Emily Rosa

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Emily Rosa
Emily Rosa
Emily Rosa aos 11 anos
Nascimento 6 de fevereiro de 1987 (37 anos)
Loveland, Colorado
Nacionalidade norte-americana
Progenitores Mãe: Linda Rosa
Pai: Larry Sarner
Principais trabalhos Experimento com toque terapêutico

Emily Rosa (6 de fevereiro de 1987, Loveland, Colorado, Estados Unidos) é a pessoa mais jovem que publicou uma pesquisa em uma revista científica médica com revisão pelos pares. Aos nove anos de idade Rosa concebeu e executou um estudo científico sobre o toque terapêutico, publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA) em 1998. Ela se graduou em psicologia na Universidade do Colorado, Denver, em 2009. Seus pais, Larry Sarner e Linda Rosa, são líderes do grupo ativista Advocates for Children in Therapy.

O estudo do toque terapêutico[editar | editar código-fonte]

Em 1996, Rosa assistiu um vídeo em que praticantes do Toque Terapêutico (TT) alegavam poder sentir um "Campo Energético Humano" (CEH) emanando de um corpo humano e que podiam usar suas mãos para manipular o CEH para diagnosticar e tratar doenças. Ela viu Dolores Krieger, coinventora do Toque Terapêutico, afirmar que todos tinham a capacidade de sentir o CEH. Ela ouviu também outras enfermeiras dizerem que sentiam o CHE "morno e gelatinoso" e "com textura de tafetá". Rosa ficou impressionada com as habilidades dessas enfermeiras. Ela disse: "Eu queria ver se realmente podiam sentir alguma coisa."[1]

Usando um anteparo de papelão com aberturas na base, Rosa elaborou um protocolo simples-cego, descrito como "simples e elegante" por outros cientistas. Ela realizou a pesquisa aos nove anos de idade para a feira de ciências de sua 4ª série. O teste ocorreu em duas fases. Em 1996 15 praticantes foram testados em suas casas ou consultórios em diferentes dias ao longo de vários meses. Em 1997, 13 praticantes, incluindo 7 da primeira série, foram testados em um único dia. A segunda série foi observada e filmada pelos produtores do programa Scientific American Frontiers. O médico Stephen Barrett do Quackwatch foi o autor coordenador, sua mãe (Linda Rosa, enfermeira) foi a autora principal e seu padrasto (Larry Sarner) foi o estatístico do artigo relatando o experimento que foi submetido ao Journal of the American Medical Association (JAMA). O estudo, que incluiu uma extensa revisão bibliográfica, foi publicado em 1º de abril 1998. George Lundberg, editor do JAMA, ciente da situação singular e única, disse que: "Idade não é importante. A boa ciência é o que é importante, e isto é boa ciência".[2]

O estudo testou a capacidade de 21 praticantes de TT para detectar a CEH quando eles não estavam olhando. Rosa solicitou que cada praticante se sentasse em uma mesa e colocasse suas mãos através das aberturas feitas na placa de papelão. Do outro lado da placa, Rosa aleatoriamente selecionava para qual das mãos do praticante ela deveria sobrepor a sua própria mão. Aos praticantes ela perguntava qual de suas mãos detectou o CFH. Eles fizeram dez tentativas, mas acertaram a localização da mão de Emily em apenas a média esperada de 4,4. Alguns participantes, antes do teste, examinaram as mãos de Emily e pediu-se que escolhessem qual das mãos eles achavam que produzia o CFH mais forte. Rosa então usou aquela mão durante o experimento, mas os participantes não apresentaram melhoras nas performances. Os resultados mostraram que os praticantes do TT não foram capazes de detectar a mão mais vezes que o previsto pelo acaso e Rosa et al. portanto concluíram que não existe suporte empírico para o CFH e, por extensão, nem ao toque terapêutico:

Reações[editar | editar código-fonte]

A publicação do experimento de Rosa no JAMA foi uma sensação na mídia internacional. Em um artigo no The New York Times, Rosa foi comparada com a criança do conto "A roupa nova do imperador".[4][5] O artigo informou que os pais de Rosa a ajudaram no projeto. Sua mãe, Linda Rosa, é uma enfermeira registrada que tinha feito campanhas contra o TT por quase uma década. Larry Sarner, seu pai, diretor do National Therapeutic Touch Study Group, uma organização contrária ao TT.[2]

