Abel Viana

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 Nota: Não confundir com o futebolista brasileiro Abel Viana de Oliveira.
Abel Viana
Nascimento 16 de Fevereiro de 1896
Viana do Castelo
Morte 17 de fevereiro de 1964
Beja
Nacionalidade português
Ocupação Arqueólogo, etnógrafo e professor
Prémios Ordem da Instrução Pública

Abel Gonçalves Martins Viana OIP (Viana do Castelo, 16 de Fevereiro de 1896[1]Beja, 17 de Fevereiro de 1964), foi um arqueólogo, etnógrafo e professor português.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Carreira profissional[editar | editar código-fonte]

Entre 1910 e 1913 viveu na cidade do Rio de Janeiro, no Brasil, tendo ali começado o seu interesse pelas ciências históricas e naturais.[1] Começou a estudar arqueologia e etnografia enquanto exercia como professor do ensino primário na região do Minho, tendo sido nos periódicos estrangeiros e do Alto Minho que começou a publicar os seus primeiros artigos.[1] Dedicou-se inteiramente à arqueologia e etnografia, tendo-se destacado como um dos mais importantes arqueólogos em Portugal.[1]

Em Beja, trabalhou nos campos da arqueologia, etnografia e folclore, tendo feito vários estudos para a imprensa, e publicado diversos livros.[2] Colaborou na Revista de Arqueologia.[1] Era sócio correspondente de vários instituições no exterior, e foi bolseiro do Instituto de Alta Cultura e do Instituto Nacional de Educação.[2] Em 1940, começou a trabalhar no Museu de Beja.[2] Em 1945, recebeu o primeiro prémio do Concurso de Monografias Regionais, organizado pela Repartição de Turismo da Secretariado Nacional de Informação, com a obra Monografia de Beja.[3]

Entre 1937 e 1949, estudou os monumentos funerários na zona de Monchique, junto com José Formosinho e Octávio da Veiga Ferreira.[4] Em 1953, os três investigadores publicaram a obra Estudos Arqueológicos nas Caldas de Monchique, editada pelo Instituto de Alta Cultura.[5] Em 1946, Abel Viana e Georges Zbyszewski fizeram estudos na zona do Castelo de São Jorge, em Lisboa, tendo encontrado vários objectos pré-históricos.[6] Também colaborou nas investigações da antiga cidade romana de Balsa, tendo escavado uma necrópole nas Pedras del Rei,[7] e descoberto várias peças que foram depois integradas na colecção do Museu Nacional de Arqueologia.[8]

Na década de 1940, fez pesquistas arqueológicas no Largo da Sé, em Faro.[9] Em 1952, identificou definitivamente a localização da povoação romana de Ossónoba no mesmo sítio do que a moderna cidade de Faro, refutando desta forma a teoria centenária que Ossónoba se situava nas ruínas de Milreu, em São Brás de Alportel.[10] Em 1957, dirigiu a 20.ª Missão Estética de Férias, em Viana do Castelo.[11]

Na altura do seu falecimento, estava a dirigir várias escavações arqueológicas na zona de Nossa senhora da Cola,[2] no concelho de Ourique.[12] Entre as suas descobertas, destaca-se um capacete celta em prata, que foi posteriormente reidentificado como uma taça cerimonial.[12]

Falecimento[editar | editar código-fonte]

Abel Viana faleceu subitamente em 17 de Fevereiro de 1964, aos 68 anos de idade.[2] Morreu na cidade de Beja, onde vivia há cerca de 24 anos.[2] O funeral realizou-se no dia seguinte, em Lisboa.[2]

Homenagens[editar | editar código-fonte]

Em 9 de Maio de 1934, foi homenageado com o grau de oficial na Ordem da Instrução Pública.[13]

Referências

  1. a b c d e «Ficha História: Revista de Arqueologia» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. p. 2, 10-11. Consultado em 4 de Junho de 2019 
  2. a b c d e f g «Necroogia». Diário de Lisboa. Ano 43 (14789). Lisboa: Renascença Gráfica. 17 de Fevereiro de 1964. p. 14. Consultado em 26 de Maio de 2019 
  3. «Iniciativas e realização» (PDF). Panorama. 4 (23). Lisboa: Secretariado Nacional de Informação e Cultura Popular. 1945. p. 69. Consultado em 4 de Junho de 2019 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  4. «Monchique aproveita incêndio para estudar o seu património arqueológico». Sul Informação. 3 de Maio de 2019. Consultado em 4 de Junho de 2019 
  5. FERREIRA, Leonídio Paulo (7 de Agosto de 2018). «"Madeiras de castanho e de carvalho de Monchique eram muito valorizadas na construção naval dos Descobrimentos"». Diário de Notícias. Consultado em 4 de Junho de 2019 
  6. CORREIA, A. A. Mendes (1949). «Donde veio o nome de Lisboa?» (PDF). Revista Municipal (42). Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa. p. 18. Consultado em 4 de Junho de 2019 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  7. FABIÃO, 2003:16-17
  8. PIRES, Bruno Filipe (18 de Janeiro de 2018). «Balsa já não é «cidade perdida» e tem projeto de ciência e cultura». Barlavento. Consultado em 2 de Junho de 2019 
  9. PIRES, Bruno Filipe (2 de Março de 2018). «Equipa de elite mantém património de Faro e do Algarve impecável a baixo custo». Barlavento. Consultado em 2 de Junho de 2019 
  10. MARQUES, 1999:165-171
  11. «Morreu o pintor Abel Mendes». TVI 24. 5 de Maio de 2017. Consultado em 4 de Junho de 2019 
  12. a b RODRIGUES, Elisabete (27 de Fevereiro de 2018). «Escavações arqueológicas na colina do castelo em Ourique fazem surgir mais perguntas que respostas». Sul Informação. Consultado em 4 de Junho de 2019 
  13. «Entidades Nacionais Agraciadas com Ordens Portuguesas». Presidência da República. Consultado em 4 de Junho de 2019 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • FABIÃO, Carlos; et al. (2003). Tavira: Território e Poder. Lisboa e Tavira: Museu Nacional de Arqueologia e Câmara Municipal de Tavira. 359 páginas. ISBN 9727761801 
  • MARQUES, Gentil (1999) [1964]. Lendas de Portugal: Lendas de Mouras e Mouros. Col: Lendas de Portugal. Volume 3 de 5 3.ª ed. Lisboa: Âncora Editora. ISBN 972-780-026-2 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]


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