Aracê

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Aracê
  Distrito do Brasil  
Vista da Pedra Azul com a Igreja Nossa Senhora de Fátima visível à direita em Aracê
Vista da Pedra Azul com a Igreja Nossa Senhora de Fátima visível à direita em Aracê
Vista da Pedra Azul com a Igreja Nossa Senhora de Fátima visível à direita em Aracê
Localização
Mapa
Mapa de Aracê
Coordenadas 20° 23' 31" S 40° 59' 59" O
Estado  Espírito Santo
Município Domingos Martins
História
Criado em 7 de junho de 1924
Características geográficas
População total (2010[1]) 8 231 hab.

Aracê é um distrito do município brasileiro de Domingos Martins, no estado do Espírito Santo. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sua população no ano de 2010 era de 8 231 habitantes, sendo 4 222 homens e 4 009 mulheres,[2] possuindo um total de 2 482 domicílios particulares permanentes.[3] Foi criado pela lei estadual nº 1.433 de 7 de junho de 1924.[4]

O distrito é conhecido por ser onde estão localizados diversos bens naturais turísticos, sendo o principal deles o Pico Pedra Azul, que faz parte do Parque Estadual da Pedra Azul.[5] Com 1 822 metros de altitude,[6] é um dos atrativos mais conhecidos do interior capixaba.[5] Ao lado da Pedra Azul está localizada a Pedra das Flores, que chega aos 1 909 m de altitude[7] e é o ponto mais elevado de Domingos Martins.[6]

Uma saliência que emana da Pedra Azul remete ao formato de um lagarto, dando origem ao nome da "Rota do Lagarto". Trata-se de um circuito turístico que começa na localidade e engloba a visitação em áreas verdes, mirantes, cachoeiras, piscinas naturais e escaladas nos paredões rochosos.[5][8] Com a proximidade desses bens naturais a região concentra pousadas, hotéis, restaurantes e lojinhas de artesanato.[5]

História[editar | editar código-fonte]

Início da Rota do Lagarto, onde estão localizadas pousadas, restaurantes e infraestrutura a turistas. É possível notar a Pedra das Flores à esquerda e a Pedra Azul à direita, da qual se sobressai a Pedra do Lagarto.
Vista do Pico Pedra Azul e da Igreja Nossa Senhora de Fátima a partir da BR-262
Vista do distrito de Aracê com o Pico da Pedra Azul ao fundo

Inicialmente o distrito era conhecido como São Rafael e mais tarde Pedreiras. Em 31 de dezembro de 1943 o Decreto Estadual nº. 15.177 denominou o antigo distrito de Pedreiras como Aracê. O nome possui origem na língua tupi e significa “aurora, o nascer do dia, o canto matinal dos pássaros”. Apesar disso, não foram encontrados povos indígenas na região. A escolha de nomes indígenas para localidades é uma prática comum no Brasil.

Em 1816 o Governo Federal começou a construir uma ligação entre os estados de Minas Gerais e o Espírito Santo através da região serrana[9]. Após a independência do Brasil a via passou a chamar-se Estrada de São Pedro de Alcântara em homenagem ao primeiro Imperador.

Através dessa estrada ocorreu a colonização germânica da região, no fim do século XIX, por volta do ano 1870. A chegada dos primeiros imigrantes alemães no município se deu na região de Santa Isabel e Campinho[10]. Com o crescimento das famílias, muitos habitantes partiram em busca de melhores terras já que o interior do estado era completamente desabitado, principalmente na região serrana. Propriedades foram sendo estabelecidas ao longo da estrada. Nessa época bastava que os novos moradores ocupassem as terras devolutas para se tornarem donos, o que facilitou a expansão da colonização.

No início do século XX, por volta de 1900, apareceram na região os primeiros imigrantes italianos. A sua chegada ocorreu por caminhos diferentes dos conhecidos pelos alemães. A primeira família a chegar foi a família Canal que já havia chegado até São Floriano. Logo vieram as famílias Bravin, Greco, Módolo, Uliana, Bassani, Lorenzoni, Curbani, entre outras. Com a sua chegada a Pedreiras outras famílias foram atraídas para o local, e, com isso, foram adquirindo as propriedades dos imigrantes alemães que retornavam para a região de São Rafael. Um segundo grupo de famílias chegou e habitou a região por trás do pico da Pedra Azul, entre elas estavam as famílias Fassarella, Pizzol, Gagno, Girardi, Peterle e Gagno.

Com a colonização italiana a comunicação da região de Pedreiras com outras localidades passou a ser feita através de Matilde, em Alfredo Chaves. A única relação com São Rafael era o Cartório do Registro Civil, já que a região estava vinculada àquela localidade. O desenvolvimento de Pedreiras se deu de forma mais rápida que São Rafael, já que a estrada imperial estava sendo abandonada.

