Cosac Naify

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Cosac Naify
Cosac Naify
Editora
Fundação 1996
Fundador(es) Charles Cosac
Michael Naify
Encerramento 30 de novembro de 2015
Sede São Paulo
Proprietário(s) Charles Cosac
Michael Naify
Pessoas-chave Charles Cosac
Michael Naify
Produtos Livros
Divisões Adulto
Infantojuvenil
Sucessora(s) Ubu (dissidência)[1]

Cosac Naify ([koˈzak ˈnejfi]) foi uma editora brasileira fundada por Charles Cosac e Michael Naify em 1996 em São Paulo, que publicava livros de arte, arquitetura, cinema, dança, design, fotografia, infantojuvenil, literatura, moda, música, antropologia, sociologia, e teatro. Era conhecida por suas edições de luxo.[2]

Histórico[editar | editar código-fonte]

A história da Cosac Naify começou em junho de 1997, quando as livrarias brasileiras receberam o volume Barroco de Lírios,[3] de Tunga. Com mais de dez tipos de papéis e 200 ilustrações, o livro criado por um dos principais artistas contemporâneos do mundo tinha recursos como a fotografia de uma trança que, desdobrada, chegava a um metro de comprimento.

Primeiro, vieram as artes plásticas, área na qual a editora publicou mais de cem títulos, incluindo 50 monografias sobre artistas brasileiros e títulos da crítica de arte nunca antes traduzidos para o português, como os três volumes de História da arte italiana,[4] de Giulio Carlo Argan, e Piero della Francesca, de Roberto Longhi, com introdução de Carlo Ginzburg.

150 dos títulos da editora são de ficção, em edições de títulos como Os Miseráveis, Anna Kariênina e Moby Dick, além de nomes da literatura moderna como o americano William Faulkner e o brasileiro João Antônio. Também publica o espanhol Enrique Vila-Matas, os russos Dostoiévski, Gontcharov e Turguêniev, o argentino Alan Pauls, o alemão Ingo Schulze, o mexicano Mario Bellatin, o francês J. M. G. Le Clézio (Prêmio Nobel de 2008), entre outros.

Editou obras de Murilo Mendes, Glauber Rocha e Manuel Bandeira. A editora também publicou ensaístas recentes (que viveram ou vivem até o século XXI), tais como: Bento Prado Jr., Fernando Novais, Davi Arrigucci Jr., Ismail Xavier, Eduardo Viveiros de Castro e Ferreira Gullar.

Os títulos infantojuvenis englobam desde obras como O livro inclinado (1909), de Peter Newell, e Na noite escura (1958), de Bruno Munari; até livros feitos por jovens criadores brasileiros, como Lampião & Lancelote, de Fernando Vilela, um dos livros brasileiros mais premiados de todos os tempos, inclusive pela Feira de Bologna,[5] que em 2010 premiou Tchibum!'.

Outro carro-chefe da Cosac são os livros de arquitetura. A editora publica a obra do Prêmio Pritzker de 2006, Paulo Mendes da Rocha, num catálogo que tem obras de e sobre alguns dos criadores mais importantes da arquitetura brasileira: de Oscar Niemeyer a Vilanova Artigas, de Lucio Costa a Joaquim Guedes, de Vital Brazil a Lina Bo Bardi. Em 2015 lançou O complexo arte arquitetura, de Hal Foster.

Oito anos depois o encerramento das atividades da Cosac & Naify, Charles Cosac, radicado novamente em São Paulo, reativou o CNPJ de sua extinta editora e a reformulou sob o nome "Cosac" – Michael Naify, seu sócio original, deixou o mercado editorial e voltou-se a uma carreira como fotógrafo. Em entrevista publicada no dia 22 de novembro de 2023 pela Folha de São Paulo, ele declarou que a nova editora operará em menor escopo, com foco majoritariamente voltado para livros fotográficos sobre joias, artes plásticas e publicações de cunho acadêmico.

O primeiro lançamento da nova empreitada é um livro do artista plástico Siron Franco, e entre os demais projetos em andamento estão uma caixa com dois volumes de livros fotográficos que exploram a temática da joalheria afro-brasileira na Bahia dos séculos XVIII e XIX, com foco no trabalho de Florinda Anna do Nascimento, alforriada que tornou-se uma reconhecida ourives. Entre os planos, estão eventuais reedições de trabalhos originalmente publicados pela antiga Cosac & Naify, como coletâneas de ensaios de Ismail Xavier. Na entrevista à Folha, Cosac ressaltou que a a nova editora não participará de eventos literários de maior porte, e apontou que a distribuição dos novos lançamentos será restrita a um número seleto de livrarias e ao varejo digital, em uma abordagem que busca distância do mercado editorial tradicional.[6]

Encerramento das atividades[editar | editar código-fonte]

Em 30 de novembro de 2015, Charles Cosac anuncia o encerramento das atividades da editora. Dentre as causas do fechamento da Cosac Naify, Charles elencou a crise econômica brasileira, a alta do dólar, o aumento da inflação e a burocrática legislação vigente no país.[7] A Amazon e a Cosac Naify fecharam um acordo para que todos os livros disponíveis no estoque da editora, bem como possíveis reimpressões do catálogo e lançamentos anteriormente previstos até 2017, sejam disponibilizados exclusivamente na Amazon.com.br.

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Referências

  1. Artuni, Henrique (19 de setembro de 2021). «Sucessora da Cosac Naify, Ubu faz cinco anos com uma série de debates e sorteios». Folha de S.Paulo. Consultado em 28 de dezembro de 2021 
  2. «Referência no mercado por livros de arte de luxo, Cosac Naify fecha as portas - Cultura». Estadão. Consultado em 16 de abril de 2021 
  3. Barroco de lirios, Tunga .
  4. «Folha Online - Ilustrada - Obra de Argan sintetiza história artística italiana - 08/11/2003». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 3 de agosto de 2015 
  5. «Brazilian Publishers Thrive at Bologna Children's Book Fair». publishnewsbrazil.com. Consultado em 3 de agosto de 2015. Arquivado do original em 23 de dezembro de 2014 
  6. «Editora Cosac Naify renasce como Cosac oito anos depois de fechar e chocar mercado». Folha de S.Paulo. 22 de novembro de 2023. Consultado em 23 de novembro de 2023 
  7. «Dono da Cosac Naify explica os motivos para o fechamento da editora». Globo. Consultado em 3 de dezembro de 2015