Áurea Carolina

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Áurea Carolina
Áurea Carolina
Áurea em 2019
Deputada Federal por Minas Gerais
Período 1º de fevereiro de 2019
até 31 de janeiro de 2023
Vereadora de Belo Horizonte
Período 1º de janeiro de 2017
até 9 de novembro de 2018
Dados pessoais
Nome completo Áurea Carolina de Freitas e Silva
Nascimento 20 de novembro de 1983 (40 anos)
Tucuruí, Pará
Nacionalidade brasileira
Alma mater Universidade Federal de Minas Gerais

Universitat Autònoma de Barcelona

Partido PSOL (2015-2023)
Profissão cientista social, cientista política

Áurea Carolina de Freitas e Silva (Tucuruí, 20 de novembro de 1983)[1] é uma ativista e política brasileira.Foi eleita vereadora de Belo Horizonte pelo PSOL em 2016 com a maior votação da câmara municipal, e eleita deputada federal em 2018.[2] É ativista das lutas pela inclusão das mulheres, da juventude e da população negra.[3] Em abril de 2022, anunciou que não concorreria para a reeleição na Câmara dos Deputados e se desfiliou do seu partido.[4]

Política[editar | editar código-fonte]

Áurea começou sua movimentação política por meio coletivo de hip-hop "Hip Hop Chama", o qual, segundo ela, surgiu para "aliar o fazer artístico com o pensamento crítico, nas quebradas e em toda a cidade".[5] Participou do grupo de rap "Atitudes de Mulher".[5]

Áurea graduou-se em ciência política pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), realizando também uma especialização em "Gênero e Igualdade" pela Universidade Autônoma de Barcelona.[6]

Mandato de vereadora[editar | editar código-fonte]

Áurea foi a vereadora mais bem votada já em seu primeiro mandato parlamentar em Belo Horizonte, nas eleições de 2016, com 17 420 votos, alcançando a maior votação para a Câmara Municipal da capital mineira dos últimos doze anos e tornando-se a mulher com maior número de votos da história da cidade.[5][6] Elegeu-se por meio da campanha coletiva promovida pela movimentação municipalista e cidadã "Muitas pela Cidade que Queremos".[7] Em entrevista ao O Tempo, quando questionada sobre votação recorde, respondeu que estava "maravilhada, muito feliz e muito empolgada. Acredito que vamos fazer um mandato de luta, junto com os movimentos sociais, com a maioria da população da cidade, para defender os direitos que apresentamos na nossa campanha. São fundamentais para o empoderamento das mulheres, a população negra, a juventude e a população LGBT."[5]

Ao lado da vereadora Cida Falabella (também do PSOL),[8] iniciou uma experiência inédita de mandato coletivo, ao qual deram o nome de "Gabinetona".[9] As duas trabalharam com uma equipe única, em um espaço sem divisórias na Câmara Municipal de BH, em colaboração com ativistas da cidade.[10]

Renunciou ao mandato na Câmara Municipal na tarde do dia 9 de novembro de 2018, para se preparar ao novo cargo na câmara federal em 2019. Em seu lugar no legislativo municipal tomou posse Bella Gonçalves, em 13 de novembro, primeira suplente da coligação.[11] Bella Gonçalves já era integrante da Gabinetona e deu continuidade ao trabalho compartilhado com Cida Falabella.[12]

Mandato de deputada federal[editar | editar código-fonte]

Apresentou sua candidatura à Câmara dos Deputados nas eleições de 2018. Elegeu-se com 162 740 votos, a quinta maior votação do estado, tornando-se a primeira deputada federal do PSOL eleita em Minas Gerais.[13]

Em abril de 2022, anunciou que não concorreria para a reeleição na Câmara dos Deputados. No anúncio publicado nas redes sociais, explicou que: "O tempo de recolhimento me permitiu refletir sobre minha trajetória, rever prioridades e ouvir o meu coração. Entendi que é momento de concluir a tarefa pública que assumi com imensa responsabilidade, confiada a mim por milhares de pessoas, e fazer uma pausa de volta para casa."[4] Esclareceu ainda que irá cumprir "o mandato até o fim, com alegria política e a certeza de que mais de nós ocuparemos cada vez mais os espaços de poder".[4]

Em junho de 2023, narrou à Revista Piauí à decisão de não se candidatar à reeleição.[14]

Eleições de 2020[editar | editar código-fonte]

Áurea Carolian se lançou pré-candidata à prefeitura de Belo Horizonte através do manifesto "Juntas pela Democracia e Contra o Fascismo". Na ocasião, contou com o apoio de políticos, artivistas e intelectuais como a deputada estadual do Rio Mônica Francisco (RJ), Sônia Guajajara, Djamila Ribeiro, Silvio Almeida, Vilma Reis, Vladimir Safatle, Laura Carvalho, Jean Wyllys, Marcia Tiburi, Petra Costa, Bela Gil, Maria Gadu, Emicida, Leoni e Wagner Moura.[15] A professora Duda Salabert desistiu de uma campanha própria, e apoiou Áurea e sua "frente ampla progressista".[16]

Sua candidatura foi oficializada durante a convenção do partido em 31 de agosto. Áurea liderou a chapa Frente de Esquerda BH Socialista, formada pelo PSOL, pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB) e pelo recém formado Unidade Popular (UP), tendo Leonardo Péricles do UP como vice.[17] Numa entrevista, disse que a retomada às aulas, "como era antes da pandemia", só se daria "depois da universalização da vacina e com muito diálogo com a comunidade escolar".[18]

Terminou a disputa em quarto lugar, com 103 115 votos, 8,33% dos votos válidos, no pleito vencido em primeiro turno por Alexandre Kalil.[19]

