Bradamante

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Bradamante valorosa (1597) por Antonio Tempesta

Bradamante é uma personagem de ficção, uma cavaleira, heroína em dois poemas épicos da Renascença: Orlando Enamorado, por Matteo Maria Boiardo, e Orlando Furioso, por Ludovico Ariosto.[1] Os dois poemas exerceram uma grande influência sobre a cultura dos anos posteriores e a personagem passou a aparecer recorrentemente na arte Ocidental.[2][3]

Em Orlando Enamorado e Orlando Furioso[editar | editar código-fonte]

Bradamante, uma cavaleira cristã, irmã de Rinaldo, apaixona-se por um guerreiro sarraceno chamado Ruggiero, mas recusa-se a casar com ele a menos que ele se converta ao Cristianismo. Bradamante é uma combatente exímia e possui uma lança mágica que faz cair do cavalo qualquer cavaleiro em que toque. Quando Ruggiero está prestes a ser preso pelo bruxo Atlante, Bradamante consegue salvá-lo.[4]

Ao longo da história, os dois amantes separam-se e reencontram-se muitas vezes. Os pais dela rejeitam sempre o pretendente, mesmo depois de Ruggiero se converter ao Cristianismo, e querem que a filha case com um nobre chamado Leo. Ela decide que se casará apenas com quem lhe resistir em combate e apenas Ruggiero supera o desafio.[5] No final, o casamento dos dois amantes dá origem à nobre Casa de Este, em homenagem aos patronos tanto de Boiardo e Ariosto.[6][7]

Os poemas inspiraram-se nas chansons de geste, as lendas francesas do Ciclo Carolíngio e inglesas, do Rei Artur e dos Cavaleiros da Távola Redonda.[8][9][10]

Em obras posteriores[editar | editar código-fonte]

Em 1582, o dramaturgo francês Robert Garnier escreveu um tragicomédia denominada Bradamante que desenvolve a história de amor entre a heroína e Roger (Ruggiero).[11]

Vários óperas homónimas foram escritos sobre a heroína:

Bradamante e Fiordispina (1632-1635) por Guido Reni.
  • La Bradamante, escrita por Pietro Paolo Bissari com música composta por Francesco Cavalli, foi representada pela primeira vez em 1650, no Teatro Santi Giovanni e Paolo de Veneza.[12]
  • Bradamante, composta por Louis Lacoste com libreto de Pierre-Charles Roy, foi representada pela primeira vez na Académie Royale de Musique (a Ópera de Paris), em 2 de Maio de 1707.[13]
  • Bradamante, escrita por Heinrich Joseph von Collin , com música de Johann Friedrich Reichardt, foi representada pela primeira vez em Viena, no dia 3 de fevereiro de 1809.[13]
  • Bradamante, composta por Eduard Tauwitz, foi representada pela primeira vez em Riga, em 1844.[13]

Bradamante é também uma personagem de Alcina, uma ópera de Handel.

Bradamante é personagem prinicipal em vários romances. Por exemplo, no romance de 1959, surrealista e altamente irónico, de Italo Calvino, Il Cavaliere inesistente (O Cavaleiro Inexistente).[14]

No cinema, Bradamante é interpretada por Barbara De Rossi no filme italiano de 1983, Paladini-storia d'armi e d'amori (Paladinos: história de amores e de armaduras), um filme baseado nas lendas dos paladinos de Carlos Magno.[15]

Ver também[editar | editar código-fonte]

  • Lista de mulher guerreiros na lenda e mitologia
  • Media relacionados com Bradamante no Wikimedia Commons

Notas e referências[editar | editar código-fonte]

