mudança de liderança, iniciando o ciclo novamente. [13]
Economia
Caldune escreveu sobre teoria econômica e política no Muqaddimah, relacionando seus pensamentos sobre asabiyyah (coesão social) à divisão do trabalho: quanto maior a coesão social, quanto mais complexa a divisão pode ser, maior o crescimento econômico[14]:
Quando a civilização [população] aumenta, a mão de obra disponível aumenta novamente. Por sua vez, o luxo aumenta novamente em correspondência com o aumento do lucro, e os costumes e necessidades do luxo aumentam. O artesanato é criado para obter produtos de luxo. O valor obtido com eles aumenta e, como resultado, os lucros são novamente multiplicados na cidade. A produção lá está prosperando ainda mais do que antes. E assim vai com o segundo e terceiro aumento. Todo o trabalho adicional serve ao luxo e à riqueza, em contraste com o trabalho original que serviu à necessidade da vida. [14]
Caldune observou que o crescimento e o desenvolvimento estimulam positivamente tanto a oferta quanto a demanda, e que as forças da oferta e da demanda são o que determinam os preços dos bens. Ele também observou as forças macroeconômicas do crescimento populacional, o desenvolvimento do capital humano e os efeitos do desenvolvimento tecnológico no desenvolvimento. Caldune sustentou que o crescimento populacional era uma função da riqueza. [14]
Ele entendia que o dinheiro servia como um padrão de valor, um meio de troca e um preservador de valor, embora não percebesse que o valor do ouro e da prata mudava com base nas forças da oferta e da demanda. [14]
Ele também introduziu a teoria do valor-trabalho. Ele descreveu o trabalho como a fonte de valor, necessária para todos os ganhos e acumulação de capital, óbvio no caso do artesanato. Ele argumentou que mesmo que ganhar "resulta de algo diferente de um ofício, o valor do lucro resultante e adquirido (capital) deve (também) incluir o valor do trabalho pelo qual foi obtido. Sem trabalho, (o bem) não teria sido adquirido." [15]
Caldune descreve uma teoria dos preços através de sua compreensão de que os preços resultam da lei da oferta e da demanda. Ele entendeu que quando um bem é escasso e tem demanda, seu preço é alto e quando o bem é abundante, seu preço é baixo. [16]
Os habitantes de uma cidade têm mais comida do que precisam. Consequentemente, o preço dos alimentos é baixo, como regra, exceto quando ocorrem infortúnios devido a condições celestes que podem afetar o fornecimento de alimentos. [17]
Sua teoria de asabiyyah (coesão social) tem sido frequentemente comparada à economia keynesiana moderna, com a teoria de Caldune contendo claramente o conceito de multiplicador. Uma diferença crucial, no entanto, é que enquanto para John Maynard Keynes é a maior propensão da classe média a poupar que é a culpada pela depressão econômica, para Caldune é a propensão governamental a poupar recursos nos momentos em que as oportunidades de investimento não preenchem o vazio que leva à demanda agregada. [18] Outra teoria econômica moderna antecipada por Caldune é a economia do lado da oferta. [19] Ele "argumentou que os altos impostos eram muitas vezes um fator para causar o colapso dos impérios, com o resultado de que as receitas mais baixas eram coletadas a partir de altas taxas". Ele escreveu: [20]
Deve-se saber que no início da dinastia, a tributação rende uma grande receita de pequenas contribuições. No final da dinastia, a tributação gera uma pequena receita de grandes contribuições. [20]
Fontes
- Akhtar, S. W. (1997). "The Islamic Concept of Knowledge". Al-Tawhid: A Quarterly Journal of Islamic Thought & Culture. 12 (3)..
- Gellner, Ernest (2 March 1992). Plough, Sword, and Book: The Structure of Human History. University of Chicago Press. ISBN 978-0-226-28702-7.
- Leuprecht, Peter (2011). Reason, Justice and Dignity: A Journey to Some Unexplored Sources of Human Rights. [21]Martinus Nijhoff Publishers. ISBN 978-90-04-22046-1.
