Antofalla

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Antofalla
Antofalla
Antofalla e Antofalla Central vistos do norte
Antofalla está localizado em: Argentina
Antofalla
Localização na Argentina
Coordenadas 25° 33' 45" S 67° 52' 51" O
Altitude 6437 m (22841 pés)
Proeminência 1957 m
Isolamento 113,8 km
Localização Província de Catamarca,  Argentina
Cordilheira Andes
Primeira ascensão Antes de 1500 por Inca

O Antofalla é um maciço vulcânico no norte na Província de Catamarca, na Argentina. Compõe-se de duas montanhas separadas, tendo o pico principal 6.440m[1], sendo a 18º montanha mais alta dos Andes, e o Antofalla Central 6.395m, sendo a 25º mais alta[2].

Existem várias teorias sobre a origem do nome, que pode ser é uma palavra composta da língua Diaguita ou Cunza e significar o lugar onde o sol morre[3], ou do quéchua 'anta', cobre e 'pallay' ou recolher, sendo então um recolher cobre[4].

Geografia e Geomorfologia[editar | editar código-fonte]

O vulcão Antofalla faz parte da Zona Vulcânica Central dos Andes[5], formada pela subducção da Placa de Nazca sob a Placa Sul-Americana. Alguns autores apresentam esse vulcão como ativo, tendo sido reportadas fumarolas em 1901 e 1911[6]. Porém estudos mais recentes datam as últimas erupções do Pleistoceno[7]. Sendo um vulcão que teve um período ativo bastante extenso, sua composição é complexa, sendo formado por domos de lava, rochas piroclásticas e um estratovulcão[8].

Encontra-se a oeste do Salar de Antofalla, um dos maiores salares do planeta, que possui a peculiaridade de nunca exceder uma largura de 12 km[9], mesmo possuindo um comprimento total de 150 km no sentido norte-sul.

Toda a área encontra-se em uma das partes mais áridas da Puna do Atacama, com precipitações de cerca de 150mm/ano[8], grande parte sendo neve nas partes mais altas. Essa aridez traz pouca cobertura vegetal, que se resume a algumas gramíneas nas áreas onde água de degelo corre em partes do ano.

Presença pré-colombiana[editar | editar código-fonte]

Ruínas incas podem ser encontrados na cume do vulcão[10], conformando o que os arqueólogos chamam de apachetas que são uma espécie de altar de adoração inca[11]. Tal apacheta oferece a prova definitiva de inúmeras escaladas pré-colombianas. A peculiaridade das ruínas incas localizadas no Antofalla vem da disposição das pedras, tendo todo o cume sido aplainado e organizado com uma moldura de pedras[12].

Mineração[editar | editar código-fonte]

O vulcão Antofalla possui uma zona de alteração hidrotermal com mineralização polimetálica, que traz sedimentação de minérios de ouro, chumbo, prata e zinco.

Há registro de extração desses minerais em várias áreas:

- No lado leste de Antofalla na antiga mina Los Jesuitas[13].

- Ruínas de um assentamento de mineração de ouro perto da cidade de Antofalla.

- Um mapa de 1900 menciona a existência de uma mina de prata Antofaya no lado sudeste do complexo[14].

- Um mapa mais recente mostra a existência de um local de mineração na Quebrada de las Minas[7].

A mineração em Antofalla remonta pelo menos a 1700[15], e a infraestrutura incluía várias estruturas, inclusive moinhos. Ainda podem haver depósitos de minério significativos no vulcão, mas seu posicionamento profundo no complexo vulcânico dificulta a exploração[7].

Montanhismo[editar | editar código-fonte]

A primeira ascensão do pico principal na era moderna foi dos argentinos Jorge Cvitanic, Tito Rubio e Augusto Vallmitjana em 26 de agosto de 1955[12]. A temporada normal de escalada, porém é de novembro a abril. O acesso deve ser feito com veículo 4x4. A principal via de acesso é a partir da cidade de Antofagasta de la Sierra (último local com acesso a combustível), indo para a localidade de Antofalla e a partir daí circulando o vulcão pelo leste até o Salar de Archibarca[1], ao norte, onde se instala o campo base.

Os primeiros brasileiros a escalarem foram Waldemar Niclewicz e Pedro Hauck em 29 de dezembro de 2012[10][16]. Além deles, também  Maria Tereza Ulbrich, Gabriel Tarso, Tiago Korb e Luciana Moro[17] também já chegaram ao cume. O argentino-brasileiro Máximo Kausch já esteve nos cumes das duas montanhas, as quais ele denomina Antofalla Leste e Sul[18].