A ligação com Minas Gerais precisava ser retomada e uma nova rodovia ligando os dois estados foi projetada pelo Governo Federal. O traçado inicial da nova rodovia procurava seguir o curso da estrada imperial, passando por São Rafael. O traçado original não passava por Aracê nem Venda Nova do Imigrante. A região era considerada intransponível para uma rodovia pela quantidade de pedras existentes. O engenheiro da Secretaria de Viação e Obras Públicas, Dr. Dido Fontes de Faria Brito, ao percorrer o trecho acabou alterando o traçado da via, deslocando-a para Aracê e Venda Nova, que já eram importantes centros comerciais regionais.

Após a pavimentação da rodovia, nos anos 60, a região começou a mudar. Uma grande área que não foi ocupada pelos imigrantes devido às dificuldades de acesso, já que estavam cercadas pelo maciço da Pedra Azul, foi transformada pelo Governo do Estado do Espírito Santo nas reservas de Pedra Azul e de Forno Grande.

Formação rochosa[editar | editar código-fonte]

Deste ângulo é possível ver a Pedra do Lagarto na Pedra Azul

O Pico Pedra Azul é um afloramento de gnaisse com 1822m, localizado dentro do Parque Estadual da Pedra Azul.

A Pedra Azul muitas vezes adquire uma coloração azul, verde ou até amarela, graças aos líquens que crescem na pedra, sendo que esta muda de cor 31 vezes por dia, dependendo da incidência de luz solar. O maciço de granito foi forjado pela natureza há cerca de 550 milhões de anos.

Uma saliência em forma de lagarto que parece subir na Pedra Azul é outro detalhe que chama a atenção. Recebeu, por isso mesmo, o nome de Pedra do Lagarto. O conjunto fica localizado do lado da Pedra das Flores, com 1909m. Ambos ficam localizados no Parque Estadual da Pedra Azul com 1.240 hectares de Mata Atlântica. O parque oferece aos visitantes a opção de percorrer trilhas ao longo de toda a área.

Os visitates são acompanhados por monitores e as trilhas repletas de bromélias. A floresta é rica em tatus, gambás, araras, cachorros do mato, pacas e saguis de cara branca. Há espécimes ameaçados de extinção, como veado campeiro, ouriço preto, gato do mato, anta, macuco e o macaco da espécie mono carvoeiro.

Pedra Azul do Aracê é a região do município de Domingos Martins e da região serrana do Espírito Santo onde a exploração do turismo comum, do turismo ecológico e do agroturismo encontra-se em estágio mais avançado. A infraestrutura hoteleira tem crescido para acompanhar a demanda. Há casas de chá, restaurantes, lojas de artesanato e pontos onde se comercializam os produtos agrícolas de toda a região, notadamente os morangos.

Clima[editar | editar código-fonte]

A região de Pedra Azul possui um clima com temperaturas que variam de 27ºC no verão a 15ºC no inverno, registrando extremos de 32°C e -5°C [11].

Referências

  1. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (16 de novembro de 2011). «Sinopse por setores». Consultado em 16 de junho de 2022 
  2. Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA) (2010). «Tabela 202 - População residente, por sexo e situação do domicílio - Situação do domicílio, Sexo». Consultado em 16 de junho de 2022. Cópia arquivada em 16 de junho de 2022 
  3. Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA) (2010). «Tabela 1211 - Domicílios particulares permanentes e Moradores em domicílios particulares permanentes, por espécie de unidade doméstica - Variável - Domicílios particulares permanentes (Unidades)». Consultado em 16 de junho de 2022. Cópia arquivada em 16 de junho de 2022 
  4. Enciclopédia dos Municípios Brasileiros (2007). «Domingos Martins - Histórico» (PDF). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Consultado em 4 de março de 2012. Cópia arquivada (PDF) em 30 de novembro de 2016 
  5. a b c d Fernando Leite (23 de janeiro de 2018). «Espírito Santo: Pedra Azul, Caparaó, Pico da Bandeira e mais». Viagem e Turismo. Consultado em 16 de junho de 2022. Cópia arquivada em 16 de junho de 2022 
  6. a b CEPEMAR Serviços de Consultoria em Meio Ambiente Ltda. (outubro de 2004). «Plano de Manejo do Parque Estadual da Pedra Azul» (PDF). Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo (IEMA): 177. Consultado em 16 de junho de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 1 de fevereiro de 2022 
  7. Secretaria do Turismo do Espírito Santo (SETUR). «Belezas Naturais do Espírito Santo» (PDF). p. 4–5. Consultado em 16 de junho de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 16 de junho de 2022 
  8. Roberta Bourguignon e Clóvis Rangel (28 de março de 2022). «Diversão na rota dos parques estaduais». Consultado em 16 de junho de 2022. Cópia arquivada em 16 de junho de 2022 
  9. Instituto Rota Imperial: http://www.rotaimperial.org.br/historia Arquivado em 24 de fevereiro de 2011, no Wayback Machine. Página visitada em 7 de junho de 2011
  10. Ernst Wageman (1915/ Tradução de Reginaldo Sant’Ana - 1949) "A Colonização Alemã no Espírito Santo".
  11. Médias e Registros: http://br.weather.com/weather/climatology/BRXX0305 Página visitada em 7 de junho de 2011

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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