- Morelon, Régis; Rashed, Roshdi (1996), Encyclopedia of the History of Arabic Science, vol. 3, Routledge, ISBN 978-0-415-12410-2
- Rosenthal, Franz; Dawood, Nessim Yosef David (1969). The Muqaddimah : an introduction to history; in three volumes. Vol. 1. Princeton University Press. ISBN 978-0-691-01754-9.
- Ter-Ghevondyan, Aram N. (1965), Արաբական Ամիրայությունները Բագրատունյաց Հայաստանում [The Arab Emirates in Bagratuni Armenia)] (in Armenian), Yerevan, Armenian SSR: Armenian National Academy of Sciences, p. 15
- Weiss, Dieter (2009). "Ibn Khaldun on Economic Transformation". International Journal of Middle East Studies. 27 (1): 29–37. doi:10.1017/S0020743800061560.
Referências
- ↑ Gellner, Ernest (2 March 1992). Plough, Sword, and Book: The Structure of Human History. University of Chicago Press. ISBN 978-0-226-28702-7.
- ↑ Erro de citação: Etiqueta
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- ↑ Erro de citação: Etiqueta
<ref>
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- ↑ a b Warren E. Gates (julho–setembro de 1967), «The Spread of Ibn Khaldun's Ideas on Climate and Culture», University of Pennsylvania Press, Journal of the History of Ideas, 28 (3): 415–422 [415], JSTOR 10.2307/2708627, doi:10.2307/2708627, consultado em 25 de março de 2010
- ↑ Salahuddin Ahmed (1999). A Dictionary of Muslim Names. C. Hurst & Co. Publishers. ISBN 1850653569.
- ↑ Warren E. Gates (julho–setembro de 1967), «The Spread of Ibn Khaldun's Ideas on Climate and Culture», University of Pennsylvania Press, Journal of the History of Ideas, 28 (3): 415–422 [416], JSTOR 10.2307/2708627, doi:10.2307/2708627, consultado em 25 de março de 2010
- ↑ I. M. Oweiss (1988), "Ibn Khaldun, the Father of Economics", Arab Civilization: Challenges and Responses, New York University Press, ISBN 0887066984.
- ↑ Ahmad, A. (3 de julho de 2013). New Age Globalization: Meaning and Metaphors (em inglês). [S.l.]: Springer
- ↑ Baali, Fuad (1 de janeiro de 1988). Society, State, and Urbanism: Ibn Khaldun's Sociological Thought (em inglês). [S.l.]: SUNY Press
- ↑ Leuprecht, Peter (2011). Reason, Justice and Dignity: A Journey to Some Unexplored Sources of Human Rights. Martinus Nijhoff Publishers. ISBN 978-90-04-22046-1.
- ↑ O título completo: Kitābu l-ʻibari wa Dīwāni l-Mubtada' wal- Ḥabar fī ayāmi l-ʻarab wal-ʿajam wal-barbar, waman ʻĀsarahum min Dhawī sh-Shalṭāni l-Akbār , ou seja: "Livro de Lições, Registro de Começos e Eventos na história dos árabes e estrangeiros e berberes e seus poderosos contemporâneos "). Akhtar, S. W. (1997). "The Islamic Concept of Knowledge". Al-Tawhid: A Quarterly Journal of Islamic Thought & Culture. 12 (3).
- ↑ Mohamad Abdalla (Summer 2007. "Ibn Khaldun on the Fate of Islamic Science after the 11th Century", Islam & Science 5 (1), p. 61-70.
- ↑ a b Tibi, Bassam. Arab nationalism. 1997, pg. 139.
- ↑ a b c d Weiss, Dieter (1995). "Ibn Khaldun on Economic Transformation". International Journal of Middle East Studies. 27 (1): 31–33. doi:10.1017/S0020743800061560.
- ↑ I. M. Oweiss (1988), "Ibn Khaldun, the Father of Economics", Arab Civilization: Challenges and Responses, New York University Press, ISBN 0-88706-698-4.
- ↑ Boulakia, Jean David C. (1971). "Ibn Khaldûn: A Fourteenth-Century Economist". Journal of Political Economy. 79 (5): 1111. ISSN 0022-3808. JSTOR 1830276.
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