Turismo[editar | editar código-fonte]

O Antofalla está em uma região quase desabitada, exceto pela pequena cidade de Antofalla, habitada por cerca de quarenta pessoas. Este é o caso em toda a região, que é sem dúvida uma das mais remotas e desoladas da Argentina. Turismo aqui está ligada na maior parte com a exploração.

Referências

  1. a b Biggar, John (11 de junho de 2021). The Andes - A Guide for Climbers and Skiers: Integral (em inglês). [S.l.]: Andes 
  2. Delvaux, Marcelo (27 de julho de 2017). «Uma lista revisada para os 6 mil da Cordilheira dos Andes». Revista Blog de Escalada. Consultado em 27 de maio de 2023 
  3. cybernautatn (24 de novembro de 2019). «Antofalla». Turismo en Argentina (em espanhol). Consultado em 27 de maio de 2023 
  4. Valenzuela, Pedro Armengol (1918). Glosario etimológico de nombres de hombres, animales, plantas, ríos y lugares, y de vocablos incorporados en el lenguaje vulgar: aborígenes de Chile, y de algún otro país americano ... (em espanhol). [S.l.]: Imprenta universitaria 
  5. «Global Volcanism Program | Antofalla». Smithsonian Institution | Global Volcanism Program (em inglês). Consultado em 27 de maio de 2023 
  6. Sapper, Karl (1917). Katalog der geschichtlichen Vulkanausbrüche (em alemão). [S.l.]: K. J. Trübner 
  7. a b c Richards, Jeremy P.; Ullrich, Thomas; Kerrich, Robert (15 de abril de 2006). «The Late Miocene–Quaternary Antofalla volcanic complex, southern Puna, NW Argentina: Protracted history, diverse petrology, and economic potential». Journal of Volcanology and Geothermal Research (em inglês) (3): 197–239. ISSN 0377-0273. doi:10.1016/j.jvolgeores.2005.10.006. Consultado em 27 de maio de 2023 
  8. a b Seggiaro, R.; Becchio, R.; Pereyra, F.; Martínez, L. (2007). «Hoja Geológica 2569-IV, Antofalla, provincias de Catamarca y Salta» (PDF). Instituto de Geología y Recursos Minerales. Servicio Geológico Minero Argentino, (343) 
  9. Kirbus, Federico B.; Kirbus, Federico B. (1995). Noroeste. Col: Guía ilustrada de las regiones turísticas argentinas / Federico B. Kirbus 1. ed ed. Buenos Aires: Librería "El Ateneo" Ed 
  10. a b AM, Pedro Hauck-Equipe (20 de fevereiro de 2016). «Antes dos Primeiros: O montanhismo dos Incas». AltaMontanha. Consultado em 27 de maio de 2023 
  11. Ceruti, María Constanza (1999). Cumbres sagradas del noroeste argentino: avances en arqueología de alta montaña y etnoarqueología de santuarios de altura andinos (em espanhol). [S.l.]: Editorial Universitaria de Buenos Aires. EUDEBA 
  12. a b «Centro Cultural Argentino de Montaña». Centro Cultural Argentino de Montaña. Consultado em 27 de maio de 2023 
  13. Richards, Jeremy P.; Ullrich, Thomas; Kerrich, Robert (1 de abril de 2006). «The Late Miocene Quaternary Antofalla volcanic complex, southern Puna, NW Argentina: Protracted history, diverse petrology, and economic potential». Journal of Volcanology and Geothermal Research: 197–239. ISSN 0377-0273. doi:10.1016/j.jvolgeores.2005.10.006. Consultado em 27 de maio de 2023 
  14. Quesada, Marcos N. (junho de 2009). «Discursos cartográficos y territorios indígenas en Antofalla». Intersecciones en antropología (1): 155–166. ISSN 1850-373X. Consultado em 27 de maio de 2023 
  15. Minerales, Argentina Servicio Geológico Minero Argentino Instituto de Geología y Recursos; Lavandaio, Eddy Omar Luis; Catalano, Edmundo (2004). «Historia de la Minería Argentina». ISSN 0328-2325. Consultado em 27 de maio de 2023 
  16. «ANTOFALLA | Waldemar Niclevicz». Consultado em 27 de maio de 2023 
  17. Korb, Tiago (3 de novembro de 2022). «Ascensão do Vulcão Antofalla 6464 m na Argentina.». Clube Trekking Santa Maria RS. Consultado em 27 de maio de 2023 
  18. Brasil, True Climbing (20 de dezembro de 2017). «Montanhista Alcança Feito Inédito Internacional». True Climbing Brasil. Consultado em 27 de maio de 2023 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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