Babalossaim

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Babalossaim[1] (em iorubá: Bàbálọsányin)[2] ou olossaim (em iorubá: olọsányìn),[3] da mesma forma que o Babalaô e o Babaogé não conhece o transe, é a pessoa encarregada de colher as ervas, também chamada de folhas sagradas usadas tanto na religião orixá, na de Orumilá e no Culto aos egunguns.

Para ser um babalossaim a pessoa precisa de muitos anos de dedicação no aprendizado, ter memória privilegiada para guardar os nomes das plantas, formatos, horário da colheita, cantigas de cada folha, segredos, efeitos e aplicações. Kosí Ewé, Kosí Òrisà Não tem folha, não tem Orixá.

O babalossaim aqui mencionado não é um babalorixá, é um cargo específico, é o Sacerdote de Oçânhim, não se refere ao Elegum ou à iaô de Oçânhim, que caso tenha o cargo de babalorixá ou ialorixá terá a função diferente por entrar em transe.

No Brasil, poucas casas tem seu próprio babalossaim. Normalmente essa função é dada a um filho de Oçânhim, a um Ogã ou o próprio babalorixá a executa.

Ferramenta de 'Oçânhim

Etnobotânica iorubá[editar | editar código-fonte]

A cultura iorubá assim como qualquer outra dos povos ditos primitivos possuem um sistema próprio para classificação das plantas. De acordo com Levi-Strauss em Pensamento Selvagem, em muitas culturas esse saber é dominado por todos os integrantes da tribo e relaciona-se diretamente com os sistemas de parentesco e nomeação. Naturalmente na medida em que aumenta sua complexidade formam-se os especialistas, a existência deste, representado pelo Babalossaim na referida cultura expressa a multidimensão do uso de folhas na medicina, alimentação, rituais religiosos, ou simplesmente descrição da natureza.

Segundo Verger o sistema iorubá de classificação botânica, por ser diverso do elaborado por Lineu (1707-1778) usa diferentes características para identificação e classificação das plantas, sua nomeação leva em conta, seu cheiro, sua cor, a textura de suas folhas, sua reação ao toque e a reação provocada por seus contatos, entre outras.

Bastide, baseado na interpretação do mito em que Iansã espalha com o vento as folhas que Oçânhim guardava e estas, a partir desse instante ficam de posse dos diversos orixás, propõe a utilização da características dos orixás (relações com as partes do corpo, cores, elementos da natureza, etc.) como critério para o sistema etnobotânico de classificação iorubá incluindo entre estas as propriedades farmacológicas e medicinais de cada espécie.

O referencial simbólico sobre cada planta contudo não se limita a ser uma versão mítica de um conjunto de características botânicas e farmacológicas, os cânticos e palavras associados a estas podem modificar o seu efeito e mesmo trazer o seu efeito sem a sua presença física. É preciso não esquecer que estamos numa encruzilhada entre a fé (religião, intuição) e a ciência (percepção, explicação lógica).

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • BASTIDE, ROGER. O Candomblé na Bahia: rito nagô. SP Companhia das Letras, 2001.
  • BARROS, JOSÉ F.P.; NAPOLEÃO, EDUARDO. Ewé Òrisà, Uso litúrgico e terapêutico dos vegetais nas casas de candomblé Jêje-Nagô. RJ, Bertrand Brasil, 1999
  • CABRERA, LIDIA. El Monte, Igbo-Finda; Ewé Orisha; Vititi Nfinda. Miami, Florida, Ediciones Universal, 1992
  • LEVI-STRAUSS, Pensamento selvagem. SP, Companhia Editora Nacional, 1976
  • VERGER, PIERRE. Ewé, o uso das plantas na sociedade iorubá. SP, Companhia das Letras, 1999

Referências

  1. Castro, Yeda Pessoa de (2001). Falares africanos na Bahia: um vocabulário afro-brasileiro. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras. p. 164 
  2. Ervas: raízes africanas, Rabaço Editora, 1988 pag. 12, 13, 16
  3. Castro, Yeda Pessoa de (2001). Falares africanos na Bahia: um vocabulário afro-brasileiro. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras. p. 310 

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