Em 14 de novembro, foi indicada à equipe de transição do novo governo Lula, na área de Cultura. Na ocasião, Áurea relembrou sua atuação na Comissão de Cultura da Câmara, onde atuou "com firmeza no enfrentamento à censura, no socorro ao setor cultural na pandemia, pela descentralização e aprimoramento do fomento e pela valorização da cultura viva, das artes, das culturas negras e periféricas, do patrimônio e dos povos e comunidades tradicionais".[20] Disse ainda que a eleição de Lula foi o primeiro passo da reconstrução da cultura no país.[20] Em dezembro, disse que o governo Bolsonaro havia deixado um "cenário de terra arrasada", destacando especialmente a situação da Fundação Palmares: "Houve uma visita técnica em Brasília e as instalações estão caindo aos pedaços, paredes sem revestimentos, salas sem fios, móveis empilhados e acervos históricos jogados às traças. Não tenho nem palavras para descrever o nível de abandono. Isso revela como o racismo estrutural foi parte da política de Bolsonaro no sentido de atacar a memória”.[21]

Condecorações e prêmios[editar | editar código-fonte]

Em março de 2019, foi anunciada pela Most Influential People of African Descent (Mipad), como uma das 100 pessoas jovens negras mais influentes do mundo na área de política e governança.[22] Em novembro de 2022, a Câmara dos Vereadores de BH concedeu-lhe o grande colar do mérito legislativo.[23]

Referências

  1. «Deputada Federal Áurea Carolina». Portal da Câmara dos Deputados. Consultado em 2 de fevereiro de 2023 
  2. «Deputado(a) Federal Áurea Carolina». Portal da Câmara dos Deputados. Consultado em 21 de julho de 2020 
  3. «Áurea Carolina». www.aureacarolina.com.br. Consultado em 21 de julho de 2020 
  4. a b c «Áurea Carolina, deputada do PSOL, não vai tentar a reeleição neste ano». Estado de Minas. 7 de abril de 2022. Consultado em 8 de abril de 2022 
  5. a b c d Franco Malheiro; Ana Paula Moreira (2 de outubro de 2016). «Áurea Carolina conquista primeira vaga do PSOL em BH». O Tempo. Consultado em 2 de fevereiro de 2023. Cópia arquivada em 7 de novembro de 2019 
  6. a b «Vereadora mais votada em Belo Horizonte é negra e jovem». Estadão. 3 de agosto de 2016. Consultado em 2 de fevereiro de 2023 
  7. «Movimentação MUITAS pela Cidade que Queremos». Consultado em 26 de outubro de 2017. Arquivado do original em 11 de setembro de 2017 
  8. Vianna, Rodolfo (2016), Entrevista, Fundação Lauro Campos, consultado em 25 de outubro de 2016 
  9. Gabinetona .
  10. Motta, Filipe (1 de fevereiro de 2017), «Entrevista Áurea Carolina: vereadoras do PSol e a "gabinetona" na Câmara», Hoje em Dia .
  11. «Áurea Carolina anuncia saída da Câmara de BH e chegada da suplente na terça». Portal CMBH. 9 de novembro de 2018. Consultado em 2 de fevereiro de 2023 
  12. «Renúncia ao cargo de Vereadora por Áurea Carolina». Câmara Municipal de Belo Horizonte. 9 de novembro de 2018. Consultado em 21 de julho de 2020 
  13. «Vamos aquilombar as instituições, diz 5ª deputada federal mais votada em MG». UOL Eleições 2018. Consultado em 2 de fevereiro de 2023 
  14. «"Acabou meu mandato e comemorei como Galvão Bueno na Copa de 94"». Piauí. Consultado em 28 de junho de 2023 
  15. «Artistas, professores e lideranças de BH lançam manifesto em apoio à Áurea». O Tempo. 10 de julho de 2020. Consultado em 23 de julho de 2020 
  16. Matheus Muratori (21 de junho de 2020). «Duda Salabert desiste de pré-candidatura à Prefeitura de BH por aliança com Áurea Carolina». Estado de Minas. Consultado em 2 de fevereiro de 2023 
  17. «PSOL confirma nome de Áurea Carolina à PBH em chapa com UP». O Tempo. 31 de agosto de 2020. Consultado em 31 de agosto de 2020 
  18. Sanny Bertoldo (3 de novembro de 2020). «Gênero e Raça com Áurea Carolina (PSOL)». Gênero e Número. Consultado em 2 de fevereiro de 2023 
  19. «Resultado da apuração do 1º turno das Eleições 2020 - Belo Horizonte, MG - Prefeito, vice-prefeito e vereadores». G1. 16 de novembro de 2020. Consultado em 16 de novembro de 2020 
  20. a b Luana Pedra (14 de novembro de 2022). «Áurea Carolina é indicada à área de Cultura da equipe de transição de Lula». Estado de Minas. Consultado em 2 de fevereiro de 2023 
  21. Bruno Mateus (8 de dezembro de 2022). «Áurea Carolina diz que governo Bolsonaro deixa 'terra arrasada' na cultura | O TEMPO». O Tempo. Consultado em 2 de fevereiro de 2023 
  22. «Deputada federal Áurea Carolina está entre os 100 jovens negros mais influentes do mundo na política», Minas Gerais: Globo, G1, 22 de março de 2019 .
  23. Victor Lobato (26 de novembro de 2022). «Galoucura recebe grande colar do mérito legislativo na Câmara Municipal de BH». Band. Consultado em 2 de fevereiro de 2023. Entre os agraciados, estão o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe e a deputada Federal Áurea Carolina (Psol).