Agrimonia eupatoria subsp. eupatoria

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Classificação científica
Reino: Plantae
Clado: angiospérmicas
Clado: eudicotiledóneas
Ordem: Rosales
Família: Rosaceae
Género: Agrimonia
Espécie: Agrimonia eupatoria
L.
Subespécie: A. e. subsp. eupatoria
Nome trinomial
Agrimonia eupatoria subsp. eupatoria
L.

Agrimonia eupatoria subsp. eupatoria é uma subespécie da agrimonia eupatoria, é comummente conhecida como agrimónia[1] (denominação amiúde atribuída às demais espécies do género Agrimonia), trata-se de uma planta herbácea, pertencente à família das Rosáceas e ao tipo fisionómico dos hemicriptófitos[2], dotada de caule vertical, flores amarelas e frutos ásperos, que tem sido utilizada pelo Homem, ao longo dos tempos, por causa das suas propriedades medicinais.[3]

A autoridade científica da subespécie é L., tendo sido publicada em Sp. Pl. 1: 448 (1753).[4][5]

Nomes comuns[editar | editar código-fonte]

Dá ainda pelos seguintes nomes comuns: grimónia[6] (também grafada erva-agrimónia[3]), amoricos[7][8] (também grafada namoricos[3]), erva-hepática[7] (também grafada erva eupática[3], o que, se crê que terá dado lugar às deturpações erva-eupatória[7][3], eupatória[3][7] e eupatória-dos-gregos[3][7]), erva-de-São-Guilherme[3][8] e lagrimosa[3].

Descrição[editar | editar código-fonte]

Trata-se de uma planta herbácea perene e inodora, de caules erectos e floríferos, que podem chegar até aos 80 centímetros.[7]

No que toca às folhas, são de formato pinado, sendo que as folhas basais se imbricam numa disposição de roseta, e medem entre 6 a 25 centímetros de comprimento.[6] Agrupam-se em 3 a 6 pares de folíolos, que se distinguem em folíolos principais e folíolos acessórios.[7] Os principais são os maiores, com dimensões na ordem dos 8-75x8-35 milímetros.[8] Os acessórios são mais pequenos.[6] Em todo o caso, os folíolos têm um formato que alterna, entre o elíptico e o obovados, sendo que junto à margem se afiguram com um recorte que pode variar entre o crenados e o serrados.[7] Apresentam uma coloração verde-escura na página superior e esbranquiçada ou acinzentada, na página inferior, onde se encontra revestida de alguma penugem ou cotanilho, o que faz dela uma folha de tipo tomentoso.[6]

Caracteriza-se, ainda, pela ráquis acanalada, com indumento semelhante ao do caule e pelas estípulas foliáceas, ovadas e irregularmente inciso-dentadas.[8]

Quanto às inflorescências, configuram-se em espiga terminal, cinco pétalas amarelas, com dimensões na ordem dos 4-6 x 1,5-3 milímetros, e um formato que varia entre o obovado e o oblanceolado.[7]

Relativamente aos frutos, que são aquénios[8], afiguram-se como excrescências aciróides, que quando amadurecem, atingem dimensões na ordem dos 6-7.5x5-6 milímetros, e isto inclui os pêlos duros, de formato que varia entre o obcónico e o turbinados, que lhes crescem entre os sulcos.[6]

Distribuição[editar | editar código-fonte]

Esta planta encontra-se em todo o continente europeu, salvo no extremo Norte.[3] Está presente, ainda, na região do Cáucaso, na Sibéria Ocidental, na Ásia Menor e Próximo Oriente, incluindo o Irão, alargando-se, ainda, até ao Norte de África e à Macaronésia.[7]

Portugal[editar | editar código-fonte]

Trata-se de uma espécie presente no território português, nomeadamente em Portugal Continental, no Arquipélago dos Açores e da Madeira.[2]

Mais concretamente, no que toca a Portugal Continental, nas zonas do Noroeste ocidental, Nordeste ultrabásico, Nordeste leonês, das Terra quente e Terra fria transmontanas, Centro-norte, Centro-oeste calcário, Centro-oeste arenoso, Centro-oeste olissiponense, Centro-oeste cintrano, Centro-leste de campina, Centro-sul miocénico, Centro-sul arrabidense, Centro-sul plistocénico, Sudeste setentrional, Sudeste meridional, Sudoeste setentrional, Sudoeste meridional, Sudoeste montanhoso, Barrocal algarvio, Barlavento e Sotavento.[3]

Em termos de naturalidade é nativa da região atrás referidas.

