Árquias de Túrios

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 Nota: Se procura o fundador de Siracusa, veja Árquias.

Árquias, da cidade de Túrios,[1][2] foi um agente de Antípatro, que tinha a tarefa abominável de levar a ele, para que fossem punidos, todos os que tivessem se oposto aos macedônios antes da derrota dos gregos na Tessália.[1] Demóstenes foi o único que ele falhou em capturar, pois, durante seu segundo exílio em Calauria, o famoso orador preferiu cometer suicídio por veneno a ser levado a Antípatro.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Conta-se que Árquias foi um ator trágico, e existem várias versões sobre suas ligações com outros atores e filósofos da sua época.[2] Em uma das versões, Polus, de Egina, o melhor ator de sua época, havia sido discípulo de Árquias.[2] Segundo Hermippus, Árquias era aluno de Lacritus, o retórico.[2] Segundo Demétrio, Árquias pertencia à escola de Anaximandro.[2]

Caçador de exilados[editar | editar código-fonte]

Quando Antípatro e Crátero avançaram sobre Atenas,[Nota 1] Demóstenes e seus aliados fugiram da cidade, e Dêmades conseguiu passar uma lei os punindo com a pena de morte.[3] Árquias, que tinha o apelido de caçador de exilados, foi enviado por Antípatro, à frente dos seus soldados, para capturá-los.[2]

Árquias encontrou o orador Hypereides, Aristônico de Maratona e Himereu, irmão de Demétrio de Faleros, refugiados no santuário de Éaco, em Egina, os capturou, e levou-os para Antípatro, que estava em Cleonae; eles foram executados, e, segundo algumas versões, Hypereides teve sua língua cortada.[4]

Captura de Demóstenes[editar | editar código-fonte]

Sabendo que Demóstenes havia se refugiado no santuário de Posidão em Calauria, Árquias atravessou para a ilha em barcos pequenos, com seus lanceiros da Trácia, e persuadiu o fugitivo a ir com ele para Antípatro, prometendo que ele não seria maltratado.[5] Porém, na noite anterior, Demóstenes tinha tido um sonho, no qual ele estava competindo em uma tragédia no teatro contra Árquias, em que, apesar dele ter se apresentado melhor para o público, o fato dele não estar com decorações e roupas adequadas haviam-lhe custado a vitória.[6]

Assim, depois que Árquias havia feito várias promessas a Demóstenes, este respondeu que Árquias não o havia convencido por sua atuação, e não havia convencido por suas promessas.[7] Quando Árquias começou a ameaçar, Demóstenes respondeu que agora ele estava falando a linguagem do oráculo da Macedônia, enquanto que antes ele estava representando.[7]

Demóstenes pediu para escrever uma carta para sua família,[7] colocou a pena na boca, como se fosse escrever;[8] quando o soldado viu-o parado e com a cabeça baixa, chamou-o de covarde, mas Árquias falou para ele se levantar, prometendo uma reconciliação com Antípatro.[9]

Demóstenes, sentido que o veneno estava tomando conta de si, disse a Árquias que ele agora estaria fazendo o papel de Creonte na tragédia, de deixar seu corpo insepulto;[Nota 2] em seguida, agradeceu a Posidão por morrer no seu santuário, enquanto Antípatro e os macedônios iriam violar o santuário de Posidão.[10]

Notas e referências

Notas

  1. Logo depois da vitória sobre as cidades aliadas de Atenas na Guerra Lamiaca.
  2. Após a Guerra dos Sete contra Tebas, Creonte, regente de Tebas, não permitiu que Polinices, seu sobrinho que havia atacado a cidade, fosse sepultado.

Referências

  1. a b c Pausânias (geógrafo), Descrição da Grécia, 1.8.3
  2. a b c d e f Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Demóstenes, 28.3
  3. Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Demóstenes, 28.2 [em linha]
  4. Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Demóstenes, 28.4
  5. Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Demóstenes, 29.1
  6. Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Demóstenes, 29.2
  7. a b c Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Demóstenes, 29.3
  8. Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Demóstenes, 29.4
  9. Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Demóstenes, 29.5
  10. Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Demóstenes, 29.6