  1. Calvino, Italo (23 de outubro de 2012). «Bradamante e Marfisa». Orlando furioso di Ludovico Ariosto raccontato da Italo Calvino [Orlando Furioso by Ludovico Ariosto narrated by Italo Calvino] (em italiano). Segrate, Italy: Edizioni Mondadori. p. 180. ISBN 978-88-520-3018-5. Consultado em 14 de julho de 2016 
  2. Shemek, Deanna (1998). Ladies Errant: Wayward Women and Social Order in Early Modern Italy. Durham, NC, USA: Duke University Press. p. 13. ISBN 0-8223-2167-X. Consultado em 15 de julho de 2016 
  3. Stoppino, Eleonora (2012). Genealogies of Fiction: Women Warriors and the Dynastic Imagination in the Orlando Furioso. Bronx, New York: Fordham University Press. p. 177. ISBN 978-0-8232-4037-1. Consultado em 15 de julho de 2016 
  4. Lang, Andrew (1905). The Red Romance Book. London: Longmans, Green, and Company. p. 345. Consultado em 14 de julho de 2016 
  5. Bulfinch, Thomas (1913). The Age of Fable: or Beauties of Mythology. Volume IV: Legends of Charlemagne. New York: Review of Reviews Co. ISBN 1-58734-082-8. Consultado em 14 de julho de 2016 
  6. Merriam-Webster, Inc. (1995). Merriam-Webster's Encyclopedia of Literature. Springfield, MA, USA: Merriam-Webster. p. 166. ISBN 978-0-87779-042-6. Consultado em 15 de julho de 2016 
  7. Reynolds, Barbara (30 de agosto de 1975). «Introduction». In: Arisoto, Ludovico. Orlando Furioso: Part I. Traduzido por Reynolds, Barbara. New York, USA: Penguin Group. p. 64. ISBN 978-1-101-49280-2. Consultado em 15 de julho de 2016 
  8. Giardina, Henry (24 de junho de 2014). «Mad with Desire (Kind Of)». Paris Review. Consultado em 15 de julho de 2016 
  9. DeSa Wiggins, Peter in Beecher, Donald; Ciavolella, Massimo; Fedi, Roberto (2003). Ariosto Today: Contemporary Perspectives. [S.l.]: University of Toronto Press. p. 28. ISBN 0802029671 
  10. Ward, Adolphus William; Waller, Alfred Rayney; Trent, William Peterfield; Erskine, John; Sherman, Stuart Pratt; Van Doren, Carl, eds. (1907–1921). «Chapter XIII: Metrical Romances, 1200–1500». The Cambridge History of English and American Literature. Cambridge, U.K.: Cambridge University Press. p. 13. ISBN 1-58734-073-9. Consultado em 14 de julho de 2016 
  11. Stone, Donald (2015). «The Place of Garnier's Bradamante in Dramatic History». Journal of the Australasian Universities Language and Literature Association. 26 (1): 260–271. ISSN 0001-2793. doi:10.1179/aulla.1966.26.1.007 
  12. Galvani, Livio Niso (Giovanni Salvioli) (1879). I Teatri Musicali di Venezia nel Secolo XVII (1637-1700): Memorie Storiche e Bibliografiche [The Musical Theatre of Venice in the 17th Century (1637-1700): Historical and Bibliographical Memoir] (em italiano). Milan, Italy: Arnaldo Forni Editore. p. 33. Consultado em 15 de julho de 2016 
  13. a b c Clément, Félix; Larousse, Pierre (1881). Dictionnaire des Opéras [Dictionary of Operas] (em francês). Paris, France: Administration du Grand Dictionnaire Universel. 119 páginas. Consultado em 15 de julho de 2016 
  14. Bloom, Harold (2002). Italo Calvino: Comprehensive Research and Study Guide. Broomall, PA, USA: Chelsea House. p. 82. ISBN 978-0-7910-6824-3. Consultado em 20 de julho de 2016 
  15. Beecher, Donald; Ciavolella, Massimo; Fedi, Roberto (2003). Ariosto Today: Contemporary Perspectives. Toronto, Canada: University of Toronto Press. p. 209. ISBN 0802029671