Ecologia[editar | editar código-fonte]

É uma espécie ruderal, que medra em bosques, pastos verdejantes e húmidos, ravinas, clareiras, em courelas agricultadas, nas bermas de caminhos e na orla de cursos de água.[7] Costuma privilegiar solos húmidos de substracto nitrificado.[6]

Toxicidade[editar | editar código-fonte]

Flor
Agrimonia eupatoria - MHNT

A agrimónia tem uma toxicidade fotossensibilizante.[7]

Esta planta contém os seguintes compostos químicos: ácido salicilíco[9], ácido ursólico[10] e quercetina.[11]

Contém um óleo particular volátil, que pode ser obtido através de destilação, e compostos ásperos e amargos, que dão essa propriedade à planta. As folhas e o caule possuem contêm 5% de tanino, ácido salicílico e óleos essenciais.[12]

Propriedades farmacológicas[editar | editar código-fonte]

As folhas e as flores da agrimónia têm propriedades adstringentes (por causa dos taninos), anti-inflamatórias, dermatológicas, colagógicas, diuréticas, digestivas, tónico-hepáticas e coleréticas.[11]

Com efeito, no âmbito da etnofarmacologia, a agrimónia foi usada na medicina popular portuguesa, sob a forma de parches ou aditivos de banhos[12], para tratar de inflamações e problemas de pele e de feridas ulceradas.[7] Com efeito, na Idade Média foi muito utilizada nos campos de batalha, por causa do seu poder cicatrizante.[12]

Com as folhas podem ser preparados chás ou decocções (dose quotidiana de 1,5 g)[12], para ajudar a acalmar os nervos[6], para regularizar os processos digestivos, para combater as diarreias e certos problemas hepáticos (daí os nome comum «erva-hepática» e todos os seus derivados e deturpações)[11] e de rins, designadamente os cálculos renais[13]. Com efeito, as suas propriedades hepáticas já eram reconhecidas desde a antiguidade clássica, tendo sido referenciadas por Plínio, o Velho e Dioscórides, que recomendavam as infusões de agrimónia para tratar das maleitas do fígado.[13]

Certos preparados de agrimónia também chegaram a ser usados para combater a rouquidão, catarros e para tratar de inflamações da boca e da faringe, sob a forma de decocções em gargarejos.[3][12]

Sob a forma de pomadas, também foi usada para ajudar no tratamento de hemorróidas externas.[11]Sendo, hodiernamente, indicada em para ajudar no tratamento de colecistopatias crónicas, acompanhadas de pirose gástrica.[3]

Taxonomia[editar | editar código-fonte]

A Agrimonia eupatoria foi descrita por Carlos Lineu e mencionada na publicação en Species Plantarum 1: 448, em 1753.[14]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

Alternantivamente, especula-se que se possa tratar de uma deturpação do epíteto grego argemone, designação arcaica, empregada por Dioscórides e Plínio, o Velho para se reportarem à papoila.[15] Outra tese, supõe que possa provir do étimo grego argemonion, designação usada por Dioscórides para se reportar às plantas do género Anemone.[15] Por último, o botânico italiano Umberto Quattrocchi também aventa a hipótese de «agrimónia» resultar da aglutinação dos étimos gregos agros = «de campo ou descampado» com monos = «isoladamente; só».[16]

Referências

  1. Infopédia. «agrimónia | Definição ou significado de agrimónia no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 22 de dezembro de 2021 
  2. a b «Agrimonia eupatoria| Flora-On | Flora de Portugal». flora-on.pt. Consultado em 16 de outubro de 2021 
  3. a b c d e f g h i j k l m «Agrimonia eupatoria subesp. eupatoria». Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Consultado em 17 de março de 2020 
  4. Castroviejo, S. (coord. gen.). 1986-2012. Flora iberica 1-8, 10-15, 17-18, 21. Real Jardín Botánico, CSIC, Madrid.
  5. Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. 7 de Outubro de 2014 <http://www.tropicos.org/Name/27802280>
  6. a b c d e f g Freitas, F. (2013). Plantas e seus usos tradicionais (PDF). Fajã da Ovelha: Serviço do Parque Natural da Madeira. p. 22. ISBN 978-989-95497-9-1 
  7. a b c d e f g h i j k l m «Agrimonia eupatoria (L.) spp. eupatoria». www3.uma.pt. Consultado em 22 de dezembro de 2021 
  8. a b c d e Castroviejo, S. (1986–2012). «Agrimonia» (PDF). Real Jardín Botánico, CSIC, Madrid. p. 370-371. Consultado em 17 de março de 2020 
  9. «Salicylic acid». webbook.nist.gov (em inglês). Consultado em 23 de dezembro de 2021 
  10. «Ursolic acid, CAS Number: 77-52-1». www.chemindustry.com. Consultado em 23 de dezembro de 2021 
  11. a b c d Proença da Cunha, A. (2003). Plantas e produtos vegetais em fitoterapia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 701 páginas. ISBN 972-31-1010-5 
  12. a b c d e Gandra, Manuel J. (2007). Portugal Sobrenatural. Lisboa: Ésquilo. p. 108. 542 páginas. ISBN 9789898092182 
  13. a b Aliotta, G.; Pollio, A. (1994). «Useful plants in renal therapy according to Pliny the Elder». American Journal of Nephrology (4-6): 399–341. ISSN 0250-8095. PMID 7847476. doi:10.1159/000168755. Consultado em 23 de dezembro de 2021 
  14. Agrimonia eupatoria en Trópicos
  15. a b c «Botanical Names». www.calflora.net. Consultado em 23 de dezembro de 2021 
  16. Quattrocchi, Umberto (1999). CRC World Dictionary of Plant Names: Common Names, Scientific Names, Eponyms, Synonyms, and Etymology. Boca Ratón, Florida, USA: CRC Press. 864 páginas. ISBN 0849326761 
  17. «eupătŏrĭa - ONLINE LATIN DICTIONARY - Latin - English». www.online-latin-dictionary.com. Consultado em 23 de dezembro de 2021 
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