David J Hufford, alegou que o estudo apresentava problemas éticos. Os autores contaram com a cooperação dos praticantes de TT apresentando o estudo como apenas um "projeto de feira de ciências da quarta série." Hufford afirmou que houve falha na divulgação e revelação dos enganos cometidos pelo praticantes testados.[6] A análise de Hufford não reconheceu que a primeira série de testes era apenas um trabalho de quarta série sem intenções de publicação futura. A publicação foi sugerida por Stephen Barrett alguns meses depois, após ele ter sido informado da realização do estudo.[3] A segunda série de testes foi realizada por solicitação do programa Scientific American Frontiers, com os participantes cientes de que estavam sendo filmados. Nenhum experimento posterior foi feito para questionar a validade das descobertas de Emily.[7]

Prêmios[editar | editar código-fonte]

Aparições na mídia[editar | editar código-fonte]

  • Noticiário das redes ABC, CBS, NBC e PBS; Especiais com John Stossel; BBC, Fox, CNN, MSNBC; Nick News; Brazil Idea; I've Got a Secret; Denver TV; Scientific American Frontiers (3 programas); Discovery Channel (2 programas); ABC rádio e NPR "All Things Considered".[carece de fontes?]
  • Apresentação na Cerimônia do Ig Nobel em Harvard, na qual recebeu o prêmio Award in Science Education, na ausência de Dolores Krieger. Krieger, uma professora de enfermagem e coinventora do toque terapêutico, foi citada "por demonstrar os méritos do toque terapêutico, um método pelo qual enfermeiras manipulam campos de energia de pacientes doentes sendo cuidadosas para evitar o contato físico com os pacientes." Em sua apresentação Rosa agradeceu Krieger por ter permitido que se passassem duas décadas até que a pesquisa básica sobre TT fosse feita por ela. No dia seguinte Rosa recebeu um endereço "Ig Nobel" do MIT.[carece de fontes?]
  • Stossel, John (October 6, 1998). "The Power of Belief". ABC News.[carece de fontes?]
  • "New Age Medicine". Penn & Teller: Bullshit! 2008. Showtime.[carece de fontes?]

Publicações[editar | editar código-fonte]

  • "How to Make an Alien Autopsy Cake," Emily Rosa e Linda Rosa, Jr. Skeptic, 1999; 7(3):105.
  • "Growing Up Godless: How I Survived Amateur Secular Parenting" by Emily Rosa, in Parenting Beyond Belief: On Raising Ethical, Caring Kids Without Religion, Dale McGowan, ed., AMACOM, 2007. ISBN 0-8144-7426-8. (Outros autores incluem Richard Dawkins, Julia Sweeney e Penn Jillette.)

Referências

  1. Coleman, Brenda C (March 31, 1998), Fourth-grade science project casts doubt on 'therapeutic touch', The Associated Press 
  2. a b Lemonick MD (April 13, 1998), "Emily's Little Experiment", Time Magazine 
  3. a b Rosa, L; E Rosa, L Sarner, S Barrett (1º de abril de 1998). «A Close Look at Therapeutic Touch». Journal of the American Medical Association. 279 (13): 1005–1010. PMID 9533499. doi:10.1001/jama.279.13.1005 
  4. Kolata, Gina (1º de abril de 1998), "A Child's Paper Poses a Medical Challenge", The New York Times, Acessado em 15 de setembro de 2009.
  5. Skolnick, Andrew A, "Editorial controversies and courage:pushing the envelope in medical journalism", 21stc; medicine and the media 4 (2) 
  6. Hufford, David J (2003), "Symposium article: Evaluating Complementary and Alternative Medicine: The Limits of Science and Scientists."
  7. Ernst E, Singh S (2008), Trick or Treatment: Alternative Medicine on Trial, Bantam Press, pp. 267–269 
  8. «Youngest person to have research results published» (em inglês). Guinnes World Records. 2015. Consultado em 28 de agosto de 2015 
  9. «Cópia arquivada». Consultado em 25 de agosto de 2015. Arquivado do original em 22 de fevereiro de 2012 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]